• Nenhum resultado encontrado

Tradução: Livia Revisão Inicial: Camila Revisão Final: Ariella Leitura Final: Lorelai Formatação: Ariella

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "Tradução: Livia Revisão Inicial: Camila Revisão Final: Ariella Leitura Final: Lorelai Formatação: Ariella"

Copied!
213
0
0

Texto

(1)
(2)

Tradução: Livia Revisão Inicial: Camila

Revisão Final: Ariella Leitura Final: Lorelai

Formatação: Ariella

(3)

AVISO

A tradução foi efetuada pelo grupo Doll Books Traduções (DB), de modo a proporcionar ao leitor o acesso à obra, incentivando à posterior

aquisição. O objetivo do grupo é selecionar livros sem previsão de publicação no Brasil, traduzindo-os e disponibilizando-os ao leitor, sem

qualquer forma de obter lucro, seja ele direto ou indireto.

Levamos como objetivo sério, o incentivo para o leitor adquirir as obras, dando a conhecer os autores que, de outro modo, não poderiam, a não

ser no idioma original, impossibilitando o conhecimento de muitos autores desconhecidos no Brasil. A fim de preservar os direitos autorais e contratuais de autores e editoras, o grupo DB poderá, sem aviso prévio e quando entender necessário, suspender o acesso aos livros e retirar o link de

disponibilização dos mesmos, daqueles que forem lançados por editoras brasileiras. Todo aquele que tiver acesso à presente tradução fica ciente de

que o download se destina exclusivamente ao uso pessoal e privado, abstendo-se de o divulgar nas redes sociais bem como tornar público o trabalho de tradução do grupo, sem que exista uma prévia autorização

expressa do mesmo.

O leitor e usuário, ao acessar o livro disponibilizado responderá pelo uso incorreto e ilícito do mesmo, eximindo o grupo DB de qualquer parceria, coautoria ou coparticipação em eventual delito cometido por aquele que, por ato ou omissão, tentar ou concretamente utilizar a presente

obra literária para obtenção de lucro direto ou indireto, nos termos do art.

184 do código penal e lei 9.610/1998.

(4)

(5)

A nova garota não pertence aqui. Então, por que não consigo parar de pensar nela? Iris Briggs é uma garota certinha com um pai diretor que

pretende arruinar meu ano escolar antes mesmo de começar. Ela me irrita. Com suas saias recatadas e cabelo trançado, Iris voa em torno até que ela bate em mim, o café quente me encharcando enquanto ela olha para mim

com olhos grandes e inocentes.

Começamos quente.

Na biblioteca, alcançamos os níveis de lava.

E depois na cidade? Vamos a nuclear.

Ela é uma boa garota, mas eu sou um Constantine. Meu dever é com minha família. Pelo menos, foi até eu começar a desafiar a boa menina e

perceber que a vida é mais do que dever.

(6)

1

A primeira coisa que fiz como estudante na Pembroke Preparatory Academy foi irritar o Hellfire Club.

Foi um acidente - o tipo de acidente totalmente evitável, mas mesmo assim um acidente. Eu estou verificando minha bolsa enquanto caminho pelo pátio pavimentado de pedra para ter certeza de que embalei minha câmera, e então tropeço em um professor com os olhos turvos. Não querendo fazer nenhum inimigo extra entre a equipe - meu pai é o novo diretor e já ameaçou todos os professores com congelamento de salários junto com a promessa de destruir o departamento de atletismo - cambaleio para o lado e gaguejo um pedido de desculpas.

E bato com força nas costas de Keaton Constantine, mandando seu café batido voando por todo o paletó e gravatas escolares de seda de seus amigos.

Não que eu soubesse que ele é o Keaton Constantine, capitão do Rugby, rei da escola e herdeiro de uma das famílias mais poderosas de Nova York.

Tudo que eu sei é que, quando ele se vira, tem os lábios mais cheios e firmes e os olhos mais azuis que eu já vi na vida.

— Deus, eu sinto muito... — Eu solto, mas ele me corta.

— Quem diabos é você? — Seus olhos correm por mim como safiras quentes, observando minha mochila Mary Janes desgastada e de segunda mão e meu uniforme Pembroke novo em folha.

(7)

Que é quando eu sei que estou frita. Seu escárnio é óbvio em seu sorriso cruel.

Eu sigo os regulamentos do manual do aluno exatamente e mantenho a saia cinza pregueada na altura do joelho e uso o suéter bordado com o brasão da Pembroke sobre minha camisa branca de botões. Meu cabelo ruivo está preso em duas tranças simples e eu não uso maquiagem. Eu não quero chamar atenção para mim por desrespeitar as regras da escola - sem mencionar que meu pai teria um ataque se sua filha não fosse o modelo de adesão ao manual do aluno.

Acontece que eu estou chamando mais atenção para mim usando o uniforme perfeitamente. As outras garotas estão com as saias com bainha para cima, flutuando bem acima dos joelhos, e as camisas para fora da calça e amarrotadas. Alguns estão claramente com o suéter ou blazer do namorado, outros têm tudo junto, e todos eles têm cabelos bagunçados artisticamente e maquiagem de nível de influência.

Os meninos são igualmente ruins. Camisas para fora da calça, gravatas afrouxadas, cabelo despenteado. Alguns estão fumando, outros têm garotas sentadas em seus colos.

E os meninos que eu acabei de derrubar - sem querer - café em cima deles são os mais insolentemente libertinos de todos.

Não, tudo que eu fiz com meu uniforme imaculado e pudico foi provar o quão insignificante eu seria no ecossistema social da Pembroke Prep. Eu também me carimbei - não oficialmente - como a pequena senhorita tensa com meu uniforme totalmente regular.

— Eu disse. — Repete o menino que dei o encontrão. — Quem é você?

— Ele dá um passo em minha direção, o cabelo loiro escuro caindo sobre sua testa. Sua pele é levemente beijada pelo sol, como se ele tivesse passado o verão nos Hamptons.

(8)

— Hum. — eu digo, e então quero me chutar. Tudo que eu quero é passar este ano viva e ficar longe dos meus pais. E para fazer isso, eu preciso sobreviver a tudo que Pembroke Prep jogará em mim, incluindo meninos com raiva. — Iris Briggs.

— Briggs. — Repete o menino. Suas sobrancelhas se erguem, destacando aqueles profundos olhos azuis. — Como o novo Diretor Briggs? O mesmo novo diretor que está falando sobre diminuir o financiamento para o departamento de esportes?

Seus amigos, que estão ocupados fazendo cara feia e tentando com nojo limpar o café de seus uniformes, agora observam com interesse indisfarçável.

— Talvez ela pudesse enviar uma mensagem ao pai por você, Keaton.

— diz alguém atrás dele. Olho além de Keaton para ver um garoto pálido e bonito com olhos de ônix brilhantes e uma boca cruel.

Perigo, minha mente avisa. Esse é perigoso.

Não que Keaton não seja perigoso - um fato que fica mais claro quando ele dá mais um passo em minha direção. Ele move seu queixo quadrado ligeiramente para o lado, e suas sobrancelhas são barras de irritação sobre aqueles olhos hipnóticos.

E ele é grande - grande atleta. Alto e de ombros largos, com músculos que testam as costuras justas de seu blazer.

— Ouça aqui, Iris Briggs. — Ele diz em uma voz cheia de ameaça suave. — Não vou esquecer o café. E não vou esquecer o que seu pai está fazendo. E eu não vou te esquecer.

Ele está tão perto agora que pode se inclinar e me beijar se quisesse. Perto o suficiente para que eu possa ver o leve vinco em seu lábio inferior carnudo.

(9)

Pare com isso. Você não precisa desse tipo de problema.

Calafrios percorrem minha espinha e calafrios sobem pelo meu pescoço - mesmo quando a indignação dispara meu sangue - e algo aperta. Baixo, bem baixo na minha barriga.

Separo meus lábios - eu não sei o que dizer, mas provavelmente seria algo parecido com foda-se, cara, foi um acidente - e seus olhos caem para a minha boca. Por um minuto - um instante - eu poderia jurar que vi um flash de fome em seu olhar.

Mas o que ele está com fome? Eu nunca descobri, porque a voz de uma garota interrompe o momento e me traz de volta à realidade.

— Não se preocupe, querida. Ele vai te esquecer. Vou me certificar disso.

Eu me viro para ver uma garota esguia com pele marrom escura, uma massa espessa de cachos lindos e grandes óculos empoleirados em seu nariz caminhando em nossa direção. Ela planta os pés e cruza os braços quando chega a Keaton. — Foda-se. — Ela diz a ele. — A hora do lanche acabou.

— Sim, bem, só para você saber, por causa dela, a hora do café acabou. — um dos outros meninos diz secamente, ainda enxugando a gravata.

