LINEARIZAÇÃO DE
FUNÇÕES – PARTE 2
Física Experimental I
Prof. Luis Leão
Gráficos
Não-Lineares
Transformar a
relação não-linear
de modo a
representá-la por
uma relação linear
Analisar o
experimento
em que a partícula foi solta e sua posição em um certo instante de tempo. Os dados desse registro estão dispostos na tabela.
• A forma natural de analisar os dados da tabela seria construir um gráfico da velocidade final em função da altura, vfinal versus h
• Observa-se que os dados experimentais (pontos amarelos) se assemelham a função parabolóide.
• Podemos verificar se esta semelhança é verdadeira construindo um novo gráfico onde uma relação
linear aparente.
𝑙𝑜𝑔 𝑎 = 𝑥 ↔ 𝑎 = 𝑏
Fig. 3.2 Ilustração de dois gráficos: v (ordenada à esquerda) versus h (abscissa) com po Ex:
a) vfinal (Y) versus h1/2 (X) é linear? b) vfinal 2 (Y) versus h (X) é linear (pontos vermelhos)?
Várias outras relações funcionais poderiam ter sido testadas antes de se obter a relação que linearize os dados experimentais.
h (m) 0,02 0,10 0,20 0,50 0,80 1,40 2,00
Vfinal (m/s) 0,63 1,40 1,98 3,10 4,00 5,20 6,30
𝑙𝑜𝑔 𝑎 = 𝑥 ↔ 𝑎 = 𝑏
Fig. 3.2 Ilustração de dois gráficos: v (ordenada à esquerda) versus h (abscissa) com po
Teste para o caso b):
Pode-se pela hipótese vfinal 2 versus h assumir que
vfinal 2 = K h ou Y = K X, onde K = Y/X.
Calculando-se K para os 7 pontos obtém-se
K1 = Y1/X1 = 19,845 m s-2 = 2x10 m s-2
K2 = Y2/X2 = 19,600 m s-2 = 20 m s-2
...
K7 = Y7/X7 = 19,845 m s-2 = 19,8 m s-2
Os valores de Ki são aproximadamente iguais (dentro da precisão da medida), logo vfinal 2 (Y) versus h (X) é linear.
vfinal 2 = K h, ou seja, v
final = K1/2 h1/2
O valor de K pode ser encontrado:
I. Pela tangente da reta que melhor se ajusta aos pontos (escolhe-se dois pontos na reta P1(X1,Y1) e P2(X2,Y2) e calcula-se a tangente do angulo)
K = tg(θ) = (Y2-Y1)/(X2-X1), logo K = 19,7 m s-2
=> vfinal = (19,7)1/2 h1/2
II. Pelo valor médio com sua incerteza dada pelo desvio padrão da média
Kmédio≈ 20 m s-2 => v
final = (20)1/2h1/2
Teoricamente sabe-se que:
vfinal = (2g)1/2h1/2 , onde g é a aceleração gravitacional.
Comparando-se com o K obtido pela tangente obtém-se:
g = K/2 = tg(θ)/2 = 19,7/2 = 9,85 m s-2
Que é um valor muito bom para g com um erro percentu
Erro(%) = (|9,81-9,85|/9,81)x100% = 0,4%
h (m) 0,02 0,10 0,20 0,50 0,80 1,40 2,00
Linearização (Escala Logarítmica)
•
A escala que usada nos gráficos até agora foi a escala decimal
simples.
•
A necessidade de uma representação em escala logarítmica trás
duas vantagens diretas:
1.
Representação gráfica satisfatória de pontos experimentais
que apresentam valores dispostos em grandes intervalos;
2.
Linearização gráfica de dados experimentais que tem
1.
