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O processo de institucionalização dos partidos políticos no Brasil

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Academic year: 2021

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(1)

C URSO DE P Ô S- GRADUAÇÃO EM DIREITO

0 PROCESS O DE INSTITUCIONALIZAÇAO DOS

PARTIDOS POLITICOS NO B RASIL .

T

e s e s u b m e t i d a a

U

n i v e r s i d a d e

F

e d e r a l d e

S

a n t á

C

a t a r i n a

PARA.A

o b t e n ç ã o

DO GRAU DE MESTRE EM CiÊNCIAS HUMANAS - E

s

PECIAL IDA

d e

D

i r e i t o

.

LUCILA

m o u r a s a n t o s

(2)

E s t a tese foi julgada a d e quada p a r a a o b t e n ç ã o do título de

M e stre e m C i ê ncias Humanas - E s p e c i a l i d a d e D i r e i t o e apro v a d a pelo P r o g r a m a da P ô s - G r a d u a ç ã o ,

Prof. Clovis Souto Goulart Orientador

Prof. Paulo Henrique Blasi C o o r d e n a d o r do C urso

A p r e s e n t a d a p e r a n t e a banca e x a m i n a d o r a c o m p o s t a d o s Pro

fessores: .

Prof. Clovis Souto Goulart

I

Prof. Alcides A b r e u

(3)

A m e u s Pais e ao Dr. A c a c i o Garibaldi S, Thiago, m e u s m a i o r e s incentivadores.

(4)

AGR A DE C IM E NT O S

A g r a d e ç o ao Professor C l o v i s Souto Gou 'lart, pela o r i e n t a ç ã o e estímulo, de grande

v a l i a p a r a a c o n c r e t i z a ç ã o d este trabalho.

Aos d e m a i s P r o f e s s o r e s d o Põs-Gr a d u a ção e m D i r e i t o do E s t a d o e a seu Corpo Admi nistrativo, p e l a solicitude que sempre pau t o u seu atendimento.

Enfim, a todos que de a l g u m a forma me ajudaram, r e s s a l t a n d o aqui a p e s s o a do Pro fessor Josaphat Marinho.

(5)

SUMARIO

RESUMO ... ...

vii

AB STRACT ... ... viii

INTRODUÇÃO ... ... . 1

CAPÍ TULO I - ORIGEM^ EVOLUÇÃO E D EF I NI Ç ÃO DOS PARTIDOS P O L Í T I ­

C O S

.... ... 3

CAPÍTULO II - OS PARTIDOS POLÍTICOS NO B R A S I L ... 9

1. Os Parti d o s P o l í ticos n o Império ... 9

2. P a r t i d o s R e p u b l i c a n o s ... 15

3. Os M i l i t a r i s t a s e os C i v i l i s t a s ... 15

4. M u l t i p a r t i d a r i s m o ... ... 26

CAPÍTULO III - OS PARTIDOS POLÍTICOS E A T ENDÊNCIA CONTEM PORÂ

NE A DE INSERI-LOS NOS TEXTOS CONSTI TUCIONAIS ..

30

1. Racionalização do Poder e os Partidos ... 30

2. C o n s t i t u c i o n a l i z a ç ã o dos P a r t i d o s P o l í t i c o s .. 32

I

C A P Í T U L O IV - A INSTITUCION ALIZAÇÃO JU R ÍDICA DOS PARTIDOS POLT

TICOS NO B R A S I L ... ...'... ... 36 1. A C o n s t i t u i ç ã o d o Império - 1824 ... . 36 2. A C o n s t i t u i ç ã o de 1891 ... ... . 37' 3. A C o n s t i t u i ç ã o de 1934 ... ... 39 4. A C o n s t i t u i ç ã o de 1937 .... ... ... 41 5. A Lei Eleit o r a l de 1945 ... ... 42 - 6 . A C o n s t i t u i ç ã o de 1946 ... ... 43 7. A Lei n9 4.740, de 15 de julho de 1965 ... 46 8. A C o n s t i t u i ç ã o de 1967 e a E m e n d a C o n s t i t u c i o n a l n? 1 de 1969 ... ... 48

CAPÍTULO V - PARTIDOS^ GRUPOS DE PRESSÃO E REPRES E NT A ÇÃ O

PRO

FISSI O N A L ... ... ... ... 52

1. A g r e g a ç ã o e A r t i c u l a ç ã o de Interesses, Grupos de Pressão e I n t e r mediários ... ... . 52

/ 2. R e p r e s e n t a ç ã o Profis s i o n a l - Breve A n álise ... 54

(6)

CA PITULO VI - EXAME DO NOSSO ATUAL QUADRO PARTIDARIO ...

58

C O N C L U S Õ E S ... .... ... ... ..

63

B I B L I O G RA F IA ... ... ... ...

68

(7)

A p e s q u i s a p r e tende exami n a r o p r o c e s s o de I n s t i t u c i o n a l ^ z a ç ã o d o s P a r tidos P o l í ticos n o Brasil, e s p e c i f i c a n d o as d i v ersas etapas de sua evolução. Pretende, outrossim, v e r i f i c a r se realmente el e s e s t a r i a m config u r a d o s como u m a i n stituição com fins precisos, atuando como e l e m e n t o s d e f i n i d o r e s d a d e m o c r a c i a e c r i a dores de n o £ sos corpos dirigentes.

L e m b r a m o s ainda, que a e s t a b i l i d a d e e a força de u m part_i d o e de u m sistema p a r t i d á r i o dependera tanto de seu nivel de insti tucionalização, q u a n t o de participação. P r e t e n d e m o s e f e t u a r u m a cor re l a ç ã o entre e s s e s fatores.

E n o s s a intenção, t a m b é m , .e x a minar se esse p r o c e s s o é re almente efetivo, isto ê, se os p a r t i d o s p o l í t i c o s p o d e m o f e recer a_l guma coisa à sua clientela, atuando e f i c a z m e n t e n o m e c a n i s m o de re p r e s e n t a ç ã o d a v o n t a d e popular.

(8)

A B S TRACT

T h i s study intends to examine the p r o c e s s of the institu t i o n a l i z a t i o n of the p o l i t i c a l p a r ties in Brazil and specify the v a r i o u s stages of their development. It also i n tends to d e t e rmine whether t h e y r e a l l y appear as i n s t i t u t i o n s w i t h d e f i n i t e aims , acting as d e t e r m i n i n g e l e m e n t s of d e m o c r a c y and p r o d u c e r s of our d i r e c t i n g bodies. .

Further, we w i s h to remind t h a t the s t a b ility and the force of a p a r t y and of a p a r t y system d epend as m u c h ou their le vel of i n s t i t u t i o n a l i z a t i o n as on participation. We intend to affect a c o r r e l a t i o n b e t w e e n these factors.

It is also our inten t i o n to e x amine w h e t h e r this p r o c e s s is r e a l l y effective, i. e. if the p o l i t i c a l p a r t i e s can offer their clientele something, acting e f f i c i e n t l y on the m e c h a n i s m of repre sentation of the p o pular will.

(9)

N o s s o interesse pelo tema provem, e m grande parte, da ne cessidade de n o s a p r ofundarmos e conhecermos a d i n â m i c a d o sistema de r e p r e s e n t a ç ã o p o l í t i c a n o Brasil; a s s u n t o este já p o s t o e m rele v â n c i a durante o curso de P õ s - G r a d u a ç ã o e m Direito do Estado.

N ã o são m uitos os estudos sobre o s i s t e m a p a r t i d á r i o b r a sileiro, entre eles podemos citar os dos autores como: A f o n s o Ari nos de M e l o Franco, J o s aphat Marinho, O l i v e i r a Viana, M a r i a do Car m o Campello de S o u z a e alguns mais, que se p r e o c u p a r a m e m realizar trabalhos mais p o r m e n o r i z a d o s e com m a i o r e s subsídios sobre o assun

A t r a v é s da leitura de obras já existentes, a l iando a ela o interesse p o r m i m aludido, é que m e p r opus a d i s s e r t a r sobre o te m a .

P a r t i r e m o s da origem, e v o l u ç ã o dos Partidos P o l í t i c o s ,com o e xame de algumas definições e t e o rias r e l a tivas ã sua n a t u r e z a ju ridica.

