PLANO DE ENSINO– 2021.1
Disciplina: ARQUITETURAS AFRO-BRASILEIRAS: DISCURSOS, REPRESENTAÇÕES E
PROJETOS
Código: ARQB27 Carga horária
semestral: 68 Pré-requisito(s): Introdução a Arquitetura Semestre letivo: 2021.1 Turma(s): 010100
Horário: Terças e
Quintas-Feiras 16h40-18h30
Docentes/ Titulação:
FÁBIO MACÊDO VELAME
Doutor em Arquitetura e Urbanismo - http://lattes.cnpq.br/0386406510741414
Conhecimento desejável:
História e Cultura Africana e Afro-brasileira, Relações Étnico-Raciais
Infraestrutura discente necessária para acompanhamento da disciplina no Semestre Letivo Suplementar:
Conexão com a internet, computador (notbook e desk top), smartphone com câmera e fones de ouvido (ou dispositivo de áudio), plataforma Meet Google.
1. Ementa
Arquiteturas Afro-brasileiras: Arquiteturas de Quilombos, Templos Religiosos de Matriz Africana (Terreiros de Candomblé), Maracatus, Afoxés, Blocos Afro, Congadas, e Marujadas. Arquitetura Afro-brasileira nos Territórios Negros e constituição das cidades brasileiras: bairros negros e segregações étnico-raciais. Legislações e Políticas Públicas voltadas para Povos e Comunidades Tradicionais de Matrizes Africanas: programas, projetos, ações; e organizações de tutela e promoção da Igualdade Racial – aparato institucional. Discursos, Representações Gráficas, e Imagens sobre Arquiteturas e Territórios Afro-Brasileiros. Modalidades de Cartografias Etnicas. Planejamentos e Projetos Arquitetônicos realizados em Comunidades de Matriz Africana e Territórios Negros. A disciplina têm carácter transversal com uma abordagem histórica, teórica, gráfica-representativa, legal, de planejamento e projetual em comunidades de matrizes africanas e afro-brasileiras. Os alunos desenvolverão a capacidade de diagnóstico, análise e de intervenção de planejamento e projetual em comunidades e territórios de matriz africana através de ferramentas teóricas, metodológicas, legais, e gráficas possibilitando abertura da atuação do profissional do arquiteto urbanista.
2. Objetivos
Levar a temática da Arquitetura Afro-brasileira e suas relações na constituição das cidades brasileiras para as ciências sociais e humanas, introduzindo oficialmente o campo disciplinar da Arquitetura e Urbanismo nos chamados ‘’Estudos Afro-brasileiros’’, e trazer as discursões étnico raciais das ciências sociais para o campo da Arquitetura e Urbanismo. Formar Arquitetos e Urbanistas com um instrumental jurídico, teórico, metodológico e gráfico de apreensão, análise, e proposições projetuais e de planejamento para comunidades de matriz africana e territórios negros, que possam dialogar com os técnicos dos órgãos tutelares de povos e comunidades tradicionais da SEPPIR, SEPROMI, SEMUR, FCP-Fundação Cultural Palmares, INCRA, de órgãos executores de políticas públicas voltadas para territórios afro-brasileiros na Bahia como a CAR, SEDUR, e CONDER, assim como representantes e lideranças de associações de territórios afro-brasileiros (quilombos, terreiros, afoxés, blocos afro), entidades representativas (AFA, ACBANTU, KONANIA, FENACAB, Associação Estadual Quilombola, etc...), e
movimentos sociais. Formar quadros técnicos dos órgãos tutelares e executores de politicas públicas para povos e comunidades tradicionais. Qualificar os planos e projetos desenvolvidos por arquitetos, urbanistas e engenheiros para comunidades de matrizes africanas.
MÓDULO 1 – Arquiteturas de Comunidades Quilombolas
MÓDULO 2 – Arquiteturas de Templos Religiosos de Matrizes Africanas
MÓDULO 3 – Arquiteturas do Lúdico: Afoxés, Blocos Afro, Maracatus, Congadas, Marujadas.
