CRIMES DE FUNCIONÁRIO PUBLICO NA LEI PENAL: BREVE RESUMO SOBRE O ARTIGO 327 DO CÓDIGO PENAL
Antônio Ferreira Neves Paulo Assis de Farias Orientador: Bruno Cézar Cadé
RESUMO: Este trabalho tem por finalidade analisar o conceito de funcionário público com uma visão no art. 327 e seus parágrafos do Código Penal, que versa sobre a equiparação deste quando exerce cargo, emprego ou função pública na administração direta, indireta ou prestadora de serviço.
Palavras-chave: Direito Penal. Crimes contra a Administração Pública. Direito constitucional. Funcionário público.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa analisar o conceito de funcionário público, conforme expressa na lei penal art. 327 e parágrafos do Código Penal, que versa sobre equiparação ao conceito de funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função na administração direta, indireta, prestadora de serviço ou conveniadas na consecução de atividades típicas da administração pública, confrontando com os parâmetros estabelecidos na definição expressada do Direito Administrativo.
Esta pesquisa tem por objetivo primário de analisar o artigo 327 da lei penal e seus efeitos penais na pratica de delitos cometidos por Funcionário Público, traçando um paralelo coma o Direito Administrativo, buscando ainda subsídios na Constituição de 1988. Buscando nesta lei os crimes praticados contra a administração pública.
Para este trabalho, foi feita pesquisa bibliográfica em livros e artigos científicos da área, apontamentos, e resumos expandidos coletados em meio físico e na rede mundial de computadores.
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no pais a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, (art. 5º, Caput, C.F. de 1988)
Sob o ponto de vista expresso do retro citado, remete-nos a observar que todos deveremos ser tratados de forma isonômica, sem que distinga o cidadão comum do funcionário público, este que goza de uma série de privilégios, aquele, no entanto, só lhe caba as benéficas da lei quando do cometimento de delitos. De outro lado, no Direito Administrativo, há uma Conceituação estrita do que se entendo por Funcionário Público, levando-nos a um entendimento restrito em relação ao conceito de Funcionário Público expresso no Código Penal. Que para alguns autores, há uma dissonância que prejudica a efetiva aplicação do Direito.
Já se falou acima que o direito é uno, sua divisão em disciplinas distintas possui fins didáticos e pragmáticos. Não é diferente quando se trata de direito penal. Os conceitos utilizados na lei penal não podem ser compreendidos em dissonância com o aprofundamento teórico desenvolvido em outros ramos do direito sob pena de se criar uma pretensa independência ou superioridade do estudo do direito penal sobre o estudo dos outros ramos do direito, o que não se sustenta. Ensinam Nilo Batista e Zaffaroni (ZAFFARONI, Eugenio Raul; BATISTA, Nilo; ALAGIA, Alejandro; SLOKAR, Alejandro. Direito Penal Brasileiro – I. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2003) que as leis penais não se encontram isoladas da realidade social e jurídica nas quais são criadas [09] (
Caio Marcelo Cordeiro Antonietto - Professor de Direito Penal do Curso de Direito da FAMEC - Faculdade Metropolitana de Curitiba)
Ao remetermos as controvérsias apresentadas acima para o Direito Penal, vê-se uma aplicabilidade mais efetiva, pois trata o artigo 327 a lei nº 9.983 de 14 de julho de 2000, expõe uma conceituação bem mais ampla acerca do que seja funcionário Público "Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública”. De forma que aqueles que trabalham em “ empresas prestadoras de serviço, contratada ou conveniada para execução de atividade típica da administração pública”, também será considerado funcionário público no sentido amplo do Direito Penal, conforme conceitua o § 1º do art. 237 do Código Penal. No entanto, o artigo acima não agrega os funcionários que trabalham prestando serviço nas nestas empresas, pois estes não serão afetados no presente artigo.
Diante do exposto, podemos distinguir com mais exatidão a diferenciação dos institutos mencionados na aglutinação do termo “Funcionário Público” ali expressos, daí, poderemos entender melhor, lança mão dos agentes públicos, gênero dos quais são espécie:
a. Os funcionários públicos, titulares de cargo público efetivo, regidos por normas do Direito Administrativo;
b. Os empregados públicos, jungidos ao regime da CLT;
c. Os servidores ocupantes de cargo em comissão, providos sem concurso e regidos também pelo Direito Administrativo;
d. Os servidores temporários, contratados sem concurso, por tempo determinado, para atender necessidade temporária de excepcional interesse público, nos exatos termos do disposto no Art. 37.IX, da CF.
