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A FORMAÇÃO DO PROFESSOR E A COMPREENSÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO UNIVERSO EDUCACIONAL

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Academic year: 2021

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ROSA, Bruna1 OLMO, Nívia2 PINHEIRO, Cláudia Aparecida Vieira3

INTRODUÇÃO

O contexto Educacional, assim como em toda sociedade, é permeado de maneira significativa por diferenças e diversidades e cada vez mais se sustenta nas pautas educacionais a necessidade em discutir, as relações de diferenças sociais, étnicas, religiosas, culturais, entre outras, neste espaço, e modo a tornar a educação um espaço/tempo de reflexões, de valorização e de respeito e sobretudo de transformações e formação humana.

Conforme a Resolução CNE/CP-2/2015, que delibera as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, curso de formação pedagógica par graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada, situa em seu Artigo 5º dentre os princípios

II - a formação dos profissionais do magistério (formadores e estudantes) como compromisso com projeto social, político e ético que contribua para a consolidação de uma nação soberana, democrática, justa, inclusiva e que promova a emancipação dos indivíduos e grupos sociais, atenta ao reconhecimento e à valorização da diversidade e, portanto, contrária a toda forma de discriminação (BRASIL,2015)

Esse documento aborda que a formação do professor deve objetivar uma pedagogia antirracista que valorize a diversidade, e que seja comprometida politicamente com uma educação democrática e plural. Cujo foco não está em sugerir uma disciplina específica para discutir as diferenças étnico-raciais, mas sim, trazer abordagens de temas e pautas valorizando a diversidade e opondo-se ao preconceito e a discriminação.

É preciso cuidar da formação de professores,entendendo esta etapa como um processo de formação profissional, acadêmica, mas, sobretudo como mais uma

1 Graduanda do curso de Pedagogia do Centro Universitário São Camilo-ES. email: bruspolador@gmail.com

2 Graduanda do curso de Pedagogia do Centro Universitário São Camilo-ES. email: olmonivia@gmail.com

3 Professora orientadora. Mestre em Políticas Sociais na área de Educação Política e Cidadania pela Universidade Estatual Norte Fluminense-UENF. Professora do Centro Universitário São Camilo de Lellis.

claudiapinheiropgm@gmail.com

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oportunidade de aprimoramento da formação humana, de modo a desenvolvê-la com a riqueza que os referenciais teóricos nos possibilitam, para que as ações pedagógicas avancem no sentido de desestruturar as práticas racistas e discriminatórias.

Alguns trabalhos exemplificam a emergência recente da questão nos tempos atuais, no entanto sua gênese está no período colonial e escravista, constituindo-se, um problema secular com discussão ainda principiante, e estes sinalizam um distanciamento entre o que determina a lei e a realidade atual nas escolas, visto que as práticas dos professores são desprovidas de conhecimento acerca da temática (GOMES & JESUS, 2013; MULLER, 2018; COELHO, 2018). Neste contexto, como parte da formação acadêmica a oportunidade em dialogar Educação nas relações Étnico Raciais como parte da formação, colabora de forma significativa no aprimoramento do egresso contribuindo para que este atue na superação de desigualdades e exclusões

O processo educacional e as relações com as quais se estabelecem os eixos das discussões, as pautas teóricas e empíricas que sustentam e possibilitam a ampliação do conhecimento, nos permitem dentro do campo da cinematografia discutir, fazer reflexões e compreender aspectos da vida social, correlacionando-os com vivências de diferentes sujeitos. Visto isso, o presente trabalho tem por objetivo fazer uma associação do tema “A formação do professor e a compreensão das Relações Étnico-Raciais no universo educacional” com as obras cinematográficas filme “A Preciosa” e os documentarios “Olhos Azuis e “Vista minha pele”.

METODOLOGIA

O referente trabalho tem por base uma analogia cinematográfica que foi desenvolvido como parte do conteúdo ministrado na disciplina Educação Étnico Racial, 5° periodo/2021 do curso de pedagogia.

DESENVOLVIMENTO

O Filme “Preciosa”, foi lançado pela Lionsgate e PlayArte, tendo por tema a

superação. É uma produção baseada do livro “Push”, da poetisa Ramona Lofton,

publicado em 1996. A história acontece, no Harlem, bairro pobre de Nova Iorque em

1987, mostrando a história de uma garota chamada Claireece Precius Jones,

adolescente com 16 anos, que cresceu em um ambiente de hostilidade e

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financeiramente instável, sofria com agressões verbais e físicas da mãe e abusos sexuais do pai. Percebe- se durante a trama as situações de preconceito a qual

“Preciosa” passava.

Frente as hostilidades sofridas na família e na escola, “Preciosa” enxerga na educação um caminho de melhorar a sua situação e a de seus filhos, em uma das cenas ela dialoga com o filho (ainda bebê) sobre a importância de se estudar e ser alguém esperto, enquanto passava a noite na casa de sua professora, ela dizia: “É bom que ele escute elas falarem, porque elas são espertas”, também, em seus pensamentos narrados, conta histórias todos os dias para que ele tenha gosto pela leitura e tenha um futuro, mostrando a esperança depositada na educação.

O filme permite a reflexão de inúmeras problemáticas sociais, como as questões de gênero, de classe social, as corporalidades, as práticas pedagógicas, e os significados da educação escolar. No entanto o que nos cabe ressaltar é o papel do professor frente essas problemáticas.

