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Inclusão escolar: perspectivas para o trabalho do psicólogo

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DHE – DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO CURSO DE PSICOLOGIA

MORGANA RAFAELA SCHIRMER

INCLUSÃO ESCOLAR: PERSPECTIVAS PARA O TRABALHO DO PSICÓLOGO

SANTA ROSA (RS) 2012

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MORGANA RAFAELA SCHIRMER

INCLUSÃO ESCOLAR: PERSPECTIVAS PARA O TRABALHO DO PSICÓLOGO

Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado ao curso de Psicologia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito parcial à obtenção do título de Psicólogo.

Orientadora: Luciane Gheller Veronese

SANTA ROSA (RS) 2012

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MORGANA RAFAELA SCHIRMER

A comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o trabalho de conclusão de curso

INCLUSÃO ESCOLAR

como requisito parcial para obtenção do título de Psicólogo da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ.

Trabalho de conclusão de curso definido e aprovado em: _____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

LUCIANE GHELLER VERONESE Psicóloga, Mestre

Professora do Departamento de Humanidades e Educação

_________________________________________________

SÔNIA DA COSTA FLENGER Psicóloga, Mestre

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Dedico está vitória a todas as pessoas que me ajudaram de uma forma ou de outra a chegar até aqui. Principalmente a minha família, meus pais Oldir e Vera, meus irmãos Marciano e Mariane e meu namorado Fernando. A todos vocês meu muito obrigada!

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Primeiramente quero agradecer a Deus que me deu força, coragem, persistência para não desistir, e saúde para poder seguir em frente.

A toda minha família, principalmente meu pais Oldir e Vera que acreditaram em mim, me ajudando, patrocinando, não medindo esforços para que eu chegasse até aqui. Obrigada por me aguentar nos momentos de prova, de TCC e entenderem minha ausência.

Aos meus irmãos Mariane e Marciano, que sempre estiveram ao meu lado. A minha irmã pela inspiração para fazer Psicologia e ao meu irmão pelas vezes que me levou no estágio, nos seus dias de folga.

Agradeço também ao meu namorado Fernando, que sempre me deu o maior apoio, estando ao meu lado não só nos momentos bons, mas também nas dificuldades. Obrigada por fazer parte da minha vida e compreender meus

momentos de ausência destinados à faculdade. Pois, como você disse: “A distância

não significa nada para alguém que significa tudo pra gente”. Amo todos vocês!!!

As minhas colegas e amigas de faculdade muito obrigada. Tenho certeza que nossa amizade teve início na Faculdade, mas vai bem além dela. Agradeço pelos momentos de alegrias, felicidades, desabafos e angústias compartilhados. Em especial a minha amiga Patrícia, por estar ao meu lado, compartilhando alegrias e tristezas.

A todos os Professores da Unijuí, por toda dedicação e aprendizado que me proporcionaram nestes 5 anos de faculdade. Em especial a Professora Luciane Gheller Veronese, que me orientou neste trabalho de Conclusão de Curso.

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“Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro.” Sigmund Freud

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PSICÓLOGO

Morgana Rafaela Schirmer Orientadora: Luciane Gheller Veronese

RESUMO

A inclusão escolar é um tema em debate em nosso país. E suas discussões buscam orientações em relação a esse processo. Este trabalho de conclusão de curso aborda o tema da inclusão escolar e as perspectivas do trabalho do psicólogo neste campo. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que está escrita em dois capítulos. O primeiro faz uma reflexão sobre a exclusão e estabelece relações com as perspectivas inclusivas, discutindo contribuições psicanalíticas. No segundo capítulo, discutem-se as perspectivas de inclusão no contexto escolar, elementos da Política Pública Brasileira, e enfatiza-se o trabalho do Psicólogo.

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INTRODUÇÃO ... 9

CAPÍTULO I: REFLETINDO ACERCA DA EXCLUSÃO ... 11

1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS ... 11

1.2 CONCEPÇÃO DE EXCLUSÃO À LUZ DA PSICANÁLISE ... 15

1.3 EXCLUSÃO NO CONTEXTO ESCOLAR ... 21

CAPÍTULO II: A INCLUSÃO NO CONTEXTO ESCOLAR ... 24

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS ... 24

2.2 O CONTEXTO ESCOLAR E SUAS POLÍTICAS PÚBLICAS ... 27

2.2.1 Declaração de Salamanca ... 28

2.2.2 Constituição Federal de 1988 ... 29

2.2.3 Lei de Diretrizes de Bases de Educação Nacional (LDB), 1996 ... 30

2.3 O TRABALHO DO PSICÓLOGO NA INCLUSÃO ESCOLAR ... 32

2.3.1 Trabalhar com o aluno ... 34

2.3.2 Trabalhar com os pais ... 36

2.3.3 Trabalhar com os professores ... 38

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 40

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INTRODUÇÃO

A inclusão escolar tornou-se um tema muito debatido nas escolas e em toda comunidade, pois esta traz consigo vários questionamentos, mudanças para a instituição, (físicas ou metodológicas) tanto para professores quanto alunos com Necessidades Educativas Especiais incluídos e seus familiares, despertando nestes, angústias, dúvidas e medos. Evidenciou-se, tais questões, ao realizar o estágio de Psicologia com Ênfase em Processos Sociais, em 2011, com um projeto sobre Educação Inclusiva, em uma Escola regular de ensino, na qual constatou-se a importância de ter um psicólogo para assessorar a escola no processo inclusivo.

No decorrer do estágio, acompanharam-se processos inclusivos, através das pessoas que trabalham para que ele se torne possível, das leis que o regulamentam, dentre outras aprendizagens que este me proporcionou. Então, decidi aperfeiçoar/complementar meus conhecimentos a respeito deste, me detendo principalmente no fazer do profissional da psicologia na inclusão escolar.

Historicamente, as sociedades faziam associações de pessoas com deficiência, como algo vergonhoso ou até mesmo perigoso. Em muitos casos, estas eram mantidas isoladas e trancafiadas, não podendo ter contato com outras pessoas. Hoje, ainda existem resquícios desta época, pois algumas pessoas trazem consigo o preconceito e a falta de conhecimento, excluindo de seu meio quem não segue o padrão de “normalidade”. Muito disto mudou graças aos processos de inclusão, decorrente de várias áreas, sendo que na instituição escola recebeu o nome de inclusão escolar.

A inclusão escolar passa a constituir um dos temas mais estudados e abordados na atualidade brasileira, sob diferentes perspectivas e enfoque teóricos.

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O processo inclusivo objetiva analisar acerca das diferenças humanas, estas que nos fazem seres únicos, que se caracterizam pela pluralidade e não homogeneidade. Falar em inclusão é pensar no movimento que opera no social e na escola em relação à diferença. Uma sociedade inclusiva vem para dar lugar aqueles que não correspondem ao padrão, e que até então não tinham lugar.

Desta forma, questiono quais são as perspectivas de trabalho do psicólogo

diante da inclusão escolar? Propõem-se investigar essa questão. O texto esta organizado em dois capítulos: No primeiro capítulo, intitulado “Refletindo acerca da exclusão”, busca-se através de histórico da exclusão, resgatar seu início, alastramento por várias áreas como: saúde, educação, cultura, lazer e trabalho, bem como sua relação com a inclusão, vendo que se não existisse a exclusão, a inclusão não existiria também, sendo uma constitutiva da outra.

Seguindo com este capítulo, no subtítulo que trata sobre, a Concepção de exclusão a luz da Psicanálise, partiu-se de um breve histórico da Psicanálise e de como ela aborda o tema. Posteriormente, busca-se compreender seus pressupostos. Apresentando-se, ainda, neste capítulo, a Exclusão no contexto escolar, trazendo um retrospecto de como ela acompanha a escola desde sua origem.

