• Nenhum resultado encontrado

Capítulo I princípios FundamentaIs do direito ambiental I. Introdução 1. Princípios específicos de proteção ambiental 2.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Capítulo I princípios FundamentaIs do direito ambiental I. Introdução 1. Princípios específicos de proteção ambiental 2."

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

p

rInCípIos

F

undamentaIs

do

d

IreIto

a

mbIental

I. Introdução

1. Princípios específicos de proteção ambiental

→ O direito ambiental,

ciência dotada de autonomia científica, apesar de apresentar caráter

in-terdisciplinar, obedece a princípios específicos de proteção ambiental,

pois, de outra forma, dificilmente se obteria a proteção eficaz

pretendi-da sobre o meio ambiente. Neste sentido, os princípios caracterizadores

do direito ambiental têm como escopo fundamental orientar o

desen-volvimento e a aplicação de políticas ambientais que servem como

ins-trumento fundamental de proteção ao meio ambiente e,

conseqüente-mente, à vida humana.

2. Princípios

→ primazia formal e material sobre as regras jurídicas

Os princípios, cuja função sistematizadora do ordenamento jurídico é

evidente, têm primazia formal e material sobre as regras jurídicas,

im-pondo padrões e limites à ordem jurídica vigente. Importante destacar

ainda sua função normogenética na medida em que atuam na

elabo-ração das regras jurídicas. Perante eventuais antagonismos existentes

entre valores constitucionais, deve-se fazer o juízo de adequação de

princípios e a ponderação de valores.

De acordo com o Supremo Tribunal Federal:

“A superação de antagonismos existentes entre princípios e valores constitucionais há de resultar da utilização de critérios que permitam ao Poder Público (e, portanto, aos magistrados e Tribunais), ponderar e avaliar, “hic et nunc”, em função de determinado contexto e sob uma perspectiva axiológica concreta, qual deva ser o direito a prepon-derar no caso, considerada a situação de conflito ocorrente, desde que, no entanto, (...) a utilização do método da ponderação de bens e interesses não importe em esvaziamento do conteúdo essencial dos direitos fundamentais, dentre os quais avulta, por sua significativa im-portância, o direito à preservação do meio ambiente. (STF, ADI 3540 MC/DF, Rel. Min. Celso de Mello, 1º.9.2005).

(2)

à

Aplicação em concurso:

• (PGE/AL – 2009 – CESPE)

“Não há possibilidade de correlação de mais de um princípio na análise de um caso concreto de dano ambiental.”

Resposta: a afirmativa está errada. • (PGE/AL – 2009 – CESPE)

“Se, na análise de determinado problema, houver a colisão de dois prin-cípios ambientais, um deverá prevalecer e o outro será obrigatoriamente derrogado.”

Resposta: A afirmativa está errada.

3. Importante: de uma maneira geral, não há consenso na doutrina sobre

os princípios de direito ambiental.

Apenas a título ilustrativo, mostrando a divergência no tratamento dos

princípios, confira:

Autores PrIncíPIos AbordAdos

Paulo Affonso

Leme Machado1

1. Princípio do direito à sadia qualidade de vida 2. Princípio do acesso eqüitativo aos recursos naturais 3. Princípios usuário-pagador e poluidor-pagador 4. Princípio da precaução

5. Princípio da prevenção 6. Princípio da reparação 7. Princípio da informação 8. Princípio da participação

9. Princípio da obrigatoriedade da intervenção do poder público

Édis Milaré2

1. Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fun-damental da pessoa humana

2. Princípio da natureza pública da proteção ambiental 3. Princípio do controle do poluidor pelo Poder Público

4. Princípio da consideração da variável ambiental no processo decisó-rio de políticas de desenvolvimento

5. Princípio da participação comunitária 6. Princípio do poluidor-pagador 7. Princípio da prevenção

8. Princípio da função socioambiental da propriedade 9. Princípio do usuário-pagador

10. Princípio da cooperação entre os povos

1. MACHADO, Paulo Afonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 14 ª ed. São Paulo: Malheiros. 2006.

(3)

