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Multiplicadores associados às matrizes de contabilidade social para Portugal : período 1986-90

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Resumo

O estudo da Matriz de Contabilidade Social surge da necessidade de enquadrar sectores na economia, bem como da de conhecer os efeitos de políticas macroeconómicas a nível sectorial e de políticas sectoriais a nível macroeconómico.

Procura-se avançar um pouco a nível de modelização, o que passa pela dedução e decomposição de multiplicadores contabilísticos e preço-fixo.

As críticas e limitações inerentes ao trabalho realizado serviram de base à definição das linhas orientadoras para a sua continuação, ou seja, para o aperfeiçoamento da Matriz, ao qual se sugere esteja associada a sua institucionalização. Tais condições reforçariam a validade da Matriz de Contabilidade Social enquanto instrumento de trabalho de planeamento económico e para a definição de política económica, a qualquer nível.

(4)

ÍNDICE

Pág.

1. Introdução ... 1

2. Dedução e decomposição dos multiplicadores: Ensaios ... 3

3. Multiplicadores e suas componentes: Interpretação, validação e simulação dos efeitos de intervenções de política económica ... 15

4. Críticas e limitações ao trabalho realizado ... 27

5. Conclusões ... 31

Referências Bibliográficas ... 35

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1. Introdução

“A Matriz de Contabilidade Social enquanto instrumento de trabalho para a definição de Política Económica”, foi o tema central da nossa dissertação de doutoramento, na qual fizemos uma “Aplicação a Portugal, no período 1986-90, com ênfase para o sector agroindustrial”. Com base na mesma, fizemos, com algumas agregações, o Documento de Trabalho nº3/96, intitulado “Matrizes de Contabilidade Social para Portugal: Período 1986-90”, onde tentámos mostrar o que são e como se constroem “Matrizes de Contabilidade Social”1 (vulgarmente designadas SAM – Social Accounting Matrix). Trata-se de um

trabalho que teve como objectivo fazer uma primeira abordagem da forma como tais Matrizes podem ser usadas, a nível global e sectorial, enquanto instrumento de trabalho de planeamento económico e para a definição de política económica.

Nessa perspectiva, procuramos agora avançar um pouco no desenvolvimento do lado conceptual, ou seja, a nível de modelização. Partindo da metodologia base dos multiplicadores, no ponto 2, fomos fazer ensaios que nos mostraram maneiras alternativas de utilização das Matrizes. Assim, começámos por fazer dois ensaios: um para a definição da parte endógena da economia e outro para a definição do lado pelo qual a economia seria conduzida. Tais ensaios fundamentaram a nossa opção em termos de tratamento completo dos multiplicadores (que acabou por ser o tradicional), mas mostraram-nos também que podem ser feitos outros tratamentos, tudo dependendo daquilo que queremos estudar. O tratamento completo envolveu o cálculo, para os cinco anos trabalhados, de multiplicadores contabilísticos e preço-fixo e suas componentes, para uma economia conduzida pela procura, com 12 contas endógenas e 13 exógenas. Não queremos deixar de realçar o facto de termos trabalhado mais de um ano. Com efeito, a disponibilidade de informação para cinco anos, possibilitou-nos o cálculo directo de propensões marginais e consequentemente o cálculo de

1 O facto de na altura, em que iniciámos as pesquisas para o nosso trabalho (Setembro de 1993) estar a ser

implementado o Sistema de Contas Nacionais Portuguesas, base 1986, com algumas inovações metodológicas e a abarcar, pela primeira vez, Portugal (Continente e Regiões Autónomas), e de estarem a ser concluídos os valores de 1986, 1987, 1988 e 1989, havendo alguma previsibilidade em termos de conclusão de 1990, levou-nos a decidir trabalhar os primeiros cinco alevou-nos de valores daquele sistema, que também eram os primeiros cinco anos de Portugal na, agora, União Europeia. No entanto, a implementação do novo Sistema implicou inúmeras alterações, o que afectou bastante o nosso trabalho, pelo que, em Março de 1996, decidimos deixar de as fazer (em Julho ainda estavam a sair alterações), sendo os valores que constam das Matrizes do Documento de Trabalho 3/96 e com base nas quais elaborámos o presente, os mais actuais naquela data e não as versões

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multiplicadores preço-fixo, sem que houvesse necessidade de fazer estimativas para elasticidades rendimento das despesas, como normalmente acontece.

Tentámos depois, no ponto 3, mostrar até que ponto os dados numéricos das Matrizes de Contabilidade Social podem ser usados, com credibilidade, para a descrição, da economia como um todo e de um sector em particular, em termos concretos e em termos de efeitos de algumas intervenções de política económica.

No ponto 4, apontamos críticas e limitações ao trabalho realizado.

Concluímos, defendendo as potencialidades da Matriz de Contabilidade Social e, ao mesmo tempo, a necessidade de continuar o trabalho, por um lado, do seu desenvolvimento do lado dos dados e conceptual e, por outro, da sua institucionalização.

(7)

2. Dedução e decomposição dos multiplicadores: Ensaios

Se entendermos por modelo a especificação de um conjunto de relações comportamentais bem como de identidades contabilísticas, representativas do funcionamento do sistema económico, então a SAM poderá ser um meio de representar as identidades contabilísticas necessárias, com a particularidade de que, através da sua representação das contas, ela poderá ajudar a identificar os agentes e as variáveis que têm um interesse particular.

Mesmo os modelos multisectoriais mais sofisticados, ou têm a SAM integrada explicitamente, ou fazem alusão à integração desejável da SAM como uma estrutura para sua base de dados (Robinson, 1986).

A possibilidade de integrar, de uma forma coerente, dados microeconómicos, a nível das instituições e/ou da produção, com dados macroeconómicos, faz com que a SAM constitua uma base de dados para a modelização da economia a um nível desagregado (Hanson & Robinson, 1991).

Para usar a SAM como estrutura teórica, é necessário, por um lado, classificar as suas contas em endógenas e exógenas e, por outro, preencher cada uma das suas células com expressões algébricas que descrevam a forma como as transacções são determinadas (Pyatt & Round, 1985; Pyatt, 1988). Teremos então uma matriz na forma TV (Transaction Value), subjacente à qual poderá estar, de forma mais ou menos explicita, uma determinada corrente da teoria económica.

Não iremos aprofundar este último aspecto dado a sua complexidade e extensão. Assim, sem qualquer intenção de defesa de uma ou outra corrente da teoria económica, tendo presente o âmbito do nosso trabalho, partindo dos dados disponíveis, com base em alguns trabalhos que consultámos e em vários ensaios que fizemos, vamos trabalhar aquilo que, tal como S. Robinson (1986), julgamos poder considerar um ponto de partida para modelos mais complexos: os multiplicadores.

Com eles procuraremos analisar o impacto ou os efeitos de alterações exógenas na parte que vamos definir como endógena da economia.

Tendo presente a estrutura da SAM, que temos vindo a trabalhar (Santos, 1995 e 1996), põem-se-nos, à partida e em simultâneo, duas questões:

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1ª Qual deverá ser a parte endógena da economia?

2ª Deveremos desenvolver uma metodologia de modelização em que a economia é conduzida pela procura ou pela oferta?

Comecemos por sistematizar a metodologia base dos multiplicadores, seguindo, com algumas adaptações, a adoptada por G. Pyatt e A. Roe, no seu trabalho de 1977, que consideramos a base do que se tem feito desde então sobre o assunto.

Advertimos para o facto de que, na sistematização que se segue, sempre que aparecerem palavras em itálico se referirem à modelização conduzida pela oferta, sendo, portanto, as palavras precedentes relativas à modelização conduzida pela procura.