Representação gráfica de pontos experimentais que
apresentam valores dispostos em grandes intervalos
•
A necessidade de uma representação em escala
logarítmica, ou seja, em vez de representar uma dada
grandeza A, representá-la por log A, se faz necessária
quando essa grandeza possui valores em um intervalo
grande. Fica muito difícil colocar os elementos sem perda
de informação. Isto se reflete na péssima visualização
dos pontos. Esse exemplo mostra como perde-se
informação quando representa-se um conjunto de pontos
da grandeza A graficamente e como os detalhes
aparecem quando o Log(A) é usado no gráfico ao invés
de A
Tabela 3.2
que é “perdida” na nova
𝑙𝑜𝑔 (2,0 × 10 ) = log (2,0) + log(10 ) = 0,3 + 5,00 = 5,30
𝑙𝑜𝑔 (2,0 × 10 ) = log (2,0) + log (10 ) = 0,3 + 6,00 = 6,30
𝑙𝑜𝑔 (5,0 × 10 ) = log (5,0) + log (10 ) = 0,70 − 4 = −3,3
𝑙𝑜𝑔 (5,0 × 10 ) = log (5,0) + log (10 ) = 0,70 + 9 = 9,7
𝑙𝑜𝑔 (5 × 10 )
𝑙𝑜𝑔 (5 × 10 )
A
0,00050
1,0
1,5
2,0 x 10
55,0 x 10
91,8 x 10
11log A
-3,3
0,0
0,18
5,3
9,7
11,3
Bom: Pontos medidos
Ruim: Perda sensível de informação no gráfico
•
Observações sobre os gráficos da página anterior:
ü
Representar os valores de
A
em papel milimetrado apresenta dificuldades para se
obter uma escala adequada para representar esses dados.
ü
Por outro lado, a representação utilizando log
A
reduz o intervalo de valores para os
dados facilitando sua representação.
ü
Entretanto, mesmo acomodando os valores de log
A
de forma adequada para
visualização, a informação pertinente está na verdade nos valores de
A
que é
“perdida” na nova representação.
Solução: Precisa-se mudar a escala do gráfico
e não os valores a serem postos no gráfico,
ü
Pontos medidos
ü
Aumento sensível da informação no gráfico
Algumas sugestões para a construção de gráficos com escala logarítmica
Sugestões para a construção de gráficos com escala logarítmica
utilizando-se como exemplo um experimento da medida do período de
oscilação de um pendulo em função do seu comprimento.
Dados experimentais:
Gráfico não-linear:
L (m) 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0
potencia de 10.
b)
A escala logarítmica de base 10 é dividida em décadas. Defina a
primeira década pela potencia de 10 do menor valor a ser posto no
gráfico.
L
mín= 1,0x10
0m
è
10
-1T
mín= 2,0x10
0s
è
10
0L (m) 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0
L (m) 1,0x100 2,0x100 3,0x100 4,0x100 5,0x100 6,0x100 7,0x100 8,0x100 9,0x100 1,0x101
T(s) 2,0 2,8 3,5 4,0 4,5 4,9 5,3 5,7 6,0 6,3
c)
As outras décadas subsequentes serão definidas pela primeira
década(cada década multiplica por 10 os valores da década
•
Na escala linear, duas gradações cuja diferença é fixa estão a uma
distância constante, enquanto que na escala logarítmica duas gradações
cuja razão seja fixa estão a uma distância constante.
•
Costuma-se chamar cada bloco da escala logarítmica de década. Em
geral, quanto mais décadas os dados possuírem, mais confiável é o
resultado final.
•
Cada década pode variar entre os múltiplos ou submúltiplos de 1 a 10.
Entre o início de uma década e o de outra subsequente, há uma diferença
de um fator de dez. Isto significa que, se a primeira linha da primeira
década vale 1 (1x10
0), a primeira linha da segunda década vale 10
(1x10
1), e a primeira linha da terceira década vale 100 (1x10
2). Isto
significa também que, se a última linha da primeira década vale 10 (1x
0
1), a última linha da segunda década vale 100 (1x10
2), e a última linha da
terceira década vale 1000 (1x10
3).
•
Não existe o valor zero no eixo logarítmico, uma vez que a função
logaritmo não está definida para este ponto. A escala pode ser iniciada de
um valor unitário qualquer em potência de dez. Pode iniciar em ... ;
2.
