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Vinculação aos pais e relação amorosa em jovens adultos: conflitos interparentais, conflitos no namoro e sintomatologia psicopatológica

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Academic year: 2021

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Departamento de Educação e Psicologia

2º Ciclo em Psicologia Clínica

Vinculação aos pais e relação amorosa em jovens adultos – conflitos interparentais, conflitos no namoro e sintomatologia psicopatológica

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Carine Martins Félix

Orientação - Professora Doutora Catarina Pinheiro Mota

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iii Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Departamento de Educação e Psicologia

2º Ciclo em Psicologia Clínica

Vinculação aos pais e relação amorosa em jovens adultos – conflitos interparentais, conflitos no namoro e sintomatologia psicopatológica

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica Carine Martins Félix

Vila Real, 2015

Dissertação apresentada para a obtenção do Grau de Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Departamento de Educação e Psicologia, sob a orientação da Professora Doutora Catarina Pinheiro Mota

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Agradecimentos

Este trabalho não é apenas resultado de um esforço e dedicação individual, mas sim de um conjunto de esforços que o tornaram possível e sem os quais teria sido muito difícil chegar ao fim desta etapa, que representa um importante marco na minha vida pessoal e profissional. Desta forma, não posso deixar de expressar os meus profundos, sinceros e imperecíveis agradecimentos a todos aqueles que, fazendo parte da minha vida, estiveram presentes nos momentos de maior angústia, ansiedade, insegurança, exaustão e de satisfação e contribuíram para a concretização deste projeto individual.

Ressalto particularmente a minha enorme gratidão à Professora Doutora Catarina

Pinheiro Mota, por toda a disponibilidade, dedicação e apoio incondicional prestado ao longo

desta etapa. Pela partilha de conhecimentos e saberes, pela persistência, pelo rigor e pelas críticas construtivas que me ajudaram a crescer e se revelaram fundamentais para o meu desempenho.

Aos meus pais, por tudo que sempre me deram e possibilitaram na vida, pelo amor, incentivo e apoio incessante nesta etapa tão crucial para o meu crescimento pessoal. A eles devo a possibilidade de ter realizado este percurso académico. Ao meu irmão Carlos Félix, por me ajudar a crescer e a perceber de forma menos perturbadora as contingências da vida e ao meu irmão Bruno Félix, pelo exemplo de força e coragem com que encarava a vida, pelos sorrisos ternos que figuram na minha memória e pelas palavras de encorajamento que continuam a entoar como antes.

Ao meu namorado e amigo Nuno Miguel, por constituir o meu porto seguro, por me transmitir apoio, segurança, proteção, confiança, carinho e amor. Para além disso, agradeço-lhe por todas as palavras de apreço que sempre soube dar, sobretudo em momentos de maior vulnerabilidade.

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viii À minha querida avó Teresa, pelo exemplo de tranquilidade e serenidade com que encara a vida e pelas palavras de encorajamento e força que sempre procurou transmitir-me.

Às minhas companheiras e amigas Marta Pereira, Tânia Teles e Mônica Pinheiro que tornaram todo este percurso mais simples através das suas presenças. Agradeço-lhes por todo o apoio, carinho e disponibilidade em ajudar e pelos momentos de partilha de angústias comuns. Aos meus amigos de sempre e para sempre, sobretudo à Luísa Carvalho, pela experiência de amizade que se conserva apesar das ausências.

À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro enquanto estabelecimento de ensino e ao corpo docente do Mestrado em Psicologia Clínica que contribuiu com os seus saberes para a minha formação e para a implementação de uma atuação pautada pela competência e rigor.

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Índice

Introdução………... 1

Estudo empírico I: “Vinculação aos pais e relação amorosa: papel mediador da perceção de conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica em jovens adultos”………... 3 Resumo………... 5 Abstract………... 6 Introdução………... 7 Objetivos e hipóteses………... 12 Método……….. 13 Participantes……….. 13 Instrumentos……….. 13 Procedimentos………... 17

Estratégias de análise de dados………. 17

Resultados………... 19 Associações entre a qualidade de vinculação aos pais, vinculação amorosa, conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica………

19 Variância da qualidade de vinculação aos pais, vinculação amorosa, conflitos

interparentais e sintomatologia psicopatológica em função da idade……….

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x Variância da qualidade de vinculação aos pais, vinculação amorosa, conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica em função do sexo………..

25

Análises diferenciais das variáveis de vinculação amorosa em função dos protótipos de vinculação aos pais………...