Autores PrIncíPIos AbordAdos

Luís Paulo Sirvinskas3

1. Princípio do direito humano

2. Princípio do desenvolvimento sustentável 3. Princípio democrático

4. Princípio da prevenção (precaução ou cautela) 5. Princípio do equilíbrio

6. Princípio do limite

7. Princípio do poluidor-pagador 8. Princípio da responsabilidade social

Paulo de Bessa Antunes4

1. Princípio da dignidade da pessoa humana 2. Princípio do desenvolvimento 3. Princípio democrático 4. Princípio da precaução 5. Princípio da prevenção 6. Princípio do equilíbrio 7. Princípio do limite 8. Princípio da responsabilidade 9. Princípio do poluidor-pagador Celso Antônio Pacheco Fiorillo5

1. Princípio do desenvolvimento sustentável 2. Princípio do poluidor – pagador 3. Princípio da prevenção

4. Princípio da participação (de acordo com o autor, a informação e a educação ambiental fazem parte deste princípio)

5. Princípio da ubiquidade

Princípios mais cobrados em concursos

1. Princípio do desenvolvimento sustentável 2. Princípio da precaução

3. Princípio da prevenção 4. Princípio do poluidor-pagador 5. Princípio da participação

345

3. SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de direito ambiental. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

4. ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. 5. FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental. 8ª ed. Saraiva: São Paulo.

(4)

à

Aplicação em concurso:

• (Procurador Federal 2006 – cespe).

“No âmbito doutrinário, ainda inexiste uma sistematização uniforme do direito ambiental brasileiro. Assim, a interpretação do direito ambiental sofre variações a depender da visão desenvolvida por cada autor. No en-tanto, é possível identificar princípios fundamentais que caracterizam o direito do ambiente e que são alvos da preocupação dos mais diversos doutrinadores nacionais.”

Resposta: A afirmativa está correta. • (Juiz Federal \ 5ª Região 2006 – CESPE)

“Os princípios de direito ambiental no Brasil recebem da doutrina trata-mento bastante homogêneo, sob enfoques quantitativo, qualitativo e ter-minológico.”

Resposta: A afirmativa está errada. • (PGE/ES – 2008 – CESPE).

“São considerados norteadores do direito ambiental, entre outros, os princípios: do direito à sadia qualidade de vida, do desenvolvimento sus-tentável, do acesso eqüitativo aos recursos naturais, da precaução e da informação.”

Resposta: A afirmativa está correta.

4. Observação: neste trabalho, de forma a apresentar uma visão geral dos

princípios tratados pela doutrina e pela jurisprudência, optamos por

apontá-los de forma abrangente, apresentando ao leitor uma visão

ge-ral de como o tema tem sido abordado.

II. PrIncíPIo do desenvolvImento sustentável

1. Vertentes

→ Considerado o “prima principium” do Direito Ambiental

6

,

o desenvolvimento sustentável tem como pilar a harmonização das

se-guintes vertentes:

• Crescimento econômico;

• Preservação ambiental;

• Equidade social;

(5)

O desenvolvimento somente será considerado sustentável caso as três

vertentes acima relacionadas sejam efetivamente respeitadas de forma

simultânea. Ausente qualquer um desses elementos, não tratar-se-á de

desenvolvimento sustentável.

2. Conferência de Estocolmo (1972)

→ a ideia de desenvolvimento

so-cioeconômico em harmonia com a preservação ambiental emergiu da

Conferência de Estocolmo, em 1972, marco histórico na discussão dos

problemas ambientais. Designado à época como “abordagem do

eco-desenvolvimento” e posteriormente renomeado “desenvolvimento

sus-tentável”, o conceito vem sendo continuamente aprimorado

7

.

Desenvolvimento sustentável, segundo a Comissão Mundial sobre o

Meio Ambiente e Desenvolvimento (World Comission on Environment

and Development) significa

“um desenvolvimento que faz face às ne-cessidades das gerações presentes sem comprometer a capacidade

das gerações futuras na satisfação de suas próprias necessidades”.

As-sim, as gerações presentes devem buscar o seu bem-estar através do

crescimento econômico e social, mas sem comprometer os recursos

na-turais fundamentais para a qualidade de vida das futuras gerações.

3. Princípios 4 e 5 da Declaração da Rio/92

→ de acordo com o Princípio

4 da Declaração da Rio/92, “para se alcançar o desenvolvimento

susten-tável, a proteção do meio ambiente deve constituir parte integrante do

processo de desenvolvimento e não pode ser considerada

isoladamen-te em relação a ele”.