— Sinto muito. — eu digo, tentando não soar irritada. Mas, sério, não foi de propósito. — Esbarrei em outra pessoa e...

A garota levanta a mão para me impedir. — Nunca conceda nada a esses burros. Isso não a levará a lugar nenhum, exceto sob seus pés.

— Você nunca sabe até tentar, Serafina. — Diz o garoto de olhos ônix com uma voz sedosa.

(10)

Serafina desvia o olhar para ele, estreitando os olhos. — Que tal você tentar isso, Rhys? — E ela mostra o dedo do meio para ele enquanto enlaça seu braço livre no meu e me leva para longe dos meninos.

Quando ouso olhar para trás, Rhys e os outros se agrupam em um círculo, murmurando uns para os outros e tentando consertar seus uniformes. Mas Keaton ainda está parado no meio do pátio, seus longos dedos enrolados em torno de seu copo de café agora vazio e seu olhar furioso treinado diretamente em mim.

***

Poucos minutos depois, estamos subindo os degraus e entrando no coração principal de Pembroke, entrando no corredor escuro com painéis de madeira e parando em uma grande janela. Através dele, eu posso ver o gramado ondulado e a floresta densa de Vermont agrupada ao redor dos prédios de tijolo e pedra que formam o internato. No início de setembro, tudo ainda está verde, ensolarado e quente, e os alunos estão esticados no gramado, se beijando ou lendo antes da aula.

— A propósito, sou Serafina Van Doren. — diz a garota, à guisa de apresentação. — E você deve ser Iris Briggs.

— Como você...

— Rumores têm voado sobre você. — diz ela, antecipando minha pergunta. — Não recebemos muitos novos alunos aqui em Pembroke. A maioria de nós se conhece há anos, crescemos juntos e tudo mais. Fica muito rançoso e incestuoso, então é emocionante ver um novo rosto.

(11)

Eu poderia pensar em cinco pessoas que não estão animadas para me conhecer. — Quem eram eles? — Eu pergunto, apontando minha cabeça para o pátio.

— Oh, eles? — Ela torce a boca. — Eles se autodenominam Hellfire Club.

O Hellfire Club.

— Isso é muito poético. — comento.

— É muito ridículo. — diz Serafina, revirando os olhos. — Mas eu ainda ficaria longe deles por um tempo. Eles são... influentes. — Ela diz isso com a voz de alguém relutantemente admitindo uma verdade indiscutível.

— Eles são perigosos?

Serafina dá de ombros. — Sim. Mas apenas evite-os e você ficará bem. Eles são como leões machos, com preguiça de perseguir qualquer coisa, a menos que esteja ameaçando seu território.

Penso nos olhos de Keaton - afiados e famintos ao sol da manhã. Ele acha que meu pai está invadindo seu território? Ou pior, eu estou?

Olho por cima do ombro, de repente com medo de encontrá-lo no final do corredor, me observando.

Serafina percebe minha inquietação e toca meu ombro. — Ei, eu prometo que eles não vão te machucar, ok? Eu não vou deixar. Eles são principalmente inofensivos. Bem, exceto por Lennox Lincoln-Ward, o garoto de cabelo branco; seu único objetivo na vida é torturar Sloane.

— Sloane?

(12)

— Minha colega de quarto. Ela é muito quieta, um pouco assustadora, mas se mantém na maior parte do tempo. Não sei por que Lennox a odeia tanto, bem, além de que ele é um idiota.

Penso no garoto atrás de Keaton, aquele com olhos brilhantes e boca afiada. — E aquele que você chamou de Rhys?

Serafina franze a testa. — Ok, talvez eu tenha mentido sobre eles serem inofensivos. Se o Hellfire Club fosse todo leões, Rhys seria o leão que mata por diversão. Ele seria o tio Scar. Tenha cuidado com ele.

— E Keaton? Devo ter cuidado com ele também?

Serafina hesita, depois balança a cabeça. — Não. Como eu disse, apenas o evite e ele se esquecerá de você. Constantines são assim.

— Constantines?

Serafina inclina a cabeça. — Você realmente é nova, não é? A família Constantine é como os Kennedys, os Kennedys ganham dinheiro fazendo merda suspeita. Ah, e possuí metade da cidade de Nova York.

— Metade?

— Quer dizer, estou incluindo as propriedades legais, bem como as menos que legais aqui.

Alarme disparado. — Hum, eles são como uma família do crime?

— Só no sentido técnico. — diz Serafina, acenando com a mão, como se eu estivesse presa a algum detalhe insignificante. — Eles são muito respeitáveis de outra forma. Uma daquelas famílias Mayflower, você sabe, como todas as mulheres usam pérolas verdadeiras, todo verão é passado em Bishop's Landing, elas vão jogar golfe em Kiawah, esse tipo de coisa.

(13)

Uma respeitável família do crime? Isso não parece uma coisa para mim. — Estou menos preocupada com a respeitabilidade deles do que Keaton me matar ou algo assim.

Serafina começa a rir. — Matar?

— Matar! Desovar! Me enrolar em uma lona e então me dar de alimento para os animanis locais!

Ela ainda está rindo. — Eu prometo que os Constantines não alimentam animais com pessoas. E não se preocupe com Keaton. Ele realmente vai esquecer tudo sobre esta manhã; ele geralmente está muito ocupado com a namorada e o Rugby para se preocupar com qualquer outra coisa. E de qualquer maneira, você está comigo agora.

— Eu estou?

— Você está. — ela confirma, sorrindo para mim. — Eu sou a rainha por aqui. E Sloane é minha senhora cavaleira. Vamos garantir que nenhum desses idiotas do Hellfire incomode você.

Alívio e gratidão aliviam algo em meu peito. — Obrigada. — eu digo.

— Que aula você tem primeiro? Vou acompanhá-lo até lá.

Eu retiro minha programação. — Física.

— Excelente! Sloane também. — Começamos a andar pelo corredor em direção à ala sul da escola, onde ficam todos os laboratórios de ciências e salas de aula. Pela primeira vez desde que meu pai assumiu este cargo, começo a ficar um pouco esperançosa de que este ano não será tão terrível afinal, mesmo se eu tivesse inadvertidamente irritado o filho de uma respeitável família do crime.

— Então, como é ser filha do diretor? — Pergunta Serafina.

(14)

Enquanto caminhamos para o laboratório de física, outros alunos gritam por ela ou puxam seu blazer de brincadeira ou estendem a mão para bater os punhos. Ela passa por tudo como um monarca passando por uma multidão de cortesãos, e eu sei que ela não está brincando sobre ser a rainha.

Fico ainda mais grata por ela ter decidido fazer amizade comigo. Se alguém pudesse me manter a salvo do olhar furioso de Keaton, será ela.

— É quase terrível. — eu digo. — Esta é a terceira escola dele que frequento, e ele sempre quer que eu seja a melhor em tudo. Eu costumava pensar que ele seria mais fácil comigo quando eu fizesse dezoito anos e minha irmã mais velha perfeita se mude, mas não. Sem mencionar que ele não gosta muito da minha obsessão por fotografia.

Não elaboro mais do que isso. Eu ainda estou chateada com meu aniversário neste verão, quando eu anunciei a ele que queria estudar fotografia em Paris e não direito em uma Ivy como ele quer. Ele quer que eu seja mais como Isabelle - a obediente, aquela que faz tudo certo, incluindo tirar notas impecáveis na LSE1.

Ele gritou; Eu gritei de volta.

Minha mãe se escondeu, como sempre faz sempre que há conflito.

— Fotografia? — Pergunta Serafina. — Isso é muito legal. Você vai ter uma aula sobre isso este ano?

Excitação - excitação real - borbulha em minhas veias e me faz sorrir. — Sim. Seminário avançado de fotografia. A primeira aula é na sexta-feira.

1 Escola de Economia e Ciência Política de Londres é uma universidade pública britânica.

(15)

Ela sorri de volta quando chegamos à minha sala de aula. — Eu tenho outra senhora cavaleiro lá. Aurora. Ela vai se certificar de que você seja bem cuidada.

— Você realmente é a rainha aqui.

— Eu sou uma Van Doren. — ela diz, como se isso explicasse tudo.

— Ah, Sloane! Reserve um lugar para Iris, sim?

Olho para o outro lado da sala para ver uma garota branca séria com um rabo de cavalo muito curto e prático e um piercing de hélice no alto de uma orelha. Quando me aproximo da mesa e estendo a mão, ela a aperta sem dizer uma palavra. Mas seus olhos verdes são rápidos e perspicazes quando ela percebe tudo sobre mim, e seu aperto de mão é forte e eficiente. Ela parece o tipo de pessoa que sabe onde ficam todas as saídas da sala, junto com tudo que poderia ser transformado em uma arma.