27 Efeito da qualidade de vinculação aos pais na vinculação amorosa: papel mediador dos conflitos interparentais………...

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Discussão……….. 36

Implicações práticas, limitações e pistas futuras………... 46

Referências Bibliográficas……….. 49

Estudo empírico II: “Relação romântica e conflitos no namoro em jovens adultos: papel dos conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica”………. 57 Resumo………. 59 Abstract………... 60 Introdução………... 61 Objetivos e hipóteses ………... 64 Método………... 65 Participantes………... 65 Instrumentos………... 66 Procedimentos……… 69

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Resultados………... 70

Associações entre conflitos no namoro, vinculação amorosa, conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica………... 70 Variância da vinculação amorosa, conflitos no namoro, conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica em função da idade………... 74 Variância da vinculação amorosa, conflitos no namoro, conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica em função do sexo……… 75 Papel preditor da sintomatologia psicopatológica, conflitos interparentais e vinculação amorosa nos conflitos no namoro………... 78 Discussão………... 83

Implicações práticas, limitações e pistas futuras……… 89

Referências Bibliográficas………... 91

Considerações finais………... 97

Referências Gerais ………... 101

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ÍNDICE DE TABELAS E FIGURAS

Estudo empírico I………... 5

Figura 1. Representação gráfica dos protótipos de vinculação a partir das dimensões do Questionário de Vinculação ao Pai e à Mãe (QVPM) – Versão Pai………..

28 Figura 2. Representação gráfica dos protótipos de vinculação a partir das dimensões do

Questionário de Vinculação ao Pai e à Mãe (QVPM) – Versão Mãe………

28 Figura 3. Modelo representativo do efeito mediador dos conflitos interparentais na

associação entre qualidade do laço emocional ao pai e vinculação amorosa…………..

34 Figura 4. Modelo representativo do efeito mediador dos conflitos interparentais na

associação entre qualidade do laço emocional à mãe e vinculação amorosa…………..

36

Tabela 1. Correlação entre variáveis, média e desvio-padrão (N=505)……….. 22 Tabela 2. Análise diferencial da vinculação aos pais, vinculação amorosa, conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica em função da idade………...

24

Tabela 3. Análise diferencial da vinculação aos pais, vinculação amorosa, conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica em função do sexo………...

27

Tabela 4. Análise diferencial das variáveis de vinculação amorosa face aos protótipos

de vinculação ao pai………. 30

Tabela 5. Análise diferencial das variáveis de vinculação amorosa face aos protótipos

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xiv Tabela 6. Passos do Teste de Sobel para o efeito mediador dos conflitos interparentais na associação entre qualidade do laço emocional ao pai e vinculação amorosa………… 33 Tabela 7. Passos do Teste de Sobel para o efeito mediador dos conflitos interparentais na associação entre qualidade do laço emocional à mãe e vinculação

amorosa………... 35

Estudo empírico II……… 57

Tabela 1. Correlação entre variáveis, média e desvio-padrão (N=505)……….. 73 Tabela 2. Análise diferencial dos conflitos no namoro, conflitos interparentais, vinculação aos pais e sintomatologia psicopatológica em função da idade………...

75 Tabela 3. Análise diferencial dos conflitos no namoro, conflitos interparentais, vinculação aos pais e sintomatologia psicopatológica em função da idade………...

78

Tabela 4. Regressão múltipla hierárquica para as estratégias de resolução não abusivas………...

80

Tabela 5. Regressão múltipla hierárquica para as estratégias de resolução abusivas….. 81 Tabela 6. Regressão múltipla hierárquica para os comportamentos violentos………… 82

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Introdução

Partindo dos pressupostos da teoria da vinculação, preconizada por Bowlby (1969), a vinculação constitui um processo de criação e desenvolvimento de laços de afetividade com as figuras significativas, que garantem a segurança e proteção da criança em situações de risco, atuando como fator promotor para a exploração de si, dos outros e do meio envolvente. Neste sentido, a qualidade das ligações que o indivíduo estabelece precocemente com as figuras primordiais de afeto, tem sido difundida como relevante para o seu desenvolvimento físico e emocional, ao mesmo tempo que potencia o desenvolvimento de bases seguras capazes de facilitar a qualidade das ligações estabelecidas posteriormente com os pares e/ou par amoroso (Ainsworth, 1989; Bowlby, 1969, 1988).

Os padrões de vinculação que se estabelecem na infância com as figuras parentais ou outros cuidadores têm vindo a ser apontadas na literatura como estando na base das relações de grande proximidade que se estabelecem na idade adulta, nomeadamente de cariz mais intimo, podendo mesmo funcionar como modelos de referência ao longo de todo o processo desenvolvimental. Assim, jovens com uma vinculação segura às figuras significativas, pautada pela confiança e apoio, propendem a desenvolver personalidades mais estáveis e confiantes face ao estabelecimento e qualidade de relações românticas. Contrariamente, jovens com padrões de vinculação pautados pela rejeição e baixo suporte emocional tendem a estabelecer relações de vinculação inseguras ao par romântico (e.g., Atger, 2004; Castillo, 2007; Feeney, Cassidy, & Ramos-Marcuse, 2008).

