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ASPECTOS AGRÔMICOS E ENERGÉTICOS DA CULTURA DO BABAÇÚ

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Academic year: 2021

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ASPECTOS AGRÔMICOS E ENERGÉTICOS DA CULTURA DO

BABAÇÚ

MOISES SILVA ARAÚJO

EYDE CRISTIANNE SARAIVA DOS SANTOS

RODOLFO PESSOA DE MELO MOURA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS, Faculdade de Ciências

Agrárias, Departamento de Engenharia Agrícola e Solos, e-mail:

eyde_cristianne@yahoo.com.br

Resumo: O babaçu é uma palmeira nativa das Regiões Norte e Nordeste do Brasil. Historicamente, a atividade de extrair as amêndoas do fruto do babaçuzeiro teve projeção nacional, por conta do movimento das populações tradicionais envolvidas nessa atividade, principalmente as quebradeiras de coco. O presente trabalho apresenta aspectos agronômicos e energéticos relevantes para utilização do babaçu para uso energético. Utilizando como referências trabalhos pioneiros sobre a cultura, apresenta-se a caracterização botânica das espécies, características do carvão, densidade populacional, distribuição geográfica, beneficiamento e rendimento. Assim, demonstrando a importância da cultura no meio rural.

Abstract: The babassu palm is a native of North and Northeast regions of Brazil. Historically, the activity of extracting the kernels of the fruit of babaçuzeiro national projection was for the account of the traditional movement of people involved in that activity, particularly the women who break coconut. This paper presents and agronomic aspects relevant to energy use babassu palm for energy use. Using as references pioneering work on culture looks at the characterization of botanical species, characteristics of coal, population density, geographic distribution, processing and income. Thus, demonstrating the importance of culture in rural areas.

1. Introdução

No mundo contemporâneo, a energia proveniente dos combustíveis fósseis, é a mais solicitada. Note-se que o consumo energético tem aumentado Note-sempre, intimamente associado ao deNote-senvolvimento das forças produtivas. Desta forma, o vertiginoso progresso experimentado pela humanidade nas últimas décadas aumentou drasticamente o consumo dos combustíveis fósseis, a ponto de as previsões para os próximos cinqüenta ou cem anos indicarem o esgotamento das reservas, desde que mantidas as taxas anuais de crescimento industriais (Neiva, 1987).

Toda energia gerada pela natureza é considerada como forma primária. Algumas consideradas como não-renováveis, tendem a se esgotar após um determinado período. Neste caso incluímos o petróleo, gás natural, xisto e carvão mineral.

A geração de energia no Brasil provém essencialmente de duas fontes energéticas, o potencial hidráulico e o petróleo, com grande predominância da primeira. Apesar da importância dessas fontes, o Brasil dispõe de várias alternativas para geração e energia elétrica, dentre as quais aquelas derivadas da biomassa. Em relação à biomassa, particularmente, há uma grande variedade de

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recursos energéticos, desde culturas nativas até resíduos de diversos tipos. .(Coelho et al.,2002). O processo mais usual de geração de eletricidade a partir de biomassa é a combustão que gera vapor e aciona uma turbina associada a um gerador elétrico. No Brasil, historicamente a queima direta da lenha tem sido a forma de biomassa mais utilizada para fins energéticos. Além destas destacam-se: cana-de-açúcar e derivados como bagaço e palha de cana, vinhoto; os resíduos agro-industriais: como cascas, toras, cavacos de madeira, cascas de babaçú, arroz, sabugo e palha de milho; os óleos vegetais, e outros resíduos utilizados em processos de biodigestão.

2. Caracterização botânica

O Babaçú (Orbyginia phalerata Mart.). É uma palmeira nativa das regiões Norte e Nordeste do Brasil, onde forma extensas florestas chamadas "babaçuais". Pertencente a família botânica Arecacea tem sinônimos botânicos aceitos Orbygnia martiniana Barbosa Rodrigues e Orbyginia barbosiana Burret é conhecido pelos nomes de babaçú, bagassú, aguassú e coco de macaco.

Os frutos chamados de coco de babaçú são elípticos a oblongos, com comprimento de 6 a 13 cm, largura de 4 a 10 cm e peso seco variando de 40 a 440gramas. A casca do fruto chamada de epicarpo tem composição fibrosa e equivale em média, a 10,5% do peso seco do fruto. O mesocarpo (24,5%) é uma camada de composição amilácea, de cor marrom-clara, localizada entre o epicarpo e a camada que envolve as amêndoas, que é o endocarpo, o qual representa 58% (Gonçaves e Freitas, 1955). Estudos mais recentes reportam que o epicarpo apresenta 15% do peso seco do fruto, enquanto que mesocarpo e endocarpo apresentam 20% e 59%, respectivamente. O número de amêndoas por fruto também é variável, ocorrendo em média de 3 a 6 amêndoas que corresponde a 6 % do peso do fruto. (Suframa/ Sebrae, 1998).

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3. O carvão do babaçú

O carvão produzido do endocarpo do babaçú possui excelentes propriedades para combustível, com cerca de ¼ de carbono fixo e grande potencial para uso na indústria de produção de coque e carvão ativado. O babaçú apresenta coque metalúrgico praticamente isento de fósforo e enxofre, baixo teor de cinzas, elevada riqueza em carbono fixo, que pode passar de 98% e poder calorífico da ordem de 7.600Kcal/kg (Gonçalves, 1955).