— Sloane, esta é a Iris. Estamos adotando ela. Além disso, certifique- se de que Keaton a deixe em paz.

Sloane acena com a cabeça e silenciosamente gesticula para que eu me sente.

Serafina sai com um aceno e uma promessa de me ver na hora do almoço, e então o professor de física irrompe na sala, sem fôlego e atrasado, e assim, meu primeiro dia na Pembroke Prep oficialmente começou.

Agora, é hora de esquecer Keaton Constantine. Eu vou ficar escondida e sobreviver até Paris, quando minha vida poderá realmente começar, e não tenho tempo para me preocupar com café derramado ou com os filhos de criminosos educados que jogam Rugby.

(16)

E eu definitivamente não tenho tempo para pensar sobre seus lábios carnudos e cabelo loiro despenteado. Ou seus ombros largos e poderosos. Ou seus olhos azuis meia-noite.

Sem tempo.

Abro um novo caderno, respiro fundo e começo a fazer anotações.

(17)

2

Belo evento de volta às aulas.

Eu sei com certeza que a tradição histórica foi projetada com o propósito de torturar alunos. As únicas pessoas que anseiam pelo fim de semana são os pais que adoram voltar para a Pembroke Prep. Mostre seu dinheiro, sua influência, deixando para trás sua carga preciosa para alguém levantar, alguém para ensinar.

Bem, a maioria dos pais de qualquer maneira. Minha mãe é totalmente dedicada ao seu trabalho em tempo integral de ser a matriarca da família Constantine - o que envolve principalmente organizar festas luxuosas, manter minha irmã Elaine fora da imprensa e garantir que meu irmão mais velho Winston continue arrecadando dinheiro para a família por meio de nossas várias participações empresariais. Ela não é fria, mas também não é amorosa, e não importa quantos jogos de Rugby eu jogue ou quantos campeonatos ganhe, ela está mais preocupada com meu futuro do que com meu presente.

E meu pai?

Morto.

Assassinado há cinco anos, morto pela merda de Morellis - não que possamos provar isso.

Ele estaria aqui esta noite, penso amargamente. Ele nunca perdeu nada. Ele era um homem ocupado, certamente, e nem sempre um homem fácil de amar, mas ele nos amava, e nós o amávamos pra caralho.

(18)

E agora ele se foi, e às vezes parece que tudo o que minha mãe quer é que esquecêssemos nossas próprias vidas e pulássemos direto para o legado dele.

Mas não que você se importe.

Não que eu esperasse que mamãe aparecesse hoje de qualquer maneira. Afinal, eu não sou o Winston perfeito e bem-sucedido ou a Elaine para sempre uma bagunça. E eu não sou Tinsley, o bebê da família, que decidiu ir para a escola mais perto de casa em Bishop's Landing. Faço uma nota mental para mim mesmo para checá-la mais tarde e me certificar de que ela está bem longe de problemas.

Então, nada de mãe e tenho que tomar conta da Tinsley. Ótimo começo de ano.

Até os pais de Rhys vieram aqui. E dado que Rhys é o próprio diabo, eu tenho certeza de que ele só sente desdém por eles. Não é um exagero; Rhys desdenha a todos. Se você não é Hellfire, você estará em sua lista de merda. No topo dessa lista de merda está Serafina Van Doren.

Nova melhor amiga da nova garota.

Pare de chamar nova garota. Você sabe o nome dela. Afinal, você a perseguiu discretamente na última semana e meia.

Então, me processe se eu faço questão de saber tudo o que há para saber sobre a Pequena Senhorita Perfeita com os pais perfeitos. Torno meu negócio saber. Afinal, eu estou na fila para ser o orador da turma. Se ela é uma ameaça, eu preciso saber disso.

Além disso, eu sou um Constantine. Eu posso não ser meu irmão mais velho ferido fortemente, mas o controle ainda está em meu sangue. Ela é desconhecida e eu preciso quantificá-la, só isso.

Claro, essas são as únicas razões.

(19)

Meu telefone toca e eu faço uma careta para ele enquanto me dirijo para as pilhas de literatura britânica nos fundos. Clara... novamente.

Clara: Onde você está?

Clara: Você pode executar interferência?

Clara: Você está bem?

Tento não ficar aborrecido porque meu bem-estar seria o último. Afinal, Clara é Clara. E ela tem sua própria cruz para carregar. Se o lema dos pais de Caroline Constantine é esfregar um pouco de sujeira nele, o lema dos Blair é mamãe e papai sabem melhor. Razão pela qual Clara finge namorar comigo, um Constantine, quando ela está realmente saindo com um garoto local pelos últimos dois anos. Eu digo a ela que se o morador da cidade a engravidar, ela estará sozinha. Não porque eu não me importe com Clara - ela é uma das minhas amigas mais antigas - mas porque Caroline Constantine nos mataria... depois que o bebê nascer e ela já o levar para Bishop's Landing para brincar com chocalhos de prata feitos sob medida enquanto usa as mesmas botinhas que os bebês reais usam ou algo assim.

Deslizo meu telefone de volta no bolso sem responder.

Eu não poderia estar incomodado com Clara ou seus pais no helicóptero agora. A última coisa que eu quero fazer é explicar por que minha mãe não se incomoda em me visitar enquanto eu reúno beijos e abraços secos na bochecha para manter o ardil de que Clara e eu estamos realmente juntos.

A biblioteca, por outro lado, está segura. É a primeira parada na noite de volta às aulas. O diretor sempre deu seu endereço aqui, e o diretor Briggs já terminou seu discurso sem sentido e, em seguida, levou os pais para ver a nova piscina, e deixou meu santuário Pembroke completamente para mim. O que significa que eu posso me perder em

(20)

Keats e Longfellow enquanto espero que os ricos, a elite e os bajuladores devolvam meu campus.

Entre as pilhas e mais pilhas de livros e os cantos e recantos, aprendi a encontrar consolo. Um pouco de paz e sossego onde ninguém procuraria por mim. Às vezes, é como se todos pensassem que eu sou apenas um atleta e esqueçam que eu sou inteligente. E gosto mesmo de ler.

Enquanto eu caminho ao longo do ladrilho de pedra lisa da biblioteca, cercado pela madeira escura e pilhas de livros na seção de referência, inalo tudo. Esse cheiro de velino e couro. Isso sempre traz um sorriso ao meu rosto.

Os livros me ajudam a sair da minha cabeça quando minha família está sendo babaca atrevida, o que acontece quase todos os dias. Felizmente, além de Tinsley, não tive que lidar com eles hoje.

Passo por uma das pilhas e paro, então dou uma cheirada rápida. Que cheiro é esse?

Cheira a algo floral. Algo doce. Tem o cheiro dela.

A nova garota.

Porra da Iris Briggs.

Eu cheguei perto o suficiente dela naquele primeiro dia para pegar um toque de rosas e baunilha no ar. Não era avassalador como algumas garotas que gostavam de se afogar na última Dior ou Lady Gaga, ou Deus as ajude.

Não. Isso é algum tipo de merda de óleo essencial simples. Apenas o suficiente para demorar e provocar. Não o suficiente para dominar. Mas ela não está aqui.

(21)

Na verdade, eu mal a vi desde aquele primeiro dia. É quase como se ela estivesse tomando todas as rotas para me evitar de propósito.

Por que você se importa? Você tem Clara.

Sim, tenho Clara. Pelo menos, isso é o que todos acreditam. Somos o casal de ouro, aquele que as pessoas querem ser. Eu me pergunto como as pessoas realmente se sentiriam se descobrissem o quão fodidos Clara e eu somos.

Bem, eles nunca irão descobrir isso.

Quando me viro para as pilhas de ficção, congelo. Lá, empoleirada em uma das escadas rolantes, está a fonte de rosa e baunilha. A fonte das minhas fodidas noites sem dormir na semana passada. — Que porra você está fazendo aqui?

Sua cabeça se ergue e ela engasga. — Jesus, você me assustou pra caralho.

Por que ela está me olhando assim? Toda fresca com seus olhos azul- celeste e suas sardas em exibição e parecendo tão limpa e fresca e pura pra caralho. Eu quero deixá-la suja.

O que diabos há de errado com você?

— Eu repito. O que diabos você está fazendo aqui?

Ela estreita os olhos. — É um país livre. — diz ela lentamente, como se estivesse tentando controlar seu temperamento. — Estou lendo. O que você está fazendo aqui?

Eu faço uma careta. Talvez ninguém contou a ela como as coisas funcionam aqui. Eu faço as perguntas. A nova garota fornece as respostas. É assim que deve ser.

— Você não sabe que é noite de volta às aulas?