SAM agrupada por contas endógenas e exógenas:

DESPESAS (RECEITAS) TOTAL Endógenas Exógenas

Σ

Σ

RECEITAS (DESPESAS ) Endógenas N = An* ŷn n X x yn = n + x yn = An*yn + x Exógenas L = Al* ŷn l R r yx = l + r yx = Al*yn + r

TOTAL yn ’= (i’*An + i’*Al) * ŷn i’ = i’*An + i’*Al

yx’ = i’*X + i’*R

Al*yn – X’ = (R – R’)* i 2

onde:

N = Matriz das transacções entre contas endógenas n = vector das somas em linha de N

X = Matriz das transacções entre contas exógenas e endógenas (injecções das primeiras nas segundas) [X’: Matriz Transposta]

x = vector das somas em linha de X

L = Matriz das transacções entre contas endógenas e exógenas (fugas das primeiras para as segundas)

l = vector das somas em linha de L

2 Esta equação estabelece que as somas em coluna das contas exógenas, têm que ser iguais às somas em linha,

ou seja, X’*i + R’*i = l + r  X’*i + R´*i = Al* yn + R*i  Al* yn - X’*i = R’*i - R´*i  Al* yn - X’* i =

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R = Matriz das transacções entre contas exógenas [R’: Matriz Transposta] r = vector das somas em linha de R

yn = vector (coluna) das receitas (despesas) das contas endógenas

yn’ = “ (linha) das despesas (receitas) “ “ “

ŷn= matriz (diagonal) das receitas (despesas) “ “ “ (ŷn-1: inversa)

yx = vector (coluna) das receitas (despesas) “ “ exógenas

yx’ = “ (linha) das despesas (receitas) “ “ “

i = vector (coluna) unitário [i’: vector (linha) unitário]

Verifica-se também que, em termos agregados, o total das injecções das contas exógenas nas endógenas, ou seja, o somatório em coluna de “x”, é igual ao total das fugas das contas endógenas para as exógenas, ou seja, o somatório em coluna de “l”:

x’*i = l’*i = i’*Al*yn

Dito por outras palavras, aquilo que as contas endógenas recebem (pagam) das (às) exógenas é igual aquilo que lhes pagam (recebem) com as palavras de Pyatt: “a SAM é um meio simples e eficiente de representar a lei fundamental em economia, segundo a qual para toda a receita existe uma despesa correspondente” (Pyatt, 1988).

Estamos pois em condições para deduzir dois tipos de multiplicadores, os quais nos vão dar possibilidades complementares de análise, estando a diferença entre eles implícita em An e

Al.

a) Dedução de Multiplicadores Contabilísticos Na estrutura anterior:

An =N*ŷn -1 = matriz (quadrada) das propensões médias a gastar (receber) das contas

endógenas nas (das) contas endógenas ou para utilizar recursos dentro das contas endógenas;

Al =L*ŷn-1 = matriz (não quadrada) das propensões médias a gastar (receber) das contas

endógenas nas (das) contas exógenas ou para utilizar recursos das contas endógenas nas exógenas.

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Temos pois a equação que nos dá as receitas (despesas) das contas endógenas (yn),

multiplicando as injecções “x” pela matriz de multiplicadores contabilísticos:

Mc = (I-An)-1.

Da mesma forma: l = Al * yn = Al * (I-An)-1* x = Al * Mc * x.

Portanto, com os multiplicadores contabilísticos, o impacto das alterações nas receitas (despesas) é analisado no momento, admitindo que a estrutura de despesas (receitas) na economia não se altera. Este tipo de metodologia, dá-nos pois a possibilidade de fazer uma análise estática.

b) Dedução de Multiplicadores Preço-Fixo

Na estrutura inicial:

An =N*ŷn-1 = matriz (quadrada) das propensões marginais a gastar (receber) das contas

endógenas nas (das) contas endógenas ou para utilizar recursos dentro das contas endógenas;

Al =L*ŷn-1 = matriz (não quadrada) das propensões marginais a gastar (receber) das contas

endógenas nas (das) contas exógenas ou para utilizar recursos das contas endógenas nas exógenas.

Exprimindo a equação yn = n + x em termos de alterações nas injecções:

dyn = dn + dx = An* dyn + dx = (I-A n )-1* dx = Mpf * dx

sendo Mpf a matriz de multiplicadores preço-fixo.

Da mesma forma : dl = Al * dyn = Al * (I – Mpf )-1*dx = Al * Mpf * dx.

Assim, com os multiplicadores preço-fixo, o impacto das alterações nas receitas (despesas) é analisado no momento, admitindo que a estrutura de despesas (receitas) na economia se altera exactamente como se alterou em relação ao período anterior e que os preços são fixos. Este tipo de metodologia dá-nos pois a possibilidade de fazer uma análise estática comparada.

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Temos, portanto, definida a metodologia a adoptar. Podemos, pois, passar aos ensaios que nos ajudarão a ultrapassar as duas questões postas inicialmente.

Tendo em conta o facto de termos dado ênfase à actividade de produção agroindustrial, considerámos imprescindível que, à partida, as contas Produção fossem endógenas. Considerámos igualmente importante endogeneizar parte das contas Instituições, principalmente as associadas às submatrizes que contêm a intercepção com as contas Produção, embora considerando sempre as Administrações Públicas exógenas, já que nos propomos medir impactos de política.

Dadas as suas características, considerámos também, logo de início, como exógenas as contas Financeira, Resto do Mundo e Erros e Omissões.

Portanto, na resposta à primeira das questões que pusemos inicialmente, a dúvida está na consideração ou não das contas Corrente e Capital, das Instituições, excepto das Administrações Públicas, no grupo das contas endógenas.

Assim, partindo da metodologia anteriormente definida para os multiplicadores contabilísticos (como não valia a pena estar a fazer ensaios com os dois tipos de multiplicadores, optámos pelos mais fáceis de calcular e interpretar), para o ano de 1990, fizemos os ensaios que descrevemos a seguir, cujas matrizes principais constam dos dois primeiros pontos do anexo.

A. Ensaio para a definição da parte endógena da economia.

O facto de em todos os trabalhos a que tivemos acesso e que tratam os multiplicadores, as economias serem conduzidas pela procura, levou-nos a fazer este ensaio numa situação idêntica.

Fomos assim deduzir multiplicadores considerando como endógenas as contas: Produção, Corrente das Instituições, excepto das Administrações Públicas, e Capital das Instituições, excepto das Administrações Públicas. Trabalhámos, portanto, 16 contas endógenas e 9 contas exógenas.

Fomos depois, a partir dos multiplicadores deduzidos, determinar os valores da SAM, após a dedução dos subsídios ao investimento. Ao analisarmos tais resultados, surgiram-nos algumas dúvidas no tratamento da conta Capital como endógena. Com efeito, num trabalho como o presente, cujo âmbito é de curto/médio prazo, em que a modelização que

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nos propomos fazer parte do princípio que ou não há qualquer alteração de estrutura no sistema que estamos a trabalhar ou há apenas uma alteração idêntica à verificada em relação ao ano anterior, pareceu-nos pouco adequado semelhante tratamento. Acabámos, assim, por considerar a parte endógena da economia constituída pelas contas Produção e Corrente das Instituições, excepto das Administrações Públicas, ou seja, 12 contas endógenas e 13 exógenas.

B. Ensaio para a definição do lado pelo qual a economia será conduzida pelos multiplicadores.

Considerando as 12 contas endógenas, definidas no ensaio anterior, fomos ensaiar uma economia conduzida pela oferta, ou seja, deduzir multiplicadores contabilísticos com as despesas em linha e as receitas em coluna.

A partir dos multiplicadores deduzidos, fomos depois determinar os valores da SAM com os impostos indirectos sobre as actividades e produtos agroindustriais ao mesmo nível do resto da economia. Chegámos assim a valores relativos aos acréscimos de receitas que seriam necessários para fazer face aos acréscimos de despesas associados ao nivelamento dos impostos indirectos. É, sem dúvida, uma informação importante e interessante, no entanto, é quase a única com interesse que podemos obter, no âmbito do presente trabalho, já que, de acordo com a metodologia definida, a matriz X, a que podemos manipular, além dos impostos indirectos sobre as actividades e os produtos, é composta pelas: Remunerações de Capital, recebidas pelas Administrações Públicas; Transferências Correntes das Instituições para as Administrações Públicas e para o Resto do Mundo; Poupanças das Instituições; Importações e Margens Comerciais.

Concluímos assim, que tinha mais interesse trabalhar e modelizar uma economia conduzida pela procura.