Já o princípio 5 da Declaração do Rio/92 dispõe claramente sobre a

ver-tente social do desenvolvimento sustentável ao afirmar que “todos os

Estados e todos os indivíduos, como

requisito indispensável para o de-senvolvimento sustentável, devem cooperar na tarefa essencial de

erra-dicar a pobreza, de forma a reduzir as disparidades nos padrões de vida e

melhor atender às necessidades da maioria da população do mundo.”

4. O desenvolvimento sustentável na Constituição de 1988

4.1 Art. 170, CF

→ a necessidade do equilíbrio entre “crescimento

eco-nômico”, “preservação ambiental” e “equidade social” está expressa

na Constituição de 1988. Inicialmente pode-se destacar o artigo 170 da

7. A expressão ecodesenvolvimento continua a ser bastante usada em diversos países euro-peus, latino-americanos e asiáticos. O presidente do Equador proclamou os anos 90 como a “Década do Ecodesenvolvimento”.

(6)

Constituição Federal, que enumera os fundamentos e os princípios da

ordem econômica:

Art. 170 da CF: A ordem econômica, fundada na valorização do

tra-balho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I – soberania nacional; II – propriedade privada; III – função social da propriedade; IV – livre concorrência; V – defesa do consumidor;

VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento dife-renciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;

VII – redução das desigualdades regionais e sociais;

VIII – busca do pleno emprego;

IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte cons-tituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.

Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.

Relevante destacar a defesa do meio ambiente (inciso VI) como

princí-pio da ordem econômica, clara indicação constitucional da necessidade

de harmonização entre atividade econômica e preservação ambiental.

Já o princípio da propriedade privada, disposto no inciso II, do artigo

170, é um valor constitutivo da sociedade brasileira, fundada no modo

capitalista de produção

8

e corolário da livre iniciativa, representando

claramente o incentivo ao crescimento econômico consagrado

constitu-cionalmente.

Todavia, para evitar abusos na utilização da propriedade em prejuízo

da coletividade, a Constituição da República prevê mecanismos como

a aplicação do princípio da função social da propriedade (art. 170, III),

(7)

que representa o incentivo constitucional à preservação ambiental e ao

respeito às questões sociais (vide art. 186, CR 88).

Assim, resta claro o princípio do desenvolvimento sustentável na análise

conjunta dos incisos II e III, do artigo 170, da Constituição: de um lado,

o incentivo ao crescimento econômico representado pelo princípio da

propriedade privada; de outro, a proteção ambiental e a equidade social

representadas pelo princípio da função social da propriedade (função

socioambiental da propriedade).

Por fim, estabelece o inciso VII do artigo 170, como princípio da ordem

econômica, a redução das desigualdades regionais e sociais. Ora, como

alcançar a meta constitucional de eliminação da pobreza e redução das

desigualdades sociais sem crescimento econômico? Seria praticamente

impossível. Constata-se que é imperioso o desenvolvimento econômico

das nações atrelado à melhor distribuição de renda, para a erradicação

dos problemas sociais. Mais uma vez estamos nos referindo a pilares do

desenvolvimento sustentável presentes no artigo 170, da Constituição

de 1988: crescimento econômico e equidade social (obviamente

conci-liados com a preservação ambiental).

à

Aplicação em concurso:

• (Juiz Federal – TRF 5ª Região 2011 – CESPE)

“O direito ambiental é dotado de instrumentos que o capacitam a atuar na ordem econômica, e, nesse sentido, a PNMA visa, entre outros objetivos, assegurar adequado padrão de desenvolvimento socioeconômico ao país.”

Resposta: A afirmativa está correta. • (Juiz Federal – TRF 5ª Região 2011 – CESPE)

“Ainda que a CF não considere expressamente a defesa do meio ambiente como princípio que rege a atividade econômica, a livre iniciativa somen-te pode ser praticada observadas as regras constitucionais que tratam do tema.”

Resposta: A afirmativa está errada. O artigo 170, VI da Constituição de 1988 prevê expressamente a defesa do meio ambiente como princípio da ordem econômica.

• (AGU-Procurador Federal 2010 – CESPE)

“A proteção do meio ambiente é um princípio da ordem econômica, o que limita as atividades da iniciativa privada”.