Linearização gráfica de dados experimentais que tem
comportamento tipo lei de potência
•
A representação em papel di-logarítmico ou log-log servirá para identificar relações
entre grandezas físicas cuja dependência é do tipo lei de potencia,
y = kx
p, na qual
k
e
p
são constantes a serem determinadas ou simplesmente verificadas.
y
=
kx
pFazendo-se as escolhas:
Y
=
Log y
( )
a
=
Log k
( )
X
=
Log x
( )
⎧
⎨
⎪⎪
⎩
⎪
⎪
Encontra-se a relação linear:
Y
=
a
+
pX
Aplicando-se o Log em ambos os
lados, obtém-se
Log y
( )
=
Log kx
(
p)
Log y
( )
=
Log k
( )
+
Log x
( )
pLog y
( )
=
Log k
( )
+
pLog x
( )
p
=
tan(
θ
)
=
Y
2−
Y
1X
2−
X
1=
Log y
( )
2−
Log y
( )
1Log x
( )
2−
Log x
( )
1=
Log
y
2y
1⎛
⎝⎜
⎞
⎠⎟
Exemplo: Pressão em um êmbolo
medida em função do diâmetro
• Na tabela abaixo temos os dados
experimentais do valor de pressão P em um êmbolo em função de seu diâmetro D.
• A partir da reta de ajuste do gráfico, que pode ter sido obtida manualmente (com uma régua) sem a utilização de um método específico, temos,
• O obtenção de p pode ser feita através dos pontos da reta no gráfico desde que se use o Log dos pontos como visto na página anterior.
• A obtenção de k também pode ser feita a partir do gráfico fazendo X = 0. No gráfico devemos procurar o valor D = 1 m. Porém, o valor 1 não aparece. Precisamos de mais uma década para obtê- lo. Existe um método para resolver isso, o chamado método da reta paralela baseado em uma propriedade da escala logarítmica.
𝑃 = 0,125𝐷 − 1,990
Fig. 3.4 Ilustração dos dados da tabela 3.4, em papel com escala log-log, da pressão de um êmbolo Gráfico log-log
D(m) 0,010 0,015 0,020 0,030 0,040 0,050 0,080 0,140 P(N/m2) 1252 550 315 137 77,0 50,0 19,0 6,4
𝑃 = 𝑘𝐷
log 𝑃 = log 𝑘 + 𝑝 𝑙𝑜𝑔 𝐷
𝑌 = 𝑙𝑜𝑔 𝑃, 𝑋 = 𝑙𝑜𝑔 𝐷, 𝑏 = 𝑙𝑜𝑔 𝑘, 𝑎 = 𝑝
𝑌 = 𝑏 + 𝑎𝑋
∆𝑌 = −200 𝑚𝑚 ∆𝑋 = 100,5 𝑚𝑚
𝑎 = 𝑝 =∆∆ = −1,990
𝑃 = 𝑘𝐷
log 𝑃 = log 𝑘 + 𝑝 𝑙𝑜𝑔 𝐷
𝑌 = 𝑙𝑜𝑔 𝑃, 𝑋 = 𝑙𝑜𝑔 𝐷, 𝑏 = 𝑙𝑜𝑔 𝑘, 𝑎 = 𝑝
𝑌 = 𝑏 + 𝑎𝑋
∆𝑌 = −200 𝑚𝑚 ∆𝑋 = 100,5 𝑚𝑚
𝑎 = 𝑝 =
∆∆= −1,990
𝑃 = 𝑘𝐷
log 𝑃 = log 𝑘 + 𝑝 𝑙𝑜𝑔 𝐷
𝑌 = 𝑙𝑜𝑔 𝑃, 𝑋 = 𝑙𝑜𝑔 𝐷, 𝑏 = 𝑙𝑜𝑔 𝑘, 𝑎 = 𝑝
𝑌 = 𝑏 + 𝑎𝑋
ste do gráfico, que pode ter sido obtida manua
mos
∆𝑌 = −200 𝑚𝑚
e
∆𝑋 = 100,5 𝑚𝑚
. Assim
𝑎 = 𝑝 =
∆∆= −1,990
𝑃 = 0,125𝐷 − 1,990
Fig. 3.4 Ilustração dos dados da tabela 3.4, em papel com escala log-log, da pressão de um êmbolo Gráfico log-log