O processo desenvolvimental dos indivíduos ocorre de forma cumulativa e contínua, podendo ser influenciado por uma variedade de fatores, tanto de ordem interna como externa. Desta forma, a vivência de conflitos interparentais, sobretudo quando não resolvidos, pode acarretar efeitos negativos quer sobre a qualidade de vinculação com as figuras primordiais, quer sobre as relações que o individuo estabelece fora do contexto familiar, como é a relação

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2 romântica (Beato, 2008; Moura & Matos, 2008; Reese-Weber & Kahn, 2005). O ambiente familiar conflituoso tem vindo, ainda, a ser apontado como um fator de risco suscetível de comprometer o bem-estar psicológico do individuo, ocasionando no seu extremo o desenvolvimento de sintomatologia psicopatológica (e.g., Cusimano & Riggs, 2013; Feeney, 2006).

O presente estudo, assente nos pressupostos da teoria da vinculação, tem como objetivo analisar a associação entre a qualidade de vinculação aos pais e a qualidade de vinculação amorosa, assim como, a relação da vinculação amorosa com o desenvolvimento de conflitos no namoro. O trabalho encontra-se dividido em dois estudos empíricos distintos, mas de certa forma complementares. Ambas as investigações norteiam o estudo da qualidade da vinculação amorosa, conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica, embora contemplem outras variáveis e assumam objetivos diferentes. Neste sentido, a primeira investigação, cujo título é “Vinculação aos pais e relação amorosa: papel mediador dos conflitos interparentais e

sintomatologia psicopatológica em jovens adultos” objetiva, em geral, testar a significância da

qualidade de vinculação aos pais para o desenvolvimento de vinculação amorosa em jovens adultos, testando ainda o efeito mediador dos conflitos interparentais na associação anterior. A segunda investigação que se intitula “Relação romântica e conflitos no namoro em jovens

adultos: papel dos conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica” pretende analisar

em que medida a vinculação ao par amoroso, conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica exercem um efeito preditor no desenvolvimento de conflitos no namoro.

Ambos os estudos empíricos apresentam resultados cujas implicações práticas devem ser consideradas, uma vez que, atestam a necessidade de incidir em medidas de intervenção precoce, por forma a diminuir algumas das problemáticas que emergem no seio da vida adulta, nomeadamente no que respeita ao estabelecimento e manutenção saudável de novas relações.

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ESTUDO EMPÍRICO I

“Vinculação aos pais e relação amorosa: Papel mediador dos conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica em jovens adultos”

“Attachment to parents and romantic relationship: Mediating role of interparental conflicts and psychopathlogy in young

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Resumo

A qualidade das relações estabelecidas precocemente com as figuras primordiais de afeto mostram-se de extrema relevância no desenvolvimento físico e emocional dos jovens. O desenvolvimento de bases seguras sugerem maior disponibilidade para o estabelecimento de relações fora do seio familiar, nomeadamente com o par amoroso. Todavia, vivências afetivas descontinuadas e inseguras no seio familiar associam-se com dificuldades no estabelecimento e manutenção de relações externas e com o desenvolvimento de sintomatologia psicopatológica. O presente estudo tem como objetivo analisar a qualidade de vinculação aos pais e testar o seu efeito na vinculação amorosa em jovens adultos, assim como, testar o papel mediador dos conflitos interparentais na associação anterior. A amostra foi constituída por 505 indivíduos com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos de idade (M= 20.59; DP= 1.78). A recolha de dados foi realizada com recurso a instrumentos de autorrelato, nomeadamente, Questionário de Vinculação ao Pai e a Mãe (QVPM), Questionário de Vinculação Amorosa (QVA), The Children´s Perception of Interparental Conflict Scale (CPIC) e Brief Symptom

Inventory (BSI). Os resultados apontam para um efeito preditor positivo da qualidade de laço

emocional aos pais face à qualidade de vinculação ao par amoroso. Observa-se, ainda, que a perceção de conflitos interparentais exercem um papel mediador na associação entre a vinculação aos pais e a vinculação amorosa.

Palavras-chave: Vinculação aos pais, vinculação amorosa, conflitos interparentais,

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Abstract

The quality of early relationships established with the primary figures of affection show up extremely relevant in the physical and emotional development of young people. The development of secure bases suggest greater willingness to establish relationships outside the family environment, in particular the romantic relationship. However, discontinued affective experiences and unsafe in the family are associated with difficulties in external relations and the development of psychopathological symptoms. This study aims to examine the attachment to parents and test its effect on romantic relationship in young adults, as well as test the mediating role of interparental conflict and psychopathology in previous association. The sample consisted 505 individuals, aged between 18 and 25 years old (M = 20.59; DP = 1.78). For data collection was carried out using self-report instruments in particular Attachment

Questionnaire to Father and Mother (QVPM), Romantic Attachment Questionnaire (QVA),

Children`s Perception of Interparental Conflict Scale (CPIC) and Brief Symptom Inventory (BSI). The results point to a positive predictor effect of attachment to parents on romantic attachment. It is observed also that the interparental conflicts and psychopathological symptoms have a mediator role in the association between attachment to parents and the romantic attachment.