(22)

Os olhos estreitos se transformam em uma carranca completa. Ela ergue uma sobrancelha. — Você deve se lembrar que meu pai é o diretor? Eu não preciso estar lá na noite de volta às aulas.

— Bem, então, seu pai sabe que você está aqui?

Ali, em seus olhos, aquela mudança rápida de seu olhar, e então o livro se fechando. — Olha, essa biblioteca é enorme. Podemos encontrar cantos e evitar um ao outro, certo?

— Oh não, se você olhar, a biblioteca é realmente grande o suficiente para apenas um de nós.

— Bem, eu não vou embora. Então você pode se acostumar com essa ideia ou encontrar outro lugar para se esconder.

— Quem disse que eu estou me escondendo? — Por que ela vê tanto?

— Vamos lá, todo mundo está com os pais, se divertindo, dando um tempo nas aulas, apresentando os amigos, apresentando os professores. Você está vagando pela biblioteca comigo. Você já sabe que estou evitando meus pais. Por que você está evitando os seus?

Eu a estudo. Ela não é bonita. Não no sentido comum da palavra. Mas ela é impressionante, completamente envolvente. De seu cabelo ruivo brilhante para os olhos azuis. As sardas em seu nariz. Seus dentes retos e uniformes até o arco de boca de boneca. Um lábio inferior carnudo o suficiente para me dar vontade de mordê-lo.

— Você sabe que essas tranças fazem você parecer que tem doze anos.

Ela franze o cenho. — Isso é o melhor que você tem? Eu lhe fiz uma pergunta.

(23)

Dou de ombros. — Você está no meu esconderijo. Não gosto de todo o festival de amor dos pais. — Além disso... nem minha mãe.

— Eu não vi seu nome aqui. É uma biblioteca. Todos são bem-vindos para vir e ler livros.

O que há nela que me irrita tanto? Não gosto que ela esteja no meu espaço. Não gosto que ela tome meu santuário. Não gosto que ela fique aqui tão casualmente, destruindo a única paz e sossego que eu sabia que encontraria hoje.

Eu não gosto dela, ponto final. — Você tem dez minutos para encontrar seu livro e sair.

Ela pula da escada, colocando um dos livros no chão em sua pequena pilha de outros livros. — Oh, acho que vou ficar.

— Acho que você não me ouviu.

Ela ergue o queixo. — Oh, eu ouvi você. Eu simplesmente não me importo. Eu olho e olho, mas não consigo dar a miníma sobre a sua opinião.

Eu não sei o que me possui, mas eu a encurralo, fazendo-a recuar contra os livros. — Você é uma coisinha tagarela, não é? — Estendo um dedo e brinco com uma mecha perdida de cabelo. — O que estou curioso é o que faria a filha do diretor se esconder.

— Eu não acho que você entenderia se eu contasse. Além disso, você não ganha algo de graça. Eu te digo, você me diz.

— Não é assim que funciona.

— Oh meu Deus, você é tão cheio de si.

— Diga-me algo que eu não sei. — De alguma forma, lutar com essa garota faz minha pele formigar. Eu posso sentir isso reverberando dos

(24)

meus dedos do pé ao topo da minha cabeça. Ela é irritante. Um completo desastre. Tagarela. Eu não gosto nada disso.

Meu pau está ansioso como sempre para discordar de mim. Ele e eu atualmente não estamos nos falando, pois toda vez que eu penso em Iris, ele fica duro. Como um idiota. — Eu não acho que gosto muito de você.

Ela ergue o queixo e sorri para mim, completamente sem medo. Seu olhar trava no meu, muito direto, vendo mais do que eu quero que ela veja. Eu planto ambas as mãos em cada lado de sua cabeça. — Diga-me por que você está se escondendo aqui.

— Como eu disse, você primeiro.

Sua língua aparece para lamber seu lábio inferior e eu reprimo um gemido.

Que porra é essa?

Eu quero ir e deslizar até a chama que faísca ao redor dela, como uma mariposa sem noção, batendo as asas para a minha morte. E quando ela lambe os lábios de novo, esqueço completamente por que não deveria fazer isso ou como seria estúpido se o fizesse.

Não. Em vez disso, apenas me inclino e a beijo.

Ela tem gosto de morango. Doce, com um pouco de cheiro forte. Quando ela abre os lábios em um suspiro, aprofundo o beijo. Lambendo sua boca. Desesperado para provar antes de tudo acabar.

Mas ainda assim, uma parte de mim espera. Espera que ela me afaste. Espero que ela me diga para parar. Eu espero por um sinal.

Eu quero o sinal. Eu quero que ela estabeleça a linha que eu não cruzaria. Mas, em vez disso, ela me deixa beijá-la.

(25)

Melhor ainda, ou pior, dependendo de como você olha para isso, ela me beija de volta.

Inclino minha cabeça com um gemido, mergulhando meus joelhos ligeiramente para que possa capturar sua boca melhor. Ela é tão pequena em comparação a mim.

Minha língua acaricia a dela, disparando, brincando e deslizando. Ela ainda me tortura, fazendo um som de miado no fundo da garganta. Ela sabe que isso me faz querer fixar residência aqui e nunca mais sair?

O som é parte choramingo, parte gemido, e todo meu. É o tipo de beijo cheio de promessas. Ainda assim, sinos de alerta tocam no fundo da minha mente porque eu não devo estar beijando essa garota. Eu não tenho tempo para essa merda.

Inferno, eu nem gosto dessa garota.

Uh-huh, continue dizendo isso a si mesmo.

Apesar de ter dito ao meu cérebro para não ceder ao comando, minhas mãos deslizam para seu rosto e, em seguida, em seu cabelo. Luto com as tranças até que elas começam a se desfiar. Com o peso sedoso de seu cabelo inundando meus dedos, eu seguro seu rosto e um gemido quebra. O choque de nossas línguas envia um arrepio com um caçador de lava em minhas veias. Eu quero consumi-la. Eu poderia beijá-la para sempre.

Antes que eu saiba o que estou fazendo, ela geme novamente e arqueia as costas, trazendo os quadris ligeiramente para a frente, procurando...

Eu gosto de poder dizer que esse beijo não foi nada, que eu não me importo, que ela é apenas levemente fodível e eu estou entediado sem

(26)

nada melhor para fazer. Mas esse pequeno movimento me diz que ela me quer... eu, ninguém mais, eu.

Isso significa que eu não posso mais ir embora. Eu não posso mais confiar em meus pensamentos e ações, porque deslizo minhas mãos ainda mais em suas mechas, apertando, e tiro os elásticos de suas tranças, beijando-a por tudo que vale, fazendo o beijo contar para tudo com uma garota. Eu não gosto.

Ela é apenas alguém de quem eu preciso neste momento. Basta chamá-la de caçadora de sonhos ruins, porque com meus lábios nos dela, eu não penso sobre a solidão. Não levo em conta o quanto me sinto isolado a maior parte do dia. Não me ocorre sentir indesejado, não amado, porque, neste momento, essa garota que eu mal conheço está me deixando beijá-la e ela está me beijando de volta.

Quando ela revira os quadris novamente, um grunhido quebra os gemidos abafados.

Fui eu?

Deve ter sido, porque eu pressiono seu corpo nas pilhas, minhas mãos deslizando até sua cintura, então sua bunda. Eu a pego, apoiando- a contra as prateleiras. Apertando sua bunda e segurando-a do jeito que eu preciso para que seu calor gire contra meu pau.

Porra. Eu.

Eu sinto como se minha cabeça fosse explodir. Como se eu tivesse me amarrado voluntariamente com um fio elétrico e não pudesse parar, porra.

O que eu estou fazendo? Eu tenho que pensar em Clara. Isso seria ruim para nós dois se alguém visse.

Mas Iris não é Clara. E algo sobre isso torna muito mais quente.

(27)

Um estrondo alto no andar de baixo nos separa, apenas o suficiente para que ela arranque seus lábios agora cheios e machucados dos meus, mas ainda compartilhamos a respiração. O susto não é o suficiente para eu deixá-la ir embora. Eu ainda seguro as bochechas firmes de sua bunda em minhas mãos e não posso evitar outro aperto.

Ela não é como as outras garotas de tangas e saias tão curtas que um vento forte me diria quem tem carpete ou piso de madeira. É mais quente de alguma forma que minhas mãos estão em sua bunda e eu sou o único que sei que ela está de calcinha. Meu sangue corre com lava com a ideia de que as práticas de manutenção de sua boceta ainda são um mistério. Eu adoro ser o único que está perto de saber.

Seu olhar se fixa em mim enquanto ela aperta os olhos. Tão perto eu posso ver o quão grossos e escuros seus cílios são. Não de qualquer assistência de viagens mensais à esteticista, mas porque são simplesmente seus cílios.