(8)

• (Magistratura do Acre – 2007 – CESPE).

“A Constituição Federal abriga o princípio do desenvolvimento sustentável ao dispor que a ordem econômica tem por fim assegurar a existência digna do ser humano, atendidos os ditames da justiça social e, também, a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de ela-boração e prestação.”

Resposta: A afirmativa está correta.

• (Magistratura estadual /Pará – 2007 – FGV) .

“A defesa do meio ambiente é um dos princípios gerais da atividade eco-nômica e deve ser observada inclusive mediante tratamento diferenciado para produtos e serviços em razão do impacto ambiental decorrente de sua produção ou execução.”

Resposta: A afirmativa está correta. • (Juiz Federal 4ª Região – 2008).

“Na evolução do direito ambiental brasileiro, invoca-se, observada a or-dem cronológica, os seguintes marcos históricos: a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente; a Declaração da Conferência das Nações Unidas de Estocolmo; a Lei da Ação Civil Pública; a Constituição Federal em vigor; a Declaração da Conferência das Nações Unidas do Rio de Janeiro e a Lei dos Crimes e Infrações Administrativas Ambientais.”

Resposta: A afirmativa está errada. Observada a ordem cronológica, a De-claração de Estocolmo (1972) é anterior à Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (1981).

4.2 Caput do artigo 225 da CF → prevê o princípio do desenvolvimento

sustentável.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equili-brado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de

defen-dê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

4.3 Aplicação pelo STF com base na CF

→ a Constituição de 1988, que

prevê o modo de produção capitalista e incentiva o crescimento

econô-mico, também determina seja observada, simultaneamente, a função

social da propriedade e a preservação dos recursos naturais, para que

haja condições dignas de vida também para as futuras gerações. Neste

sentido o Supremo Tribunal Federal:

(9)

“A QUESTÃO DO DESENVOLVIMENTO NACIONAL (CF, ART. 3º, II) E A NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO MEIO AM-BIENTE (CF, ART. 225): O PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUS-TENTÁVEL COMO FATOR DE OBTENÇÃO DO JUSTO EQUILÍBRIO EN-TRE AS EXIGÊNCIAS DA ECONOMIA E AS DA ECOLOGIA. – O princípio

do desenvolvimento sustentável, além de impregnado de caráter

eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e

re-presenta fator de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a

invoca-ção desse postulado, quando ocorrente situainvoca-ção de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condição inafastável, cuja observância não comprometa nem esvazie o conteúdo essencial de um dos mais significativos direitos fundamentais:

o direito à preser- vação do meio ambiente, que traduz bem de uso comum da gene-ralidade das pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras gerações.” (STF, ADI 3.540-MC, Rel. Min. Celso de Mello, DJ

03/02/06)

à

Aplicação em concurso:

• (Juiz Federal – 5.ª Região – 2005 – CESPE).

“O princípio do desenvolvimento sustentável preconiza um elo entre a economia e a ecologia, estando referido em diversas declarações interna-cionais, mas, por não estar previsto expressamente na Constituição brasi-leira, atua apenas como aspiração social e vetor ideológico para a ativida-de econômica.”

Resposta: A afirmativa está errada. • (Exame de Ordem 2009.2 – CESPE).

“Em conformidade com o princípio do desenvolvimento sustentável, o di-reito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas as necessidades do tempo presente sem comprometer as ne-cessidades das gerações futuras.”

Resposta: A afirmativa está correta.

5.

Princípio da equidade intergeracional (também chamada de solidarie-dade intergeracional)

A Constituição estabelece, assim, ao Poder Público e à coletividade o

dever de preservação dos recursos naturais em benefício não apenas

das gerações presentes mas, inclusive, das gerações futuras, o que para

alguns autores configura o princípio da equidade intergeracional.

(10)

à

Aplicação em concurso:

• (Procurador Federal 2004 – cespe).

“O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, contemplado no caput do art. 225 da Constituição Federal, consagra o princípio de eqüida-de intergeracional.”

Resposta: A afirmativa está correta. • (Juiz Federal – 5.ª Região – 2005 – CESPE).