Ultrapassadas as questões iniciais, procedemos então aos cálculos dos multiplicadores contabilísticos e preço-fixo, com base nas SAM’s que construímos para o período 1986-90.

(13)

Esquematicamente, partimos da seguinte SAM, agrupada por contas endógenas e exógenas:

Despesas

(empregos) j ENDÓGENAS EXÓGENAS

T

O

TA

L

Produção Instituições Resto

Mundo

Erros e Omis. Receitas(recursos) i

Factores Activ. Produtos C.Corrente C.Capital C.Financ.

1 e 2 3,4,5 6,7,8 9,10,12,13 11 14 a 18 19 a 23 24 25 EN DÓG EN AS Pr odu ção Factores 1 e 2 0 VA 0 0 0 0 0 RFe 0 RF Actividades 3 ,4 ,5 0 0 P 0 0 0 0 0 0 P Produtos 6, 7, 8 0 CI 0 CF (CF) FBC 0 Ex 0 D In stitu içõ es Conta Corrente 9,10 ,12 ,13 PN 0 0 TC (TC) 0 0 TCe 0 R EXÓGE N AS

11 (PN) (Ia) (Ip) (TC) (TC) 0 0 (TCe) 0 (R)

Conta Capital 14 a 18 0 0 0 PI (PI) TK 0 TKe NF/C FI Conta Financeira 19 a 23 0 0 0 0 0 0 OF OFe S ± S O F Resto do

Mundo 24 RFe 0 Im TCe (TCe)  TKe OFe  A

VT e Erros e

Omissões 25 0 0 MC 0 0 0 0 0  0

TOTAL RF CT S R (R) I SOF VTe 0 

sendo: A = Ajustamento CF = Consumo Final CI = Consumos Intermédios CT = Custos Totais D = Procura Agregada Ex = Exportações

FBC = Formação Bruta de Capital FI = Fundos de Investimento I = Investimento Agregado

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Im = Importações

Ia = Impostos sobre as actividades Ip = Impostos sobre os produtos MC = Margens Comerciais

NF/C = Necessidades/Capacidades de Financiamento das Instituições Nacionais OF = Operações Financeiras entre Instituições Nacionais (saldo)

OFe = Operações Financeiras com o Resto do Mundo (dívidas do Resto do Mundo às Instituições Nacionais)

OFe = Operações Financeiras com o Resto do Mundo (dívidas das Instituições Nacionais ao Resto do Mundo)

P = Produção/Valor da Produção PI = Poupança Interna

PN = Produto Nacional R = Rendimento Agregado

RF = Rendimento Agregado dos Factores de Produção

RFe = Rendimento de Factores de Produção, pago ao Resto do Mundo

RFe = " " " " " proveniente do Resto do Mundo S = Oferta Agregada

S ± = Saldo de Créditos/Débitos das Operações Financeiras entre a Economia Nacional e Resto do Mundo e as Instituições Nacionais

SOF = Saldo de Operações Financeiras TC = Transferências Correntes

TCe = " " para o Resto do Mundo TCe = " " do Resto do Mundo TK = " de Capital

TKe = " " " para o Resto do Mundo TKe = " " " do Resto do Mundo VA = Valor Acrescentado (VAB ao custo de factores) VTe = Valor das Transacções pago ao Resto do Mundo VTe = “ “ “ recebido do Resto do Mundo

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Temos assim a seguinte matriz de transacções entre contas endógenas:

0 VA 0 0 N = 0 0 P 0

0 CI 0 CF PN 0 0 TC

A partir das submatrizes da matriz acima, podemos estabelecer o seguinte fluxo circular:

0 AVA 0 0 RF 0 0 0

Sabemos também que N = An * ŷn= 0 0 AP 0 0 P 0 0

0 ACI 0 ACF * 0 0 D 0 APN 0 0 ATC 0 0 0 R Actividades (contas 3,4,5) Factores (contas1,2) VA Produtos (contas 6,7,8)

Conta Corrente das Instituições (contas 9,10,12,13) PN TC CF P CI

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Sendo os elementos não nulos de An, submatrizes de elementos3 nij/yj, com: i = 9, 10, 12, 13 e j = 1,2, em APN; i = 1,2 e j = 3, 4, 5, em AVA; i = 6, 7, 8 e j = 3, 4,5, em ACI; i = 3, 4,5 e j = 6,7,8, em AP; i = 6, 7, 8 e j = 9, 10, 12, 13, em ACF; i e j = 9, 10, 12, 13, em ATC.

Por seu lado, as injecções “x” (das contas exógenas para as endógenas), são constituídas por: Rendimentos de Factores de Produção provenientes do Resto do Mundo; Consumo Final das Administrações Públicas; Formação Bruta de Capital; Exportações; Transferências Correntes, para as Famílias, Sociedades, Instituições Financeiras e Outras, provenientes das Administrações Públicas e do Resto do Mundo.

As fugas “l” (das contas endógenas para as exógenas) são constituídas por: Remunerações de Capital, pagas às Administrações Públicas; Impostos Indirectos sobre as actividades e os produtos; Poupanças; Rendimento de Factores de Produção, pago ao Resto do Mundo; Importações; Transferências Correntes das Famílias, Sociedades, Instituições Financeiras e Outras, para as Administrações Públicas e para o Resto do Mundo; Margens Comerciais.

Se dentro da matriz An isolarmos a diagonal, por exemplo, numa matriz Bn, de igual dimensão

e com todos os elementos nulos excepto os da diagonal, que correspondem aos da primeira, podemos dizer que: An = Bn+ Cn, sendo Cn uma matriz com a mesma dimensão, de diagonal

nula e com os restantes elementos de An.

Ou seja: 0 0 0 0 0 AVA 0 0 An = Bn + Cn = 0 0 0 0 0 0 AP 0 0 0 0 0 + 0 ACI 0 ACF 0 0 0 ATC APN 0 0 0

3 Determinados a partir dos valores das SAM’s em cada ano, no caso dos multiplicadores contabilísticos e da

(17)

Podemos então decompor a matriz de multiplicadores M (Mc, no caso dos contabilísticos, e

Mpf, no caso dos preço-fixo):

yn = An*yn + x = Bn*yn + Cn*yn + x yn - Bn*yn = Cn*yn + x yn = (I-Bn)-1* Cn * yn + (I-Bn)-1 *x yn - (I-Bn)-1 * Cn * yn = (I-Bn)-1 *x yn * [I - (I-Bn)-1 * Cn] = (I-Bn)-1 * x yn = [I - (I-Bn)-1 * Cn]-1 * (I-Bn)-1 * x. Temos pois: M = [I - (I-Bn) -1 * Cn] –1 * (I-Bn) -1 = M3 * M2 * M1 sendo: M3 * M2 = [I - (I-Bn) -1 * Cn] -1 M1 = (I-Bn) –1 .

Sabe-se que: (I-A”)-1 = (I + A”+ ... + A”K-1) * (I-A”k)-1. Sendo K o número de grupos de

contas, que no nosso caso é 4, então:

(I – A”)-1 = (I + A”+ A”2 + A”3) * (I – A”4)-1

Associando, (I - Bn)-1 *Cn a A”:

M3 * M2 = [I - (I - Bn)-1 *Cn ]-1 =

= {I + [(I - Bn)-1 *Cn ] + [(I - Bn)-1 *Cn ]2 + [(I - Bn)-1 *Cn ]3}*{I - [(I - Bn)-1 *Cn ]4}-1.

Temos pois a matriz de multiplicadores decomposta em 3 partes:

 M1 = (I-Bn)-1, matriz de efeitos próprios directos, que representa o impacto de injecções

exógenas em grupos específicos de contas endógenas nesses mesmos grupos, ou seja, representa os efeitos intra-grupo.

 M2 = {I - [(I - Bn)-1 *Cn ]4}-1, matriz de efeitos próprios indirectos, que representa o

impacto de injecções exógenas em grupos específicos de contas endógenas nesses mesmos grupos, após as suas repercussões se terem feito sentir nos outros grupos e retornado aos primeiros, ou seja, representa os efeitos inter-grupos. Estamos perante

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efeitos circulares completos de injecções de rendimento que contornam o sistema e voltam ao seu ponto de origem.