Iris é a pureza personificada e eu quero ser o idiota que a suja.

Seus lábios se separam como se ela quisesse dizer algo, mas seus olhos estão vidrados, sem foco. Provavelmente um espelho meu.

Aquela linha que eu estou esperando que ela trace, ela a desenha com um leve empurrão no meu peito, e eu a puxo para baixo, mas não antes de balançá-la mais uma vez contra meu pau duro como aço.

Ela precisa saber o que faz comigo. Ela precisa assumir parte dessa responsabilidade. Quando seus pés tocam o chão, eu me afasto da própria tentação do diabo e saio da biblioteca o mais rápido que minhas pernas me permitem.

(28)

3

Uma semana depois, e eu ainda posso sentir os lábios de Keaton Constantine contra os meus.

Seu beijo foi faminto. Zangado. Como se ele estivesse furioso comigo por ser beijável. Talvez até por estar vivo.

E suas mãos - suas mãos estavam em toda parte. Desmontando minhas duas tranças e vasculhando meu cabelo. Mãos grandes e ásperas na minha bunda quando ele me levantou e me esfregou contra ele.

E aquela coisa que eu esfreguei...

Ser filha do diretor significa que eu perdi muitas das experiências normais de internato. Sem brincadeiras depois do expediente, sem festas onde eu poderia ter ficado quente e pesada com um garoto. Nada de sexo atrapalhado em um dormitório.

Mas até eu sabia o que Keaton estava pressionando contra mim na biblioteca. Até eu sabia que seria tão grande e assumidamente masculino quanto o resto dele.

Keaton Constantine ficou duro para mim, a filha do diretor. Ele queria mais do que beijar, e acho que teria dado a ele qualquer coisa que ele quisesse, porque naquele momento, o mundo inteiro havia encolhido para apenas nós, e havia apenas lábios e línguas e aquela centelha enlouquecedora de calor entre minhas pernas. Como se alguém tivesse acendido um brilho baixo na minha barriga.

E então ele partiu.

(29)

Eu o empurrei para recuperar o fôlego, e ele se virou e me deixou lá sem outra palavra.

Que porra foi essa?

— Terra para Iris. — diz uma voz britânica preocupada, interrompendo meus pensamentos.

Viro-me para ver Aurora Lincoln-Ward olhando para mim, uma sobrancelha delicada arqueada sobre um olho cor de ouro enervante.

Ela é a irmã gêmea de Lennox, e eles são parecidos em vários aspectos: um sotaque como um presente de seu pai britânico, pálidas feições sobrenaturais e uma arrogância inata de ter uma mãe que é uma princesa Liechtensteiner menor - o que os torna realeza também.

Como Lennox, ela tem olhos dourados brilhantes. Como uma ave de rapina. Ou uma leoa. Ela tira vantagem dos olhos, pintando o cabelo louro-claro com um tom de preto escuro.

Mas, ao contrário de seu irmão gêmeo, Aurora adora Sloane.

Felizmente para mim, ela também é diferente de Lennox, pois odeia o Hellfire Club e todos os garotos nele. Então, quando soube que eu acidentalmente os irritei no meu primeiro dia, Aurora me jurou sua amizade e proteção, assim como Sloane e Serafina fizeram.

É uma sensação boa. Nunca tive amigos íntimos antes, pelo menos não da escola, e preciso deles agora mais do que nunca.

Limpo a garganta e me mexo na cadeira, sentindo-me um pouco contorcida com a memória do beijo de Keaton. — Sim?

— Eu estava perguntando do que se tratava. — diz Aurora, puxando uma carta que sai do meu caderno. Ela mantém a voz baixa porque nosso seminário de fotografia tecnicamente começou, mas a professora ainda

(30)

está na frente mexendo em seu laptop e tentando colocar a apresentação de hoje na tela. — Por que está escrito em francês?

Meu rosto esquenta - metade excitação, metade nervosismo. — Eu me inscrevi na Sorbonne para a faculdade e, embora ainda esteja esperando uma carta formal de aceitação, eles me convidaram a me inscrever em um programa de pré-graduação. Começa em novembro e vai até julho, e eu começaria a trabalhar com professores e fotógrafos profissionais em Paris... Significa obter uma vantagem sobre os outros alunos. Talvez até na minha carreira.

— Parece incrível. — comenta Aurora. — Exceto que você estará aqui em Pembroke o tempo todo.

— Eu poderia me formar agora mesmo se quisesse. — eu digo, um pouco melancólica. — Eu tenho os créditos. Mas...

— Mas?

Suspiro. — Meu pai não quer que eu vá para Paris nem estude fotografia. Ele quer que eu vá para Harvard ou algum lugar assim. Faça a lei.

Aurora franze o nariz. — Bom Deus. Por quê?

Eu dou uma risada cínica. — Porque seria excelente para a carreira dele. Se ele dirige uma escola bem o suficiente para que um de seus filhos seja uma advogada formada em Ivy a caminho da Suprema Corte? Se ele puder mostrar que suas duas filhas disciplinadas e fundamentadas estão trabalhando duro em cursos de especialização muito sérios e importantes? Então, que conselho escolar não consideraria contratá-lo?

— A Sorbonne dificilmente é uma faculdade comunitária não credenciada. — observa Aurora. — É a universidade mais antiga da Europa.

(31)

— Oh eu sei. Mas se estou em Paris, ele não pode controlar minha vida como faz com a da minha irmã, e odeia isso. E a fotografia é uma piada para ele.

— Mas...

Não descubro o que Aurora está prestes a dizer, porque naquele momento, a porta da sala de aula se abre e Keaton Constantine insolentemente entra com sua bolsa de couro pendurada no peito e seu típico sorriso arrogante em seus lábios.

Ele não me vê a princípio, o que significa que eu tenho tempo de observar como uma espessa mecha de cabelo saiu de seu estilo clássico americano para cair em sua testa. Tenho tempo de ver como seu blazer escolar sob medida exibe seu peito firme e ombros largos.

Eu tenho tempo de lembrar o que aquelas mãos grandes - que estão entregando um bilhete à Sra. Sanderson – me fizeram sentir enquanto se moviam pelo meu cabelo e se enrolavam em meus quadris.

Meu corpo inteiro parece estar em chamas.

Ele dá uma olhada entediada na sala de aula enquanto a Sra.

Sanderson lê o bilhete. Quando seus olhos pousam em mim, todo o seu corpo ficou rígido.

Seus olhos azuis estão turbulentos - indignados - quando ele os estreita para mim, como se eu de alguma forma soubesse que ele estaria nesta sala de aula hoje e tivesse manipulado toda a minha programação para estar aqui apenas para irritá-lo.

— Que idiota. — Aurora murmura baixinho, pegando seu olhar para mim.

Eu concordo e não estou aceitando. Hoje não. Não depois que ele me deixou na biblioteca como um lixo esquecível.

(32)

Eu olho de volta para ele.

— Bem, bem-vindo à aula, Sr. Constantine. — diz Sanderson. — Felizmente para você, a semana passada foi apenas uma orientação, então você não perdeu muito. Sente-se em qualquer lugar e, e eu quero pedir a todos vocês que desliguem seus telefones agora, sim, obrigada, eu tenho esta apresentação pronta agora e podemos começar.

A Sra. Sanderson começa a falar sobre interpretações representacionais versus abstração enquanto Keaton caminha para o fundo da sala de aula, lançando-me um último olhar furioso ao passar pela minha mesa.

Eu estou prestes a dar um suspiro de alívio quando ele se deixa cair na mesa vazia logo atrás da minha e apoia os sapatos nas pernas da minha cadeira.

Eu me viro enquanto a Sra. Sanderson continua dando palestras, mantendo minha voz em um silvo baixo. — Sabe, há outras mesas vazias se você se opõe tanto a ficar perto de mim.

— Estou bem aqui. — ele diz suavemente. Desafiadoramente. Seus olhos brilham enquanto ele fala.

Eu me viro, lívida. E um pouco magoada.

Nós não nos vimos por uma semana depois daquele beijo, e é assim que ele age quando me vê de novo?

Bem.

Eu acho que eu sei onde as coisas estavam naquela época.

— O projeto do semestre com parceiro envolverá uma interpretação de paisagens. — diz Sanderson na frente da sala.

(33)

Eu ouço um murmúrio fraco e coletivo de descontentamento ondular ao meu redor, e a Sra. Sanderson ergue as mãos. — Eu sei, eu sei, paisagens são enfadonhas, mas me ouça. A palavra interpretação é fundamental, porque pedirei a você que saia da sua zona de conforto e adicione um elemento de ilustração às suas imagens. Você não terá apenas que capturar doze imagens impressionantes de sua paisagem, mas também terá que usar a arte e o design para transformar essas imagens em algo que conte uma história. E você deve fazer tudo isso colaborativamente, a fotografia e o design devem ser um esforço conjunto. Espero que ambos os parceiros influenciem o projeto com suas perspectivas individuais.