“Os princípios da participação comunitária e da eqüidade intergeracional têm sede constitucional, uma vez que a Constituição brasileira estabe-lece a faculdade de a coletividade praticar atos com vistas à proteção do meio ambiente e sua preservação em prol das presentes e futuras gerações.”

Resposta: A afirmativa está errada. A Constituição estabelece o dever da coletividade de defender e preservar o meio ambiente.

Observação: sobre o princípio da participação comunitária, iremos

co-mentar adiante.

• (Magistratura estadual /Pará – 2007 – FGV).

“A Constituição da República consagra o princípio da solidariedade interge-racional, ao conferir ao Poder Público e à coletividade o dever de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações.”

Resposta: A afirmativa está correta. • (Advogado Petrobrás – 2007 – CESPE).

“Os custos da atividade produtiva que ocasionam a poluição do meio am-biente devem ser incorporados pelos agentes causadores desse dano à sociedade. Nesse aspecto, o Princípio 16 da Declaração do Rio afirma que as autoridades nacionais devem procurar garantir a internacionalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos. Esse princípio internacional do meio ambiente intitula-se princípio do poluidor-pagador e foi estabelecido no direito ambiental brasileiro, ao lado de outros, como, por exemplo, o princípio da precaução (ou prevenção), o da solidariedade intergeracional e o da informação. A respeito desse assunto, em cada um dos itens subseqüentes, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.”

Com o propósito de construir loteamento urbano regular no Distrito Federal, Mozart realizou estudos considerando a área pretendida e concluiu que ela comportaria, no máximo, 10.000 pessoas. Planejou, então, vender 10.000 unidades imobiliárias, esquecendo-se de estimar que a referida área pode-ria sofrer aumento populacional em razão do casamento e do nascimento

(11)

de filhos dos moradores. Nessa situação, é correto afirmar que a solução legal do problema seria a realização de estudo que levasse em conta o fator temporal, tendo-se em vista o princípio da solidariedade intergeracional”

Resposta: A afirmativa está correta.

III. PrIncíPIo do AmbIente ecologIcAmente equIlIbrAdo como

DIREITO FunDAMEnTAL DA PESSOA huMAnA

1. Previsto no caput do art. 225 da CF

→ embora não previsto nos direitos

e deveres individuais e coletivos constantes do art. 5º da Constituição

Federal, um novo direito fundamental do homem foi assegurado pelo

legislador constituinte.

9

Trata-se do disposto no caput do art. 225 que

concebe à pessoa humana o direito a um meio ambiente

“ecologica-mente equilibrado”, fundamental para uma sadia qualidade de vida.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equi-librado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de

vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defen-dê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

2. Reconhecimento nas conferências internacionais → este direito

funda-mental já havia sido reconhecido pela Conferência das Nações Unidas

sobre o Ambiente Humano de 1972 (Princípio I)

10

. Mais tarde, foi

reafir-mado pela Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

em 1992 (Princípio I)

11

e, em 1997, pela Carta da Terra

12

(Princípio 4)

13

.

3. O direito a um meio ambiente equilibrado está intimamente ligado ao

direito fundamental à vida e à proteção da dignidade da vida humana,

9. Artigo 5º, § 2º, da CF 88: “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados interna-cionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.”

10. Princípio I: “O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade, e ao desfrute de adequadas condições de vida em um meio cuja qualidade lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar e tem a solene obrigação de proteger e melhorar esse meio para as gerações presentes e futuras.”

11. Princípio I: “Os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza.” 12. A Carta da Terra é resultado do evento conhecido como “Fórum Rio +5”, realizado no Rio

de Janeiro com o objetivo de avaliar o resultado da Política Ambiental nos cincos anos seguintes à ECO 92.

13. Princípio 4: “ Estabelecer justiça e defender sem discriminação o direito de todas as pessoas à vida, à liberdade e à segurança dentro de um ambiente adequado à saúde humana e ao bem-estar espiritual”.

(12)

garantindo, sobretudo, condições adequadas de qualidade de vida,

pro-tegendo a todos contra os abusos ambientais de qualquer natureza.

Como salienta Édis Milaré

14

“o reconhecimento do direito a um meio

ambiente sadio configura-se, na verdade, como extensão do direito à

vida, quer sob o enfoque da própria existência física e saúde dos

se-res humanos, quer quanto ao aspecto da dignidade desta existência – a

qualidade de vida –, que faz com que valha a pena viver”.