São entendidos ainda como Funcionário Público aqueles que de forma transitória e sem remuneração exerce cargo emprego ou função, (mesário, jurado) esta sujeito a aplicação do Art. 327 do diploma já citado
Também não podemos perder de vista que aqueles que exercem múnus público (administradores falimentares, advogado dativo, síndicos, etc....), não podem ser confundidos com Funcionário Público, pois estes são entendidos como encargo ou ônus conferidos pela lei e impostas pelo Estado.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. (art. 327, CP)
A nosso ver, o cometimento de crime praticado por Funcionário Público contra a Administração Pública fere não só os princípios estabelecidos no Código Penal, mas também princípios constitucionais e do direito administrativo, causando enorme prejuízos a todos os cidadãos que de forma impositiva contribuem para o desenvolvimento e engrandecimento dos direitos inerentes a condição de cidadão, frustrando seus anseios e perspectivas de uma vida mais digna proporcionada pelo Estado.
Assim, coadunamos com o que assevera o ilustre Botelho 2011, quando atribui a funcionários que cometem atos ilícitos uma serie de adjetivos.
[...] o Código Penal Brasileiro dedica, exclusivamente, o Título XI, com a rubrica “Dos Crimes contra a Administração Pública”, com o fito de proteger a Administração Pública das condutas lesivas de seus servidores, bem assim, de particulares que se relacionam com a Administração, possuindo como objetividade jurídica, “o interesse da normalidade funcional, probidade,
prestígio, incolumidade e decoro da Administração Pública. Conforme
Mirabete (2010), em sua Obra Manual de Direito Penal III, 19ª edição, página 295. Não custa nada acreditar que um dia teremos uma Administração Pública livre e longe desses canalhas que utilizam-se do cargo para locupletar-se com o dinheiro do povo. Mais cedo ou mais tarde esses modelos de peculato, concussão, corrupção, prevaricação, desvio de rendas e verbas públicas, terão a força necessária para fazer com que os privilégios daqueles que utilizam casas cedidas pelo Estado, segurança particular, pessoal para cuidar do cloro da piscina, levar filhos na escola, usar veículos oficiais para fazer compras, passear, levar a mulher no salão de beleza, utilizar funcionários públicos como pedreiros e cortadores de grama, ao invés de trabalharem em prol da sociedade, e muito mais, tudo isso possa acabar, porque um dia a sociedade será mais vigilante, haverá mais cobranças e o mundo será mais justo. Vi tantos bandidos que faziam tudo isso e hoje ocupam grandes patentes. Mas um dia a casa cai e essa Ditadura acaba! ” (Professor Jeferson Botelho – professor do IESI – Instituto de Ensino Superior Integrado)
CONCLUSÃO
Conforme os argumentos acima, com referência ao artigo 327 do Código Penal que expõe o conceito de funcionário público para fins da legislação penal brasileira podemos inferir que muito ainda há de ser estudado e desenvolvido pela doutrina brasileira. Carece de um aprofundamento interdisciplinar acerca do assunto, necessário se faz um balizamento adequado tendo como fulcro o Direito Constitucional, sem que percamos de vista os conceitos apresentados pelo Direito Administrativo, para que possamos extrair um conceito que vise fundamentar uma ampliação de um conceito que atenda aos institutos do direito, de forma que coadunem para um mesmo sentido, não deixando lacunas ou formas diferenciadas proporcionando dúvidas.
REFERÊNCIAS
Caio Marcelo Cordeiro Antonietto - Professor de Direito Penal do Curso de Direito da FAMEC - Faculdade Metropolitana de Curitiba – artigo - O conceito de funcionário público na lei penal. Uma análise do artigo 327 do Código Penal.
(Conceito de funcionário público: art. 327 do Código Penal - Jus ...
https://jus.com.br/artigos/18250/o-conceito-de-funcionario-publico-na-lei-penal
12 de jan de 2011 - O conceito de funcionário público na lei penal.
Uma análise do artigo 327 doCódigo Penal. O conceito de funcionário público na lei penal.)
Flavio Augusto Maretti Siqueira – artigo – O funcionário público visto pelo Direito Penal – Uma breve síntese comparativa e critica acerca dos conceitos de funcionário público para os direitos administarivos e penal – Direito Net
(O funcionário público visto pelo Direito Penal - Artigo jurídico ...
www.direitonet.com.br › Artigos
13 de dez de 2002 - Uma breve síntese comparativa e crítica acerca dos conceitos de funcionário público para os direitos administrativo e penal.)
Jeferson Botelho – professor do IESI – Instituto de Ensino Superior Integrado – artigo – Breves comentários sobre crimes contra a Administração Pública – artigos 312 a 359 do Código Penal.
(breves comentários sobre crimes contra a administração pública ...
www.juridicohightech.com.br/2011/09/breves-comentarios-sobre-crimes-contra.html
Este trabalho tem por escopo precípuo trazer de forma abrangente os conhecimentos preliminares acerca dos delitos praticados contra a Administração Pública ...)
Cunha, Rogerio Sanches. Manual de Direito Penal: 8ª ed. rev, ampl. – Salvador: JusPODIVM, 2016