MÓDULO 4 – Aparato Institucional e Politicas Públicas voltadas para Comunidades Tradicionais de Matrizes Africanas
3. Conteúdo programático
MÓDULO 1 – Arquiteturas de Comunidades Quilombolas 1-África: Regiões, Nações, Impérios, Cidades-estados; 2-Diáspora Africana no Novo Mundo;
3-Ciclos do Trafego de Escravos para o Brasil;
4-Histórico e Teorias sobre os Quilombos no Brasil:
Quilombos Tradicionais - Vertente Africanista, Tradicionalista, Restaurativa (séc. XIX a 1960);
Quilombos Modernos - Escola Paulista e Estudos Marxistas (1960 a 1980);
Quilombos Contemporâneos - Nova História, Arqueologia, Etnologia, Economia, Geografia (1990 aos dias de hoje);
5-Cartografias Quilombolas: séc. VXII ao séc XXI;
6-Cartografias Etnicas – Conceitos, Metodologias, e Representações;
7-Quilombos no Brasil e na Bahia: Distribuição, Economia, Problemáticas, e Conflitos;
8–Tecnologias Quilombolas: habitação, construções de uso coletivo e espaços de produção;
9-Arquiteturas de Comunidades Quilombolas no Brasil:
Referencial Teórico dos Estudos dos Quilombos:
Território;
Cultura;
Etnicidade;
9.1-Arquitetura e Território (micro economia local, relações de produção familiar, natureza - ciclos da lua, maré, chuvas, estações do ano, materiais, e sistemas construtivas);
9.2-Arquitetura e Cultura (temporalidades, manifestações culturais, festividades, rituais, apropriações, dimensões simbólicas);
9.3-Arquitetura e Etnicidade (construções étnicas – etnicidade primordial, relacional, situacional).
MÓDULO 2 – Arquiteturas de Templos Religiosos de Matrizes Africanas 1-Templos e Palácios da África Negra: Benim, Nigéria, e Congo;
2-Templos Religiosos de Matrizes Africanas no Brasil: nomenclaturas, definições, conceitos, elementos, espaços, atividades, e simbologias;
3-Teórias e abordagens sobre as Arquiteturas dos Templos Religiosos de Matrizes Africanas no Brasil a partir da visão de historiadores, sociólogos, e antropólogos:
Vertente Africanista – séc. XIX a 1980:
Melville Herkovits, Nina Rodrigues, Edson Carneiro, Arthur Ramos, Gilberto Freire, Roger Bastide, Juana Elbein Santos, Raul Lody, Pierre Veger, dentre outros;
Vertente Crioulista – 1980 a atualidade:
Richard Price, Sidney Mintz, Katia Mattoso, João José Reis, Muniz Sodré, Jocélio Teles, Nicolau Parés, Julio Braga, Louis Marcelin, dentre outros;
4 – Abordagens de Arquitetos e Urbanistas sobre as Arquiteturas dos Templos Religiosos de Matrizes Africanas no Brasil e suas relações com a Cidade – Estudos e Perspectivas
5- O Terreiro e a Cidade:
Historicidade dos Terreiros: Formação e Expansão (séc. XVIII a 1910), Perseguição e Clandestinidade (1910 a 1940), Controle e Folclorização (1940 a 1970), Reafricanização e Mobilização Política (1970 a 1980), e Indústria Cultural e Turismo Etnico (1990 aos dias atuais); A Rede do Sagrado Afro-brasileiro na Cidade: a conexão dos terreiros com os espaços públicos,
áreas verdes, e mananciais de água;
O Terreiro e os Bairros Negros: organização, estruturação, cotidiano, e serviços;
Relação dos Terreiros de Candomblé com o surgimento dos Afoxés, Blocos de Índio, e os Blocos Afro do Carnaval de Salvador, e das Casas de Xangô com os Maracatus de Pernambuco;
O Terreiro na Rua – as Festividades Afro-Brasileiras na Cidade:
Processos de Desterritorialização e Reterritorialização dos Terreiros na Cidade; Mapeamento dos Terreiros de Salvador, Recôncavo e Baixo Sul;
5.0-Relaçâo Arquitetura e Cultura nos Terreiros de Candomblé:
Mitologia, Temporalidades, Rituais, Hierarquias, Relações de Gênero e Sexualidade, Espacialidades, Relações de Localização, e Simbologias;
6.0-Especificidades, Diferenciações e Particularidades Arquitetônicas de Terreiros de Candomblé das nações:
Ketu;
Jêje (Mahi, Savalu, Daomé); Angola e Congo;
Egum; Cabloco;
Nagô-Vodum e Nagô-Tedô;
7.0-Estética dos Templos Religiosos Afro-brasileiros;
MÓDULO 3 – Arquiteturas do Lúdico Afro-brasileiro: Afoxés, Blocos Afro, Maracatus, Congadas, Marujadas, Maculelê, Samba de Roda
1- Surgimento e atuação das Congadas e Marujadas no interior da Bahia, século XIX. 2-Surgimento dos Maracatus em Pernambuco anos 1910-1920;
3-Surgimento dos Afoxés na Bahia anos 1910-1930;
4-Relação entre os Blocos de Índios e os Blocos Afro;
5-Surgimento dos Blocos-Afro nos anos de 1970 e a Reconstrução da África Mítica:
Pan-africanismo;
Libertação de Nações Africanas;
Movimento Sindical;
Reafricanização dos Templos Afro-brasileiros;
Fortalecimento do Movimento Negro;
5- Relação dos Afoxés, Blocos Afro, Maracatus, Congadas e Marujadas com a Cidade: centros sociais, culturais, educacionais, profissionalizantes, serviços, e associações comunitárias nos bairros negros;
6-Relação entre Afoxés, Blocos-Afro, Maracatus, Congadas e Marujadas e Templos Religiosos de Matrizes Africanas no cotidiano;
7-Arquiteturas dos Afoxés, Blocos-Afro, Maracatus, Congadas e Marujadas: Espacialidades;
Temporalidades; Simbologias.