Após trabalhar a exclusão, no segundo capítulo aborda-se a inclusão, em um

primeiro momento, com o título, “Inclusão no contexto escolar”, relembra-se um

pouco da história das escolas e de como ela passou de excludente para um sistema inclusivo. Trata-se ainda, das “Configurações das Políticas Públicas Inclusivas“ e por

fim, enfoca-se “O trabalho do Psicólogo no contexto escolar“. Advoga-se que para

que o processo inclusivo tenha consistência/êxito, à escola precisará ter uma equipe multiprofissional para lhe assessorar. Sendo que um dos integrantes desta equipe será o psicólogo. Este, que juntamente com os demais participantes, poderá propor a todos os envolvidos no processo inclusivo uma escuta.

Este trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica baseada em obras de autores dos campos da psicologia e da psicanálise.

(11)

CAPÍTULO I: REFLETINDO ACERCA DA EXCLUSÃO

1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS

A noção de exclusão é vasta e de difícil delimitação. Primeiramente, ela será

abordada em um sentido mais amplo do conceito, para depois abordá-la na escola.

Na instituição escolar, os índices de exclusão eram grandes e nos dias atuais

busca-se a sua diminuição, através do processo de inclusão escolar, que propõem o

acesso de todos à escola. Apoiada por Políticas Públicas, a inclusão escolar mostra-se um processo importante, perante os dispositivos de exclusão, essa que continua a rondar os universos escolares.

A exclusão caracteriza-se por relações desiguais que podem atuar em quatro dimensões: econômica, política, social e cultural. E em diferentes níveis, sendo eles, individual, grupal, nacional, comunitário, entre outros. Isso resulta em um processo de exclusão/inclusão, onde os acessos a direitos, a cidadania e a sociedade são desiguais, uma vez que, existem representações e valores que acabam excluindo as pessoas.

A exclusão passou a ser um assunto cada vez mais presente em nossa sociedade, instigando vários autores estudar a seu respeito, suas causas, consequências e possíveis soluções.

Um dos autores que estudou sobre o termo exclusão foi René Lenoir (1974), ele dizia que a exclusão não é um fenômeno de ordem individual, mas sim social. O mesmo ressaltou que seu princípio deveria ser buscado no funcionamento das sociedades modernas. Dentre suas causas, destaca-se o rápido crescimento do processo de urbanização, onde pessoas migravam para as cidades em busca de melhores condições de vida e acabaram por formar favelas, pois as cidades já estavam superlotadas; a inadaptação e uniformização do sistema escolar, onde as potencialidades e subjetividades dos alunos não eram vistas; o desenraizamento causado pela mobilidade profissional; as desigualdades de renda e de acesso aos serviços que deveriam ser para todos.

Sawaia, outro estudioso desse tema, expõe:

...a exclusão é processo complexo e multifacetado, uma configuração de dimensões materiais, políticas, relacionais e subjetivas. É processo sutil e dialético, pois só existe em relação à inclusão como parte constitutiva dela.

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Não é uma coisa ou estado, é um processo que envolve o homem por inteiro e suas relações com os outros. Não tem uma única forma e não é uma falha do sistema, devendo ser combatida como algo que perturba a ordem social, ao contrário, ele é produto do funcionamento do sistema. (SAWAIA, 2001, p. 9).

Para este autor, quando um sujeito é excluído, ele é privado de um direito,

não conseguindo ter relações de “igualdade” com as outras pessoas. E só

conseguirá sair desta posição com o auxílio da comunidade, passando a pertencer aí ao grupo dos incluídos. Portanto, para Sawaia, a sociedade exclui para depois incluir, sendo isto, uma condição da ordem social desigual.

No entanto, para Martins não existe exclusão em si: “O que existem são

inclusões precárias e instáveis, marginais. Todos estão incluídos em algum lugar,

embora nem sempre esta inclusão seja avaliada como socialmente desejável”

(MARTINS, 1997, p. 32).

Para esse autor, de uma forma ou de outra estamos incluídos em algum grupo social, mesmo que este não seja o que queremos/desejamos, pois ao ser excluído passa-se a pertencer a um grupo, o dos excluídos, abandonados, deixados de lado.

Como expõe novamente Martins:

O Capitalismo, na verdade desenraíza e brutaliza a todos, exclui a todos. Na sociedade capitalista essa é a regra estruturante: todos nós, em vários momentos de nossa vida, e de diferentes modos, dolorosos ou não, fomos desenraizados e excluídos. É próprio dessa lógica de exclusão, a inclusão. A sociedade capitalista desenraíza, exclui, para incluir, incluir de outro modo, segundo suas próprias regras, segundo sua própria lógica (MARTINS, 1997, p. 32).

Incluídos no grupo social em que a sociedade capitalista desejar, ou seja, incluídos de maneira excludente.

Nos anos 90, o estudo a respeito da exclusão teve maior ênfase, pois no século XX houve um grande crescimento no número de desempregados, ocasionando mais mendigos, vagabundos, marginais, enfim excluídos. Este conceito ganhou lugar nos debates intelectuais e políticos. Acompanhando-nos no decorrer dos anos, onde várias são as situações descritas como exclusão, as quais representam as mais variadas formas e sentidos e que advém da relação inclusão/exclusão. Dentro deste rótulo aparecem pessoas que são vistas como

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desempregados de longa duração, jovens impossibilitados de ingressar no mercado de trabalho, etc. Nestas perspectivas os excluídos são aqueles que são rejeitados dos mercados materiais e simbólicos, os que não correspondem ao que é exigido pelo ideal social produtivo.

Na tentativa de amenizar essa situação, no século XX deu-se ênfase a “invenção do social”, (JACQUES DONZELOT, 1994) onde foram criados programas de proteção social, visando à diminuição da exclusão. No entanto esses programas acabaram ficando abalados devido à crise do Estado-providência e da internacionalização da economia, acentuando mais a crise do trabalho e do sujeito.

Os problemas sociais aumentarame consequentemente a exclusão.

Por isso cada vez que falamos em exclusão precisamos situar o espaço e o tempo a que este fenômeno se refere, pois se pensarmos nos países de primeiro mundo nos anos 80, teremos a origem da crise da sociedade contemporânea o aumento do desenvolvimento e a precarização do trabalho, como sendo os principais problemas daquelas sociedades. Aumenta o número de pobres e excluídos.

Diante disto é preciso ter clareza dos conceitos de exclusão e pobreza, esses que não podem ser tomados como iguais, mesmo estando articulados. Na tentativa de explicar essa articulação alguns autores contemporâneos, como: Paugam, Gaujelac, Leonetti, Robert Castel e Cristovão Buarque, destacaram quatro pontos fundamentais, estes que foram expostos por Walderley no livro Artimanhas da Exclusão, (1999, p. 22).

a) a desqualificação: ela é o inverso da integração social, mostra a dificuldade de integração por falta de vinculação empregatícia.

b) a desinserção: forma de exclusão por não utilidade social, é caracterizada pela falta de vínculo de ordem simbólica, questiona a própria existência das pessoas enquanto indivíduos sociais.

É o sistema de valores de uma sociedade que define os “fora de norma” como não tendo valor ou utilidade social, o que conduz a tomar a desinserção como fenômeno identitário na articulação de elementos objetivos e elementos subjetivos. (WANDERLEY, 1999, p. 22).

c) a desafiliação: caracteriza-se pela ausência de inscrição do sujeito em estruturas que têm um sentido. “efetivamente desafiliado é aquela cuja trajetória é feita de uma

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série de rupturas com relação a estados de equilíbrio anteriores, mais ou menos estáveis ou instáveis” (WANDERLEY, 1999, p. 21).

d) apartação social: é um processo que vê o outro como um ser “a parte”, desigual, um não semelhante, expulso dos meios de consumo, bens de serviço e do gênero humano.

Os excluídos dos anos 90 passam a não ser mais temporários, mas contingentes populacionais que não encontram lugar no mercado de trabalho, aumentando cada vez mais o número de pobres.