Keywords: Attachment to parents, attachment to romantic peer, interparental conflict,

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7 Descrita originalmente por Bowlby (1969), a vinculação consiste na necessidade inata do ser humano para criar e estabelecer laços afetivos de grande intensidade com as figuras significativas, desde os primeiros momentos de vida, possibilitando o desenvolvimento, crescimento e maturidade emocional do indivíduo. O estabelecimento destes laços irá funcionar como fator protetor face a situações de ameaça e como base segura para a exploração de si, dos outros e do meio circundante (Ainsworth, 1969; Bowlby, 1969).

Bowlby (1969) aponta que os vínculos seguros e inseguros, ainda que não de forma determinante, podem predizer a qualidade das relações interpessoais desenvolvidas pelo individuo no decurso da sua vida. Assim, uma vinculação segura com as figuras primordiais, baseada no estabelecimento de uma relação de confiança, segurança, responsividade e proximidade emocional, possibilita que o indivíduo desenvolva representações positivas do self e dos outros, bem como um maior sentido de autoconfiança e independência (Bowlby, 1973). Em contrapartida, indivíduos que apresentam uma vinculação insegura pautada pela ansiedade de separação e inibição, surgem como mais propensos ao desenvolvimento de uma estruturação do self e perceção do mundo assentes nos pressupostos da imprevisibilidade, desvalorização, desconfiança e/ou ambivalência (Bowlby, 1973). Quando uma criança mantém uma ligação emocional forte e intensa com as figuras cuidadoras desenvolve uma conceção mais favorável de si e dos outros em função dos cuidados que lhe são transmitidos, evidenciando uma crescente maturidade emocional e, assim, uma estrutura psíquica mais capaz para enfrentar vicissitudes. Todavia, uma criança com relações inseguras tende a avaliar o mundo como um local perigoso mediante a representação de si como incapaz para enfrentar as dificuldades, e dos outros como pouco competentes para satisfazer as suas necessidades (Machado, 2007; Meier, Carr, Currier, & Neimeyer, 2013; Monteiro, Veríssimo, Vaughn, Santos, & Fernandes, 2008).

As experiências de vinculação precoces, decorrentes da relação com as figuras significativas, são internalizadas como modelos internos dinâmicos (working models), que

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8 funcionam como mapas cognitivos e afetivos, capazes de orientar a ação futura do individuo (Bowbly, 1969, 1973; Morgan & Shaver, 1999). É a partir da organização e assimilação destes modelos que o individuo orienta os seus comportamentos, interpreta, antecipa os comportamentos dos outros e elabora as suas escolhas e expetativas face ao futuro. De acordo com Feeney, Cassidy, e Ramos-Marcuse (2008) os modelos internos dinâmicos desenvolvidos com base em experiências atuais com pessoas significativas, tendem a ser generalizados a novas situações sociais, revelando-se essenciais na medida em que não guiam apenas o comportamento mas também as representações, sentimentos e o processamento de informação nessas mesmas situações. Estes modelos, embora sejam suscetíveis de transformação ao longo do desenvolvimento, em resposta a eventuais modificações que ocorrem nas relações que o individuo estabelece com o contexto, com o decorrer do tempo tendem a tornar-se mais resistentes à mudança (Waters & Cummings, 2000).

A Teoria da Vinculação preconiza que as experiências precoces com as figuras parentais contribuem de forma significativa para a saúde mental e ajustamento psicológico do individuo ao longo da vida e intervêm na sua capacidade para estabelecer relacionamentos na idade adulta (Bowlby, 1973). De acordo com a evidência empírica, os padrões de vinculação que se estabelecem durante os primeiros anos de vida podem ser significativos na vulnerabilidade para a o desenvolvimento de sintomatologia psicopatológica. Nesta medida, indivíduos que mantêm relações saudáveis e positivas com as figuras parentais ou outros cuidadores tendem a ser menos vulneráveis quando comparados com aqueles que apresentam dificuldades nas suas relações, nomeadamente falta de afeto, insegurança e rejeição. Para além disto, a evidência empírica tem destacado o papel da vinculação precoce como preditora dos comportamentos e da qualidade das relações de grande proximidade que se estabelecem numa fase posterior (e.g., Bosmans, Braet, & Vlierberghe, 2010; Cordeiro, 2012; Correia & Carmo, 2008; Matos, 2002; Matos & Costa, 2006; Meier et al., 2013; Michael & Ben-Zu, 2007; Silva