 M3 = {I + [(I - Bn)-1 *Cn ] + [(I - Bn)-1 *Cn ]2 + [(I - Bn)-1 *Cn ]3}, matriz de efeitos

cruzados, que representa o impacto de injecções exógenas em grupos específicos de contas endógenas nos outros grupos de contas endógenas, ou seja, representa os efeitos extra-grupo. Estamos perante efeitos sem retorno.

A designação, quanto a nós muito elucidativa, de efeitos intra, inter e extra-grupo de contas endógenas é de R. Stone (Stone, 1981 e 1985).

A decomposição da matriz de multiplicadores também se pode fazer na forma aditiva: M = I + (M1 - I) + (M2 - I) * M1 + (M3 - I) * M2* M1,

em que I representa uma injecção unitária e as restantes componentes os efeitos adicionais associados, respectivamente, às três componentes acima referidas.

Nos pontos 3 a 7 do anexo apresentamos as matrizes que consideramos principais na aplicação do que acabámos de expor.

(19)

3. Multiplicadores e suas componentes: Interpretação, validação e

simulação de efeitos de intervenções de política económica

Considerando todo o trabalho desenvolvido até aqui, tentemos agora testar a afirmação: “a estrutura SAM pode, por um lado, dar uma «fotografia» do sistema económico, num momento particular, ao descrever as relações funcionais e institucionais que nele ocorrem e, por outro, servir de base para a criação de um modelo capaz de analisar o funcionamento desse mesmo sistema e simular os efeitos das intervenções de política tendentes a alterá-lo” .

Não iremos descrever exaustivamente as relações funcionais e institucionais que ocorreram na economia portuguesa entre 1986 e 1990, pois correríamos o risco de tornar a leitura do presente trabalho enfadonha e, ao mesmo tempo, sairíamos do seu âmbito. Tentaremos sim, mostrar as possibilidades de análise que os dados SAM nos dão, não só a nível da economia como um todo mas também a nível de um sector específico e do seu enquadramento na primeira.

Com base nos dados numéricos das matrizes que apresentámos no Documento de Trabalho Nº3/96 (Santos,96) e nos dos anexos ao presente, tendo em conta o que referimos no ponto anterior, podemos fazer inúmeros tratamentos que poderão passar pela estrutura básica que descrevemos a seguir.

- Valores nominais das transacções entre as várias contas, endógenas e exógenas, ou seja, valores das SAM’s: taxas de crescimento, composição e estrutura de algumas rubricas e agregados (totais das contas).

Trata-se de dados numéricos que nos permitem analisar a evolução dos valores globais e sectoriais, bem como a importância relativa dos valores sectoriais.

- Valores das propensões médias e marginais a gastar ou a consumir das contas endógenas nas endógenas, ou seja, valores das matrizes An, e das endógenas nas exógenas, ou seja,

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Com estes dados, torna-se possível analisar a evolução da estrutura de despesas da parte endógena da economia bem como a sua variabilidade em torno da média dos anos em estudo4.

- Valores dos multiplicadores contabilísticos e preço fixo e suas componentes: taxas de crescimento e desvios padrão.

Com estes dados numéricos é possível sistematizar informação que nos permita analisar a evolução e variabilidade em torno da média dos anos em estudo, dos valores que quantificam o impacto de receitas exógenas sobre a parte que considerámos endógena da economia.

Para concretizar um pouco o tipo de leitura que pode ser feita dos dados dos dois últimos grupos de valores, comecemos por relembrar o que dissemos no ponto anterior, em termos do seu significado.

· Quando uma conta recebe dinheiro, gasta-o nas proporções dadas pelas propensões, ou seja, pela matriz A, que inclui a matriz An , das propensões médias ou marginais a gastar

das contas endógenas nas contas endógenas, e a matriz Al , das propensões médias ou

marginais a gastar das contas endógenas nas exógenas.

Com as propensões médias, estamos a admitir que, com receitas adicionais, a estrutura de despesas da conta em causa não sofre qualquer alteração; com as propensões marginais, estamos a admitir que se altera exactamente como se alterou do momento (no nosso caso, ano) anterior para o actual.

· Os multiplicadores, medem os efeitos ou impacto de alterações exógenas nas receitas das contas endógenas na economia. Assim, se quisermos analisar esse impacto e admitirmos que, com essas alterações, a estrutura de despesas da conta em causa não sofre qualquer

4 Desvio Padrão =

n 2 x t x  

(média quadrática dos desvios em relação à média)

Com: xt = valor da propensão no ano t

x = “ médio das propensões = n

t x 

t = 1986 (só no caso das propensões médias), 1987, 1988, 1989, e 1990

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alteração, devemos analisar os multiplicadores contabilísticos (Mc); se admitirmos que a estrutura de despesas da conta em causa se altera exactamente como se alterou do ano anterior para o actual, devemos analisar os multiplicadores preço-fixo (Mpf).

É também importante ter presente que, de acordo com a modelização que desenvolvemos, as alterações de rendimento, ou seja, as injecções exógenas (“x”) nas contas endógenas, podem ser as seguintes:

 Rendimentos de Factores de Produção provenientes do Resto do Mundo → no grupo de contas Factores de Produção;

 Consumo Final das Administrações Publicas

 Formação Bruta de Capital → no grupo de contas Produtos

 Exportações

 Transferências Correntes para as Famílias, Sociedades, Instituições Financeiras e Outras, provenientes das Administrações Públicas e do Resto do Mundo → no grupo de Contas Correntes das Instituições, excepto Administrações Públicas.

Estamos pois “limitados” a medidas de política que afectem aquelas rubricas 5.

Quanto às componentes dos multiplicadores, conforme também vimos, temos: uma que mede os efeitos intra-grupo de contas (M1); outra que mede os efeitos inter-grupos de contas (M2);

e outra que mede os efeitos extra-grupo de contas (M3).

Cada multiplicador é a soma da injecção de rendimento e dos efeitos adicionais associados a cada uma daquelas componentes.

Tendo presente o tipo de alterações que podemos fazer, vejamos um caso concreto e tentemos interpretá-lo. Admitamos a implementação de medidas de política económica que vão fazer

5 Embora as matrizes de multiplicadores apresentem valores não nulos em todas as células, o que é justificado

pelo método de cálculo, definido no ponto 2., convém ter presente que, no âmbito do trabalho que desenvolvemos, só faz sentido analisar as colunas das contas dos grupos acima referidos.

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aumentar as exportações de produtos agrícolas e agroindustriais, no valor de 1.000 contos6.

Temos, portanto, um acréscimo na procura de produtos agrícolas e agroindustriais, a que podemos associar uma injecção de rendimento, no valor de 1.000 contos, cujos efeitos podem ser analisados através dos seguintes valores SAM, relativos à conta (nº 6) “produtos da agricultura e actividades relacionadas”, em 1990:

6 Para acompanhar o raciocínio, recomendamos a consulta da SAM esquemática, agrupada por contas

endógenas e exógenas, apresentada atrás.