E m seguida, no 2? capítulo, e l aboraremos um apanhado a r e s p e i t o dos diversos partidos existe n t e s no Brasil desde o Império até os dias atuais, b e m como as correntes m i l i t a r i s t a s e civilis tas. Enfocar-se-ã, desde o m u l t i p a r t i d a r i s m o anterior, até se che gar à instit u i ç ã o d o b i p a r t i d a r i s m o atual.

R eserv a r e m o s o 39 e 49 capítulos, respectivamente, p a r a d iscutirmos sobre a tendência c o n t e m p o r â n e a de inseri-los nos tex tos c o n t i t u c i o n a i s , gerando seu n o v o p o s i c i o n a m e n t o nos E s tados Mo dernos e a sua i n s t i t u c i o n a l i z a ç ã o jurídica no Brasil, q u a n d o nos detivermos nas Const i t u i ç õ e s b r a s i l e i r a s de 1824 a 1967.

P a r a chegarmos a conclusões viáveis, achamos n e c e s s á r i o r e a lizar a c o r r e l a ç ã o entre os partidos, grupos de p r e s s ã o e repre sentação profissional. Sendo assim, este será o e n foque do n o s s o 59 capítulo.

N o 69 capítulo, faremos u m a r á p i d a a b o r d a g e m sobre o sis tema partid á r i o atual e, e m conclusão,- p r o c u r a r e m o s respo n d e r aos objetivos da pesquisa, ou seja, se a i n s t i t u c i o n a l i z a ç ã o realmente e s t a r i a configurada, atuando os p a r t i d o s polít i c o s e f i c a z m e n t e no m e c a n i s m o de r e p r e s e n t a ç ã o d a v o tande coletiva.

(10)

esta m o d e s t a contri b u i ç ã o p o s s a ser de alguma v a l i a p a r a os futuros estudi o s o s d o assunto.

(11)

ORIGEM^ EVOLUÇÃO E D E FI NIÇÃO DOS PARTIDOS POLÍTICOS

i-Sabemos quao i m p o r t a n t e s se t o r n a r a m os p a r t i d o s e m n o £ sos dias, c o nsiderados como e l e m entos b a s i l a r e s d a p r ó p r i a o r g aniza

ção estrutural do Estado. ^

-Apesar de ser u m a o r g a n i z a ç ã o m a i s que centenárias, nas três obras clássicas do século X X n ã o foi objeto de n e n h u m a d e f i n ^ ção. são elas;

- La D e m o c r a t i e et 1 ‘o r g a n i z a t i o n des P a r t i s P o l i t i q u e s - de Ostrogorsky.

- Les P artis Politiques: e s s a i x sur les t e n d a n c e s oligar chiques très D é m o c r a t i e s - de Michels, e,

- Les Partis P o l i t i q u e s - de D u v e r g e r (1).

O u tros autores de litera t u r a política, jâ se p r e o c u p a r a m e m dar uma n o ç ã o m a i s p r e c i s a do que v e m a ser u m a o r g a n i z a ç ã o par tidãria.

Burke e m Í770, o d e f i n i u como "um corpo de pessoas un_i das, para promover, mediante esforço conjunto, o interesse naci_o nal, com base em algum princípio especial, ao redor do qual todos se acham de acordo" (2) .

Entretanto, adverte D u v erger - a a n a l o g i a d a s p a l a v r a s n ã o nos deve enganar. Diz ele: "Chamam-se igualmente "partidos" as facções que d i v idiam as Republicas antigas, aos cias que se agrup^ vam em torno de um condottiere na Itália da Renascença, aos, clubes onde se r e uniam os deputados das assembléias revolucionárias, b e m como as vastas organizações populares que e n q u a d r a m a opinião píábli^ ca nas democracias modernas" (3). Admite esse autor e s s a i d e n t i d a de nominal, somente no que tange ao p a p e l que e s s a s i n s t i t u i ç õ e s de

sempenharam, ou seja, o de conqui s t a r o p o d e r p o l í t i c o e exercê-lo.

(1) BONAVIDES, P. Ciência P o l í t i c a , 3 ed. pág. 425, 1976, e LUISI L . Sobre Partidos Políticos, Direito E l e i toral e Outros En s a i o s , pag. 2, 1975.

(2) BURKE, in BONAVIDES, 1975 : 426.

(12)

D a l m o de A b r e ú Dallari, e m seu livro "Elementos de Teoria Geral d o Estado" (4) aponta o utros autores, tais como: Ostrogorski, Er skine May, A f o n s o A r i n o s e W i l l i a m B ennet Munro, que v ê e m o surgi m e n t o 'dos m o d e r n o s p a r t i d o s p o l í t i c o s n a Inglaterra, d e s d e a luta entre os d i r e i t o s do P a r l a m e n t o e as p r e r r o g a t i v a s d a Coroa, n o culo XVII, a f i r mando Munro, que e m 1680 se d e f i n i u "a o p o s i ç ã o p o l ^ tica", ou seja, que os advers á r i o s do g o verno n ã o são inimi g o s do Es t a d o e de que os o p o s i t o r e s n ã o são t r a i d o r e s ou subversivos.

^ P i n t o F e r reira já a p r ecia os p a r t i d o s sob u m a d u p l a carac teristica, isto ê, n o p r i s m a sociológico e n o jurídico. Já Georges

I

Burdeau afirma que "os partidos devem ser considerados em tanto quanto se e x t e r i o r i z a neles o Poder Político, isto é, como dado prj^ meiro da vida política e, ademais, quanto ã sua funçao no quadro de um tal ou qual sistema governamental." (5).

N o século corrente surgiram as m a i s e x p r e s s i v a s d efini ções de partido político. Dentre elas selecionamos algumas.

_u

Segundo JELLINEK, os p a r t i d o s p o l í t i c o s e m sua e s s ê n c i a "são grupos que, unidos por convicções comuns dirigidas a d e t ermi­ nados fins estatais, b u s c a m realizar esses fins" (6).

P e r t e n c e n d o à camada de e s c r i t o r e s p o l í t i c o s m o d e r n o s e contem p o r â n e o s que m a i s cedo c o m p r e e n d e r a m a i m p o r t â n c i a dos p a r t ^ d o s políticos, c o m r e s peito ã democracia, KELSEN escreve; "Os parti^ dos políticos são organizaçoes que congregam homens da mesma • opj^ nião para afiançar-lhes verda d e i r a influencia dos negócios p ú b l ^

C O S . " (7) .

N o d e s e n v o l v i m e n t o d o v e r bete "Partidos Políti c o s " d o Re p e r t é r i o E n c i c l o p é d i c o do D i reito Brasileiro, "HOMERO P INHO" defi n i u o p a r t i d o p o l í t i c o como "uma associação de eleitores subordina, dos as normas legais e sobre o que lhe parecer a melhor forma da ojr ganização da vida social e que objetiva conquistar ou influir, o p£ der do Estado em ordem e realizar o programa a que se p r o p u s e r (8).

(4) DALLARI, Elementos da Teoria Geral do E s t a d o , 19 7 3 : lUl e 142. (5) F E R REIRA e BURDEAU, in COTRIN NETO, 19 76 : 66. ,

(6) JELLINEK, idem, idem, 19 76 : 42 7. (7) KELSEN, idem, idem, 1976 : 428.

(13)

Oficial e orientã-lo, se possível, segundo os princípios expostos

\ ^

ou,velados de seu programa." (9).

Jâ p a r a BONAVIDES, "o partido político é uma organização de pessoas que inspiradas por idéias ou movidas por interesse, b u ^ cam tomar o poder, normalmente pelo emprego de meios legais e nele conservar-se para a realização dos fins propugnados." (10).

"É um grupo de seres humanos que tem uma organização est_a ve 1 com o objetivo de conseguir ou manter para seus líderes o co_n trole do governo e com o objetivo de dar aos membros do partido, por intermédio de tal controle, benefícios e vantagens ideais e m £ teriais", F R I E D R I C H (11).

a associaçao volun t á r i a de pessoas com a intenção de

galgar o poder político por meios constitucionais", FIELD (12).

"í a entidade repres e n t a t i v a de uma p a rcela da opinião p^ blica quanto ã forma de governo, ao regime político e-aos programas

de atividades governamentais, criado e organizado para exercer o g£ verno, por intermédio dos seus representantes", in ‘P O D E R NACIONAL. Esg. Dep. Estudos, MB2-73.

"são pe s s oas ' j ur ídi cas de direito público interno, que vi^ sam a assegurar, no interesse do regime democrático, a a u t e n t i c i d ^ de do sistema representativo", Lei nÇ 5682 de 21 de junho de 1971.