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9 & Costa, 2005). Assim, indivíduos que percecionaram confiança e apoio nas figuras significativas de vinculação propendem a desenvolver personalidades mais estáveis e confiantes para enfrentar o futuro, bem como face ao estabelecimento e qualidade das novas relações. Contrariamente, jovens com padrões de vinculação insegura tendem a mostrar-se mais resistentes, defensivos ou retractivos face ao estabelecimento de relações de grande proximidade (Atger, 2004; Castillo, 2007; Feeney, et al., 2008; Zimmermann, 2004). Na conceção de vários autores, uma vinculação segura às figuras significativas é preditora do desenvolvimento saudável de relações românticas na vida adulta, sendo estas relações caracterizadas pela confiança, satisfação, compromisso, interdependência e suporte mútuo, porém, quando as relações com as figuras primordiais são tidas como pouco apoiantes os sujeitos tendem a estabelecer relações de vinculação inseguras com o par romântico (e.g., Altin & Terzi, 2010; Beato, 2008; Fraley, 2002; Matos, 2002; Pereira, Ferreira, & Paredes, 2012; Waters & Cummings, 2000). Dinero, Conger, Shaver, Widaman, e Larsen-Rife (2008) ressaltam, ainda, que a vinculação amorosa não é influenciada unicamente pela qualidade das relações estabelecidas precocemente com as figuras primordiais de afeto mas depende, também, das experiências subsequentes vivenciadas com o parceiro romântico.

Na sequência das proposições teóricas de Bowlby e Ainsworth, Bartholomew desenvolveu o modelo bidimensional de avaliação da vinculação no adulto (Bartholomew, 1990; Bartholomew & Horowitz, 1991). A autora descreveu as possíveis representações, positivas ou negativas, que o jovem pode desenvolver acerca de si e dos outros com base no tipo de vinculação que estabeleceu na infância com as figuras significativas, criando quatro protótipos de vinculação: o seguro (modelo positivo de si e modelo positivo dos outros), que permite ao sujeito confiar e envolverem-se não apenas com os que lhe são mais próximos, mas também estabelecer laços afetivos com os outros; o desinvestido (modelo positivo de si e modelo negativo dos outros), que se caracteriza por não valorizar as relações pessoais,

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10 transparecer uma aparente alexitimia nos comportamentos, manifestar pouco envolvimento e proximidade emocional nas suas relações e por solucionar os seus problemas usando como estratégia o evitamento e a resistência; o preocupado (modelo negativo de si e modelo positivo dos outros), caracterizado por relações de excessiva procura de proximidade, elevada necessidade de atenção, falta de autoestima e autoconfiança; e por fim o amedrontado (modelo negativo de si e modelo negativo dos outros), que se refere a indivíduos inseguros e vulneráveis, que mostram vontade de proximidade, embora evitem as relações mais próximas com medo da rejeição, e que estabelecem relações de intimidade por iniciativa do outro, no entanto com o passar do tempo tornam-se dependentes na relação (Bartholomew & Horowitz, 1991)

Neste seguimento, importa referir que existem alguns fatores passíveis de constituir um entrave no desenvolvimento da qualidade de vinculação com os pais assim como no desenvolvimento de relações amorosas saudáveis. Entre esses fatores encontra-se a perceção de conflitos interparentais, passíveis de influenciar reações e comportamentos posteriores na relação com o parceiro romântico (Beato, 2008; Moura & Matos, 2008; Reese-Weber & Kahn, 2005). De uma forma particular, alguns estudos realizados neste âmbito, cujo objetivo foi verificar o efeito da variável conflitos interparentais nas relações românticas de jovens adultos, atestaram um impacto negativo do conflito interparental na qualidade e manutenção de relações românticas (e.g., Cui & Fincham, 2010; Cusimano & Riggs, 2013; Feeney, 2006). Herzog e Coney (2002) sugerem que os padrões destrutivos de comportamentos observados no seio familiar podem ser reproduzidos mais tarde e interferir negativamente no bem-estar emocional do sujeito e do parceiro romântico, assim como na qualidade dos padrões comunicacionais estabelecidos. Beato (2008) reforça esta ideia, salientando que a perceção de frequentes e intensos conflitos por parte dos jovens leva a que estes assumem um padrão relacional inseguro que, consequentemente se repercute nas relações de intimidante, podendo ocasionar menor

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11 confiança no parceiro amoroso.