No entanto, segundo Telles, a sociedade brasileira foi acompanhada desde o

início de sua história pela questão social e da pobreza.

Tema de debate público e alvo privilegiado do discurso político a pobreza sempre foi notada, registrada e documentada. Poder-se-ia dizer que, tal como uma sombra, a pobreza acompanha a história brasileira, compondo o elenco de problemas, impasses e também virtualidades de um país que fez e ainda faz do progresso (hoje formulado em termos de uma suposta modernização) um projeto nacional. (TELLES, 1996, p. 6).

Para entender as desigualdades sociais existentes no País, cria-se o conceito de exclusão social, associado ao alto nível de pobreza e que nos acompanha até os dias atuais como nos relata Sposatti:

A desigualdade social, econômica e política na sociedade brasileira chegou a tal grau que se torna incompatível com a democratização da sociedade. Por decorrência, tem se falado na existência da apartação social. No Brasil a discriminação é econômica, cultural e política, além de étnica. Este processo deve ser entendido como exclusão, isto é, uma impossibilidade de poder partilhar o que leva à vivência da privação, da recusa, do abandono e da expulsão inclusive, com violência, de um conjunto significativo da população, por isso, uma exclusão social e não pessoal. Não se trata de um processo individual, embora atinja pessoas, mas de uma lógica que está presente nas várias formas de relações econômicas, sociais, culturais e políticas da sociedade brasileira. Esta situação de privação coletiva é que se está entendendo por exclusão social. Ela inclui pobreza, discriminação, subalternidade, não equidade, não acessibilidade, não representação pública. (SPOSATTI, 1996, p. 4).

A exclusão social é comum nas mais diferentes sociedades, ela não atinge

apenas os países pobres, mas mostra o destino excludente de grande parte da população mundial, seja por restrições que o mundo do trabalho impõe ou por situações decorrentes de modelos e estruturas econômicas, as quais geram desigualdade na qualidade de vida.

(15)

Este conceito passou a ter destaque, pois grande parte da população encontrava-se desassistida, crescendo assim o número de sem-teto. A pobreza urbana, a falta de acesso a empregos e rendas, os empregos disponíveis precários e os jovens sem acesso a eles ficam fora do mercado de trabalho.

Além da exclusão no campo social ela encontra-se também em vários outros como: escolar, cultural, político, religioso, etc, acompanhando toda a sociedade em sua existência.

Aqui pudemos entender um pouco mais sobre o processo exclusivo na versão de autores sobre este fenômeno, e como o relacionam com outros aspectos, como a pobreza.

Assim, a exclusão atinge grande parte da população, caracterizando-se desta forma não pela sua individualidade, mas sim por ser um fenômeno social que abrange a população em geral, não fazendo distinção entre cor, raça, sexo, entre

outros fatores.

1.2 A ESTRUTURA DO SUJEITO PSÍQUICO E SUA RELAÇÃO NOS PROCESSOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

A psicanálise foi criada por Sigmund Freud (1856/1939), em Viena no início do século XX, sendo que sua história inicialmente esteve ligada a sua vida. Ela se difundiu por várias áreas do saber, trouxe uma nova área de conhecimento, de

conceber o mundo, deu início aos estudos da realidade psíquica, à luz da

sexualidade infantil e do inconsciente.

Freud interessou-se em escutar pacientes com sintomas histéricos, em um primeiro tempo através da hipnose e posteriormente através de um método criado

por ele chamado de associação livre1. Foi ouvindo estes, através do método

1

Associação livre: Método constitutivo da técnica psicanalítica, segundo o qual o paciente deve exprimir, durante o tratamento, tudo o que lhe vêm a mente, sem nenhuma discriminação. O método de livre associação foi sugerido a S. Freud, em 1892, durante um tratamento, no qual uma de suas pacientes (Emmy von N) lhe pediu expressamente que deixasse de intervir no curso de seus pensamentos, deixando-a falar livremente. De forma progressiva e até 1898, quando foi adotado definitivamente, o método substitui o antigo método catártico, tendo-se tornado, desde então, a regra fundamental do tratamento psicanalítico: o meio privilegiado de investigação do inconsciente. O paciente deve exprimir todos os seus pensamentos, ideias, imagens e emoções, tais como se apresentam a ele, sem seleção e restrição, mesmo que tais materiais lhe pareçam incoerente, impudicos, impertinentes ou desprovidos de interesse. Tais associações podem ser induzidas por uma palavra, um elemento de sonho, ou qualquer outro objeto de pensamento espontâneo. O

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psicanalítico da associação livre, que o paciente falava o que lhe viesse na mente, que ele criou então a psicanálise, acreditando que o discurso destes, tinha muito a lhe ensinar. Neles, Freud identificou fenômenos mentais que iam além dos perceptíveis pela consciência, como o inconsciente, uma instância psíquica estudada através de suas formações que são os atos falhos, os sintomas, as chistes e os sonhos.

A psicanálise veio então para escutar o sofrimento psíquico, e entender o

funcionamento mental. Freud criou então sua primeira tópica para explicar o

aparelho psíquico (baseada na análise do sonho e na histeria), dizendo que este era um conjunto de lugares, que estavam interligados, possuindo cada um uma função específica, dessa maneira ocupando um lugar na mente. O aparelho psíquico está dividido então em: inconsciente, pré-consciente e consciente.

O consciente recebe informações vindas do interior e do exterior, tendo que armazená-las de acordo com o prazer/desprazer que estas causam, porém não

arquiva essas informações. O pré-consciente seleciona o que pode ou não passar

para o consciente. Possui também a função de arquivar conteúdos que poderão a qualquer momento ter acesso à consciência. E o inconsciente, é o conteúdo ausente, são conteúdos que não estão presentes na consciência, ele está no centro da teoria psicanalítica. Ou seja, o inconsciente é constituído por conteúdos

recalcados, os quais foram recusados o acesso aos sistemas pré-consciente e

consciente, pela ação do recalque originário e recalque secundário.

Em 1920, Freud elabora então sua segunda tópica ou teoria do aparelho

psíquico, esta que foi construída em respostas aos problemas da psicose, a qual abrange o id (isso), o ego (eu) e superego (supereu).

O id é uma instância psíquica que contém o inconsciente e os desejos. É regido pelo princípio do prazer. O Ego é o responsável pelo princípio da realidade, busca o equilíbrio entre o id e o superego, administrando os conflitos entre estes. O superego é o processo de internalização das regras, da moral, das proibições, dos ideais sociais e culturais. Ele é regido pelo princípio da moralidade. A formação deste se dá em duas fases, sendo que a primeira é a fase identificatória, onde o ego se apodera dos investimentos do id, tomando-os para si para depois poder projetá-los nos objetos, e em seguida introjeta-os pela identificação. A segunda fase

respeito a essa regra permite o aparecimento das representações inconscientes e atualiza os mecanismos de resistência. (CHEMAMA,1995, p. 22).

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compreende a resolução do complexo de Édipo, e acontece a internalização da lei paterna.

O Id passa a ser todo ele inconsciente, já o ego e o superego em parte. Ou seja, para tornar conscientes os conteúdos do ego e superego, é necessário muito esforço.

A psicanálise diante da segunda tópica se propõe a fortalecer o ego, de modo a fazer este mais independente do superego, de forma a ampliar sua percepção, melhorando sua organização e auxiliando para que este possa apoderar-se de algumas partes do id.

Entretanto, a segunda tópica não vem então para anular a primeira, as duas são formas de explicar o aparelho psíquico de forma completa e complexa.

Freud em seus estudos sobre o psiquismo humano formula dois grandes conceitos, o de Pulsão de Vida e de Morte. Criou-as a partir da elaboração das teorias ligadas ao Inconsciente Humano, as quais são importantes para o surgimento do deslocamento do predomínio de consciente e do eu para os registros do inconsciente e das pulsões.