Em análise das problemáticas educacionais, como a relação professor(a) aluno(a), didáticas, metodologias de ensino e a própria linguagem como meio que admite a exclusão na sala de aula. O fato da protagonista ser transferida da escola regular para uma escola alternativa, pode caracterizar a incapacidade formativa dos professores atuantes na escola regular em lidar com as problemáticas apresentadas no contexto de vida de “Preciosa”, e de muitos representantes dela na realidade.

Quando na escola alternativa a protagonista tem acesso a uma educação mais inclusiva, observada principalmente nas metodologias utilizadas pela professora, que traz para sala de aula o cotidiano do aluno. Tal método se identifica com o de Paulo Freire, onde este defende que o professor precisa ser formado para trabalhar a partir da necessidade do aluno. O autor acredita que a educação é uma maneira de intervenção no mundo, que não é neutra, nem indiferente.

Partindo deste pressuposto, podemos citar então o documentário “Olhos Azuis”, que retrata a experiência de uma professora com alunos do ensino fundamental, para trabalhar o racismo e preconceito, fruto dos rótulos inseridos nos negros pela sociedade. O documentário ressalta o trabalho didático de uma professora quando esta se depara com uma situação fruto do preconceito, no cotidiano de seus alunos.

Freire (1996) ressalta que o papel do professor é agir como desafiador, capaz

de promover a educação como prática de liberdade. Suas práticas favorecem o

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desenvolvimento de estudantes com capacidade de romper com as ideologias e rótulos existentes na sociedade e que geram preconceito e discriminações. Assim, segundo Paulo Freire, e responsabilidade do professor usar a realidade do aluno como estratégia pedagógica.

O filme “Vista minha pele” também se desenrola dentro do ambiente escolar, e sugere uma inversão de papeis, para trabalhar o racismo e preconceito, uma vez que este é sofrido por uma menina branca, que busca ter uma relação saudável com os demais alunos que são negros.

Os documentários são interessantes, pois demonstra a possibilidade de tratar as questões raciais no ambiente escolar de forma interativa, ambos evidenciam o importante papel do professor na intervenção de situações de conflito. Nesse contexto os docentes podem contribuir para estabelecer ideias de abordagens.

Assim, as obras cinematográficas seguidos de discussões oportunas favorece o processo de ensino aprendizagem e contribui para formação de professores capazes de criar metodologias didático pedagógicas venham a contribuir com o combate ao racismo e preconceito no ambiente escolar e sociedade. Ações discriminatórias são reproduzidas a todo tempo, na escola incidem de maneira bastante cruel, portanto existe a necessidade de agentes escolares conscientes e encorajados a combater ao racismo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Claramente as obras cinematográficas apresentadas são apresentadas como um meio de problematizar questões presentes na nossa sociedade, o descaso do sistema educacional com estudantes que tem dificuldades de aprendizado, e dos que passam por situações que intervêm nesse aprendizado. E também um olhar para a educação, como fonte de libertação das condições em que vivem.

Desta forma, é de fundamental importância que o currículo dos cursos de Pedagogia considere temas pertinentes à diversidade (étnico-racial, sexual, de gênero, sociocultural e outras), favorecendo para que o profissional opere na superação de exclusões e desigualdades.

A escola não pode continuar reproduzindo práticas racistas e discriminatórias,

existe um compromisso ético por sermos professores e professoras.

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REFERÊNCIAS

BRASIL, Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CES nº 2, de 09 de junho de 2015. Define as Diretrizes e Normas Nacionais para a Oferta de Programas e Cursos de Educação Superior. Brasília: Diário Oficial da União. Disponível em: . Acesso em: 10 jun. 2021.

BRASIL, Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP nº 2/2015, de 09 de junho de 2015, das Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada.. Brasília, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, seção 1, p. 13, 25 de junho, 2015a.

Disponível em http://portal.mec.gov.br/docman/agosto-2017-pdf/70431-res-cne-cp- 002-03072015-pdf/file. Acesso em 10 de jun de 2021.

COELHO, W. N. (2018). Formação de professores e relações étnico-raciais (2003- 2014): Produção em teses, dissertações e artigos. Educar em Revista, 34(69), 97- 122.

GOMES, N. L. Diversidade e Currículo. In: Brasil. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Indagações sobre o Currículo. Brasília, 2007. p. 5 – 45.

Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/indag4.pdf>.

Acesso em: 11 de jun de 2021.

GOMES, N., & JESUS, R. (2013). As práticas pedagógicas de trabalho com relações étnico-raciais na escola na perspectiva de Lei 10.639/2003: Desafios para a política educacional e indagações para a pesquisa. Educar em Revista, (47), 19-33.

FREIRE, P. A educação como Prática da Liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

1967. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 43ed. 2011.

MULLER, T. M. (2018). Livro didático, educação e relações étnico-raciais: O estado da arte. Educar em Revista, 34(69), 77-95.

PRECIOSA. Gênero: Filme. Direção: Lee Daniels. Produção: Sarah Siegel-Magness e Gary Smokewood. Lionsgate, 12 de fevereiro de 2010.110 min. Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=Wlvq10iCJg4>. Acesso em: 09 jun 2021.

OLHOS AZUIS. Gênero: Documentário. Direção: Bertram Verhaag. Produção:

Bertram Verhaag, Claus Strigel, 21 de novembro de 1996 (Alemanha). 90 min.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=In55v3NWHv4 >. Acesso em 09 jun 2021.

VISTA MINHA PELE. Gênero: Documentário. Direção: Joel Zito Araújo & Dandara.

Produção: Casa de Criação Cinema e Propaganda / Liminis Produções Artísticas Data de publicação do vídeo. Duração. Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=LWBodKwuHCM>. Acesso em 09 jun 2021.

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