Por outro lado, a literatura tem vindo apontar que as diferentes respostas emocionais e comportamentais dos filhos à exposição de conflitos interparentais depende da forma como os pais gerem e resolvem as suas divergências, das estratégias de resolução e dos padrões de conflito (e.g., Cummings, Goeke-Morey, & Papp, 2004; Mota & Matos, 2009). O processo de resolução pode apresentar-se como algo capaz de facilitar o crescimento emocional dos indivíduos, uma vez que é essencial que estes ao longo do seu desenvolvimento tomem contacto com a existência de dificuldades que devem ser debatidas e resolvidas no sentido de alcançar o bem-estar e ajustamento psicológico, fomentando assim a aprendizagem acerca de uma forma adaptativa de resolver conflitos em futuras relações (Benetti, 2006; Lindsey, Colwell, Frabutt, & MacKinnon-Lewis, 2006; Mota & Matos, 2011). O estudo realizado por Goeke-Morey, Cummings, e Papp (2007), com o objetivo de analisar as implicações dos conflitos interparentais, onde foram comparadas as respostas de 102 mães e 163 filhos face à resolução de conflitos, averiguou que a perceção de uma resolução efetiva dos conflitos interparentais exerce um efeito positivo no ajustamento psicológico dos filhos. Também Whitton, Waldinger, Schulz, Allen, e Hauser (2008), com uma amostra de 43 indivíduos avaliados na adolescência e posteriormente na idade adulta, constatou que a forma como as figuras parentais resolvem os conflitos tende a replicar-se na forma como os indivíduos resolvem os conflitos nas suas relações na idade adulta. Assim, sugere-se que as estratégias de resolução de conflitos utilizadas pelas figuras parentais se revelam extremamente significativas para os filhos, na medida em que podem funcionar como guias para a resolução de conflitos nas suas próprias relações de intimidade.

Outra questão ligada aos conflitos interparentais prende-se com o papel destes no desenvolvimento de sintomatologia psicopatológica. De acordo com a literatura, a exposição a conflitos entre as figuras parentais exerce um impacto negativo sobre a saúde mental dos jovens

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12 adultos (e.g., Cusimano & Riggs, 2013; Feeney, 2006; Mota & Matos, 2012). Alguns estudos, cujo objetivo foi identificar características das relações estabelecidas com as figuras parentais e o seu efeito preditor do ajustamento emocional dos filhos, verificaram que a existência de conflitos interparentais se encontra associado ao desenvolvimento de sintomatologia psicopatológica em jovens, sobretudo do foro ansioso e depressivo (e.g., Buehler & Welsh 2009; Chango, McElhaney, & Allen, 2009; Garcia, Marín, & Currea, 2006; Lemos, 2010; Mota & Matos, 2012; Melo & Mota, 2014).

Assim, sugere-se que uma vinculação segura às figuras primordiais pode contribuir para o bem-estar físico e psíquico do indivíduo e, simultaneamente, para o desenvolvimento de relações posteriores igualmente pautadas por segurança. Todavia, experiências que ocorrem no subsistema familiar, como a presença de conflitos interparentais, podem assumir-se como fator de risco para qualidade das relações primordiais e concomitantemente para o desenvolvimento de novas relações durante o restante processo vivencial. Como tal, torna-se premente aprofundar investigações neste âmbito, de forma a alcançar um conhecimento mais vasto e, assim, contribuir para intervenções mais precoces ao nível do impacto dos conflitos interparentais na vinculação às figuras primordiais e desenvolvimento de novas relações.

Objetivos e hipóteses

O presente estudo tem como principal objetivo analisar a vinculação aos pais na presente amostra e testar o seu efeito na vinculação ao par amoroso em jovens adultos, assim como, testar o papel mediador dos conflitos interparentais na associação anterior. Atendendo aos objetivos específicos pretende-se, numa primeira instância, observar as associações entre vinculação aos pais, qualidade da vinculação amorosa, conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica. Pretende-se, igualmente, analisar as diferenças de vinculação aos pais, qualidade da vinculação amorosa, conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica em função das dimensões sociodemográficas da amostra, especificamente sexo e idade.

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Objetiva-13 se, ainda, analisar na presente amostra a organização dos protótipos de vinculação aos pais e testar as suas diferenças face à vinculação ao par amoroso. Por último, pretende-se analisar em que medida os conflitos interparentais podem exercer um efeito mediador na associação entre qualidade de vinculação aos pais e qualidade de vinculação ao par amoroso.

Face aos objetivos propostos, aguarda-se que as dimensões de vinculação aos pais, vinculação amorosa, conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica se correlacionam significativamente. Espera-se que a vinculação aos pais, vinculação amorosa, conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica apresentem diferenças significativas face à idade e sexo. Prevê-se, também, que os protótipos de vinculação aos pais apresentem diferenças significativas face à qualidade de vinculação amorosa. Aguarda-se, ainda, que a qualidade a vinculação aos pais predigam positivamente a vinculação ao par amoroso. Por último, espera-se que os conflitos interparentais exerçam um papel mediador na associação entre a vinculação aos pais e vinculação amorosa.

Método

Participantes

A amostra deste estudo é constituída por 505 sujeitos (139 da sexo masculino – 27,5 % e 366 do sexo feminino – 72,5%) com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos de idade (M= 20.59; DP = 1.78). Os participantes compreendem habilitações entre o 9º ano (3º ciclo) e o ensino superior (mestrado) (M = 12.25; DP = .73).

Instrumentos

Foi utilizado um Questionário de Dados Sociodemográficos, construído no sentido de abordar questões relativas às dimensões sociodemográficas dos participantes.