De acordo com Freud, as pulsões não estariam situadas no corpo e nem no

psiquismo, mas no limite entre os dois, e teriam sua origem no Id. A pulsão de vida seria representada pelas relações amorosas que fazemos com o mundo, com as outras pessoas e com nós mesmos, sendo o princípio do prazer e as pulsões eróticas suas outras características. Já a pulsão de morte se manifesta pela agressividade, essa que poderá voltar-se para si mesmo ou para o outro e também traz como sua marca à compulsão a repetição. Mesmo que pareçam contrárias essas duas pulsões são ligadas, sendo que onde existe pulsão de vida existe a de morte também e essa ligação só teria um fim com a morte do sujeito.

A pulsão de morte causa angústia no sujeito, este então vai precisar impulsionado pelo princípio do prazer, buscar/procurar objetos que possam minimizar essa angústia.

Os estudos realizados por Freud, sobre pulsão de vida e de morte, proporcionaram um novo entendimento sobre os registros do inconsciente, ampliando os estudos sobre o psiquismo humano, dando desta forma um grande salto na teoria psicanalítica.

Outro seguidor da psicanálise, que também estudou o inconsciente, depois de Freud, foi Lacan (1901/1981). Para ele a psicanálise trata do próprio ato da palavra

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falada. Ele ressalta que o analista consegue um maior acesso ás formações do inconsciente, através da escuta, a partir da relação transferencial com o analisando, a qual se dá por meio da associação livre.

Para Lacan, quando nos estruturamos como humanos passamos a pertencer ao universo estruturado da linguagem, portanto o mundo humano é o mundo da linguagem, não existindo nada além e aquém a este. Segundo ele, o inconsciente é estruturado como linguagem, ou seja, Lacan acredita que o inconsciente segue as leis da linguagem, diz que é através da fala que conseguimos identificar as

manifestações do inconsciente, chistes, ato falhos, sintomas e relatos dos sonhos.

Para ele: “...é a lingüística - cujo modelo é o jogo combinatório - que confere ao

inconsciente um estatuto, podendo este ser qualificável, acessível e objetivável”. (LACAN, 1985 p. 28).

A linguagem é o meio pelo qual conseguimos acessar nosso inconsciente. Porém, para que isto aconteça, o sujeito precisa estar constituído/estruturado psiquicamente.

Desde o início de nossas vidas estamos incluídos na linguagem, como um sujeito da cultura a qual pertence, ao receber um nome, os pais veem ali um corpo que possuirá desejos. Esses desejos desde antes do nascimento são supostos pelos pais, pois a criança já começa a ser falada quando está na barriga da mãe, ou seja, ele é idealizado e falado, a partir da imaginação de seus pais e demais familiares. A entrada da criança no mundo simbólico (da linguagem) se dá através do outro que acredita saber sobre ela e então fala, na medida em que esta criança é falada ela passa a existir. Como nos diz Jerusalinsky:

Quando um corpo biológico, com danos ou não, é jogado ao mundo, alguém espera para fazer de cada borda, desejo de um desejo ( o da mãe), e ali se produz o primeiro encontro com o outro que ela encarna, primeiro encontro com o significante mãe. A partir desta matriz simbólica, instala-se uma dimensão de espelhamento na qual algo se desprende da mera satisfação da necessidade biológica. Estes olhos, esta boca, estes braços, se perdem na medida em que são nomeados pela mãe, quem, assim inicia-o no seu destino em se constituir como sujeito desejante, sujeito configurado por antecipação a respeito de sua existência biológica a partir dos ideias de seus pais. (JERUSALINSKY, 1999, p. 110).

Então antes do nascimento a família (pais), cria um pré-sujeito, este que se encontra no imaginário e no simbólico, o ideal de eu dos pais e seu narcisismo é colocado sobre o filho, como nos expõe Freud:

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A criança concretizará os sonhos dourados que os pais jamais realizaram – o menino se tornará um grande homem herói em lugar do pai, e a menina se casará com um príncipe como compensação para sua mãe. No ponto mais sensível do sistema narcisista, a imortalidade do ego, tão oprimida pela realidade, a segurança é alcançada por meio do refúgio na criança. O amor dos pais, tão comovedor e no fundo tão infantil, nada mais é senão o narcisismo dos pais renascidos, o qual transformado em amor objetal, inequivocamente revela sua natureza anterior. (FREUD, 1974, p. 108).

Para Lacan, o estádio do espelho funciona como identificação, enquanto “uma transformação produzida no sujeito quando ele assume uma imagem”(LACAN, 1949, p. 97). Esta estrutura que a criança reconhece é, a princípio, parcial. Um corpo parcial feita através do espelho. A função do espelho é de amenizar a angústia das partes e integrá-las num todo.

Ocorre na criança, quando está em fase de organização do esquema corporal, sua fundamentação no corpo como algo passível de descoberta. Mas esta descoberta também gera confusão entre a noção do que é o Eu e do que é o outro. Subitamente, a criança é levada a descobrir que o outro presente no espelho não é o outro real e sim uma imagem, passando a distinguir a pessoa real da imagem. A criança passa a ter consciência de sua imagem no espelho, de que aquela imagem é ela própria, recuperando a noção de totalidade do corpo agregando numa estrutura única, subjetiva e identitária.

Reconhecemos o mundo inicialmente através da imagem: fatos, objetivos que antes não eram amadurecidos o suficiente e depois passam a ser. O espelho simboliza e antecede a formação do Eu. É com ele que a criança se imagina, se

recria e cria novamente através da observação do Outro2, na busca de sua

identidade. Lacan utiliza o estádio do espelho para explicar a relação eu - outro. O

eu se constitui alienado ao Outro.

Pois como vimos, quem decide, deseja e fala por nós no inicio de nossas vidas, são nossos pais. Viemos ao mundo desamparados, sem conseguirmos nos defender, falar, ou seja, desde o nascimento o bebê humano, necessita que alguém o reconheça, com suas palavras, seus atos, como sujeitos e desta forma o insira no mundo do desejo humano. O ser humano nasce, cresce, se desenvolve e estrutura devido (a pertença) ao pertencimento a sua família, pois fora dela o bebê nada pode,

2Segundo o dicionário Chemama o Outro é definido como: “Lugar onde a psicanálise situa, além do

imaginário, aquilo que, anterior e exterior ao sujeito, não obstante o determina... No sujeito, o Outro não é estranho ou a estranheza. Ele fundamentalmente constitui aquilo que a partir do qual é ordenada a vida psíquica, isto é, um lugar onde insiste um discurso que é articulado, mesmo que nem sempre seja articulável”(CHEMAMA, 1995, p. 156).

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ele vê o mundo numa condição de fragilidade. Desde o nascimento busca um lugar, o seu lugar, na família, e na sociedade em geral, para então ser reconhecido como

um sujeito, que possui desejos, angústias, medos, etc. O Outro que irá

ampará-lo/ajudá-lo será a mãe ou quem desenvolve essa função.

Porém, para que a constituição psíquica aconteça, o bebê precisa passar pelo

Complexo de Édipo3 (LACAN, 1999), para que consiga tornar-se sujeito com seu

próprio eu, sendo que para isso tornar-se possível, a mãe precisa permitir a entrada de um terceiro na relação dela com o bebê. Este terceiro é o pai, que fará a função de interdição e de castração. A lei se coloca para a criança, passando a lhe privar a mãe, o sujeito passa a internalizar a instância paterna e se identificar com esta, passando de eu ideal para ideal de eu, iniciando desta forma a passagem do eu especular para o eu social.

Portanto, é a função paterna que faz a passagem para o social, tirando a criança da condição de alienação primordial para inseri-lo na ordem simbólica (linguagem). Ao ser apresentado para o social será colocado em jogo para o bebê sua separação do universo familiar que até então era o único que conhecia, colocando-o de frente para as diferenças que o social impõe. Ele terá que construir agora um laço social com a comunidade (sociedade), o que até então havia criado somente com sua família.