Das d e f i n i ç õ e s a p r e s e n t a d a s d e d u z - s e sinteticamente, que v á r i o s dados e n t r a m de m a n e i r a i n d i spensável n a c o m p o s i ç ã o dos orde n á m e n t o s . p a r t i d á r i o s ; a) u m grupo social; b) u m p r i n c í p i o de organi zação; c) u m a cervo de idéias e p r i n c í p i o s que i n s p i r a m a ação do partido; d) u m interesse fundamental e m vista; a t o m a d a do poder; e) e u m sentimento de d o m í n i o do A p a r e l h o G o v e r n a t i v o q u a n d o este lhes c h e g a às mãos.

Ao e x a m i n a r m o s o sistema partidário, p o d e r e m o s nos ater a a bordagens feitas por inúmeros autores, que f o r m u l a m d i v e r s a s teo rias a respeito.

(9) REGIS. Classe Social e P o d e r . 1955 : 107.

(10) (11) (12) Citações extraídas do t r a b a l h o de SYLVIO FERNANDO PAES DE B A R R O S . Os sistemas eleitorais e os Partidos Políticos . B i p a r t i d a r i s m o ou Multipartidarismo^, in R e v i s t a de Siencia P o l ítica , Rio, ed. FGV, v o l . 3, n. 1, J a n / m a r 1969, pág. 88.

(14)

r e u n e m c o m o b j e t i v o s p o l í t i c o s determinados, como seja a p a r t i c i p a ção na vida política.

Outros o c o n s i d e r a m como õ r g ã o do Estado, n o sentido demo crãtico, os diversos, p a r t i d o s r e p r e s e n t a n d o a t o t a l i d a d e dos inte resses ou então o p a r t i d o ü n i c o como e x p r e s s ã o do p r ó p r i o E stado e o seu órgão na e x e c u ç ã o da p o l í t i c a d o governo.

Mas e m v i r tude de sua evolução, p a s s a n d o de uma o r g a n i z a ção e s p o n t â n e a p a r a c o n s t i t u i r parte integrante d a e s t r u t u r a políti ca, com r e c e p t i v i d a d e nos sistemas legais e, m e s m o nas Constitui ções Modernas, surge uma indagação: Qual a c o l o c a ç ã o d e s s a entidade n o e l e n c o das p e s s o a s jurídicas?

N o 29 v olume de seu "Princípios Gerais de D i reito A d m i n i ^ trativo" Oswaldo A r a n h a B a n deira de M e l l o e x prime o e n t e n d i m e n t o de que os p a r tidos p o l í t i c o s c o n s t i t u e m u m a c a t e g o r i a sui g e n eris de p e s s o a s jurídicas, o que ele d e n o m i n a "entes p a r a e s t a t a i s " , adotan d o a n o m e n c l a t u r a de H e l l y Lopes M e i r e l l e s - com p e r s o n a l i d a d e de D i r e i t o Privado.

N e s s a s condições, como i n t e g r a n t e s d a p a r a e s t a t a l i d a d e , os p a r t i d o s são c o n s t i t u í d o s "para realizar atividade pública, de forma mediata, como órgãos paralelos ã ação pública, levada a efei to pelo Estado, em virtude de lhes ser legalmente facultada essa a tividade, de colaboração, com poder de império específico para tan to, mediante livre organizaçao, nos termos legais. Necessitam, por vezes, de autorização ou registro para funcionar, e mesmo, de post£ rior reconhecimento a fim de ficar oficializada a sua atividade. "

(op. cit. pãg. 271) .

Observ a n d o a sistemática atu'al, v e r e m o s que a t e n d ê n c i a ê de incluir os p a r tidos p o l í t i c o s no rói das p e s s o a s j u r í dicas de Di reito Público i n terno d a União, que se d e s t i n a m a a s s e g u r a r , n o inte resse d o regime democrático, a a u t enticidade do sistema r e p r e s e n t a tivo.

Pinto F e r r e i r a t e m o p ortunidade de e s t u d a r e m seu livro "Princípios Gerais de D i reito C o n s t i t u c i o n a l M o d erno" (13), a natu

(13) 5? ed. Ed. Rev. dos Tribunais, São Paulo, 1971. 2 volumes. 0 estudo dos partidos políticos ê feito entre as págs. 374-/402 do Tomo I .

(15)

tros, a seguinte consideração, que os define m u i t o bem: "são simujL taneamente c o r p o r a ç o e s político-sociais e institutos do Direito Pu blico, ou seja, entidades da sociologia reguladas tecnicamente pelo direito positivo" (op. cit. pãg. 379).

^ N a m e s m a linha de raciocínio, e n s i n a Accioly: "Daí a el£ vaçao do partido ã condição de pessoa jurídica de Direito Publico com a sua instituição prevista na própria Carta Magna, regulada em legislação especial. Não mais entidades de Direito Privado, associa çoes tendentes a fins de natureza política, mas sem encarte na- pró pria organização do Estado. 0 partido político passou a interessar a toda a comunidade; deixou de pertencer ao grupo de cidadãos que o integraram. Agora, o partido, fazendo parte do Estado, é institui^ ção aberta a todos, segundo regras que a própria lei disciplina e, assim, pertence ã sociedade" (14).

■Efetivamente, p e l o p r i n c í p i o constante do i nciso II do art. 149, d a atual Constituição, os p a r t i d o s adquir i r ã o p e r s o n a l i d a de jurídica, m e d i a n t e r e g i s t r o dos e s t a t u t o s pelo T r i bunal Eleito ral.

Feito esse rápido exame sobre a n a t u r e z a jurídica, volte m o - n o s agora p a r a os sistemas p a r t i d á r i o s existentes.

< Temos que d i s t i n g u i r três sistemas: o do p a r t i d o ú n i c o , ' b i p a r t i d a r i s m o e m u l t i p a r t i d a r i s m o .

/

A idêia de p a rtido ú n i c o ê a d a s u bstituição d a vontade ' d a massa, pelo c o m ando e o r i e n t a ç ã o de u m grupo que d e t ê m a d i r e ç ã o

p a r t i d á r i a - freqüente nos r e gimes totalitários.

O sistema b i p a r t i d ã r i o ê p r e f e r i d o p e l o s p a í s e s anglo-sa xônicos, não por imposição legal, que geralmente não existe, m a s pe

lo costume e tradição, d e r i v a d o d a n e c e s s i d a d e de u m m e c a n i s m o poli tico que p e r m i t a u m a c o n s e r v a ç ã o d o s h o m e n s n o p o d e r . ^

D u v e r g e r r e s salta "... As opções políticas se apresentam, comumente, sob a forma dualista. N e m sempre há dualismo dos parti ' dos, mas quase sempre hã dualismo das tendencias" (15).

(14) No artigo sobre - "Alguns Aspectos dos Partidos Polít i c o s " pu b l icado na Rev. Inf. Legislativa, n9 44, 1974, pág. 3/12.

(16)

de tipo p r o p o r c i o n a l que admite uma r e p r e s e n t a ç ã o p o l í t i c a c o m um n ú m e r o restrito de votos.

Seus a d eptos aponta m - n o como a m e l h o r forma de se fazer r e p r e s e n t a r o p e n s a m e n t o das d i v e r s a s c o r r entes de opinião, p o d e n d o neste sistema d i v i s a r a influência, também,das m i n o r i a s políticas.

Os c r í t i c o s d i z e m que c o m a m u l t i p l i c a ç ã o de p a r t i d o s , estes, m u i t a s v e z e s não p a s s a m de legendas inexpressivas, surgindo c andidatos sem n e n h u m a e x p r e s s ã o p o l í t i c a ou ideológica.

Qu a n t o às m o d a l i d a d e s de partidos, p o d e m o s ainda citar; P a r t i d o s P e s s o a i s e P a r t i d o s Reais (Hume), P a r t i d o s de P a t r o n a g e m e I d eológicos ( W eber), Parti d o s de O p i nião e Partidos de M assas (Bur deau) , Parti d o s d o M o v i m e n t o e P a r t i d o s de C o n s e r v a ç ã o (Nav/easky)

(16). Sabemos que o utras c o n o t a ç õ e s e d i v i s õ e s são a t r i b u í d a s aos partidos, m a s não q u e remos nos d e t e r e m nenhuma, p o i s e s t a não é a pr e o c u p a ç ã o e s s e ncial de nosso/ trabalho.