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14 Pai e à Mãe (QVPM) (Matos & Costa, 2001, versão revista). Trata-se de um questionário de autorrelato que tem como objetivo aceder às representações de vinculação que os adolescentes e jovens adultos têm relativamente a cada uma das figuras parentais. Esta escala é composta por 30 itens, divididos em torno de uma estrutura de três fatores constituídos por dez itens cada:

Inibição da Exploração e Individualidade (IEI, 10 itens) que visa avaliar a perceção de

restrições à expressão da individualidade própria (“Os meus pais impõem a maneira deles de

ver as coisas”); Qualidade do Laço Emocional (QLE, 10 itens), que pretende avaliar a

importância das figuras parentais enquanto figuras de vinculação, percebidas como essenciais e insubstituíveis no desenvolvimento do individuo, a quem este recorrerá em situações de dificuldade e com as quais se desenvolve um sentido de continuidade relacional (“Confio nos

meus pais para me apoiarem nos momentos difíceis da minha vida”); Ansiedade de Separação

(AS, 10 itens) que aponta para uma experiência de ansiedade e de medo da separação das figuras

de vinculação, reveladora de uma relação de dependência (“Só consigo enfrentar situações

novas se os meus pais estiverem comigo”). Os itens estão apresentados numa escala do tipo

Likert entre 1 (“Discordo totalmente”) e 6 (“Concordo totalmente”). A análise de consistência

interna demonstrou valores de alpha de Cronbach de .81 para o pai e .75 para a mãe relativamente à totalidade do instrumento. No que se refere à consistência interna de cada dimensão, registaram-se os seguintes valores de alpha Cronbach: IEI = .82 /.84, QLE = .94 /.89, AS = .86 /.83, para o pai e para a mãe respetivamente. As análises fatoriais confirmatórias indicaram bons valores de ajustamento para o modelo tanto para o pai, χ2 (22) = 73.09, Ratio = 3.32, p = .001, CFI = .983, SRMR = .038, RMSEA = .068; como para a mãe: χ2 (22) = 55.170, Ratio = 2.51, p = .001, CFI = .85, SRMR = .032, RMSEA = .054.

Para medir a vinculação ao par amoroso foi utilizado o Questionário de Vinculação Amorosa (QVA) (versão reduzida de Matos, Barbosa, & Costa, 2001). Esta escala é constituída por 25 itens, distribuídos por quatro dimensões: Confiança (6 itens) que procura avaliar a

(29)

15 perceção do sujeito no que diz respeito à responsividade e à sensibilidade do companheiro para satisfazer as necessidades do indivíduo, isto é em que medida o companheiro é percebido como fonte de conforto e apoio e constitui uma base segura de incentivo à exploração (“O(a) meu

namorado(a) respeita os meus sentimentos”); Dependência (6 itens) que pretende avaliar a

necessidade do individuo em procurar proximidade física e emocional, assim como a manifestação de ansiedade de separação e o medo de perder o par amoroso (“Fico muito

nervoso(a) se não consigo encontrar a(o) minha (meu) namorada(o) quando preciso dela

(ele)”); Evitamento (6 itens) que exprimem o facto de o companheiro ter um papel secundário

nas suas necessidades de vinculação, dado que o sujeito se centra em si próprio e na sua competência para solucionar problemas (“Sei que sou capaz de resolver as coisas sozinho(a)”)

Ambivalência (7 itens) demonstram a insegurança do indivíduo, expressando irritabilidade

perante situações inesperadas, e a dúvida do individuo relativamente ao seu papel enquanto figura amorosa assim como a dúvida relativamente às emoções sentidas face ao companheiro (“Gostava de ser a pessoa mais importante para ela (ele) mas não estou certo(a) de que assim

seja”). Os itens estão apresentados numa escala do tipo Likert de seis pontos, que varia entre 1

(“Discordo totalmente”) e 4 (“Concordo”). A análise de consistência interna demonstrou valor de alpha de Cronbach de .47 relativamente à totalidade do instrumento. No que se refere à consistência interna de cada dimensão registaram-se valores de alpha de Cronbach de .90 para a Confiança, .82 para a Dependência, .71 para o Evitamento e .78 para a Ambivalência. A análise confirmatória apresentou valores ajustados para o modelo, χ2(45) = 149.209, Ratio = 3.31, p = .001, com CFI = .97, RMR = .04, RMSEA = .07.