O laço social é de fundamental importância, pois o ser humano precisa sentir-se pertencente aos grupos dos quais faz parte, precisa do acolhimento afetivo dos demais membros da comunidade para que obtenha o reconhecimento necessário de seu desejo e singularidade para se fazer valer em quanto sujeito, com suas particularidades e potencialidades.

É preciso reconhecer e identificar no Outro sua singularidade, encontrar seu lugar na sociedade, fazer com que o mesmo sinta-se pertencente aquele determinado grupo, porém, isto não acontece com todas as pessoas, algumas por um motivo ou outro acabam sendo deixadas de lado, desqualificadas, aniquiladas,

3 Complexo de Édipo: Lacan(1999), no inicio a criança fica alienada ao Outro materno, sendo que depois no primeiro tempo do édipo ela é introduzida na castração é a questão é ser o falo da mãe. No segundo tempo, o pai vem para ser o terceiro nesta relação que até então era dual, privando a mãe de seu objeto fálico, interditando e colocando limite na relação de gozo entre mãe e filho, proibindo desta maneira a o incesto. A lei se coloca para a criança desvinculando sua primeira identificação, proibindo desta forma a mãe. Já no terceiro tempo do édipo o pai, é aquele que tem falo, objeto desejado da mãe, este não se coloca mais como privação, mas como quem pode dar. A menina o falo, a ao menino a possibilidade de ser viril, dando-lhes significantes para o futuro e acontecendo ai uma identificação e a internalização da função paterna.

(21)

sendo negada sua singularidade, seu lugar, acabam desamparadas por toda a vida, pois não são “iguais” as demais. Essas pessoas são ditas “excluídas”. Como nos diz Poli:

“Isto é, todos aqueles que ficam à margem do espelho proposto pelo laço social. Eles são a exceção.” (POLI, 2005, p. 12).

Com estes sujeitos é preciso agir de maneira que possam ser ouvidas, pois são possuidores de linguagem. Para que decidam o que querem e o que não querem, passando a ocupar um lugar na sociedade, lugar de sujeito ativo e não, apenas aceitando o que os outros decidem por eles, desta forma lhe anulando.

Lembrando-se do que nos diz Lacan, que o sujeito é possuidor de linguagem, capaz de fazer escolhas e possui desejos. Além de Lacan, Maud Mannoni, baseada em seus ensinamentos, escreveu um livro muito difundido nos anos 70, “A criança retardada e a mãe”, neste, ela fala da estruturação do sujeito como linguagem. Ela, assim como Lacan, acreditava que em um tratamento psicanalítico, não importando a patologia, podendo tratar-se de neurose ou de psicose, o sujeito deverá ser visto, antes de tudo, como um ser de palavra e não um organismo.

Mannoni, em seus estudos, diz que o sujeito não pode ser isolado por causa de sua deficiência, mas sim, deve-se ver o que esta além dela, a palavra que o constitui como sujeito, possuidor de desejos. É assim também que a psicanálise busca ver este sujeito, como alguém que por ser um sujeito falante, pode pedir, revidar, ser ouvido pelos outros e assim constituir-se.

Segundo a psicanálise devemos diante de pessoas com algum tipo de deficiência, ou seja, de alguma forma ou de outra excluídas, tomar o „ato da fala‟ a sério, isto é, reconhecer que eles trazem um saber inconsciente. Escutá-los, na tentativa de reconhecê-los como sujeitos de linguagem, que passa a não ser mais um sujeito sem corpo, sem lugar, sem expressão singular no circuito das pulsões,

passando assim a ser um sujeito desejante, e ocupando um lugar na sociedade.

1.3 EXCLUSÃO NO CONTEXTO ESCOLAR

A exclusão é a marca fundante da cultura Brasileira, pois desde o surgimento do país, esta já existe, se mostrando presente com os índios, negros e escravos, que eram tratados como objetos, excluídos da humanidade. Também com as

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mulheres, essas que independente, de sua cor, raça, religião não possuíam direitos, apenas serviam para satisfazer as necessidades do marido e procriar, auxiliar na cama e mesa. Com as crianças também não foi diferente, os meninos eram quem traziam muito orgulho aos pais, e as meninas decepção de terem nascido mulheres, carregando isto por toda sua vida.

Com o passar dos anos isso lentamente começou a mudar, porém ainda temos muito presente em nosso país à exclusão, esta que se apresenta nos mais variados lugares, espaços, com as mais variadas pessoas, e que não nos abandona com o passar dos anos, apenas muda seu público alvo. Nos dias atuais são os idosos, pessoas com necessidades especiais, pobres, sem tetos e pessoas tidas como diferentes do padrão ideal da sociedade capitalista contemporânea. Faremos aqui um recorte de como a exclusão veio operando nas escolas.

No campo escolar, a exclusão vem acontecendo desde o início/ origem da escola, onde apenas a burguesia tinha acesso, sendo que somente os homens poderiam estudar, iniciando desta forma a escola de maneira excludente.

Foi somente na Idade Moderna, que as escolas abriram as portas para todos

os tipos de públicos que a ela se dirigiam. Homens, mulheres, burguesia e filhos de

empregados, passaram a frequentá-la, tendo-se então a necessidade da criação de currículos, da divisão do ensino em fases, de analisar as matérias a serem estudadas, para que os alunos pudessem garantir seu aprendizado.

Apesar de muitas mudanças escolares, as escolas continuaram sendo excludentes, pois alguns alunos ainda eram isolados/separados do restante dos

outros. Os alunos com algum tipo de “deficiência”4 que frequentavam as escolas,

eram colocados em classes especiais, junto com seus “iguais” e separados dos ditos “normais”. Esses alunos não eram reconhecidos perante a sociedade como sujeitos possuidores de desejos, capacidades, potencialidades, de um modo geral não eram apresentados /incluídos á sociedade.

4

Conforme o artigo 4º do decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999; considera-se deficiência toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; deficiência permanente aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e incapacidade uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida.

(23)

Estes alunos vêm sendo marcados em suas vidas por certo “estigma” 5

, o de não poder participar da vida social assim como as outras pessoas, por serem “diferentes” do padrão exigido pela sociedade. Por serem “deficientes”, essa discriminação e afastamento destas pessoas da sociedade, corresponde ao

afastamento do próprio real, Žižek (2006), reelaborou o conceito de real criado por

Lacan, onde o mesmo diz que o real estaria relacionado com a coisa, o real simbólico sem sentido, que não conseguimos integrá-lo em nossa significação, e o real imaginário designa no outro um traço que me incomoda, estes todos juntos estão correlacionados com a deficiência.

Pela sociedade ter dificuldade em lidar com este real é que os deficientes foram discriminados, pois esta queria evitar o confronto, que todas as pessoas

teriam ao se deparar com o real, então teriam os deficientes que ficar em lugares

diferenciados dos demais. Pois nossa sociedade atual tem como ideal a

homogeneização, que “todos devem aceder a tudo”, seus grupos se formam em torno de traços que marcam semelhanças, na sua maioria relacionada a fatores constitucionais, étnicos, corporais ou religiosos, isso revela a face narcísica em que a sociedade contemporânea se constitui.

Essa que tendo este ideal de homogeneização influencia muitas escolas a pensarem da mesma maneira, de excluir os diferentes, pois ali só tem lugar para os “iguais”. A escola passa novamente a ser excludente, agora deixando fora os alunos portadores de alguma Necessidade Educativa Especial.

Como podemos ver a história da educação brasileira tem um caráter excludente, sendo que a exclusão escolar encontra-se inserida em um grupo onde existem várias outras, como a exclusão social, econômica, politico e cultural. E todas elas têm sua origem na formação da sociedade.

Portanto, a exclusão escolar vem andando junto com a educação, sendo um processo complicado e multifacetado, e que existe em relação à inclusão, pois a constitui.