O n o s s o interesse seria v e r i f i c a r se realmente os p a r t £ dos, como instituição, são e f i c a z e s como m e i o de r e p r e s e n t a ç ã o da v o n tade popular, ja que, evidentemente, uma das sua funções seria a c o n c r e t i z a ç ã o de idéias oriun d a s de u m p r o g r a m a partidário, signif_i cando, n o p o n t o de v i s t a constitucional, nos sistemas democráticos, a junção, a união, c o m o fim p r e c í p u o de distribuição, de fraciona m e n t o do poder.

O p a p e l por eles d e s e m p e n h a d o no p r o c e s s o p o l í t i c o de uma nação, seria de u m tipo de sistema p o l í t i c o p a r a outro; e, por mais amplo que seja o c a m p o d a atividade partidária, n ã o m o n o p o l i z a m eles, o c o m p o r t a m e n t o político, h a v e n d o que se falar, e m o utros ca nais, pelos q u a i s se pode p a r t i c i p a r da política.

I Examinaremos, pois, n o s c a p í tulos posteriores, o p o s i c i o n a m e n t o atual d o s p a r t i d o s p o l í t i c o s n o Brasil, a p o s s i b i l i d a d e de e v e ntual e x i s t ê n c i a de outros órgãos de r e p r e s e n t a ç ã o d a v o ntade po p u l a r ou o a p e r f e i ç o a m e n t o d o s já existentes.

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OS PARTIDOS POLITICOS NO B RASIL

1. OS PARTIDOS P O L Í T I C O S N O IMPÉRIO

Os p r i m e i r o s movimentos, com c a r a c terísticas de p a r t i d o p o l í t i c o no Brasil, d a t a m dos tempos imperiais. Antes d a i n d e p e n d ê n cia ocorrida e m 1822, a luta p o l í t i c a r e s t r i n g i a - s e a b r a s i l e i r o s (os que a s p i r a v a m à independência) e a e s t r a n g e i r o s (os que b l o q u e a v a m o objetivo daqueles). Estas forças, algumas vezes se i d e n t i f i c a v a m com grupos sociais específicos, p o r é m n ã o se c o n s t i t u í a m e m or ganizações políticas.

P a r a b e m situar a formação dos p a r t i d o s h á que se fazer vun retros p e c t o das origens do n o s s o c o n s t itucionalismo.

L e m b r e m o s que e m 1821 é que tivemos como c o n s e q u ê n c i a d a r e v o l u ç ã o liberal p o r t u g u e s a o c o r r i d a no ano anterior, a p r i m e i r a t r a n s f o r m a ç ã o p o l í t i c a de caráter constitucionalista.

A princípio, p r e t e n d e u o Rei do Brasil convocar p r o c u r a d o res das cidades e vilas p a r a a d a p t a r e m ao Brasil a C o n s t i t u i ç ã o que fosse v o t a d a em Portugal. Tendo e m vista, a d e s c o n f i a n ç a existente' de que tal p r o v i d ê n c i a não fosse senão u m p r e p a r o p a r a a a u t o n o m i a brasileira, jurou o P r í n c i p e e m nome do pai, f idelidade ã C o n s t i t u ^

ção Portuguesa, a i n d a n ã o feita.

C o m a p a r t i d a do Rei e a r é g ê n c i a do Príncipe, p r e c i p i t a r am-se os fatos n o sentido de d e s u n i ã o dos países.

Somente e m 1823, c o m a c o n v o c a ç ã o da A s s e m b l é i a C o n s t ^ tuinte p a r a e l a borar a p r i m e i r a C o n s t i t u i ç ã o Brasileira, o b s e r v o u - se o surgimento das facções políticas: m o n a r q u i s t a s , m o d e r a d o s e exaltados. Os m o n a rquistas, com tendê n c i a conservadora, t inham como o b j etivo a d e f e s a da monarquia; os m o d e r a d o s aceitavam-na, desde que e x i s t i s s e m concom i t a n t e m e n t e algumas i n s t i t u i ç õ e s Republicanas; e os radicais, m a i s liberais que os da s e g u n d a facção, e s t a v a m im pregnados com idéias R e p u b l i c a n a s e F e d e r a i s .

A esta Const i t u i n t e de 1823, foi o f e r e c i d o o projeto, ela b orado por tuna c o m i s s ã o cujo m e m b r o mais influente foi A n t o n i o Car los. 0 p r o j e t o n ã o chegou a ser d i s c u t i d o até o final, e m v i rtude de d i s s o l u ç ã o da Assembléia.

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D i s s o l v i d a a Constituinte, o u t o r g o u o S o b e r a n o a Consti tuição de 1824, r e d i g i d a por u m a c o m issão e s c o l h i d a pelo Governo. E s s a C o n s t i t u i ç ã o inspir o u - s e m u i t o no p r o j e t o de A n t o n i o C a r l o s _ , mas t ambém na C o n s t i t u i ç ã o E s p a n h o l a de 1812, na F r a ncesa de 1814 e na P o r t u g u e s a de 1822.

Foi sob a é gide d e s t a lei, r e f o r m a d a e m 183 3, no sentido liberal, pelo chamado A t o A d i c ional e r e s t a u r a d a no sentido conser vador p e l a Lei de 12 de m a i o de 1840, que interp r e t o u aquele A t o , que se p r o c e s s a r a m a a r r e g i m e n t a ç ã o e a v i d a dos p a r tidos políticos no Império.

Antes d a I n d e p e n d ê n c i a e da Constituição, e r a p o s s í v e l se ident i f i c a r grupos e ati associações, mas, no sentido técnico C o n £ titucional, n ã o p o d e r í a m o s chamar partidos a tais grupos, mas ape n as facções.

' A r i g o r como afirma A f o n s o A rinos de M e l o Franco " N o Di^ r e i t o C o n s t i t u c i o n a l , ê e v i d e n t e , o p a r t i d o o r g a n i z a d o p r e s s u p õ e a e x i s t ê n c i a d a C o n s t i t u i ç ã o e, a r i g o r , m e s m o , a e x i s t ê n c i a do r e g r m e r e p r e s e n t a t i v o " ( l ) . ' " P o r t u d o i s t o so p o d e m o s f a l a r , e n t r e n o s , d e p a r t i d o s p o l í t i c o s d e p o i s q u e a C o n s t i t u i ç ã o e o P a r l a m e n t o c o m e ç ^ r a m a f u n c i o n a r " (2). Porém, a abdic a ç ã o de D. P e d r o I, e m 1831, re

p e r c u t i u de tal m a n e i r a no país que as facções políticas e n c o n t r a r a m a oportu n i d a d e adequada p a r a se r e v i g o r a r e m e se o r g a n i z a r e m f ormalmente e m p a r tidos políticos. Os m o n a r q u i s t a s c r i a r a m a Socie dade C o n s e r v a d o r a que p a s s o u a se c hamar S o c i edade Militar, depois dê 1832. Os r a d i c a i s f o r m a r a m a Socie d a d e Federal, e finalmente os m o d e rados o r g a n i z a r a m - s e n a p o d e r o s a Sociedade D e f e n s o r a d a L i b e r d a de e Independência. E s t a s organi z a ç õ e s que foram, na realidade, os p r i m eiros p a r t i d o s p o l í t i c o s b r asileiros, r e p r e s e n t a v a m princípios p ratic a m e n t e inconciliáveis: m o n a r q u i a e república.

O p a r t i d o consti t u í d o p elos m o d e r a d o s tornava-se cada vez mais forte, os r a d icais t ornavam-se com o ocorrer dos a c o n t e c i m e n tos, fracos e m sua i n f l u ê n c i a no governo, e n q u a n t o que os m o n a r q u i s tas d e s a p a r e c e r a m com a mo r t e do I m p e rador D. Pedro I, que p reten d i a m recond u z i r ao poder.

(1) FRANCO, A f o n s o Arinos de Melo. H is to ri a e Teoria dós Partidos Políticos no B r a s i l ., SP, Ed. Alfa-Omega, 1974 : 26.