Olho para Aurora, que já está olhando para mim. Ela inclina a cabeça e me dá um sorriso - o sinal universal para vamos fazer isso.

Eu apenas sorrio de volta para ela quando a Sra. Sanderson arruína o momento.

— Vamos formar pares em ordem alfabética. — diz ela. — O que significa... oh, isso mesmo, o Sr. Constantine se juntou a nós. Ok, um minuto... — Ela se curva sobre uma pilha de pastas na mesa do professor na frente da sala, escrevendo em post-it e batendo em notas em seu tablet, então se endireita depois de dois ou três minutos. — Tudo acertado!

Ela começa a andar para cima e para baixo nas fileiras de mesas enquanto entrega uma pasta para cada um de nós. — Você verá o nome do seu parceiro na frente da sua pasta. Agora, a tarefa dá a você três semanas para preparar seu prospecto, mas sugiro que comece a trabalhar nele agora...

A voz da Sra. Sanderson some enquanto eu olho para a pasta na minha mesa. Lá, escrito na caligrafia pontiaguda e apressada da Sra.

Sanderson, está o último nome que eu sempre quis ver.

(34)

Keaton Constantine.

Briggs. Constantine.

Em ordem alfabética.

Ugh.

Meu estômago cai direto para o chão - e meu coração se junta com ele. Eu não posso ser sua parceira, simplesmente não posso. Ter que vê- lo, conversar com ele, trabalhar com ele... Nas proximidades?

Ter que compartilhar minha fotografia com ele, que é a única coisa que guardo para mim, a única coisa que me faz feliz e a única coisa que meu pai não consegue controlar...

Não. Eu não posso fazer isso. Não quando Keaton é tão cruel, tão zangado. Não quando ele pode me beijar como fez e depois simplesmente ir embora como se isso não significasse nada.

Não me viro para ver qual é a reação de Keaton a isso, mas não preciso. Ele se inclina para frente e diz em voz baixa que eu mal posso ouvir: — Acho que foi bom eu ter entrado para a classe quando entrei. Parceira. — Ele parece totalmente furioso.

— Você pode passar esse tempo conhecendo seu colaborador e discutindo planos para seu projeto. — anuncia Sanderson, chegando à frente da sala e sentando-se em sua mesa, provavelmente para passar os próximos vinte minutos atualizando secretamente seu currículo.

Eu me viro imediatamente e dou a Keaton meu olhar mais feroz. — Esta pode ser uma aula divertida para você, Sr. Capitão do Rugby, mas isso é importante para mim. Você pode mandar na escola, mas não manda em mim, principalmente quando se trata deste projeto. Entendeu?

(35)

Ele pisca uma vez, como se eu o tivesse surpreendido, e então um sorriso lento e arrogante desliza pelo seu rosto.

E Deus me ajude, quando ele sorri desse jeito, eu posso pegar fogo.

Porque quando Keaton faz uma careta, ele é sexy como o inferno, mas quando ele sorri?

É como se um anjo caído viesse reclamar meu coração.

— Você está com medo de mim. — diz ele com segurança. — Isso é o que é.

— Eu não estou com medo, isso é ridículo. — Quem diabos ele pensa que é?

Ele acena com a cabeça, acariciando sua mandíbula em falsa reflexão. — Você tem medo de que, se trabalharmos juntos, você não conseguira deixar de me beijar novamente.

— Novamente? — Eu gaguejo. — Você me beijou! Lembrar? — O arrogante... insuportável... egoísta... idiota tem outro pensamento vindo. Eu não vou beijá-lo novamente.

Aurora olha para ele, seu olhar assassino. Percebi que estava falando um pouco alto, então abaixo minha voz depois de dar a ela um sorriso rápido e claro. — Lembra? Eu estava cuidando da minha vida, então você se inclinou e me beijou. Não tive nada a ver com isso.

Ele se inclina sobre a mesa, seu sorriso se transformando em algo mais sombrio. Mais intenso. — Nada a ver com isso? Então não foi você lambendo os lábios enquanto olhava para a minha boca? Não foi você ronronando no meu beijo enquanto eu a ajudava a se esfregar contra o meu pau?

(36)

Coro tanto que sei que minhas bochechas provavelmente combinam com meu cabelo. Eu posso sentir as gotas de suor se formando na minha pele quando minha temperatura atinge níveis máximos de vergonha.

— Foi o que pensei. — diz ele, recostando-se. Sua voz tem uma nota de satisfação, mas há um brilho predatório em seus olhos que está tudo menos satisfeito.

— Bem, isso não vai acontecer de novo. — eu digo bruscamente. De jeito nenhum eu seria tão vulnerável - tão necessitada - de novo, e então vê-lo ir embora. Mais uma vez.

— Tudo bem por mim, Senhorita Perfeita. — Keaton retruca. A carranca está de volta com força total novamente, como se tudo o que eu disse o tivesse desagradado. O que não pode ser verdade - eu não tenho esse tipo de poder sobre ele. E ele tem uma namorada de qualquer maneira. E ele me odeia.

— Então, agora que isso está fora do caminho, devemos começar?

— Minha voz ainda está afiada e mantenho meu rosto abaixado para que ele não possa ver meus olhos. Então ele não pode ver toda a esperança e dor estúpida ali.

— Tudo bem então. — ele fala lentamente. Ele dá um clique desdenhoso com a caneta e abre a pasta. — Vamos começar, porra.

(37)

4

— Você quer beber alguma coisa? Phineas está com um de seus humores, e não consigo lidar com isso sem um Martini feito corretamente.

Eu balanço minha cabeça para Owen. — Não posso. — Eu levanto meu telefone e o balanço. — Penitência mensal.

Owen estremece.

Ele provavelmente é meu amigo mais próximo no Hellfire Club - que, devo acrescentar, é um nome idiota para nós, mas eu não comecei, então quem sou eu para julgar? De qualquer forma, como meu melhor amigo, Owen é o único que sabe o quão complicados os Constantines realmente são. E como qualquer bom amigo, ele mantém a boca fechada e não diz muito. Mas tenho a sensação de que hoje, mais tarde, encontrarei uma garrafa de Don Q Reserva2 no meu quarto.

Nenhuma nota ou explicação, apenas um amigo dizendo para o outro: Deus, a vida é uma merda. Aqui está a garrafa de rum absurdamente cara para espantar essa merda.

Eu sou um veterano, então ganho o direito a um dos cobiçados quartos individuais de canto com seu próprio chuveiro. Os quartos são passados dos mais velhos para aqueles que merecem. Meus amigos e eu imploramos, pegamos emprestado, roubamos e forjamos esses quartos. Mas valeu a pena não ter ninguém por perto para o show de merda que está para acontecer.

2 É uma marca de Rum Porto-Riquenho

(38)

Depois do banho, pego meu isotônico na geladeira, me jogo na cama e me preparo para o inferno.

Do lado de fora da janela, algo chama minha atenção, afundando meu humor já severo e fazendo meus lábios se curvarem. Lá estava ela... porra da Iris. A razão pela qual eu comecei a sessões de dois treinos por dia.

Não importa o quanto eu beba ou malhe; eu ainda posso sentir o gosto dela. Eu praticamente posso senti-la sob minha pele. E você quer mais.

Essa situação não é inteiramente minha culpa. Ela estava lá no meu espaço com sua boca inteligente e suas malditas sardas e eu simplesmente... perdi. Com irritação, olho para baixo e percebo que estou duro. Merda.

O que diabos é essa garota?

É melhor você descobrir, porque você vai ficar preso com ela por meses.

Puta que pariu.

Amanhã, eu verei se a Sra. Sanderson me coloca com outra pessoa. Enquanto minha mãe parece pensar que a única coisa para a qual eu sirvo é encher um terno em um dos escritórios de Winston, eu sou muito bom em multimídia e design. Se eu quiser, posso ir para a faculdade e estudar. O design não é nada que a deixe orgulhosa, o que significa que eu ainda não decidi o que farei depois de me formar. Sou idiota - porque eu ainda quero deixá-la orgulhosa - mas a ideia de trabalhar para Winston... trabalhar para a família...

Ugh.

(39)

De qualquer forma, não importa o que eu acabe escolhendo, eu não terei minhas oportunidades manchadas por uma garota sem nome.

Eu arrasto meus olhos para longe dela porque tudo que ela é, é uma porra de distração. E ela nem é tão gostosa.

Então por que estou duro?