MÓDULO 4 – Aparato Institucional e Políticas Públicas voltadas para Comunidades Tradicionais de Matrizes Africanas
1- Legislações de Povos e Comunidades Tradicionais de Matrizes Africanas:
1.1 - CONSTITUIÇÃO DE 1988;
1.2 - Decreto Presidencial nº. 3.912, de 10/09/2001 que regulamenta as disposições relativas ao processo administrativo para identificação dos remanescentes das comunidades dos quilombos;
1.3 - Decreto Presidencial nº. 10.639, de 09/01/2003, inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Africana e Afro-Brasileira;
1.4 - Decreto Presidencial de 13/05/2003 propõem nova regulamentação ao reconhecimento, delimitação, demarcação, titulação, registro imobiliário das terras remanescentes de quilombos de que trata o art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – com o auto-reconhecimento;
1.5 - Decreto Presidencial nº. 4.887, de 20/11/2003, institui a Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial – PNPIR;
1.6 - Decreto Presidencial nº. 4.887 de 2003: Considera os remanescentes das comunidades dos quilombos, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra, relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.
1.7-ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL, de 20/07/2010;
1.8-Interfaces entre o Estatuto das Cidades e o Estatuto da Igualdade Racial;
2-Estrutura Institucional de Órgãos Federais, Estaduais e Municipais voltados para a Promoção da Igualdade Racial desde 2003: SEPPIR, SEPROMI, SEMUR, FCP, INCRA;
3-Programas, Projetos, Ações voltados Povos e Comunidades Tradicionais de Matrizes Africanas:
3.1-Programa Brasil Quilombola da Fundação Cultural Palmares de 2008, no que tange as diretrizes presentes nos campo de Habitação, Saneamento, Infra-estrutura e Acessibilidade;
3.2 - Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais de Matrizes Africanas da SEPPIR de 2013 que articula programas, projetos e ações de 8 ministérios.
4.0 – Estudos de Casos de Projetos em Comunidades de Matriz Africana e Territórios Negros:
4.1 – Politicas Públicas e seus impactos nas comunidades Quilombolas: Programa Água para Todos, Programa Luz para Todos, Programa Minha Casa Minha Vida, Programa de Casa Rurais da CAR, Projetos de Casa de Farinha da CAR;
Conflitos e Resultados;
4.3 – Programa de Requalificação e Reforma dos Templos de Matrizes Africanas de Salvador – Governo do Estado da Bahia;
4.4 – Projeto de Requalificação do Parque São Bartolomeu, Parque de Pituaçu, Dique do Tororó, e Lagoa do Abaeté;
4.5 – Projetos de Memoriais e Museus com a Temática Afro-brasileira;
4. Metodologia - Aulas síncronas:
Apresentações expositivas, leituras orientadas de textos da bibliografia e dos temas propostos, rodas de debates sobre temas e questões (histórico, teórico, e projetuais) dos textos, vídeos e documentários do conteúdo da disciplina, oficinas experimentais de análise espacial e/ou propositivas relacionada a cada módulo proposto.
- Aulas assíncronas:
Visitas e levantamento dos Territórios Negros: Quilombos, Terreiros de Candomblé, Blocos Afro, Afoxés, Bairros Negros, Centros de Capoeira, Samba de Roda, Maculelê.
Estudo de Vídeos, Filmes e Documentários sobre as Arquiteturas e Territórios Negros no Brasil
5. Recursos
Serão utilizados os seguintes recursos didáticos: - Textos Históricos e Teóricos
- Vídeos
-Documentários -Filmes
- Plataforma Meet Google
6. Avaliação
A avaliação será realizada através de Seminários Temáticos de conteúdos relativos em cada Módulo da Disciplina.
7. Bibliografia
ARRUTI, José Maurício O quilombo Conceitual Para uma Sociologia do artigo 68, 2003.
ANJOS, Rafael Sanzio Araújo dos. Territorialidade Quilombola: Fotos e Mapas. Brasilia: Mapas Editora & Consultoria, 2011.
ANJOS, Rafael Sanzio Araújo dos. Quilombos: Tradições e Cultura da Resistência. São Paulo: Aori Comunicações, 2006.
ANJOS, Rafael Sanzio Araújo dos. Quilombos: Geografia Africana, Cartografia Etnica, Territórios Tradicionais. Mapas Editora & Consultoria, 2009.
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