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Q uando e l e i t o o Padre Feijó como regente, e m 1835, os ve lhos monar q u i s t a s e alguns m o d e r a d o s d i ssidentes formaram o P a rtido Conservador, a o u t r a f acção dos m o d e rados ligou-se aos r a d i c a i s , d a n do o r i g e m ao P a r t i d o L i b e r a l .

dois grandes p a r tidos do Império, o C o n s e r v a d o r e o Liberal, têm c o n t rovertidas até m e s m o as suas origens, que uns dão como sendo de 1837 (Soares de Souza) e outros de 1838 ( N a b u c o ) . A esse r e s p e i t o A f o n s o A rinos declara: "Se t i v é s s e m o s q u e s u g e r i r , p o r n o s s o lad o, u m a s o l u ç ã o p a r a o p r o b l e m a , d i r í a m o s q u e a f o r m a ç a o do P a r t i d o L i b e r a l c o i n c i d e c o m a e l a b o r a ç a o do A t o A d i c i o n a l e a d o C o n s e r v a d o r c o m a f e i t u r a da L e i de I n t e r p r e t a ç ã o " (3).

Estes parti d o s n ã o d e m o n s t r a v a m diferenças ideológicas marcantes, aceitando ambos, a filosofia liberal cláss i c a de p o u c a i nterv e n ç ã o do Estado, n o domínio- e c o n ô m i c o e outras : caracteristi cas próprias do libera l i s m o do séc. XIX. Os C o n servadores p r e g a v a m u m s i stema político, onde as autoridades govern a m e n t a i s d e v i a m agir imparcialmente, g a r a n t i n d o a liberdade de todos os cidadãos. A c r e d l t a v a m ainda, que o m a i o r p e r i g o à liberdade era a formação de gru pos de p r e s s ã o poderosos, que p o d e r i a m i n f l u e n c i a r ãs decisões go v e r n a m e n t a i s . Os Liberais, por outro lado, l u tavam p a r a que todas as autoridades d e p e n d e s s e m do sufrágio u n i v e r s a l ou se subordinas s em a ele, e não a c e i t a v a m q u a lquer p o d e r que não fosse institucio n a l i z a d o por eleições. Os Liberais exprimiam, na sociedade do tem po, os interesses u r b a n o s da b u r g u e s i a comercial, o r e f o r m i s m o p r o g r e s s i s t a das classes sem compromissos diretos c o m a e s c r a v i d ã o é o feudo. Já os Conservadores, f o r m a v a m o P a r t i d o da Ordem, o núcleo das elites satis f e i t a s e reacionárias, a f o r t aleza dos grupos econô m i c o s mais p o d e rosos d a época, o d a l a v o u r a e o da pecuária.

Ambos os p a r t i d o s s o f r e r a m m u d a n ç a s nos seus quadros e m várias ocasiões. H ouve m e s m o circun s t â n c i a s que f o r ç a r a m os Cohser v a d ores a aceitar p o s ições r e f o r m a d o r a s e os L i b erais a m o d e r a r a s ua política.

As r evoluções civis que o c o r r e r a m e m v ários E s t a d o s após 1832, f u n c i o n a r a m como o b s t á c u l o s á c o n s o l i d a ç ã o dos p a r t i d o s p o l ^ t i c o s .

E m 1849, a p o l í t i c a p a r t i d á r i a t e n d i a ao e m p r e g o d a vio l ê ncia com o i n c i t a m e n t o dos m i l i t a r e s e dos civis â indisciplina.

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Para se impor as idéias partidárias, de m o d o geral, recor ria~se ã v i o l ê n c i a (4).

S o m e n t e q u a n d o o G o v erno Federal conseguiu d o minar todas as revoltas (1849), ê que o regime p a r l a m e n t a r c o meçou a ser posto e m prática. Os p a r t i d o s alternavam-se no p o d e r e o que e s t a v a no go verno aceitava a e x i s t ê n c i a da o p o s i ç ã o (5), até que se inaugurou o chamado p e ríodo de conciliação, que d urou de 1853, a 1862. A pesar do título conciliação, afirma Paulo Roberto Motta: "Na realidade uma' etapa do domínio das forças do Partido Conservador; houve um consen so geral entre os partidos, a fim de se evitar a pratica da opos_i ção e se favorecer uma política de realizações conjuntas" (6).

Mas, e m 1856 a C o n c i l i a ç ã o a d q uiriu u m aspecto conse r v a ■ dor e o Partido C o n s e r v a d o r p assou a ter d o m í n i o completo. M u i t o s '

liberais d e s c o n t e n t e s f o r m a r a m uma n o v a o r g a n i z a ç ã o política, a Li ga Progressista, p e r m a n e c e n d o esta no p oder de 1862 a 1867.

A . c â m a r a se d ivide e m três grupos principais: Conservador, Liberal e Moderado, sendo que este ú l t i m o era uma a l a - d i s s i d e n t e do primeiro, que e v o l u í a p a r a se juntar ao segundo.

E x i s t i a o c o n f r o n t o de três partidos: 1. a Liga, resulta d o d a r e b elião c ontra o d o m í n i o Conservador; 2. os Históricos, con tra a a s s o c i a ç ã o h í b r i d a de a n tigos liberais r e v o l u c i o n á r i o s com de fensores i n t r a n s i g e n t e s d a ordem; 3. os dos m e m b r o s não d i s s i d e n t e s d o Partido Conservador.

(4) Depois da a b d i cação de D. Pedro I, a c o n t e c e r a m no Brasil, as se guintes revoluções: Ceará (1831-1832). P a r á , Maranhão, Mato Grosso e Minas Gerais (1832-1835), Pará (1835-1836), Bahia (Sa b inada 1837-1838), Maranhão (Balaiada 1838-1841), São Paulo e Minas Gerais (1842), Rio G r a n d e 'do Sul (Farrapos 1835-1845) e Pernambuco (Praieira 1848-1849). Estas revoltas foram g e r a l m e n ­ te, provo c a d a s por movimentos de oposição ao governo. Ver Rober to Motta. Ob. cit. Pág. 4.

(5) 0 sistema p o l ítico do Império era consti t u í d o por quatro pode res: Moderador, Executivo, L e gislativo e Judiciário. A forma de Governo era uma m o n a r q u i a consti t u c i o n a l e r epresentativa, e o regime era parlamentarista. 0 poder E x e c u t i v o era e x e rcido pelo Imperador, através de seus Ministros de Estado, isto e, o . Gabi nete. Este era c h e fiado por u m h o m e m e s c o lhido pelo I m p e rador , geralmente m e m b r o ou n o t o r i o simpatizante de um dos partidos e xistentes. Ibid. Pág. 4.

(6) MOTTA, Paulo Roberto. Movimentos Partidários no B r a s i l . Rio de Janeiro, FGV, 19 71,' pâgs'. 4 e 5.

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A p r essão por parte dos H i s t ó r i c o s e n f r a q u e c e u a Liga, ou seja, o Partido Progressista, 0 imperador D. Pedro II, n o uso d o Po der Moderador- a d i s s o l v e u e m 186 8, c o m o o b j e t i v o de n o m e a r u m gab_i nete conservador, m a s os liber a i s se r e u n i r a m de n o v o n o P a rtido L_i beral a f i m de lutar c ontra o g o verno conservador.

N o entanto, alguns liberais, d e m o n s t r a n d o r e s s e n t i m e n t o c o m a atitude do Imperador, d e s l i g a r a m - s e d o P a rtido e f u n d a r a m u m a célula republicana, que atingiu o ãpice e m 1870, c o m a .publicação d o M a n i f e s t o R e p u b l i c a n o e a criação d o Partido Republicano.

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Paulo Roberto M o t t a e m seu livro "Movimentos P artidários n o Brasil", nos apres e n t a através de q u adros sinõticos, u m a visão

sintetizada d a e v o lução d o s Partidos Polít i c o s Imperiais.