Meu pau estremece como se fosse discutir o fato. Mas o que diabos ele sabe? Eu deliberadamente baixo minhas cortinas para não ficar tentado a olhar para o gramado para ela, Serafina e Sloane curtindo o dia ensolarado.

Em vez disso, volto minha atenção para o meu telefone, aperto a discagem rápida e espero. Às vezes, eu preciso ligar duas vezes porque minha mãe esquece. Este não é um daqueles dias, felizmente. Mas minha mãe ainda parece confusa. — Keaton?

— Sim, mãe, sabe, seu filho? Infelizmente, temos um encontro marcado, no mesmo horário, todo segundo sábado do mês.

Ela me dá um suspiro exasperado. — Claro que sei que temos uma chamada permanente. Só estive ocupada, só isso. — Cada palavra é atada com algo muito educado para ser irritação aberta, mas muito cortado para ser verdadeira polidez. — Bem, você está bem?

— Sim, mãe. Bem.

— Keaton, não há razão para essa atitude.

Suspiro. Eu deveria estar acostumado com isso. A maneira como ela fala comigo como se eu fosse um gráfico de estatísticas. — As aulas estão indo bem. Tudo certo. Topo da classe. Sem problemas. O Rugby está bem. Temos uma partida de pré-temporada contra a Croft Wells Academy em algumas semanas, e eu espero que você possa comparecer.

(40)

Ela suspira. — Eu adoraria, mas eu tenho muito o que fazer com a gala. Você sabe como é.

Eu engulo a mordida de irritação. Eu sei como é e odeio. A Fundação Constantine é um dos projetos favoritos de minha mãe, e todos os anos eles organizam uma grande festa de gala para arrecadar dinheiro para qualquer instituição de caridade do dia. Demora meses para planejar, e então todo aquele trabalho duro é desperdiçado em quatro horas de bebedeira em um museu de arte boutique.

— Bem, se isso é tudo, vou desligar o telefone então.

— Eu não entendo porque você tem que ser assim. Tem muito trabalho aqui. Um dia você estará em casa, trabalhando para a família como Winston, e então verá.

Eu esperei por isso. O peso da decepção. A culpa de não ser como Winston - motivado, ambicioso e controlado.

Eu não sinto isso hoje. Depois de todos esses anos, eu finalmente me tornei insensível a isso.

Quando eu era mais jovem e papai estava vivo, mamãe passava mais tempo comigo - pelo menos, é como eu me lembro. Mas, à medida que fui crescendo, ela se distanciou. Não cruelmente, não friamente, nada disso. Mas assim como eu sou um uísque que ainda não terminou de destilar, um bolo que não terminou de assar. Que é sua prerrogativa, eu acho. Afinal, o que diabos eu me importo? Eu estarei livre em um ano. Eu poderei ir a qualquer lugar e fazer o que quiser, e ninguém dará a mínima.

Eu sou um Constantine e o mundo será meu, quer eu faça o que minha família quer ou não.

Por alguma razão inexplicável, meu olhar dispara para minhas cortinas fechadas e eu as abro porque tenho que saber o que Iris está fazendo. Glutão por punição. Tem que ser a ligação com minha mãe. Eu

(41)

posso muito bem me distrair. E a Pequena Senhorita Perfeita terá que servir por enquanto.

Minha mãe ainda está falando sobre como ela está ocupada e como eu tenho que entender, quando ela chama meu nome. — Keaton?

— Mamãe.

— Eu realmente gostaria de poder ir ao seu jogo, você sabe. — Eu posso ouvi-la tentando pensar na próxima coisa conciliatória a dizer. — Houve mais interesse dos batedores?

— O treinador diz que sim. Mas não saberei mais até que os jogos da pré-temporada se aproximem.

— Você ainda está pensando... jogar profissionalmente?

Foi uma briga quando eu falei pela primeira vez a possibilidade em um jantar de família memorável alguns anos atrás. Ela queria que eu trabalhasse para Winston, ponto final. Bem casado, ponto final.

A seus olhos, nada disso aconteceria se eu viajasse o mundo praticando um esporte com pessoas comuns.

Mas, apesar do que todos presumem sobre um garoto Constantine, eu não quero passar meus dias fazendo merda nenhuma em um terno, apertando mãos e movimentando dinheiro. Eu preciso de um propósito. Algo para fazer. Uma razão de existir. E se eu não fizer design, me profissionalizar no Rugby não será a pior coisa, certo? Vinculando- me a algum tipo de família, por mais artificial que seja?

Mas eu realmente quero jogar Rugby pelo resto da minha vida...?

— Eu não tomei nenhuma decisão ainda. — eu digo a ela honestamente.

(42)

— Bom. — Ela parece aliviada. — E seu primo Cash? Você já falou com ele?

Cash é um estudante magricelo do segundo ano, com cabelos lindos e nenhum senso de autopreservação, o que deduzo de sua atração imediata por Sloane Lauder - que é basicamente uma faca na forma de uma garota humana.

E para o bem ou para o mal, ele também é meu primo.

— Cash está bem. — eu digo a ela. — Igual ao ano passado. Não se metendo em nenhum problema. — Ainda.

— Bom. — mamãe diz. E então faz uma pausa. — Então...

Oh Deus. Aí vem.

— As coisas com Clara estão indo bem?

— Bem.

Talvez menos bem desde que você enfiou a língua na boca de Iris.

Isso foi uma semana atrás. Eu não fiz isso de novo, então talvez eu não seja um pseudo-trapaceiro de merda. — Mas eu estive pensando.

Ela fica quieta por um momento. — O que você quer dizer?

— Clara é uma ótima garota, mas não é como se nós fossemos nos casar ou algo assim. Ela é muito doce. Eu me importo muito com ela. Mas eu realmente não acho que haja motivo para continuar a sair com ela.

— Keaton Constantine, que diabos?

Minhas sobrancelhas saltam. Minha mãe raramente xinga. — Uau, mãe. Eu nem sabia que você conhecia essa palavra.

(43)

— Esse relacionamento é importante. — explica ela, parecendo que está lutando para ter paciência. — É o seu futuro.

— Mãe, eu tenho dezoito. Você realmente não pode esperar que eu namore a mesma garota pelo resto da minha vida.

— Eu posso, e eu quero. Vocês foram criados juntos. Preparados para ficarem juntos. Não é como se você precisasse conhecê-la. Você sabe exatamente de que tipo de família ela vem. Você deve saber que a expectativa é que vocês dois se casem.

Eu rio disso. — Novamente, nós temos dezoito. Não vamos casar com ninguém tão cedo. E embora eu me preocupe com ela, eu não a amo.

Eu posso imaginar seu rosto contraído. — Você está sendo muito ingênuo. — diz minha mãe com uma voz frágil. — Constantines se casam bem. Isso é o que fazemos. E é seu papel na família nos conectar com os Blairs.

— E se eu não quiser?

Mamãe não diz nada por um segundo. — Keaton, não me faça obrigar você.

— Com dinheiro? — Afinal, essa é a mudança decisiva dos meus pais.

Ela não responde, mas não precisa. Eu tenho um fundo fiduciário e uma mesada que equilibra os orçamentos da maioria dos estados do Meio-Oeste - mas com os dois poderia ser fodido. Por ela. A primeira onda de dinheiro do fundo fiduciário será liberada assim que eu me formar - e será o suficiente para me ajudar na faculdade até que eu possa conseguir meu próprio emprego... se eu não escolher uma carreira no Rugby, claro. Se eu escolher o Rugby, preciso de tudo da família.

(44)

Mas, novamente, eu não posso começar a jogar profissional antes da formatura, pelo menos.

— Você está me dizendo que se eu não continuar namorando Clara, você vai me matar de fome financeiramente?

— Não seja rude. — diz ela. Ela não gosta de falar abertamente sobre dinheiro. — Estou apenas lembrando você que os benefícios desta família estão ligados ao serviço da família.

— Você acha importante que Clara não me ame? Não importa como eu me sinto?

— Não se trata de amor, querido, trata-se de uma fusão das famílias. Algo melhor e mais forte. Você vai ver.

Eu cerro meus dentes. Meu olhar vai para fora da minha janela novamente.

Para Iris.

Minha pele está muito quente e espinhosa quando me lembro do deslizar de sua língua sobre a minha, aquele som que ela fez no fundo de sua garganta, a forma como sua bunda se encaixou em minhas mãos quando a ergui contra mim.

E fantástico. Eu tenho que parar. Foda-se. Por que essa garota? Eu não tenho tempo para essa merda.

— Keaton? Você está me ouvindo?

Eu arrasto minha atenção de volta para minha conversa. — Desculpe, eu estava prestando atenção em um projeto no qual preciso me concentrar. O que você disse?