D ad os n um érico s r ela tiv os à co nta ( nº 6 ): A gri cu ltu ra e A ctiv id ad es R ela cio nad as em 1 99 0 To ta l I (M 1-I) (M 2-I) *M 1 (M 3-I)* M 2*M 1 To ta l I (M 1-I) (M 2-I)* M 1 (M 3-I)* M 2*M 1 Tra ba lh o 1 0,000 0, 424 0, 00 0 0,0 00 0, 161 0, 26 2 0,0 00 0,34 1 0,000 0, 00 0 0,114 0, 227 Ca pit al 2 0, 000 0, 280 0, 00 0 0,0 00 0, 097 0, 18 3 0,0 00 0,45 1 0,000 0, 00 0 0,066 0, 385 0, 000 0, 703 0, 00 0 0,0 00 0, 258 0, 44 5 0,0 00 0,79 2 0,000 0, 00 0 0,180 0, 612 A gri cu ltu ra e A ctiv .re l. 3 0, 708 1, 204 0, 00 0 0,0 00 0, 000 1, 20 4 0,6 85 0,86 8 0,000 0, 00 0 0,000 0, 868 Silv ic ult ura e A ctiv .re l. 4 0, 000 0, 037 0, 00 0 0,0 00 0, 000 0, 03 7 0,0 00 0,01 1 0,000 0, 00 0 0,000 0, 011 Ou tra s 5 0,002 0, 591 0, 00 0 0,0 00 0, 000 0, 59 1 -0, 003 0,48 3 0,000 0, 00 0 0,000 0, 483 0, 710 1, 831 0, 00 0 0,0 00 0, 000 1, 83 1 0,6 82 1,36 1 0,000 0, 00 0 0,000 1, 361 A gri cu ltu ra e A ctiv .re l. 6 0, 000 1, 701 1, 00 0 0,0 00 0, 234 0, 46 7 0,0 00 1,26 8 1,000 0, 00 0 0,099 0, 169 Silv ic ult ura e A ctiv .re l. 7 0, 000 0, 049 0, 00 0 0,0 00 0, 022 0, 02 7 0,0 00 0,02 6 0,000 0, 00 0 0,011 0, 015 Ou tro s 8 0,000 0, 708 0, 00 0 0,0 00 0, 350 0, 35 8 0,0 00 0,59 9 0,000 0, 00 0 0,315 0, 284 0, 000 2, 459 1, 00 0 0,0 00 0, 606 0, 85 3 0,0 00 1,89 2 1,000 0, 00 0 0,425 0, 467 Fa m ília s 9 0,000 0, 517 0, 00 0 0,0 00 0, 000 0, 51 7 0,0 00 0,53 0 0,000 0, 00 0 0,000 0, 530 So cie da de s 10 0, 000 0, 118 0, 00 0 0,0 00 0, 000 0, 11 8 0,0 00 0,25 3 0,000 0, 00 0 0,000 0, 253 In st.F in an c. 12 0, 000 0, 046 0, 00 0 0,0 00 0, 000 0, 04 6 0,0 00 0,21 2 0,000 0, 00 0 0,000 0, 212 Ou tra s 13 0, 000 0, 016 0, 00 0 0,0 00 0, 000 0, 01 6 0,0 00 0,04 6 0,000 0, 00 0 0,000 0, 046 0, 000 0, 698 0, 00 0 0,0 00 0, 000 0, 69 8 0,0 00 1,04 1 0,000 0, 00 0 0,000 1, 041 Ad m .P úb lic as 11 0, 028 0, 04 9 Fa m ília s 14 0, 000 0, 00 0 So cie da de s 15 0, 000 0, 00 0 Ad m .P úb lic as 16 0, 000 0, 00 0 In st.F in an c. 17 0, 000 0, 00 0 Ou tra s 18 0, 000 0, 00 0 Fa m ília s 19 0, 000 0, 00 0 So cie da de s 20 0, 000 0, 00 0 Ad m .P úb lic as 21 0, 000 0, 00 0 In st.F in an c. 22 0, 000 0, 00 0 Ou tra s 23 0, 000 0, 00 0 24 0, 123 0, 10 4 25 0, 140 0, 16 5 1, 000 1, 00 0 TO T A L CONTAS EXÓGENAS C.Capital C.Financeira RE ST O DO M UNDO Err os e O m issõ es INSTITUIÇÕES C.Corrente Su bto tal pm a M ult ip lic ad ore s P reç o-F ixo CONTAS ENDÓGENAS PRODUÇÃO Factores To tal Actividades To tal Produtos To tal Co nt as pm e M ult ip lic ad ore s Co nta bil ís tic os

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Assim, um aumento da procura por produtos agrícolas a agroindustriais em 1990, no valor de 1.000 contos, terá os efeitos que descreveremos a seguir.

A) Admitindo que a estrutura de empregos ou despesas da conta não sofre qualquer alteração com esse acréscimo de recursos ou receitas (vamos, portanto, fazer a leitura das propensões médias a gastar (pme) e dos multiplicadores contabilísticos).

A nível da conta produtos agrícolas e agroindustriais (nº6), verificar-se-ão, à partida, os seguintes acréscimos7:

 708 contos na produção pela agricultura e actividades relacionadas dos produtos respectivos;

 2 contos nas vendas residuais de produtos da agricultura e actividades relacionadas provenientes dos ramos não mercantis das administrações públicas e privadas;

 28 contos no pagamento de IVA onerando os produtos da agricultura e actividades relacionadas mais impostos ligados à importação, à excepção do IVA, desses produtos, que constituem receita das administrações públicas;

 123 contos na importação de produtos da agricultura e actividades relacionadas e parcela cobrada pelas instituições comunitárias europeias relativa a impostos ligados à importação e IVA sobre esses produtos;

 140 contos em margens comerciais associadas à comercialização de produtos da agricultura e actividades relacionadas.

A nível global da economia nacional (onde se inclui a conta de produtos da agricultura e actividades relacionadas), verificar-se-ão os seguintes acréscimos:

 703 contos na remuneração de factores de produção (424 em trabalho e 280 em capital);

 1.831 contos no valor da produção das actividades (1.204 da agricultura e actividades relacionadas, 37 da silvicultura e actividades relacionadas e 591 das outras actividades);

7 Usaremos a descrição do conteúdo das células, que fizemos em c) do ponto “SAM’s para Portugal” do

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 2.459 contos na procura de produtos (1.701 de produtos da agricultura e actividades relacionadas, 49 de produtos da silvicultura e actividades relacionadas e 708 de outros produtos);

 698 contos no rendimento das instituições (517 das famílias, 118 das sociedades, 46 das instituições financeiras e 16 das outras instituições, excepto administrações públicas).

Conforme se pode ver pelos valores das componentes dos multiplicadores, os acréscimos verificados, a nível global, estão associados a efeitos:

 Inter-grupos e extra-grupo de contas, no caso da remuneração dos factores de produção e procura de produtos;

 Só extragrupo, no caso do valor de produção e rendimento das instituições.

B) Se admitirmos que, com aquele acréscimo de recursos ou receitas, a estrutura de empregos ou despesas da conta se altera exactamente como se alterou de 1989 para 1990 e que os preços são fixos (estamos a pensar em termos de propensões marginais a gastar (pma) e de multiplicadores preço-fixo ) a interpretação é idêntica à que fizemos para os multiplicadores contabilísticos, só o pressuposto é que é diferente.

Pelo que acabámos de referir, podemos ver a “riqueza” da informação que a SAM nos pode fornecer e ao mesmo tempo as possibilidades de tratamento que temos, o qual poderá ser orientado em função da análise que nos propomos realizar.

Sugerimos assim a seguinte estratégia para análise, depois de definido o objectivo de estudo e depois de já termos as matrizes construídas:

1. Selecção das submatrizes/”blocos” com maior interesse.

2. Conhecimento exacto das características e do conteúdo das células, da parte seleccionada em 1.

3. Tratamento dos valores SAM (onde se inclui a modelização).

4. Análise.

Pelo que vimos até aqui, julgamos ter mostrado a utilidade da SAM enquanto instrumento de trabalho na descrição das relações funcionais e institucionais ocorridas na economia portuguesa, em geral e sector agroindustrial em particular, no período 1986-90. Por outro

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lado, quando abordámos os valores das propensões e dos multiplicadores, verificámos não só que a SAM podia servir de base para a criação de um modelo capaz de analisar, embora com algumas limitações, o funcionamento da economia portuguesa, mas também a possibilidade de simulação dos efeitos de intervenções de política económica que se traduzam em injecções/fugas de rendimento em/de partes específicas (endógenas) da economia.

Pegando no último aspecto referido no parágrafo anterior, procurámos, de certa forma, validar a modelização que desenvolvemos. Para tal, estimámos valores para as despesas da parte endógena da economia em cada ano, com as receitas exógenas verificadas na realidade e os multiplicadores calculados para o ano anterior. Considerámos pois que se chegássemos a valores próximos dos verificados na realidade, ou seja, dos valores das SAM’s que construímos, estávamos, de facto, a demonstrar que a modelização que desenvolvemos nos poderá ajudar, com credibilidade, a simular efeitos de injecções de rendimento na parte endógena da economia.