Período P a r t i d o s Q I I A I ) K o I E V O L U Ç Ã O D O S P A R I I D O S P O L Í T I C O S I M P E R I A I S 1822 1831 1837 1849 1853 E s t r a n g e i r o s N a c i o n a i s ' o ü tí cá Ê o a Ri R o o. p . ^ « M o n a r q u i s t a s M o d e r a d o s E x a l t a d o s ( R a d i c a is ) O a. a <v aJ a o »rt i I S o c ie d a d c C o n s e r v a ­ d o r a (S o c in d a d tí M i ­ l i t a r ) S o c ic d a c ie D e f e n s o r a d e L ib e r d a d e e I n ­ d e p e n d ê n c i a S o c ie d a d e í ’ c d e r a l a b/> CTl' a o o ^ ã n C V a CÍ o p.-o a> > Xt P Vi ri o T3 d (h O ICtí O-a P a r t i d o C o n s e r v a d o r P a r t i d o L ib e r a l t I o B E rt > -3 .<ü V5 ^ «y O o « ^ QJ H-> O C o fí a çx^ 0 0 6 •o T3 rí o a :C.i ^ u Ü o o> o B B o o -o .rt o f4 o TJ -aOí o c5 cJ Í3 a Cd £ B § 5-g O 9 e o o B w W -§ > o a o 0; 'CJ o «CJ O- n w 3 ü o x> C3 I I P e r ío d o P a r t i d o s 1853 a u Q U A D K o I ( C o n l . ) EV O LÜ ÇA O DOS P A R T ID O S P O L Í'n C O S I M P E R I A I S 1862 1868 1870 P a r t i d o C o n s e r v a d o r P a r l i d o L ib e r a l Ü o o •d o o •a <a > u S5 a S s ■o -3 .§ a s ^ ES ■0 CJ c6 Xí <v (X ;i4 U) P a r t i d o C o n s e r v a d o r lÁ ç.a. Pro[;ressÍ.sta l i i s l ó r i c o s o XJ s> a 12 O ü W to ' S B o p. o « ci rJ í:í o IC3 b/> o i ; tvj P a r t i d o C o n s e r v a d o r P a r t i d o L ib e r a l L ib e r a i s - R c p u b li c a n o s xí a S c p. «-H O o S -U rE: u OJ C o B a ^ -ri o Pi O O) •o 12 cJ O) > ^ VI o t: S 7.-J ü ‘ j OJ o 01 »H c p: o .2 o o í> -ü ;::3 a <u X? Oí to o o, O ^ V) UJ Q. c: o El t!) Cl cS OS cj 1889 P a r t i d o C o n s e r v a d o r P a r t i d o L ib e r a l P a r t i d o R e p u b l i c a n o & tó O •o CU o xs s a o o :s

1

o a X5 •ss o § § / p . 7 *03

(23)

2. PARTIDOS REPUBLICANOS

^ Ha que d i s t i n g u i r entre anseios ou ideais r e p u b l i c a n o s e u ma orientação d o u t r i n a r i a e p o l í t i c a consciente, no sentido d a im p l a n tação d a República, que se deu com ma i o r i ntensidade com o apa recimento do p a r t i d o Republicano.

As causas d e t e r m i n a n t e s desse p a r t i d o foram de o r d e m e conômica, cultural, m i l i t a r e política. ^

''Economicamente, o p a r t i d o Republ i c a n o t e m a sua o r i g e m e £ treitamente v i n c u l a d a ãs n o v a s condi ç õ e s d a l a voura do

cafê.j-Cora o d e c l í n i o da cultura d o c a f é ,nova l a v o u r a , n o v o siste ' m a de trabalho, por seu lado, e s t a v a m a e xigir n o v a s classes

gentes, n o v a o r g a n i z a ç ã o política, v i s t o que a m á q u i n a c o n s e r v a d o r a do Império, d e t e n d o ainda o poder e m nome de i n t e r e s s e s já supera dos, n ã o p o d e r i a a companhar a e v o l u ç ã o com a n e c e s s á r i a rapidez.

Os oficiais, saídos e m grande n ü m e r o das classes m é d i a s n ã o i n teressadas n a p r e s e r v a ç ã o das instit u i ç õ e s m o n árquicas, jul gando-se feridos p e l a ação g o v e r n a t i v a d e r a m e x p ansão ã d o u t r i n a re p u b l i c a n a , c r i s t a l i z a d a no partido.

Quanto aos fundamentos p r o p r i a m e n t e p o l í t i c o s do p a r t i d o R epublicano , r e s s a l t a m o s a d e s c r e n ç a d a e s q u e r d a liberal na capa cidade d a m o n a r q u i a b r a s i l e i r a de p r a t i c a r com l isura o sistema re

p r e sentativo.

E x i s t e m alguns liberais como N a b u c o de Araújo, que a c r e ­ d i t a v a m ainda n a p o s s i b i l i d a d e d a r e f o r m a p o l í t i c a sem r e v o l u ç ã o ; o utros p o r é m d a ala radical, a f i r mavam que somente a substituição , d o Império p e l a República, p o d e r i a remediar os v í c i o s inerentes à n o s s a p r á t i c a do sistema representativo. E s t a ala foi n ú c l e o cen trai do Partido R e p u b l i c a n o e e m n o v e m b r o de 1870 este foi fundado.

C o m r e l a ç ã o a o s a n t i g o s p a r t i d o s R u i B a r b o s a d i z m u i t o b e m : "Os d o i s p a r t i d o s n o r m a i s n o B r a s i l se r e d u z e m a u m so: "o pjo d e r " . A o c o n d e n a r o P a r t i d o C o n s e r v a d o r , R u i a f i r m o u q u e as f a c ç õ e s do I m p é r i o são s i n d i c a t o s de e s p e c u l a ç õ e s o r g a n i z a d a s q u e d e s t r o e m a m o r a l p u b l i c a e c o r r o m p e m as i n s t i t u i ç õ e s . "

A c r e s c e n t o u a i n d a que e m ü l t i m a a n a l i s e , "o q u e t o d o s que^ r i a m e r a o p o d e r p a r a o q u a l a e s c a d a é a b e n e v o l ê n c i a do p a ç o " e que "o p a r t i d o l i b e r a l e x a l t a , p o r q u e e s t a n o p o d e r ; o p a r t i d o c o n s e r v a d o r r e v o l t a - s e p o r q u e o p r i v a r a m do g o v e r n o " , q u e " a m b o s se £

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c o m o d a m a c a n g a e a p e a ç a , c o n t a n t o qu e se lh e s de a e r v a f r e s c a do p o d e r " (7).

A p r o c l a m a ç ã o da R e p ú blica foi uma ação e x c l u s i v a m e n t e mJ^ litar. M e s m o o p a r t i d o Republ i c a n o Imperial, que a defendeu, não p a r t i c i p o u d a consecução d o s ideais partidários.

3. O S M I L I T A R I S T A S E O S C I V I L I S T A S

Surgiram, n e s t a época, duas c o r r entes políticas; os mil_i taristas e os civilistas, que m a n t i v e r a m u m a ferrenha d i s p u t a d u r a n te todo o p e r í o d o de sessões no Congresso.

A o g o verno p r o v i s ó r i o do M a r echal D e o d o r o d a F o n s e c a suce deu a d i t a d u r a de fato d o M a r e c h a l Floriano Peixoto, cujo autor i t a r ismo funcionava, n a prática, como u m o b s t á c u l o ao surgimento de q u a lquer p a r t i d o político.

Cria-se porém, u m novo partido, através do Senador Fran cisco Glicério que assegurou apoio p a r l a m e n t a r ao g o verno de Fio riano. Partido Republ i c a n o Federal, formado por c ausa das dissen ções geradas p e l a s rebel i õ e s contra F l o r i a n o (8). Este P a r t i d o como afirma José M a r i a Bello; "foi uma agremiação h e t e r o g e n e a onde a cu_s^ to se amalgamavam elementos vindos de todas as origens; r e p u b l i c ^ nos historicos, e x - m o n a r q u i s t a s , liberais moderados, conservadores

do velho estilo, f e d e r a l i s t a s , intransigentes, positivistas, pres^ dencialistas irredutíveis, católicos atuantes, livres pensadores , parlamentaristas e ate simpatizantes com a revolta do Custodio de Melo" (9) . Ele n ã o subsistiu, é claro, e n e m poderia,' pois sendo de pendente de u m ditador, e n e l e p r e d o m i n a n d o idéias divergentes, uma d i s c o r d â n c i a entre seu líder e o g o v erno foi o b a s tante p a r a extin giHi-lo. Por isso há neces s i d a d e de u m a formação estável, c o m ideais b e m d e l i n e a d o s p a r a que o p a r t i d o se forme.

(7) BARBOSA, Rui, in BONAVIDES, 19 76 : 471 e 472.

(8) A mais importante rebelião foi a,da Armada, liderada por Custo dio de Melo, e m 1893.

(9) BELLO, José Maria. H i s t oria da R e p ú b l i c a . (1889 - 1954), São Paulo, C o m p a n h i a E d i t o r a Nacional, 1959, pág. 151

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Vemos que com o advento d a República, o p r i n c i p i o de orga n i z a ç ã o partidária, longe de m e l h o r a r ou aperfe i ç o a r - s e sofreu duro revês, ,em virtude de duas razões; a m e n t a l i d a d e a n t i - p a r t i d á r i a e o caráter regional das o r g a n i z a ç õ e s partidárias, sobrepujadas pelos interesses e s t a t a i s e servindo de instru m e n t o p o l í t i c o p a r a as com b i n ações o l i g á r q u i c a s .