15

à

Aplicação em concurso:

• (Procurador do Estado / Ceará – 2008 – CESPE).

“O princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado é tratado na Constituição Federal como

A) uma norma programática cuja efetividade fica condicionada ao progresso econômico e à distribuição de renda.

B) um direito fundamental da pessoa humana, direcionado ao desfrute de condições de vida adequadas em um ambiente saudável.

C) um princípio geral de alcance limitado e restrito às áreas de proteção am-biental.

D) um direito difuso, mas não-exigível, em função de sua generalidade, in-consistência e definição imprecisa. E um direito social, coletivo e transge-racional cuja efetividade é ampla, irrestrita e incondicionada e cujo alcance estende-se a todas as formas de vida.

Resposta: Letra “B”.

• (Exame de Ordem 2008.1 – CESPE)

“A Constituição consagra o direito ao meio ambiente ecologicamente equili-brado fora do Título II, que se refere aos direitos e garantias fundamentais.”

Resposta: A afirmativa está correta.

4. O princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito

fun-damental da pessoa humana também está contemplado no art. 2º e 4º

da Lei 6.938/81.

16

14. MILARÉ, 2006. p.158/159.

15. Dada a importância desse princípio, Édis Milaré o trata com status de cláusula pétrea. 16. A Lei 6.938/81 dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. “Art. 2º. A Política

Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvi-mento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios...”

(13)

Iv. PrIncíPIo dA Prevenção e dA PrecAução

1. Evitar a incidência de danos ambientais é melhor que remediá-los →

essa é a ideia chave dos princípios da prevenção e da precaução, já que

as seqüelas de um dano ao meio ambiente muitas vezes são graves e

irreversíveis. Tais princípios se caracterizam como dois dos mais

im-portantes em matéria ambiental, tendo em vista a tendência atual do

direito internacional do meio ambiente, orientado mais no sentido da

prevenção do que no da reparação.

17

2. Sinônimos ou divergentes?

→ é importante destacar que alguns

juris-tas tratam os princípios da prevenção e da precaução como sinônimos.

Outros, embora reconheçam algumas diferenças, preferem a utilização

do termo “prevenção”, por ser mais abrangente que “precaução”.

18

Em

nosso entendimento, há características próprias que os diferenciam,

como veremos a seguir.

à

Aplicação em concurso:

Obs: O CESPE diferencia os princípios

• (Magistratura estadual /Pará – 2007 – FGV)

Veja a resposta aos recursos interpostos contra o gabarito da prova obje-tiva aplicada no dia 27.01.2008, envolvendo o princípio da prevenção e da precaução.

Resposta: “Embora haja alguns autores que ainda abordem o princípio da prevenção como sinônimo de precaução, o tratamento do assun-to pela grande maioria da doutrina – nacional e internacional – não deixa dúvidas de que se tratam de princípios distintos. O princípio da

precaução foi o descrito no enunciado (situações de incerteza científi-17. PARGA Y MASEDA, 2001.

18. Édis Milaré, por sua vez, propõe uma distinção entre prevenção e precaução. Para ele, “Prevenção é substantivo do verbo prevenir, e significa ato ou efeito de antecipar-se, chegar antes; induz uma conotação de generalidade, simples antecipação no tempo, é verdade, mas com intuito conhecido” e “Precaução é substantivo do verbo precaver-se (do Latim prae = tomar cuidado), e sugere cuidados antecipados, cautela para que uma atitude ou ação não venha a resultar em efeitos indesejáveis. A diferença etimológica e semântica (estabelecida pelo uso) sugere que prevenção é mais ampla do que precaução e que, por seu turno, precaução é atitude ou medida antecipatória voltada preferen-cialmente para casos concretos”. Direito do Ambiente. 4ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p.165.

(14)

ca), e encontra-se previsto no princípio 15 da Declaração das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92). Já o princípio da prevenção pretende afastar os riscos ou impactos já conhecidos pela ciência. Vale conferir os ensinamentos de Édis Milaré, Antônio Herman Benjamin, Paulo Affonso Leme Machado, Annelise Monteiro Steigleder, Marcelo Abelha Rodrigues, Cristiane Derani, dentre vários outros juris-tas brasileiros.”