Efectuámos cálculos com multiplicadores contabilísticos e preço-fixo e chegámos a valores cujas diferenças percentuais em relação aos valores das SAM’s que construímos são os que se apresentam nos pontos 8 e 9 do anexo (as células não preenchidas, referem-se a células com valor zero na SAM do ano em causa).

Da análise desses valores, chegámos as seguintes conclusões:

1. Os valores estimados a partir dos multiplicadores contabilísticos estão, de uma maneira geral, relativamente próximos dos verificados na realidade, sendo essa proximidade positiva. Podemos pois dizer que ao estimarmos despesas num ano admitindo que a estrutura de despesas do ano anterior se mantém, ou seja, que as propensões médias a gastar se mantêm, não seremos conduzidos a erros muito significativos 8.

8 Porque não usar diferenças percentuais do tipo das que calculámos para corrigir estimativas do tipo das que

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2. Os valores estimados a partir dos multiplicadores preço fixo estão, de uma maneira geral, mais afastados dos verificados na realidade que os valores estimados a partir dos multiplicadores contabilísticos, sendo esse afastamento de sinal negativo.

3. Pelo que referimos até aqui, podemos pois dizer que ao estimarmos despesas num ano t admitindo que a estrutura de despesas se altera exactamente com se alterou do ano t-2 para o ano t-1, ou seja, que as propensões marginais a consumir se mantêm, e que os preços são fixos, seremos conduzidos a erros mais significativos que aqueles a que seremos se considerarmos a manutenção das propensões médias.

4. Portanto, no âmbito da modelização que desenvolvemos, podemos simular, com alguma credibilidade, efeitos de injecções de rendimento na parte endógena da economia, sendo essa credibilidade maior com os multiplicadores contabilísticos que com os multiplicadores preço-fixo.

Na sequência das conclusões anteriores, com base nos multiplicadores contabilísticos procurámos fazer um “ensaio” concreto. Assim, tendo presente a controvérsia que existe em torno do auxílio financeiro à produção e comercialização de produtos, nomeadamente agrícolas e alimentares, fomos simular valores para a parte endógena da economia em cada um dos cinco anos que trabalhámos, deduzindo todos os subsídios de exploração9,

concedidos nesses anos. Fomos, portanto, trabalhar injecções de sinal negativo e chegámos a valores cujas diferenças percentuais em relação aos verificados se apresentam no ponto 10 dos Anexos.

Temos, portanto, quebras verificadas nas transferências correntes das administrações públicas para as restantes instituições, que se vão traduzir numa quebra generalizada das receitas/despesas da parte endógena da economia, quebra essa que, dentro de cada conta, se repercute de igual forma em todas as rubricas em coluna, já que a estrutura de despesas se mantém e a receita/despesa total da conta é que varia.

9 Relembramos que são definidos como: “ subsídios que as administrações públicas e instituições comunitárias

europeias entregam às unidades residentes que produzem bens e serviços mercantis com o fim de influenciar os preços destes e/ou permitir uma remuneração suficiente dos factores de produção” (Eurostat, 1990, parágrafos 421 e 425.2).

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Portanto, numa economia, conduzida pela procura, modelizada por multiplicadores contabilísticos (e preço-fixo), o impacto, sobre as várias rubricas da despesa, de medidas de política que afectem as receitas de cada conta pode ser determinado a partir da variação da receita/despesa total.

Vejamos mais de perto, por exemplo, o ano de 198810:

 As Famílias deixaram de receber 24.011 mil contos de subsídios de exploração os quais representam 1,9% das suas receitas exógenas e 0,4% do total das suas receitas. É a seguinte a repartição de tal quantia: 9.003 mil contos de subsídios sobre os produtos11 e 15.008 mil

contos de outros subsídios de exploração12.

Sem grande rigor, associando, pelo nome, os tipos de subsídios ao nosso sector agroindustrial, dentro das rubricas atrás referidas, temos (em milhares de contos):

 Subsídios sobre os produtos (todos provenientes de instituições comunitárias europeias excepto o último):

produtos oleaginosos e azeite ... 316

produtos horto-fruticolas transformados ... 17

ovinos/caprinos prémios ... 7.250

ajuda à normalização das frutas ... 4

total ... 7.587

(total/9.003) (%): 84,3%

10 A fonte de informação dos valores que vamos referir a seguir, é sempre o INE. São também daquele Instituto,

as designações utilizadas.

11 Todos aqueles que são concedidos proporcionalmente à quantidade ou ao valor dos bens e serviços

produzidos, comercializados no mercado interno ou exportados pelas unidades de produção residentes, incluindo os montantes compensatórios monetários concedidos à exportação (INE, 1993).

12 Todos aqueles que não estão ligados à quantidade ou ao valor dos bens e serviços produzidos ou vendidos

pelas unidades de produção residentes. Incluem: bonificações de juros pagas às unidades de produção mercantis através das instituições bancárias; subsídios aos consumos intermédios; subsídios atribuídos a empresas para cobrir prejuízos de exploração; subsídios para desenvolvimento de determinada actividade económica, através da atribuição de um montante fixo à empresa cuja produção se pretende dinamizar, e subsídios sobre as

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 Outros subsídios de exploração (todos provenientes das administrações públicas): bonificações à agricultura ... 441 subsídios à agricultura ... 1.103 modernização das estruturas agrícolas - empresas privadas (Açores) ... 26 subsídios ao gasóleo consumido na agricultura ... 8.361 indemnizações a abate de suínos – peste suína africana ... 5 indemnizações para abate sanitário de bovinos (peripneumonia) ... 460 fomento da produção de bovinos ... 304 subsídio para combate ao virus Sharka ... 4 total ... 10.704 (total/15.008) (%): 71,3%

Podemos pois dizer que a maior parte dos subsídios de exploração recebidos pelas Famílias em 1988 estão relacionados com o sector agroindustrial.

 As Sociedades, deixaram de receber 127.934 mil contos de subsídios de exploração, que representam 98,1% das suas receitas exógenas e 14,1% do total das suas receitas. Tal quantia reparte-se da seguinte maneira: 20.452 mil contos de subsídios sobre os produtos e 107.482 mil contos de outros subsídios de exploração.

Á semelhança do que fizemos para as famílias, vejamos a associação ao sector agroindustrial daquelas rubricas (em milhares de contos):

 Subsídios sobre os produtos (cerca de 73% do total são provenientes das administrações públicas e os outros 27% das instituições comunitárias europeias):

papel de jornal ... 807 cereais e derivados dos cereais ... 7.213 ajuda à normalização das frutas ... 154 sector vitivinícola ... 454 leite e produtos lácteos ... 4.655 produtos cárneos ... 36 produtos oleaginosos e azeite ... 438 açúcar ... 13

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produtos horto-frutícolas transformados ... 3665 total ... 17.435 (total/20.452)(%): 85,2%

 Outros subsídios de exploração (cerca de 85% do total são provenientes das administrações públicas e os outros 15% das instituições comunitárias europeias): EPAC/AGAA ... 13 CNP/Quimigal ... 5.000 subsídios EPAC/encargos de estrutura ... 5.422 “ “ / “ financeiros com intervenção ... 774 “ “ / “ externos com transportes ... 532 JNV/JNPP/JNFrutas/IAPO/FVDão/CVRVinhos Verdes ... 1.886 subsídios à SAPEC – AGRO S.A. ... 1.500 “ à agricultura ... 37 “ a cooperativas agrícolas da Madeira ... 58 restituições à produção/utilização – derivados do milho ... 139 subsídios ao transporte de leite UHT açoreano ... 20 azeite – custos de armazenagem pública ... 364 “ - restituição ao azeite incorporado em conservas ... 493 açúcar – reembolso de despesas de armazenagem ... 157 “ - ajudas ao escoamento do açúcar bruto ... 195 “ - restituições à utilização na industria química ... 50 “ - ajuda à refinação ... 499 ajudas ao girassol ... 11.075 “ especial à transformação do girassol ... 3.157 compensações financeiras à transformação de citrinos ... 33 subsídios do Instituto do Vinho da Madeira ... 17 total ... 31.421 (total/107.482) (%): 29,2%

No caso das sociedades, apenas podemos dizer que a maior parte dos subsídios sobre os produtos estão relacionados com o sector agroindustrial, embora não seja de desprezar a

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parcela dos outros subsídios de exploração relacionada com o sector sobre o qual temos centrado a nossa atenção.