5

Estigma: Para Goffman (1993, p. 11), “la sociedade estabelece los medios para caracterizar a las personas y el complemento de atributo, que se perciben como corrientes y naturales a los membros de cada uma de esas categorias”. Ou seja, “ A sociedade estabelece um modelo de categorias e tenta catalogar as pessoas conforme os atributos considerados comuns e naturais pelos membros dessa categoria".

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CAPÍTULO II: A INCLUSÃO NO CONTEXTO ESCOLAR

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS

Desde os tempos antigos o homem tem dificuldade em lidar com questões que lhe são desconhecidas, que fogem do padrão que é tido como normal. Desde

aqueles tempos ele persegue e exclui os grupos que são tidos como “diferentes”,

não os aceitando e submetendo-os a homogeneização, o que faz com que a identidade destas pessoas fique abalada.

Nos dias atuais ainda vemos a exclusão sendo praticada a diversos grupos sociais, porém também a inclusão esta gradativamente conquistando seu espaço. Como é o caso da inclusão escolar. Essa que não vale somente para as crianças com alguma deficiência, mas para todas aquelas que possuem alguma dificuldade no processo ensino-aprendizagem. Porém, para que a inclusão realmente aconteça, precisamos quebrar barreiras/paradigmas/preconceitos que a escola vem trazendo consigo há anos a respeito de crianças com dificuldades/deficiências.

No Brasil, inspirado no modelo da Europa e dos Estados Unidos, essas crianças passaram a ter um atendimento diferenciado no século XIX, onde surgiram

instituições que atendiam crianças com “deficiências”, como: cegos, deficientes

mentais e físicos, surdos e mudos. Essas instituições vieram para tentar entender as pessoas com deficiência física, motora e mental, mostrando que os “deficientes”, são capazes de participar da vida em sociedade, sem perigo algum para o restante da população.

Surge então na década de 70, a “integração”, onde todos os alunos passam a frequentar escolas regulares, estes que até então não eram bem-vindos poderiam agora frequentá-las se fossem se adaptar.

Porém, a integração não obteve sucesso, pois os alunos eram inseridos na educação regular, mas não participavam da aula com os outros, estavam dentro da Instituição em uma sala especial, específica para alunos com deficiência, e que na maioria das vezes se localizava em um local à parte da escola. Na integração o aluno precisava se adaptar a sociedade e á escola, sendo que á escola tinha como função tornar o aluno apto para conviver em uma sociedade homogênea.

(25)

Esses alunos foram aceitos nas escolas regulares, porém mantidos em salas especiais onde, continuavam com seus “iguais” afastados dos ditos “normais”.

Foi em 1988(com a Constituição Federal), que o Brasil sofreu mudanças educacionais e estruturais, a partir daí a educação deveria ser realmente para todos. Então crianças com deficiência, acabaram por se matricular em escolas regulares, e não mais ter que frequentar classes especiais, passariam a participar da aula como as demais crianças, dando início à educação inclusiva. Portanto, as escolas precisariam se reorganizar, rever seus conceitos em busca de uma educação que respeite a heterogeneidade. As escolas teriam que se adaptar ao aluno, o oposto do que acontecia na integração.

Várias foram às manifestações que agiram em prol da educação inclusiva, como veremos no 2.1, sem as quais o processo inclusivo não teria a consistência/validação que possui. Foi também através destas, que as escolas se reformularam para atender a todos os alunos. Como nos expõe Mantoan:

O direito à diferença nas escolas desconstrói, portanto o sistema atual de significação escolar excludente, normativo, eliticista, bem como suas medidas e seus mecanismos de produção da identidade e da diferença (MANTOAN, 2008, p. 24).

Como podemos ver a escola para se tornar inclusiva, deve acolher todos os seus alunos, independente de suas condições sociais, emocionais, físicas, intelectuais, linguísticas entre outras. Deve ter como princípio básico uma pedagogia que consiga educar e incluir todos aqueles com necessidades educativas especiais e também aqueles que apresentam dificuldades temporárias ou permanentes, pois a inclusão não se aplica somente para crianças/pessoas com deficiência, mas sim a todas as crianças, jovens e adultos que sofrem qualquer tipo de exclusão educacional.

Incluir alunos com necessidades educativas especiais, na escola regular, passou a ser uma meta para os diferentes sistemas educativos, neste novo século. É todo o sistema educacional que assume a responsabilidade de educação e não mais uma parte dele, á educação especial.

As escolas regulares passaram a se reorganizar, em sua estrutura física, currículos, planos de aula. Professores e toda equipe escolar, bem como os alunos passaram a ensinar, aprender e compreender com o “diferente”.

(26)

Ainda pode-se dizer que uma escola inclusiva é uma escola que se prepara a priori, para receber as diversidades das crianças, nas mais variadas circunstâncias. Falar de uma escola inclusiva, que se prepara para atender à diversidade, não é falar de uma escola que se prepara só para atender crianças com deficiências ou com necessidades educativas especiais – dizemos, agora, necessidades educativas especais e não deficiências, como se fosse uma maneira mais suave, mais elegante ou menos dura de dizer o mesmo. Não, não é o mesmo: atender a diversidade é atender as crianças com deficiências descapacitantes, mas também todas as outras diversidades que aparecem cotidianamente na comunidade. (PÁEZ,2001, p. 30).

Para receber a todos os alunos, a escola teria que fazer adaptações também em sua estrutura física, como: a necessidade de corrimão para os cegos, de rampas e mesas especiais para cadeirantes, entre outras mudanças na estrutura escolar, as quais se tornaram necessárias para a inclusão de alunos com NEE(Necessidades Educativas Especiais) nas escolas regulares. O Projeto Político Pedagógico, bem como os currículos tiveram que ser reavaliados, de forma que compreendessem as diversidades existentes na escola.

Muitos professores então se sentiram desorientados a respeito do que fazer com aqueles alunos “diferentes”, que foram colocados em suas salas de aula. Estavam acostumados com aquela turma de alunos “iguais” (não conseguindo ver que todos são diferentes, possuem singularidades às quais lhes caracterizam) e de repente lhes é apresentado um aluno que precisa de maior atenção, cuidados, planos e avaliações diferenciadas, deixando os docentes sem saber por onde começar e o que fazer. Dentre seus questionamentos podemos citar: a falta de formação para a educação inclusiva, falta de recursos, falta de materiais apropriados, de referenciais teóricos, de recursos tecnológicos e ainda a ausência de uma equipe de apoio.

Surge aí dentre outras coisas, a necessidade de ter uma equipe de apoio (multiprofissional), que ajude/assessore alunos, professores, toda instituição escolar no processo inclusivo. Equipe essa, que irá juntamente com todos os participantes da Instituição, pensar em maneiras de fazer o processo inclusivo ser menos árduo.

A partir disso, com o assessoramento de uma equipe de apoio, os professores terão que adaptar-se a essa nova realidade. Ao invés de planejar uma aula tradicional, baseada apenas no livro didático, aprendendo da mesma maneira e no mesmo tempo, teriam que reformular seus planos de aula de maneira que comtemplasse a diversidade cultural.

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Como nos diz Mantoan:

...o professor deve garantir a liberdade e a diversidade das opiniões dos alunos. Nesse sentido, ele é obrigado a abandonar crenças e comportamentos que negam ao aluno a possibilidade de aprender a partir do que se sabe e chegar até onde é capaz de progredir. Afinal, aprendemos quando resolvemos nossas dúvidas, superamos nossas incertezas e satisfazemos nossa curiosidade. (MANTOAN, 2008, p. 66).

Estes passaram então a se mobilizar, inovar, acreditar naquele aluno “diferente”, sair da idealização de um aluno e aceitar a realidade, se despir de seus preconceitos e velhos métodos de ensinar, passaram a ocupar o lugar em que a criança está lhe inserindo, o lugar que está sendo colocado transferencialmente. E a partir deste lugar responder, para que a aprendizagem acontecesse. Nunca esquecendo que aquela criança é portadora de desejos, de uma história, de potencialidades e de metas estas que poderá alcançar em seu tempo.