(45)

— Eu te disse, nutra esse relacionamento. Por favor, não me desaponte. Os Blairs são um dos meus amigos mais próximos e podem ser nossos aliados mais fortes.

— Qualquer coisa que você diga. Terminamos aqui? Posso desligar?

— Keaton. — mamãe diz, e então faz uma pausa. Quando ela fala novamente, sua voz é mais gentil. — Estou tentando criar você como seu pai teria desejado. Estou tentando conduzir esta família do jeito que seu pai gostaria. Isso é tudo.

Meu coração gagueja com a menção de papai, no buraco gigante em forma de Lane Constantine em todas as nossas vidas.

— Ok. — eu digo finalmente.

— OK. Eu te amo, querido.

— Sim, também te amo. — eu engasgo e desligo o telefone. Eu engulo a dor enquanto meus olhos permanecem fixos na bunda da Pequena Senhorita Perfeita.

Eu não me concentrei em minha raiva. Foi ela. Ela estava perto. Por que eu estaria pensando em terminar com Clara? Esse beijo não teria acontecido. Eu poderia ter apenas patinado no último ano sem ondas, minha mãe nem sabe sobre mim e Clara. Então, eu caio fora daqui e posso fazer o que quiser.

Mas Iris é a razão para isso. Ela é a razão pela qual eu estou pensando em como seria a vida se fôssemos diferentes, e isso tem que parar. O que significa que eu não chegarei perto dela novamente. Simplesmente não irá acontecer.

Ok, se é isso que você quer dizer a si mesmo.

(46)
(47)

5

— Você. — diz uma voz baixa perto do meu ouvido. — tem me evitado.

Calafrios correm pela minha espinha quando viro minha cabeça para ver Keaton parado atrás de mim. A biblioteca está silenciosa e tumultuada a esta hora do dia, mas eu não o ouvi se aproximar da minha mesa. Para ser justa, eu realmente não estava ouvindo - pensei que estava segura bem no fundo, cercada pelas altas prateleiras de madeira e fora da vista da entrada.

Eu pensei errado.

Keaton joga seu grande corpo na cadeira ao meu lado, e eu estou prestes a dizer a ele para ir embora quando ele agarra minha cadeira e a arrasta sem esforço para que fiquemos cara a cara. Ele planta seus sapatos sociais do lado de fora da minha Mary Janes e suas coxas musculosas espalham em cada lado das minhas pernas. Eu estou presa por seu corpo grande e burro.

Ignoro o arrepio traidor que me induz.

— Keaton, o que...

— Escute aqui, Ruiva. — diz ele, inclinando-se e apoiando as mãos nas laterais do meu assento. Eu posso sentir o calor de suas mãos nas minhas coxas através da saia do meu uniforme. — Preciso que o projeto corra bem e não posso me dar ao luxo de bagunçar tudo, certo? Então, se você não quiser me ver, tudo bem. Você acabou de deixar o projeto comigo.

(48)

— Não. De nenhuma maneira. — A raiva fervilha em minhas veias quando me inclino direto para ele. Até que eu posso sentir sua respiração em meus lábios. — Eu vivo pela fotografia. E não vou deixar nenhum atleta de Rugby ferrar com a única coisa que amo.

Suas sobrancelhas se erguem. Aquela mecha perdida de cabelo que ele nunca consegue domesticar roça sua testa enquanto o faz. — Oh, então é tudo sobre você agora? Transar com você é tudo que eu poderia me importar?

— Que outra razão você poderia ter para se preocupar com arte? — Eu zombo. — E o design? Me dá um tempo.

Uma expressão que eu não consigo decifrar aparece em seu rosto, e ele quebra nosso olhar, inclinando-se para trás e olhando para uma estante de livros enquanto um músculo em sua mandíbula salta. Quando ele encontra meus olhos novamente, seu olhar é frio. Muito frio.

— Se você se importa tanto, então podemos fazer isso juntos. — diz ele friamente. — Mas estou dando as ordens.

— De jeito nenhum.

— Começando agora. — diz ele, como se não tivesse me ouvido. — Chega de me evitar. Nós nos encontraremos todas as sextas-feiras à noite para trabalhar nisso e nos encontraremos também aos sábados, se necessário. Você pode ser a garota de ouro do papai, mas o resto de nós precisa se preocupar com as notas.

Meu queixo cai. A coragem dele - coragem completamente incorreta! Primeiro, Isabelle é a garota de ouro do papai, e esse é um fato do qual eu nunca poderei escapar, porque ele nunca para de me lembrar disso.

Em segundo lugar, meu pai nunca aumentaria minhas notas. Não porque ele se importasse com a ética de tudo - oh não. Mas porque ele

(49)

sabe como as escolas particulares políticas podem chegar, e se o professor errado falar, sua reputação seria destruída.

E em terceiro lugar: — Você precisa se preocupar com GPA, Keaton Constantine, capitão do Rugby? Com o seu negócio familiar? Com a equipe? Por favor. Sua vida inteira é amortecida por seu sobrenome e sua predisposição genética para os músculos das pernas. Você é um estereótipo de atleta rico que anda e fala.

— E você. — ele ferve. — Minha boa menina tensa, é uma dor na minha bunda. Mas aqui estamos.

Por um longo momento, nós apenas olhamos um para o outro, nenhum de nós querendo se render.

Mas então os olhos de Keaton descem para a minha trança, que deslizou por cima do meu ombro para cair sobre o meu peito.

Suas pupilas dilatam um mínimo, e então seus olhos se estreitam.

— Porque você faz isso?

— Faço o que? — Eu pergunto, genuinamente confusa com sua mudança de humor.

— Esconde seu cabelo nessa trança.

Eu estou ainda mais confusa agora. — Eu dificilmente estou escondendo. Gosto que saia da minha cara enquanto estou trabalhando.

— Faz com que pareça um segredo. Como se eu fosse o único que...

Com um puxão abrupto, ele sai da cadeira e agarra sua bolsa de couro.

Eu estou totalmente perdida. — Keaton?

(50)

Ele não olha para mim enquanto coloca sua bolsa no ombro. — Sexta-feira. Quatro horas no laboratório de fotografia. Esteja lá, Iris.

E então ele se afasta tão rápido quanto depois do nosso beijo.

Já se passaram algumas semanas do semestre, e Pembroke parece determinada a punir todos os seus alunos simplesmente por existir. Eu tenho três artigos para escrever, meia peça de Molière para traduzir, mais problemas de cálculo do que eu poderia fazer e pelo menos três problemas de física para resolver por noite.

O que não parece muito, admito, até que começo a resolver os problemas de física e percebo que cada problema demora uma hora.

Sem mencionar que eu ainda estou tentando construir um portfólio de fotografia para mim, então estou gastando cada momento livre tirando fotos e depois dentro da câmara escura revelando-as. Eu prefiro a liberdade do digital, mas preciso mostrar em meu portfólio que também posso fazer filmes, então preciso de muitas amostras analógicas para mostrar.

Não pela primeira vez, desejei morar em um dormitório, onde possa estudar, reclamar e fofocar com os amigos enquanto trabalho. Às vezes eu fico no quarto de Serafina e Sloane e às vezes no quarto de Aurora, mas Sloane se recusa a falar quando está estudando, Serafina sempre recebe visitas aleatórias e o segurança de Aurora fica sentado na sala enquanto eu estou lá, desde que eu ainda não fui devidamente examinada pelo governo Liechtensteiner.

Então estou em casa.

Referências

Documentos relacionados

Pode fazer o que quiser, e se for coisas financeiras que ela está segurando em cima de você, como uma escola e um lugar para viver, não precisa se preocupar com

Quando Gabe seguiu a sua equipe para fora, ele olhou para Emerson.. Ela observou-o, o queixo erguido, os

Ezra plantou o cotovelo nos ombros de Daire para manter a cabeça baixa e fora do caminho, para que ele pudesse se inclinar mais perto e pressionar o pulso sangrando

Praticamente sinto a empolgação de Nuni e ela dá um passo para caminhar para frente, mas quando ela olha para minha mão, depois para meu rosto, vejo em seus olhos verdes

"Você está escrevendo e produzindo, ainda fazendo a diferença no mundo da música, apenas não está se apresentando." Ela inclina a cabeça para o lado e corre

Uma comoção chamou a atenção de Sledge, e quando ele olhou para cima, Beth estava entrando na sala atrás de seus pais.. Sua respiração ficou presa na

"Estou roubando este momento, enquanto cara de bunda está fora da sala." Os olhos de Bruce vão para onde estou olhando e me gira, fazendo-me rir.. Bruce e Cox têm

O balcão dela não era grande o suficiente para isso, agarrei a minha camiseta que ela estava usando depois da última vez que a deixei nua e a puxei sobre sua cabeça.. Tive que