 Quanto aos subsídios de exploração que os outros sectores institucionais deixaram de receber, a partir da informação de que dispomos não conseguimos ver qualquer relação directa com a agroindustria.

Em termos globais as instituições viram as suas receitas exógenas baixar 1,4% e o total das suas receitas 0,3%, o que teve as seguintes consequências:

 quebras de 0,5%, nas seguintes rubricas: remuneração dos factores de produção, custos totais e valor da produção das actividades não agroindustriais e oferta e procura dos produtos não agroindustriais;

 quebra de 0,4%, nos custos totais e valor da produção da silvicultura e actividades relacionadas;

 quebras 0,9%, nos custos totais e valor da produção da agricultura e actividades relacionadas.

Repare-se que, sendo uma parte substancial dos subsídios de exploração, recebidos pelas instituições, dirigida aos sectores da agricultura e actividades relacionadas, de acordo com os nossos cálculos, são estes que revelam a maior quebra nas suas receitas/despesas, o que faz todo o sentido. É curioso verificar que a quebra dos custos totais e valor da produção da silvicultura e actividades relacionadas é inferior à verificada nas actividades não agroindustriais.

Julgamos pois poder concluir que a SAM pode ajudar-nos a estudar, no curto prazo, impactos a nível global e sectorial de medidas de política económica que afectem fluxos de fundos.

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4. Críticas e limitações ao trabalho realizado

São muitas as críticas que temos a fazer ao trabalho que realizámos. Foram muitas as limitações que sentimos ao longo do seu desenvolvimento.

Julgamos ter dado um passo para demonstrar a importância e utilidade de uma estrutura SAM e que os passos seguintes, terão necessariamente que ir ao encontro das críticas e limitações que passaremos a referir.

A nível da concepção e implementação da matriz, foram muitas as limitações que sentimos em termos de compatibilidade das nomenclaturas usadas pelas várias fontes de informação, o que impediu a desagregação de algumas contas, nomeadamente dos sectores institucionais. Assim, a ênfase que nos propusemos dar ao sector agroindustrial só pôde ser feita a nível das contas “Produção” 13.

Relativamente à Formação Bruta de Capital, consideramos também limitativo o facto de apenas sabermos as instituições que investem e os produtos que são procurados para tal, desconhecendo as actividades de produção em que o investimento é feito. Como se sabe, as despesas de investimento das instituições são canalizadas através das actividades de produção, em que o investimento é feito, para os produtos que são procurados para o efeito (Keuning & Ruijter, 1988). No entanto, não conseguimos ultrapassar tal limitação.

A nível de conteúdo da informação que a SAM nos dá, as críticas que temos a fazer, alargam-se às Contas Nacionais e à metodologia que lhes está subjacente. São críticas que já foram feitas por outros autores, que também trabalharam em SAM’s, e são basicamente duas.

13 Foram muitos os esforços que desenvolvemos para afectar, de alguma forma, as Famílias e as Sociedades à

actividade a que nos propúnhamos dar ênfase.

Depois de termos concluído que as Contas Nacionais, do INE, eram as que iam mais ao encontro das nossas necessidades, tentámos, a partir de outras fontes de informação, do INE e outros organismos, proceder a tal desagregação.

No que se refere às Famílias, tentámos, no INE, o Inquérito às Receitas e Despesas das Famílias, o Inquérito ao Emprego, o Recenseamento Geral da População, o Recenseamento Agrícola, as Contas Económicas da Agricultura, etc.. Em tais tentativas deparámo-nos com a incompatibilidade das nomenclaturas usadas e, algumas vezes, com o facto de a informação se referir só a Portugal Continental, o que impossibilitou o nosso trabalho. Ainda tentámos outros organismos, nomeadamente Ministério da Agricultura e do Emprego, mas aí deparámo-nos com diferenças ainda maiores.

No que se refere às Sociedades, encontrámos, no INE, o Inquérito às Empresas, que nos dava quase toda a informação de que necessitávamos. Fizemos o nosso pedido para o qual foi feito um orçamento de tal maneira exorbitante, que nos levou a abandonar por completo qualquer intenção de desagregação.

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A primeira, tem a ver com o facto de o sistema de informação ser inteiramente definido em termos de fluxos, não sendo dada qualquer importância ao conceito de stock (Pyatt & Roe, 1977). Assim, a estrutura SAM, embora nos dê informação sobre a distribuição do rendimento do trabalho e do capital (submatriz Produto Nacional), não dá qualquer informação sobre a distribuição de activos próprios ou riqueza, o que dificulta o estudo da distribuição do rendimento (Pyatt & Roe, 1977; Chander & Outros, 1980; Dionizio, 1983).

A segunda, prende-se com a não consideração de uma parte, que se julga substancial, da actividade económica. Estamos a falar em fluxos “escondidos” (terminologia de Adelman & Outros, 1991) como:

 a produção dos agricultores de subsistência, que nunca chega ao mercado e que é antes usada para alimentar a própria família (embora já sejam feitas estimativas em termos de autoconsumo, julgamos que ainda fica muito de fora);

 os serviços domésticos não remunerados associados à contribuição das mulheres no seio das famílias;

 o trabalho não remunerado, para além do referido anteriormente 14;

 todos os fluxos que integram a economia subterrânea e as actividades ilegais (estamos a pensar, por exemplo, no negócio da droga);

 todo o crédito informal, no seio dos mercados financeiros.

A nível de modelização, são evidentes as limitações do desenvolvimento que fizemos, de entre as quais destacamos:

 Os multiplicadores, que calculámos, apenas nos permitem fazer uma análise estática (contabilísticos) ou estática comparada (preço-fixo), mediante pressupostos bastante restritivos: no primeiro caso, admitindo que a estrutura de despesas (receitas) não se altera; no segundo, admitindo que a estrutura de despesas (receitas) se altera exactamente como se alterou do período anterior para o actual e que os preços são fixos.

14 Mesmo assim, a nível da nossa submatriz Valor Acrescentado, tentámos preencher um pouco essa lacuna,

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 Só se pode “mexer” numa parte específica da economia e o pouco que se pode fazer em termos de simulações/previsões de efeitos de variações de fluxos de rendimento (despesa), é apenas num prazo muito curto, deixando-nos a duvida se é o suficiente para que os efeitos se esgotem por si próprios.

 A economia pode ser conduzida pela procura ou pela oferta, mas nunca em simultâneo pelas duas.

 As componentes dos multiplicadores dizem-nos muito pouco sobre as relações que se estabelecem entre as várias contas da SAM, após uma alteração nas receitas/despesas.

 Não ficamos a saber nada sobre efeitos de escala, externalidades, efeitos substituição no consumo, produção, importações, exportações, etc. Nem sobre o que é real e o que é nominal.

Gostaríamos de recordar aqui os cinco ingredientes, apontados por R. Stone (1981), para a construção de um modelo económico ou social, representativo do mundo real:

1º dados, que meçam as variáveis e que nos permitam descrever e, na medida do possível, explicar o funcionamento do processo em que estamos interessados;

2º teorias, ou seja, hipóteses sobre a forma como as variáveis estão relacionadas entre si;

3º métodos de estimação, ou seja, meios de derivar, dos dados, estimativas dos parâmetros desconhecidos, que entram na nossa teoria;

4º métodos de solução, ou seja, meios de resolver o conjunto de equações que constituem o modelo (por outras palavras, meios de exprimir as variáveis endógenas em termos das variáveis exógenas);

5º métodos de controle, ou seja métodos que nos assegurem que as soluções satisfazem certas condições ou restrições.

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Quanto a nós, com algumas das melhorias que vão ao encontro das críticas e limitações que referimos atrás, já temos o 1º ingrediente, ao qual julgamos poder associar uma cerca consistência e credibilidade. Já não falta tudo!

