Ciência que estuda a distribuição de doenças e seus
determinantes em grupos populacionais
Os determinantes são chamados de fatores de risco
Os grupos populacionais podem ser de vários tipos:
Habitantes de uma área geográfica (cidade, estado, região,...)
Faixas etárias
Profissões
A epidemiologia não abrange apenas doenças infecciosas
Doenças fisiológicas (hipertensão, diabetes, ...)
O objetivo da epidemiologia é a promoção da saúde através
da prevenção
Premissa básica da epidemiologia
As doenças não se distribuem aleatoriamente, sempre existem fatores de risco que modelam sua distribuição
Os estudos epidemiólogicos focam em 3 pontos:
1. Nas pessoas
Quem adoece e porque adoece? 2. No lugar
Onde a doença ocorre e porque ela ocorre naquele lugar? 3. No tempo
Foco nas pessoas
O objetivo é identificar as diferenças entre as pessoas sadias e enfermas
Diferenças demográficas
(sexo, idade, etnias, ...)
Diferenças biológicas
(estado e perfil imunológico, hormonal, ...)
Diferenças socio-econômicas
(nível socio-econômico, escolaridade, ocupação, ...)
Diferenças comportamentais
(dieta, atividade física, uso de drogas, ...)
Foco no lugar
O objetivo é comparar a frequência de ocorrência da doença entre locais
Foco no tempo
Os objetivos são:
Determinar se ocorreram mudanças na frequência de uma doença ao longo de umn período
Os estudos epidemiológicos são utilizados por médicos,
biólogos, sociólogos e demógrafos para:
1. Identificar a etiologia das doenças
2. Elucidar a história (desenvolvimento) das doenças
3. Descrever o estado de saúde das populações
A transmissão e a manutenção de uma doença são resultantes
da interação de três fatores (tríade epidemiológica)
1. O agente etilógico
2. O hospedeiro
O agente etiológico
É o fator cuja presença é essencial para a ocorrência da doença
(Nas doenças infecciosas, os agentes são biológicos = agentes infecciosos) Agentes
biológicos Protozoários, metazoários, bactérias, fungos, ... Elementos
nutritivos Colesterol alto, desnutrição, sub-nutrição, ... Agentes
químicos Veneno, alérgenos, medicamentos, ... Agentes
O hospedeiro
É o organismo capaz de ser acometido por um agente
Para que a interação agente-hospedeiro aconteça é necessário que o hospedeiro seja suscetível
A suscetibilidade depende de vários fatores
Fatores
demográficos Sexo, idade, etnia, ...
Fatores
biológicos Fadiga, estresse, estado nutricional Fatores
sociais Dieta, exercício físico, ocupação, acesso aos serviços de saúde, ... Sistema
O meio ambiente
É o conjunto de fatores que promovem a interação entre o agente e o hospedeiro
No caso do homem podemos identificar três categorias de meio ambiente
1. Ambiente biológico
(reservatórios, vetores e sua manutenção)
2. Ambiente social
(organização da sociedade no qual agente e hospedeiro estão inseridos)
3. Ambiente físico
São infecções em que não se manifestam sintomas clínicos
Nesta categoria ainda se incluem:
Doenças pré-clínicas
(não sintomática apenas no início)
Doenças latentes
Período entre a exposição ao agente e o aparecimento dos
sintomas
A extensão do período de incubação depende de:
Taxa de crescimento do agente infeccioso
Dose de agente infeccioso
Tipo de porta de entrada do agente
Geralmente doenças em fase incubação e sub-clínicas não são diagnosticadas
Os infectados não são alvos de tratamento
A avaliação da doença é substimada (metáfora do iceberg) Geralmente envolve o período de maior transmissibilidade
A dinâmica temporal das infecções exige um longo
acompanhamento
O acompanhamento permite estimar o número esperado de casos para determinado período de tempo
As doenças apresentam três tipos de dinâmica temporal
1. Períodos endêmicos
Presença da doença em um número constante de casos ao longo dos períodos
2. Períodos esporádicos ou interepidêmicos
Presença esporádica de casos ao longo dos períodos
3. Períodos epidêmicos
Períodos epidêmicos
Nos períodos epidêmicos, os casos surgem de maneira:
Progressiva
Inesperada
Descontrolada
Pandemias
De acordo com o estágio da infecção, as medidas
preventivas podem ser de três tipos:
1.