É por esse e outros motivos que o professor é um dos pilares do processo inclusivo, sem o qual a inclusão não se tornaria possível.

Como podemos ver na inclusão, o aluno incluso precisa participar da dinâmica da escola, da dinâmica da sala de aula de uma forma que as atividades estejam ao alcance das suas necessidades com um currículo flexível, não que os descrimine, mas que esteja satisfazendo as suas singularidades. Para isso, é necessário que as escolas se reformulem diante de tais necessidades, sendo elas curriculares e de infraestrutura, além da colaboração de todos que fazem parte da

instituição. As pessoas precisam ter a clareza de que a escola não é um lugar de

homogeneização, sendo que esta é ilusória, não existe, o que existe é apenas o mito de serem “todos iguais”.

2.2 O CONTEXTO ESCOLAR E SUAS POLÍTICAS PÚBLICAS

Vendo o grande número de excluídos do nosso país, sentiu-se a necessidade de criar Políticas Públicas que os amparassem, isso aconteceu em vários espaços da sociedade como: a inclusão social, econômica, digital, cultural e escolar. No campo da educação, foram criadas diversas políticas públicas, que chegaram para amparar alunos com alguma Necessidade Educativa Especial e garantir sua entrada na escola regular. Bem como para mostrar que é possível que as escolas, acolham

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e ensinem a todos os “tipos” de alunos, indiferente de sua origem, raça, cor etc; mostrando que a solução não é excluí-las, mas sim incluí-las, fazendo destes sujeitos de direitos e desejos.

Algumas das políticas públicas que tiveram grande ênfase no processo de

inclusão foram: a Declaração de Salamanca, a Constituição Federal de 1988 e a Lei

de Diretrizes de Bases de Educação Nacional 1996, dentre outras. Porém, aqui serão abordadas estas três.

2.2.1 Declaração de Salamanca

A educação inclusiva ganhou grande destaque após a Declaração de Salamanca, esta que aconteceu na Espanha em 1994, onde cerca de 92 países se organizaram em defesa da Educação Inclusiva. A declaração tem como objetivo fundamental que:

A escola inclusiva é o lugar onde todas as crianças devem aprender juntas sempre que possível, juntas, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que elas possa ter, conhecendo e respondendo às necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais,

estratégias de ensino, uso de recurso e parceria com as

comunidades.(DECLARAÇÃO DE SALAMANCA,1994, p. 11).

A Declaração de Salamanca afirma que, todos os estados assegurem que a educação de pessoas com Necessidades Educativas Especiais (NEE), seja parte integrante do sistema educacional, dessa forma reafirmando o compromisso de uma educação para Todos.

Proclamaram que:

1) Toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem; 2) Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas;

3) Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer tais necessidades; e

4) Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias, criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e

alcançando a educação para todos (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA,

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A partir da Declaração de Salamanca apresentou-se então uma proposta diferente onde, o aluno precisa não somente estar na escola, em uma sala específica para os “especiais” (diferentes) onde ali ele vai ter um professor “especializado”, e onde irá cortar, colar e brincar, o movimento da inclusão propõe além da socialização trabalhar também a parte cognitiva e a aprendizagem. Ele precisa participar da dinâmica da escola, da dinâmica da sala de aula de uma forma que as atividades estejam ao alcance das suas necessidades com um currículo flexível, não que diferencie os alunos, mas que esteja satisfazendo as suas singularidades. Para isso, tornou-se necessário que ás escolas reformulassem suas práticas.

Além da Declaração de Salamanca, que veio para assegurar a realização da Educação Inclusiva, temos outras que apoiaram e apoiam a inclusão escolar.

2.2.2 Constituição Federal de 1988

A Constituição Federal veio para garantir a todos o direito à educação e ao acesso á escola. As escolas devem cumprir os princípios constitucionais, não podendo excluir nenhuma pessoa em razão de sua origem, raça, sexo, cor, idade, deficiência ou ausência dela.

A constituição defende que em todas ás escolas, deve-se ter o Atendimento Educacional Especializado aos alunos pertencentes à inclusão. Ela ressalta que esse é o ambiente escolar mais adequado para garantir o relacionamento do aluno com seus pares da mesma idade cronológica e para a estimulação de todo o tipo de interação que possa beneficiar seu desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo.

O atendimento educacional especializado é uma forma de ver o aluno em suas particularidades, em sua individualidade, reconhecendo-as e atendendo-as. As matérias consideradas pertencentes ao Atendimento Educacional Especializado são: Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), interpretação de LIBRAS, ensino de língua Portuguesa para surdos, código de braile, orientação e mobilidade, utilização de soroban, as ajudas técnicas, incluindo informática adaptada, tecnologias assistivas, informática educativa, educação física adaptada.

O Atendimento Educacional Especializado será feito durante todo o processo de escolarização do aluno, e será realizado na sala de recursos da escola. Deverá ser aprovada e atendida por professores especializados, e demais profissionais, os

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quais prestarão auxílio complementar da escolarização e não substitutivo, esse que será desenvolvido de acordo com as necessidades de cada aluno.

2.2.3 Lei de Diretrizes de Bases de Educação Nacional (LDB), 1996

Capítulo V: Da Educação Especial

A inclusão promovida pela LDB ressalta uma igualdade de fins, visto que as pessoas são incluídas de acordo com suas capacidades, como forma de garantir uma igualdade mais que meramente formal, visando à promoção da vida de uma pessoa com necessidades especiais como se fosse alguém que não as possui.

Como podemos ver no Capítulo V, da Lei de Diretrizes de Bases de

Educação (LDB), que fala da Educação especial, essa vem garantir o acesso e permanência em escolas regulares de pessoas que possuem alguma necessidade especial, bem como traz para os alunos apoio de serviços especializados, professores capacitados, além de lhes assegurar que os currículos, métodos, técnicas e planos sejam realizados de acordo com seu nível de desenvolvimento, visando sempre sua vida na escola e na sociedade, para que não sofra novamente com a exclusão.

As Políticas Públicas, aqui apresentadas, vieram/servem para dar

consistência à inclusão escolar, fazer com que se tornasse viável, amparando a todos os alunos incluídos, dando-lhes a garantia de seu acesso à escola regular.

- Classificação das Necessidades Educativas Especiais

Com a Declaração de Salamanca, deu-se ênfase ao conceito de Necessidades Educativas Especiais (NEE), passando a abarcar todas as crianças e jovens que possuem alguma deficiência ou dificuldade de aprendizagem. À escola passou então a receber todas as crianças independente de raça, cor, sexo deficiência ou ausência dela.

Para que as NEE se desenvolvessem diversos fatores contribuíram, como: problemas orgânicos, funcionais e défices sócio-culturais. Abrange, portanto, problemas de foro intelectual, sensorial, físico, emocional e outros que estão ligados à saúde do indivíduo. As necessidades educativas especiais são:

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1 Deficiência mental: são aqueles alunos com problemas cognitivos que se traduzem geralmente em problemas na aprendizagem, comportamento adaptativo e aptidões sociais.

2 Dificuldades de aprendizagem: são aqueles cujas capacidades intelectuais não se coadunam com sua realização escolar.

3 Perturbações emocionais: alunos com problemas de produção, emissão, recepção e compreensão de mensagens.

4 Problemas motores: educandos, cuja capacidade motora é deficiente, mas cujas aptidões sensoriais, cognitivas e processológicas se mantêm intactas.

5 Deficiência Auditiva: são alunos com sensibilidade auditiva muito baixa ou inexistente quando determinada pelo nível médio de percepção de um estímulo sonoro.

6 Deficiência Visual: educandos com sensibilidade visual muito baixa ou inexistente quando determinada pelo nível médio de percepção de um estímulo visual.