3. Princípio da prevenção → é orientador no Direito Ambiental,

enfa-tizando a prioridade que deve ser dada às medidas que previnam (e

não simplesmente reparem) a degradação ambiental. A finalidade ou

o objetivo final do princípio da prevenção é evitar que o dano possa

chegar a produzir-se. Para tanto, necessário se faz adotar medidas

pre-ventivas.

Todavia, tal princípio não é aplicado em qualquer situação de perigo de

dano. O princípio da prevenção se apóia na

certeza científica do impac-to ambiental de determinada atividade. Caso não haja certeza

científi-ca, o princípio a ser aplicado será o da precaução.

De acordo com o princípio da prevenção, deve-se tomar as medidas

ne-cessárias para evitar o dano ambiental porque as conseqüências de se

iniciar determinado ato, prosseguir com ele ou suprimi-lo são

conheci-das. O nexo causal é cientificamente comprovado.

à

Aplicação em concurso:

• (PGE/AL –2009 – CESPE).

“O princípio da prevenção aplica-se a eventos incertos e prováveis causa-dores de dano ambiental.”

Resposta: A afirmativa está errada. • (Procurador Federal – 2006 – CESPE)

“O princípio da prevenção obriga que as atuações com efeitos sobre o meio ambiente devam ser consideradas de forma antecipada, visando-se à redução ou eliminação das causas que podem alterar a qualidade do ambiente.”

Resposta: A afirmativa está correta.

3.1. Princípio da prevenção e EIA

→ O princípio da prevenção é o

maior alicerce, por exemplo, do Estudo de Impacto Ambiental – E.I.A.–

(art. 225, parágrafo 1º, inciso IV, da Constituição) realizado pelos

inte-ressados antes de iniciada uma atividade potencialmente degradadora

(15)

do meio ambiente, dentre outras medidas preventivas a serem exigidas

pelos órgãos públicos

19-20

.

De acordo com a Constituição:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equili-brado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defen-dê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º – Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pú-blico:

(...)

IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade poten-cialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,

estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

à

Aplicação em concurso:

• (IBAMA – 2005 – CESPE)

– “O princípio da prevenção não serve como justificativa ao monitoramento ambiental.”

Resposta: A afirmativa está errada.

– “O princípio da prevenção encontra-se presente no processo de licencia-mento ambiental.”

Resposta: A afirmativa está correta.

4. Princípio da precaução → foi proposto formalmente na Conferência

do Rio 92. O Princípio da Precaução é a garantia contra os riscos

poten-ciais que, de acordo com o estágio atual do conhecimento, não podem

ser ainda identificados. Este princípio afirma que no caso de ausência

da certeza científica formal, a existência do risco de um dano sério ou

irreversível requer a implementação de medidas que possam prever

este dano.

19. Outro exemplo: o inciso V do § 1º do art. 225 da Constituição Federal, que impõe ao Poder Público a tarefa de “controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos

e substâncias que comportam riscos para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.”

20. Em direito internacional, tal princípio é reconhecido na Declaração de Estocolmo de 1972 (princípio 6 e 21) e na Declaração do Rio de 1992 (princípio 2).

Referências

Documentos relacionados

A legislação brasileira recepcionou o princípio da precaução com a obrigação que dele consta: não postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a

Freitas, Selma Fonsêca de Percurso do exílio na condição feminina: Morte e Renascimento em “As Parceiras” e “Exílio” de Lya Luft / Selma Fonsêca de Freitas.. 75

RESUMO: Este artigo retrata a trajetória do desenvolvimento da estrutura arquivística da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), desde a sua primeira unidade de refe-

Uma vez que o foco sobre a responsabilidade objetiva no Direito Ambiental está crivado no dano, a obrigação de reparação está fundada, independentemente da atividade ser lícita

Pelos elementos dispostos no presente artigo, resta claramente evidenciado que a PEC 6/2019, especificamente quanto à modificação do artigo 109, parágrafo segundo, da

O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de

A finalidade deste artigo é observar as consequências do estresse causado pela restrição de sono no intestino delgado, para isso foi feita a análise quantitativa das

A cirurgia, como etapa mais drástica do tratamento, é indicada quando medidas não invasivas como dietas restritivas e a prática regular de exercícios físicos