4. Densidade populacional

Não existe espaçamento indicado por pesquisas, visto se tratar de uma cultura extrativista, porém o mais recomendado é o espaçamento de 9x9 em triângulo eqüilátero com um total de 143 plantas/ ha, mas o que se observa nos estados do Maranhão e Piauí onde detém a maior área, é uma alta densidade de até 200 plantas/ha e as médias de produção variam de 1,13 a 2,92 ton de coco/hectare/ano.

5. Distribuição geográfica

O babaçú ocorre em zona de transição entre as florestas úmidas da bacia amazônica e as terras semi-áridas do nordeste brasileiro, além dos estados do Maranhão e Piaí que detém mais da metade da área nacional, em outros estados foram registradas ocorrências dessa espécie, a saber: Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Ceará, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo e Amazonas (Gonçalves, 1955). Na Tabela 1 apresenta-se dados de um trabalho pioneiro sobre o registro da exploração do babaçu no Estado do Amazonas.

Tabela 1. Distribuição dos babaçuais por municípios do Estado do Amazonas Municípios do estado do Amazonas Registro de exploração

Barreirinha Exploração iniciada em 1936

Benjamin Constant Não se tem dados de exploração da cultura Borba Não se tem dados de exploração da cultura Canutama Não se tem dados de exploração da cultura Coari Não se tem dados de exploração da cultura Humaitá Não se tem dados de exploração da cultura Itacoatiara Não se tem dados de exploração da cultura Lábrea Não se tem dados de exploração da cultura Manacapuru Não se tem dados de exploração da cultura Manicoré Não se tem dados de exploração da cultura Maués Exploração iniciada em 1936

Parintins Exploração iniciada em 1937 (Fonte: Gonçalves, 1955).

6. Beneficiamento do coco babaçú

O beneficiamento do coco do babaçú é feito de forma rudimentar, utilizando um machado com um pedaço de madeira roliço de comprimento aproximado de 30cm e diâmetro variável. Esse serviço em sua maioria é feito por crianças e mulheres, as quais são chamadas de "quebradeiras de

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coco"(Peixoto, 1973).

É um trabalho que exige bastante esforço físico, por parte das "quebradeiras de coco", e essas com muito esforço conseguem obter uma média de produção de 10 Kg de amêndoa/mulher/dia, que é vendido a um preço que varia de R$ 0,50 a R$ 1,00.

Existem vários relatos de inventores de máquinas que beneficia o babaçú, no entanto poucos inventos tiveram sucesso, pois o fruto do babaçú é bastante duro, dificultando com isso a retirada da amêndoa que é considerada o principal produto do babaçú.

O Engo Pedro Kafete desenvolveu na década de 80, um engenho capaz de quebrar o coco babaçu,

sua capacidade de produção era de 25 a 30 Kg de amêndoas limpas por hora (Peixoto, 1973).

7. Rendimento

Com aproximadamente 143 plantas/ha, cada palmeira produz em média 5 cachos e cada cacho possui 400 drupas, podendo uma palmeira produzir 2.000 coquilhos, e cada coquilho possui de 4 a 6 amêndoas. Conforme Peixoto, 1973 as quantidades de produtos que podem ser obtidos com o coco babaçu são:

• 600 toneladas de coco selecionadas fornecem: - 85% ou 510 tono de cascas;

- 8% ou 48 tono de amêndoa;

- 6% ou 36 tono de polpa amilácea com 78- 83% de amido; - I % ou 6 ton.de perdas;

• 400 toneladas de coco rejeitadas + 500 toneladas de cascas e endocarpos fornecem: - 25% ou 22,5 tono de coque ou carvão;

- 30% ou 273 tono de gases com 4.000 Cal/m3; - 30% ou 273 tono de mineral pirolhenhoso;

- 8% ou 72,8 tono de alcatrões, carburantes, fenóis, ácidos solventes, metileno, etc..

Conclusão

O babaçuzeiro é uma cultura que não foi domesticada, por isso que sua produção é restrita ao extrativismo, ao contrário do dendê (Eleas guianensis), que foi domesticado pela Embrapa e hoje é uma das culturas exóticas mais promissoras para produção de biodiesel. No entanto, a ocorrência natural do babaçu aliado aos demais produtos que podem ser obtidos do fruto, podem contribuir para ampliação de geração de renda e trabalho no meio rural, assim contribuído para fixação do homem no campo, e desenvolvimento agroindustrial no meio rural.

Palavras-chave: meio rural, biomassa, energia. Key words: rural areas, biomass, energy. Referências

Gonçalves, A.D.; Freitas, R.M. 1955b O babaçú: Considerações científicas, técnicas e econômicas .Série estudos e ensaios -N°08 Rio de Janeiro: Serviço de informação agrícola, Ministério da

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agricultura. 331 p.ilust.

Produtos potenciais da Amazônia. Brasília, MMA/ Suframa / Sebrae / GTA-1998. 19v.

Peixoto, Ariosto Rodrigues. Plantas oleaginosas arbórea. São Paulo, Nobel, 1973. 284p.ilust. (Biblioteca rural).

Coelho, Suani Teixeira; Silva, Orlando Cristiano da; Consíglio, Marcelo; Pisetta, Marcelo; Monteiro, Maria Beatriz. Panorama do Potencial de Biomassa no Brasil / Suani Teixeira Coelho. Brasília - Distrito Federal: Dupligráfica, 2003. 80 p.: il. coL

Neiva, Jucy. Fontes alternativas de energia: conservação de energia, gás natural, biomassa -carvão vegetal, álcool etílico -e xisto/ Jucy Neiva; prefácio de Rogério César Cerqueira Leite; ilustrações de Antonio Vaz - 2a edição atual e ampliada.- Rio de Janeiro: Maity Ed., 1987.

Referências

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