Quando C a mpos Sales assumiu a p r e s i d ê n c i a e m 1898, tor nou-se inviável a formação de novos partidos. D e s p r e z a n d o os part_i d o s e facções parlamentares, inaugurou u m a p o l í t i c a de ligação dire ta com os G o v e r n a d o r e s de Estados, c o n h e c i d a como "política dos go vernadores" ou "política dos Estados". Os p a r t i d o s e s t a d u a i s é que vã o sèr o m e c a n i s m o através do qual se e x e r c e r i a e s s a política. ^

N a ausência de o r g a n i z a ç õ e s nacionais, o centro de e q u ^ l ibrio p o l ítico iria se e s t a b e l e c e r na zona que era, ao m e s m o t e m po, c entro geográfico, e c o n ô m i c o e d e m o g r á f i c o do pais. Esta zona se constituiu p e l a u n i ã o dos dois grandes Estados, de M i n a s e São Paulo.

' Surgiam o P R M (Partido R e p u b l i c a n o Mineiro) e o PRP (Par ti d o Republicano Paulista) que p a s s a r a m a ser i n d i s p e n s á v e i s S poli tica dos gover n a d o r e s ou dos E s t a d o s . ’^

A fonso A r i n o s diz "que a política dos governadores era conseqüência da mental i d a d e an t ip ar t i dar ia dos governadores repju blicanos. Os partidos, para os liberais republicanos, eram respon sãveis pela calamidade dos governos na m o n a rquia e, assim, deviam ser abolidos na república" (10).

Já p a r a José M. Bello "a mais grave conseqüência da Pol^ tica dos governadores^ de Campo Sales, era a imediata consolida - çao das oligarquias estaduais. Os grupos que se tinham apossado da direção dos Estados - a maior partes deles compunha-se de homens vindos dos partidos monárquicos - instalavam tranqüilamente as suas fortes máquinas de fraude, de suborno e de violência" (11).

Se a n alisarmos a afirmação de A f o n s o A r i n o s e m confronto co m o que disse José Bellp, n o t a r e m o s que havia u m a n t a g o n i s m o v i s ^

r

vel entre o que os r e p u b l i c a n o s p e n s a v a m e como e x e c u t a v a m sua poli

(10) FRANCOj A fonso Arinos de Mello. H i s t o r i a e T eoria do Partido Político no Direito Constitucional' B r a s i l e i r o , Rio de Janei rò^ R e vista Forense, 19H8~ p ã g s . 61/6 5.

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tica, pois se p a r a eles os parti d o s e r a m r e s p o n s á v e i s p e l a calamida de dos governos monárquicos, como se admitir e ntão que os grupos que se t i n h a m a p o ssado da d i r e ç ã o d o s Estados, fossem c o m p o s t o s de homens v indos d e s s e s m e s m o s p a r t i d o s d a monarq u i a ?

Os p r e s i d e n t e s seguintes, Rodrigues A l v e s e A f o n s o Pe na, foram e l e i t o s através das m á q u i n a s políticas das oligar q u i a s e s taduais. Ambos g o v e r n a r a m sem temer a ameaça de facções p o l í t i c a s internas. A fonso Pena, por exemplo, c o s t u m a v a e n f a tizar que seu go verno não se i m p o r t a v a com p a r t i d o s ou facções p o l í t i c a s e que era ele quem d e c i d i a qual a p o l í t i c a a ser seguida.

«

A c a m p a n h a eleitoral de 1909/10 m a r c o u a evolu ç ã o de duas grandes c o r r e n t e s políticas: o m i l i t a r i s m o e o civilismo, com gran de s candidaturas como do Marechal H ermes d a F o n s e c a e de Rui Barbo sa, respectivamente. A candid a t u r a de H ermes da F o n s e c a l evava a imagem d o g o verno m i l i t a r e a c o n t i n u a ç ã o do d o m í n i o das oligar quias republicanas, e n q uanto que a de Rui B a r b o s a r e p r e s e n t a v a a inovação e as i d éias liberais.

' S u r g i a m dois partidos, fundados por m e i o de conven ç õ e s na cionais, o P a rtido R epublicano Conservador, de Pinh‘e i r o Machado, no qual tinha Q u i n t i n o B o c a i ú v a p o s i ç ã o destacada, e m 1910 e o Partido R epublicano Liberal de Rui Barbosa, e m 1913.

O P a r t i d o Republ i c a n o Conservador, c o n s t i t u í a u m alinha m e n t o de forças de apoio ãs m e d i d a s g o v e r n a m e n t a i s de Hermes da Fon seca e foi e x t i n t o e m 1914 com a coali z ã o que n o m e o u V e n c eslau Brás éeu candidato presidencial. A c o a lizão foi formada p e l o PRC e pelos governos de t o d o s os Estados, com e x c e ç ã o d a Bahia, que a p o i a v a Rui B a r b o s a d o P a rtido R e p u b l i c a n o Liberal (PRL) que r e p r e s e n t a v a este candidato-e se e x t i n g u i u após a sua derrota.

A v i d a p a r t i d á r i a foi n o v a m e n t e l i m itada às secções e s t a d u a i s do antigo P a rtido Republicano.

E m 1921, c h egada a é p o c a de se e s c o l h e r e m os candidatos às p r ó x i m a s e l e i ç õ e s p r e s i d e n c i a i s é qué começou o fim da p o l í t i c a do s Estados. Isto é u m grupo de civis, a p oiava a c a n d i d a t u r a de Ni lo Peçanha que t i n h a a simpatia d o p r e s i d e n t e d o Clube Militar, con gregando-se n u m m o v i m e n t o c o n h e c i d o como R eação Republicana. Este m o v i m e n t o r eagia contra o c a n d idato oficial A r t h u r B e r n a r d e s e se apresenta como u m a r e a ç ã o c o n t r a as c a r a c t e r í s t i c a s m a i s condena veis d a p o l í t i c a d o s governadores.

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lugar n a q u e l a época, entre as quais a guerra civil no Rio Grande do Sul e a Rebelião do Forte C o p a c a b a n a e m 05 de julho de 1922, m a s os oficiais rebeldes, n ã o t i n h a m n e n h u m p r o g r a m a ou plataforma, além de expulsar o Presid e n t e de Gabinete e d e s truir a elite dirigente.

C o m a v i t ó r i a do c a n d i d a t o oficial, e com a d e r r o t a mili tar do tenentismo, a R e ação Republicana, teve sua e s t r u t u r a total mente d e s t r u í d a por v o l t a de 1923.

N o g o v e r n o de Bernardes, n e n h u m p a r t i d o existia, mas ocor reraiTi ataques e r e v oltas contra o seu governo (12) . Porém, n o gover no que se seguiu, o de W a s h i n g t o n Luis, os p a r t i d o s p o l í t i c o s retor n a r a m ã vida p o l í t i c a brasileira.

v" Por v o l t a de 1926 a p a r e c e r a m n o v o s partidos. É m São Paulo formou-se o Partido Democrático, e n o Rio Grande do Sul "o P r o g r a m a Liberal", u n i n d o - s e os dois p a r t i d o s e m 1927 sob o nome de Partido D e m o c r á t i c o N a c i o n a l - PDN.-^ As s i s Brasil, r e f e r i n d o - s e e m n o t a de 1931 a este p a r t ^ do, opina; "D a s t e n t a t i v a s f e i t a s n a R e p ú b l i c a p a r a a o r g a n i z a ç a o , de p a r t i d o s n a c i o n a i s , a m a i s b a s e a d a e m p r i n c í p i o s , a m a i s m e t o d i c a m e n t e e m p r e e n d i d a e a que m a i s c a m i n h o u n o s e n t i d o do e x i t o d e f i n i t i v o foi a r e c e n t l s s i m a do p a r t i d o D e m o c r á t i c o N a c i o n a l . As v i c i s s i t u d e s c o n f u s a s p r ó p r i a s do d i a s e g u i n t e ao de u m a r e v o l u ç ã o t r i u ^ f a n t e p e r t u r b a r a m e d e t i v e r a m c o m e x c e ç ã o de p o u c o s n ú c l e o s , a m a r c h a tão p r o m i s s o r i a m e n t e e n c e t a d a ; m a s d e v e m o s t e r fé e m q u e n ã o se e s t i o l e m as r a í z e s que j á p e n e t r a r a m ta o v i g o r o s a m e n t e o c h ã o de s u a c u l t u r a .

i n e g á v e l q u e a R e v o l u ç ã o , p e l a s sua s d e c l a r a ç õ e s p r £ v i a s c o n t i d a s n o p r o g r a m a da A l i a n ç a L i b e r a l , a v o c o u os p r i n c í p i o s do p a r t i d o D e m o c r á t i c o N a c i o n a l " (13). S u r g i r a m e n t ã o as e l e i ç õ e s de 193 0 com os n o m e s de Borges de M e d e i r o s n o Rio Grande do Sul, e Jülio P r estes de São Paulo. Mas os g o v ernadores do Rio Grande d o Sul. e Paraíba^respectivamente^ re solveram e m junho de 1929, juntamente com o govern a d o r de M i n a s Ge rais agir c o n t r a a c a n d i d a t u r a de Jülio Prestes.