7 Outros Problemas de Saúde: são alunos com problema de saúde (diabetes, hemofilia, epilepsia, asma, etc.) que podem afetar a sua realização escolar.

8 Traumatismo Craniano: alunos que sofreram um dano cerebral provocado por uma força exterior que pode afetar a sua realização escolar e seu ajustamento escolar.

9 Autismo: educandos cuja problemática interfere com as suas capacidades de linguagem, imaginação e ajustamento social.

10 Cegos-Surdos: alunos com deficiência visual e auditiva que acabam por causar problemas educacionais graves.

11 Multideficiência: educandos com problemas concomitantes causadores de problemas educacionais severos.

12 Dotados e Sobredotados: alunos com capacidades intelectuais e de aprendizagem acima da média.

As escolas precisarão de apoio de uma equipe multiprofissional, para entender cada uma dessas necessidades educativas especiais e então compreender

(32)

qual a melhor maneira de ensinar, incluir e acolher um aluno que venha ter alguma dessas necessidades, visando sempre sua singularidade.

2.3 O TRABALHO DO PSICÓLOGO NA INCLUSÃO ESCOLAR

A área de atuação do psicólogo escolar é ampla, abrangendo os alunos, seus familiares e os funcionários da instituição. Preocupa-se em entender como se dá o processo de ensino aprendizagem, trabalhando os aspectos cognitivos, sociais, emocionais e motores, com o objetivo de compreender o ser humano como um ser biopsicossocial.

No início, a Psicologia concentrava seus esforços na aplicação de testes de QI e nos problemas de aprendizagem das crianças, alienando-se nestes propósitos, para que assim pudesse existir e possuir uma identidade.

Sobre o lugar concreto que o Psicólogo ocupava na escola, um lugar sem voz perante a instituição, Kupfer expõe:

...Não se tratava nem de sala de aula, nem de pátio de recreação, nem das dependências administrativas. Era apenas uma sala de atendimento, um espaço em que podia aplicar testes. Um espaço à margem: caso fosse eliminado, em nada mudaria a configuração geral da escola. Se instalado a uma distância de dois quarteirões, seu trabalho poderia prosseguir sem prejuízos. Sua voz não fazia coro com as demais vozes da escola. (KUPFER, 1997, p. 51).

O psicólogo então era isolado dos demais membros da escola e de seu

funcionamento. Entretanto, apesar de encontrar várias dificuldades e

impossibilidades durante este processo, o psicólogo conseguiu inserir-se na escola e rever sua prática. Foi possível fazer uma leitura do ambiente escolar, para assim identificar os problemas/dificuldades existentes. A partir disso, o psicólogo passou a enfrentar dois problemas: o da demanda e o da técnica, sem instrumentos necessários para enfrentar a transformação social que teria que fazer, pois a psicologia não lhe fornecia estes, sentiu-se perdido sem saber qual técnica/método utilizar dentro daquela instituição. Então, alguns buscaram orientação na Psicanálise, para uma escuta e intervenção na instituição escolar.

Um psicólogo escolar, para operar com os princípios da Psicanálise, deve ter como referência a leitura institucional de maneira ampla e do grupo, em seu

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funcionamento interior, assim usará a Psicanálise e não estará psicanalisando ninguém. Com isso, a Psicanálise proporcionará princípios orientadores para que possa ser construído um espaço de trabalho na escola.

Conseguindo este espaço dentro da escola, Kupfer nos diz que o psicólogo deverá seguir alguns parâmetros em seu espaço Psi, esses que são funções que ele deverá exercer no ambiente escolar:

1. O objetivo do trabalho do psicólogo na escola é o de abrir um espaço para a circulação de discursos, naquelas instituições em que a ausência dessa circulação estiver comprometendo a realização dos objetivos institucionais.

2. Um psicólogo estará “autorizado” a intervir em uma instituição quando estiver criada a transferência, seu principal instrumento de trabalho, da qual extrairá seu poder de ação, e com a qual poderá criar o espaço psi na escola.

3. Diante da demanda da escola, o psicólogo não a atenderá, nem a recusará, mas a “escutará” (entendo-se “escuta” em seu sentido psicanalítico).

4. O trabalho do psicólogo se movimentará na intersecção entre a Psicologia e a Pedagogia.

5. A ética que o orienta pode ser assim enunciada: um coordenador dirige os trabalhos, mas não dirige as pessoas. Cada um deverá responsabilizar-se por aquilo que diz, condição para a eficácia da direção dos trabalhos. Disso se deduz ainda que o psicólogo não participa da definição ou da transformação dos objetivos daquela instituição, pois não fez uso político do poder que lhe confere a transferência. Usa-a apenas para produzir efeitos de verdade nos participantes dos grupos, e para ajudar na reorganização das condições de “oxigenação” daquele organismo. (KUPFER, 1997, p. 57).

O psicólogo ocupará um lugar de ouvinte dentro da escola, ouvindo o discurso que esta possui, sendo que para isto ele precisará ter a autorização do falante, autorização esta, que ele terá através da transferência.

Tais questões apontam a importância de ter um Psicólogo dentro da Instituição Escola, o qual ocupará um lugar de assessor, e juntamente com uma equipe multiprofissional, irá assessorar a todos os envolvidos no processo de ensino aprendizagem, bem como todos aqueles que de alguma forma ou de outra estão ligados à inclusão escolar. Como terceiro, irá pensar, escutar, analisar, investigar, estudar os fenômenos humanos que estão acontecendo naquele local, bem como sua estrutura, dinâmica, funções e objetivos (implícitos e explícitos) da escola, para encontrar possíveis saídas para as demandas/problemas/obstáculos encontrados, esses que foram se apresentando no decorrer da inclusão escolar.

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“... ajuda a compreender os problemas e todas as variáveis possíveis dos mesmos, mas ele próprio não decide, não resolve nem executa. O papel de assessor ou consultor deve ser rigorosamente mantido...”. (BLEGER,1984, p. 43).

O trabalho do psicólogo de assessor (como um terceiro), não poderá ser isolado dos demais trabalhos realizados na escola por outros profissionais, para que a inclusão aconteça precisa-se que se tenha uma equipe multiprofissional que trabalhe nisto, como nos fala Páez:

E que transformações são necessárias às escolas regulares? A primeira e fundamental é trabalhar em equipe, quer dizer, saber trabalhar interdisciplinarmente. Os professores, os profissionais técnicos, os diretores e todo o corpo profissional da escola precisa aprender a trabalhar interdisciplinarmente. (PÁEZ, 2001, p. 34).

Como vemos é preciso que o psicólogo pense junto com todo corpo profissional da escola, quais as adequações necessárias para que a integração de crianças com NEE, em escolas regulares tenha êxito.

Sobre o processo inclusivo, Meira expõe:

A entrada em uma classe regular, realizada por uma criança portadora de necessidades especiais, representa tentativa de sua integração a um grupo que se caracteriza pelo que a sociedade considera “padrão”. Neste ponto vão entrar em jogo, como determinantes desse processo, a criança, sua família, a escola, o professor, os colegas, e o campo social em que está inscrita. (MEIRA, 2001, p. 43).

O psicólogo institucional/escolar pensará no processo de inclusão a partir de eixos de trabalho, pensando no aluno, na família, no professor, enfim em toda instituição escola, sendo ouvinte e assessor neste processo.

2.3.1 Trabalhar com o aluno

Junto com os demais participantes do processo inclusivo, o psicólogo irá procurar um lugar para àquela criança “diferente”. Lugar que ela não possui, pois

nenhum sujeito tem como ideal ter um filho, aluno, colega “deficiente”, mas sim um

aluno inteligente, um filho que seja feliz, tenha sucesso e faça tudo o que os pais não puderam fazer e sonharam que ele faria, enfim um sujeito que se encaixe nos padrões da sociedade, de “normalidade”.

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