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5. Conclusões

Análises baseadas em Matrizes de Contabilidade Social (SAM’s) possibilitam o estudo, a vários níveis, de aspectos importantes da estrutura de uma economia, em geral, e de um sector, de actividade ou institucional, em particular, bem como das suas interrelações. Especificações comportamentais inerentes à modelização daquelas Matrizes contribuem para o conhecimento do impacto quantitativo de vários tipos de intervenções, tendentes a alterar os fluxos de fundos, com efeitos, directos ou indirectos, a nível sectorial.

Definidos os objectivos do estudo que pretendemos realizar, podemos proceder à construção das SAM’s com uma classificação das contas orientada para tal. A partir dos tratamentos dados aos valores SAM, onde incluímos a modelização, poderemos então proceder à análise, que nos ajudará a alcançar tais objectivos.

Julgamos ter demonstrado, minimamente, o que acabámos de referir, com o trabalho que desenvolvemos a partir das SAM’s que construímos para a economia portuguesa, com ênfase para o sector agroindustrial, no período 1986-90. Procurámos mostrar a “riqueza” da informação que tais matrizes nos podem fornecer e, ao mesmo tempo, as possibilidades de tratamento que temos. Assim, dando alguma ênfase à modelização, com base numa metodologia de multiplicadores, procedemos a ensaios que nos mostraram as várias possibilidades de definição da parte endógena da economia, bem como do lado pelo qual a economia poderá ser conduzida pelos multiplicadores. A validação da modelização que desenvolvemos, permitiu-nos avaliar a credibilidade do tratamento que demos aos nossos dados. Deste modo, com a economia portuguesa conduzida pela procura e com as contas produção e correntes das instituições, excepto administrações públicas, endógenas, concluímos ser possível simular, com alguma credibilidade, efeitos de alterações de rendimento na parte endógena da economia, sendo essa credibilidade maior com os multiplicadores contabilísticos que com os multiplicadores preço-fixo. Conforme valores ilustrativos do ano intermédio do período que estudámos, apresentados no quadro seguinte, tais multiplicadores vão medir o impacto de uma alteração exógena unitária no rendimento da parte endógena da economia.

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Procedemos então, com base nos multiplicadores contabilísticos, a um ensaio concreto, com vista a avaliar o impacto quantitativo de uma intervenção de política. Assim, simulámos valores para a parte endógena da economia portuguesa, no período 1986-90, sem qualquer auxílio financeiro à produção e comercialização de produtos, ou seja, sem subsídios de exploração, o que, na sequência do quadro anterior, pode ser ilustrado pelo quadro seguinte.

Como se sabe, e como mostrámos, uma parte substancial desses subsídios, recebidos pelas instituições, é dirigida aos sectores da agricultura e actividades relacionadas, a que demos

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ênfase, e, de acordo com os cálculos que realizámos, são eles que, a nível das contas produção, revelam a maior quebra das suas receitas/despesas, conforme quadro seguinte, representativo do caso ilustrativo anterior.

Por se tratar de um sistema de informação que pode ser harmonizado e articulado de acordo com as necessidades, consideramos que o mesmo tem muitas potencialidades para ser um bom suporte para a concepção e definição de política económica a qualquer nível; mais do que peças de informação independentes sobre aspectos particulares. Para tal, o trabalho subsequente deveria ser desenvolvido a dois níveis:

1º Ao nível do desenvolvimento do lado dos dados e conceptual, indo ao encontro das críticas e limitações que referimos no ponto 4, que deveria ser acompanhado por um processo de divulgação e aplicação da metodologia SAM. Estamos no «espaço» académico, em que nos situamos.

2º Ao nível do “ajustamento” das áreas de informação estatística, mediante a implementação de sistemas de informação próprios, que poderiam muito bem ser os que já existem e/ou eventualmente outros, com metodologias e nomenclaturas ajustadas à metodologia SAM. Estamos no «espaço» do Instituto Nacional de Estatística.

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Acreditamos que, um trabalho bem articulado àqueles dois níveis, poderia conduzir a resultados bem interessantes e úteis.

Em suma: a Matriz de Contabilidade Social é um instrumento de trabalho muito válido a nível de planeamento económico e um bom apoio para a definição de política económica, a qualquer nível. Há, no entanto, que a aperfeiçoar e institucionalizar.

Quanto a nós, um bom trabalho de planeamento económico, a qualquer nível, passa, entre outros aspectos, pela disponibilidade de um bom sistema de informação, ou seja, um sistema de informação que em vez de confundir, apoie os definidores de política económica.

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(44)

)

4.

AI{EXOS Índice

Pé&

Ensaio para a definição da paÍte endógena da economia ... I Ensaio para a definição do lado pelo qual a economia será conduzida pelos

multiplicadores ... 4 Matrizes de Contabilidade Social agrupadas por contas endógenas e exógenas ... Z Dedução dos Multiplicadores Contabilísticos ... ...12 Decomposição dos Mútiplicadores Contabilísticos ... l7 5.1. Método Multiplicativo ...l7 5.2. Método Aditivo ... ...22 Dedução dos Multiplicadores Preço-Fixo ...27 Decomposição dos Multiplicadores Preço-Fixo ... 3l 7.1. Método Múiplicativo ...31 7.2. Método Aditivo ... ...35 Diferenças percentuais entre os valores estimados para a Ìúatriz de

Contabilidade Social no ano t, a partir dos Muftipücadores Contabilísticos no ano t-l e do total das contas exógenas no ano t, e os valores reais ... 39 9. Diferenças percentuais entre os valores estimados para a Matriz de

Contabilidade Social no ano t, a partir dos Multiplicadores Preço-Fixo no ano

t-l e do total das contas exógenas no ano t, e os valores reais ... 43 10. Diferenças percentuais entÍe os valores estimados pâÍa a Matriz de

Contabilidade Sociat a partiÍ dos Multiplicadores Contabiüsticos e após a dedução dos subsídios de exploração, e os valores reais ... 46

5 .

(45)

ANEXOS

(46)

ANEXOS

l. Ensaio para a definicão da oarte endógena da economia

di.. . tú..r drr cola.r rndógE ! !D oa.r

0,0@ 0,000 0,000 S@drio !0 colur dc A. A 0,m0 0,000 0,000 0.0@ 0,00? 0,004 0,003 0,0(X 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0.000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0.000 0,000 0,000 0,000 0.019 0,000 0,m0 0,00t 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0.000 0,756 0,000 0,000 0,000 0,850 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 o,ooo 0.000 0,m0 0.000 q000 0,000 0,000 0.000 0,m0 0,000 0,000 0,000 0,0m 0,000 0,000 0,000 qom 0,000 0,000 0,000 0,m0 0,000 0,m0 0,m0 0,000 0.000 0,m0 0,000 0,000 q000 n1- 0-À)ì (MULTFLTC^DoRES coMI 0,074 0.073 0,0?3 0,073 u9 0.099 0,097 0,097 0,097 0 , 1 6 1 0 , 1 6 5 0 , t ó 4 0 , 1 6 2 0,0ó3 0,06í 0,064 0,063 0,124 r,t27 0,176 0,125 0,054 0,056 1,055 0.0í 0,003 0,003 0,003 1,003 0.110 0,868 0.t63 0,04? 0,046 0,905 0,004 0,00E 0,m4 0, E 0,16t 0,127 0,05t 0,0?3 0,055 0,003 0,m4 0.003 0,16 0221 0,072 0,098 0.001 0,005 0,421 0 , 1 l 0 0,047 0,0011 0,098 0,5ó3 0,1| I q093 0,081 0,090 0.086 0,2Ì5 029J 0,199 0,0t4 0,116 0,078 0.153 0,218 0,1ó5 0,060 0,085 0,06,{ 0 , 1 4 3 r , 1 4 6 0 , 1 5 6 0,0J5 0.051 1,0ó4

(47)

ANEXOS

1. Eosaio para a definição da parte endógem da economia

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ÃÌ{EXOS

2. Ensaio oara a definicão do lado pelo oual a economia será conduzida pelos multiolicadores

Referências

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