Prevenção primária
Procuram impedir que o indivíduo adoeça (fase pré-patogênica)
Tentam controlar os fatores de risco
Envolve abordagens genéricas e específicas de cada doença
Genéricas: saneamento básico, educação em saúde, campanhas publicitárias
Específicas: vacinação, uso de preservativos
Pode ser direcionada para toda a população ou para os grupos de maior exposição aos fatores de risco
Prevenção secundária
Procuram impedir que a doença se desenvolva para estágios mais graves
Aplicáveis aos indivíduos que estão em contato com o agente
Envolve estratégias de diagnóstico e tratamento precoce
Prevenção terciária
Procuram reduzir complicações e incapacidade física
Aplicáveis aos indivíduos que contraíram a doença
Envolve estratégias de reeducação e readaptação
Os estudos epidemiológicos podem ser de dois tipos
1. Estudos de observação
O investigador coleta, observa e analisa dados de ocorrência natural das doenças
Tipo mais comum de abordagem na parasitologia humana
2. Estudos experimentais
O investigador controla os grupos a serem ou não expostos ao agente
Pouco comum nas populações humanas por questões éticas
Os objetos de estudo na epidemiologia são os indivíduos
doentes e também os saudáveis expostos aos fatores de risco
Os dados a serem trabalhados são representados por números
brutos ou pela sua frequência de ocorrência na população
Os números brutos são úteis para o planejamento das ações de prevenção e tratamento
Para estudos epidemiológicos geralmente se utiliza dados de freqûencia
Além dos doentes, o número e frequência de óbitos pela doença são comumente utilizados
Morbidade
É a frequência de doentes na população
Ela pode ser expressa por meio de dois parâmetros:
1.
Incidência
Proporção do número de novos casos da doença em relação à população total
2.
Prevalência
A incidência representa o risco de um indivíduo da população
adoecer
Seu cálculo depende do acompanhamento da população por
longos períodos
Depende do diagnóstico precoce e preciso (importância das
A prevalência descreve o cenário da doença na população
Tem grande aplicabilidade no planejamento e avaliação dos
programas de saúde pública
Não depende de acompanhamento por longos períodos
Vários fatores podem influenciar a prevalência de infecção
A prevalência é incrementada com a incidência ao longo do
A mortalidade expressa o número total de mortes por uma
doença numa população
As mortes atribuídas a uma doença são quantificadas pelos
A avaliação dos fatores de risco são feitas através de cálculos
de risco
O risco é a probabilidade de ocorrência de uma doença em
um indivíduo na população
Existem duas estimativas de risco:
1. Risco Relativo (RR)
O risco relativo é a razão entre a incidência de um grupo
exposto a um fator e a incidência de um grupo não-exposto ao
mesmo fator
O risco atribuível corresponde à proporção de casos de
doença em um grupo populacional atribuído a um
determinado fator de risco
Ex: 80% dos casos de doença de Chagas estão entre os que moram em casas de adobe
O RA auxilia na definição das estratégias de prevenção de
Os resultados dos dados epidemiológicos geralmente levam a
associações entre fatores de risco e doença
Estas associações podem ser de três tipos
1. Elas podem ser completamente espúrias( se o estudo não for conduzido e/ou interpretado corretamente) Ex: olhar o tatu nos olhos aumenta as chances de contrair malária
2. Podem ser indiretas
(característica associada está ligada a outra característica que realmente está ligada à doença)
Ex: aumento da pluviosidade aumenta o risco de contrair malária
3. Podem ser diretas
(característica está ligada ao desenvolvimento da doença)
Existem quatro tipos de fatores de risco
1. Fatores predisponentes
Relacionados ao aumento da suscetibilidade
Ex: idade, sexo, ...
2. Fatores facilitadores
Favorecem o desenvolvimento da doença
Ex: desnutrição, falta de saneamento básico, falta de atendimento médico
3. Fatores precipitantes
Aumentam a exposição aos agentes da doença
Ex: profissões, comportamentos
4. Fatores agravantes
Agravam ou estabelecem o estado da doença