(12) As mais i mportantes revoltas f o r a m conhecidas como: "Revolta de Isidoro" e m 1924, e a "Coluna Prestes" e m 1926, l i d erada pe lo Capitão do E x é r c i t o Luís Carlos Prestes, que três anos pois tornou-se chefe do Partido C o m u nista Brasileiro.

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.S u s t e n t a v a m eles a A l i a n ç a Liberal que e r a u m p a c t o entre Rio Grande do Sul e M i n a s Gerais, agora com o apoio da Paraxba. Os Estados de Minas e Rio Grande d o Sul, c o n c o r d a v a m e m apontar u m gaú cho - ou Borges de M e d e i r o s ou G e túlio Vargas ~ p a r a Presidente. No cado do Presidente W a s h i n g t o n Luís opor-se c oncordando c o m u m cand_i dato m i n e i r o (no caso A n t o n i o C a r l o s ) , a v i c e - p r e s i d ê n c i a iria para o Rio Grande d o Sul.

M as o Presidente W a s h i n g t o n Luís apontou Júlio Prestes. A A l i a n ç a Liberal cuja lider a n ç a e s t a v a c o m o Partido Democ r á t i c o Nacional, apontou G e túlio V argas como seu candidato oficial. A can d i d atura oficial e r a sustentada por m o v i m e n t o nacional de d e z e ssete E s t a d o s conhecido como C o n c e n t r a ç ã o Republicana.

M a i s u m a vez os c o mpromissos p o l í t i c o s se f a ziam represen tar pelos G o v e r n a d o r e s Estaduais, os quais d e v e r i a m tomar uma p o s i ­ ção forte ao d e f e n d e r u m a candid a t u r a e lutar firmemente c o ntra a o u t r a .

U ma vez mais, as e l e i ç õ e s d e r a m a v i t ó r i a ao c a n d i d a t o o ficial, e, o C o n g r e s s o arbitrariamente, n ã o r e c o n h e c e u os m a n d a t o s d a m a i o r i a dos m e m b r o s do C o n g r e s s o e l e i t o s p e l o s E s tados de Minas e Paraíba.

C o n forme n o s e x p l i c a Paulo R o berto M o t t a "o 'r e c o n h e c i m e n to dos m a n d a t o s e r a u m a f u n ç a o e x e r c i d a p e l o C o n g r e s s o e e s t a b e l e c i da p e l a C o n s t i t u i ç ã o de 1891^ ( e r a t a m b é m c o n h e c i d o c o m o o P o d e r de V e r i f i c a ç a o ) . P o r e s s a f u n ç a o o L e g i s l a t i v o d e v e r i a a p r o v a r os re^ s u l t a d o s e l e i t o r a i s b e m c o m o as e l e i ç õ e s . V i a de r e g r a , o L e g i s l a t J ^ vo a n i q u i l a v a as e l e i ç õ e s l e g í t i m a s e a p r o v a v a as f a l s a s . N o c a s o m e n c i o n a d o , q u a n d o o C o n g r e s s o n ã o a c e i t o u os m a n d a t o s dos c o n g r e ^ s i s t a s .eleitos p e l o s E s t a d o s da P a r a í b a e M i n a s G e r a i s , e s t a v a exer^ c e n d o u m a f u n ç ã o l e g a l . N a t u r a l m e n t e , a g r a n d e m a i o r i a do C o n g r e s s o e r a m e m b r o da C o n c e n t r a ç ã o R e p u b l i c a n a L i b e r a l " (14). Porêm, a opo

sição não c o n c ordou c o m e s s a atitude do C o n g r e s s o e os três E s tados que a p o i a v a m a A l i a n ç a Liberal se rebelaram, através de u m a r évolu ção. Sendo esta Revolução b e m sucedida, subiu ao Poder Getúlio Var gas e m 03 de n o v e m b r o de 1930.

Os p a r t i d o s existentes, isto ê, a C o n c e n t r a ç ã o Repub l i c a n a e a A l iança Liberal desapareceram; a primeira, d e r r o t a d a p e l a re v o l u ç ã o e a segunda, por d i v e r g ê n c i a s de alguns de seus m e m b r o s e

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t a m b é m porque p e r d e r a a razão de ser, jâ que o Presidente e l e i t o ha v i a sido expulso.

0 g o verno p r o v i s ó r i o não se i n t e r e s s a v a e m criar n o v o s p a r tidos politicos.

Fundou-se u m Clube d e n o m i n a d o Três de Outubro, m a i s tarde conhecido como a L e g i ã o de Outubro, c o n s t i t u í d o na sua m a i o r parte por Tenentes, que f o r a m mi l i t a r m e n t e r e s p o n s á v e i s p e l a Revolução de 30, e t i n h a m por ideal limpar todos os vícios, m a u s hábitos e costu m e s que h a v i a m sido identi f i c a d o s com a p o l í t i c a b r a s i l e i r a desde a República.

Esse clube trouxe ao p ú b l i c o na C o n v e n ç ã o N a c i o n a l e m 3- 11-1932 o p o n t o de v i s t a d o s "tenentes" sobre as m e d i d a s a serem p l e i t e a d a s n a f u tura A s s e m b l é i a C o n s t i t u i n t e (15) : "(...) A d o ç ã o c o m o m e d i d a s i n d i s p e n s á v e i s e p r e p a r a t ó r i a s p a r a c o n v o c a ç a o da f u t u r a c o n s t i t u i n t e : (...) i n s t i t u i ç ã o de u m s i s t e m a e l e i t o r a l q u e d e t e r m i n a a a p u r a ç a o do v o t o do c i d a d a o p e l a f o r m a q u a l i f i c a t i v a p r o p o r c i o n a l n o q u e i n t e r e s s a ã r e p r e s e n t a ç ã o e c o n o m i c o - p r o f i s s i o n a l . E s t a b e l e c i m e n t o da r e p r e s e n t a ç ã o p r o f i s s i o n a l p r o p o r c Í £ n a l ao l a d o da r e p r e s e n t a ç ã o p o l í t i c a n o s e i o da A s s e m b l é i a ConstJ^ t u i n t e , (...) E m c o n s e q ü ê n c i a : ' A f i r m a ç ã o de q u e a v o n t a d e dos c i d a d ã o s no t o c a n t e ã r £ p r e s e n t a ç ã o p o l í t i c a d e v e e x p r e s s a r - s e p e l o s u f r á g i o d i r e t o , n o ã m b i t o m u n i c i p a l , e p e l o s u f r á g i o i n d i r e t o , n a s e s f e r a s e s t a d u a i s e f e d e r a i s . (...) D e c r e t a ç ã o i m e d i a t a de u m a l e g i s l a ç a o q u e p e r m i t a e i n c e n t i v e a o r g a n i z a ç a o e o f u n c i o n a m e . n t o das a s s o c i a ç o e s e s i n d i c ^ tos p r o f i s s i o n a i s , d a n d o - l h e s ao m e s m o t e m p o a n e c e s s á r i a r e p r e s e n t a ç ã o p o l í t i c a n a p r ó x i m a c o n s t i t u i n t e . (...) C r i a ç ã o de c o n s e l h o s t é c n i c o s a u t o n o m o s , q u e t o r n e m p o s s í v e i s a c o n t i n u i d a d e e a p e r c e p t i b i l i d a d e da a ç a o g o v e r n a m e n t a l p a r a s o l u ç ã o dos p r o b l e m a s n a c i o n a i s e r e g i o n a i s a p e s a r da t r a n s i t £ r i e d a d e dos g o v e r n o s .

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