Para avaliar a variável conflitos interparentais foi utilizado o Children’s perception of interparental conflict scale (CPIC). Desenvolvido por Grych, Seid e Fincham (1992) e adaptado para uma população de adolescentes e jovens adultos da população portuguesa por Moura, Santos, e Matos (2006) este instrumento tem como objetivo avaliar a perceção que os

(30)

16 adolescentes e jovens adultos têm relativamente à existência de conflitos entre as figuras parentais. Esta escala é constituída por 48 itens, divididos por três dimensões: Propriedades

do Conflito interparentais; Culpa; e Ameaça. Na presente investigação foi utilizada apenas

a dimensão Propriedades dos Conflitos Interparentais, que pretende avaliar a perceção do jovem no que respeita à forma destrutiva dos conflitos interparentais. Esta dimensão engloba as escalas Frequência (6 itens), que coloca questões do tipo: “Eu vejo frequentemente os meus

pais a discutirem”, Intensidade (7 itens) que apresenta questões como: ”Quando os meus pais

têm uma discussão gritam muito um com o outro” e Resolução (6 itens) que contém questões

relativas à não resolução, tipo: “Mesmo quando terminam uma discussão os meus pais

continuam zangados” A resposta aos itens é efetuada numa escala tipo Likert entre 1

(“Discordo Totalmente”) e 6 (“Concordo Totalmente”). De ressaltar que os itens 1, 2, 12, 18, 26, 27, 35 e 38 são invertidos. A análise de consistência interna demonstrou valor de alpha de

Cronbach de .93 relativamente à totalidade do instrumento. No que respeita à consistência

interna de cada dimensão, registaram-se valores de alpha de cronbach de .79 para Frequência, .89 para a Resolução e .84 para a Intensidade. As análises fatoriais confirmatórias apresentaram índices de ajustamento adequados, χ2(20) = 92.074, Ratio = 4.60, p = .001, CFI = .98, SRMR = .03, RMSEA = .08. Para avaliar os indicadores de sintomatologia psicopatológica utilizou-se o Brief Symptom Inventory (BSI), adaptado e validado para a população portuguesa por Canavarro (1999). Este instrumento de autorrelato, constituído por 53 itens, tem como objetivo que o indivíduo classifique o grau em que cada um dos problema referidos o afetou durante a última semana, numa escala tipo Likert que varia entre 0 (“Nunca”) e 4 (“Muitíssimas vezes”). O questionário avalia 9 dimensões, no entanto, na presente investigação procedeu-se apenas à utilização de três dimensões, nomeadamente, Depressão (6 itens) que coloca questões do tipo “Pensamentos de acabar com a vida”, Ansiedade (6 itens) que coloca questões como “Nervosismo e tensão interior” e Sensibilidade Interpessoal (4 itens), que coloca questões do

(31)

17 tipo “Sentir-se facilmente ofendido nos seus sentimentos”. A análise de consistência interna demonstrou valor de alpha de Cronbach de .91 relativamente à totalidade do instrumento. No que respeita à consistência interna de cada dimensão, registaram-se valores de alpha de

Cronbach de .83 para Depressão, .84 para a Ansiedade e .77 para a Sensibilidade Interpessoal.

As análises fatoriais confirmatórias apresentam valores de ajustamento adequados para o modelo, χ2(16) = 50.561, Ratio = 3.16, p = .001, com CFI = .99; SRMR = .023; RMSEA =

.065.

Procedimentos

A recolha de dados foi realizada no período entre Dezembro de 2014 e Abril de 2015 com jovens da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), bem como de forma aleatória na população em geral da região norte do país. O protocolo foi previamente submetido ao Conselho de Ética da UTAD tendo obtido um parecer positivo. Cabe ressaltar que, após obtenção do parecer positivo foi realizada uma reunião com os diretores de cada escola, a quem foram solicitadas as devidas autorizações e clarificados diversos aspetos referentes ao estudo como a sua pertinência, estrutura e objetivos. Durante o preenchimento a investigadora responsável encontrou-se presente de modo a esclarecer os objetivos gerais do estudo, instruções de preenchimento e dúvidas que os participantes apresentassem, assim como garantir os pressupostos de voluntariedade, privacidade, anonimato e confidencialidade das informações prestadas.

Estratégias de análise de dados

A presente estudo apresenta um cariz transversal dado que o conjunto de medições foi realizado num único momento do tempo, não existindo, portanto, um seguimento temporal dos indivíduos. O tratamento dos dados foi realizado com o programa estatístico SPSS – Statistical

Package for Social Sciences –, na sua versão 20.0 para o sistema Windows. No sentido de

(32)

18 da amostra. Seguidamente, de forma a testar a estrutura original dos instrumentos utilizados, assim como os seus modelos teóricos propostos, procedeu-se à realização das Análises Confirmatórias de 1ª ordem, através do programa estatístico EQS 6 - Structural Equations

Program. De salientar que também foi calculado o valor do Alpha de Cronbach para a análise

da consistência interna dos fatores. Para verificar se os dados da amostra seguiam os pressupostos de normalidade procedeu-se à realização e interpretação do teste de

Kolmogorov-Smirnov, bem como de gráficos de Histogramas, Q-Q Plots, Scatterplots e Boxplots uma vez

que os mesmos fornecem informação acerca da distribuição dos dados (Maroco, 2007). Foram também, analisados os valores de skeweness (assimetria) e kurtosis (achatamento), assumindo-se a normalidade assumindo-sempre que os valores assumindo-se encontrasassumindo-sem compreendidos no intervalo da sua unidade (-1 e 1) (Maroco, 2007). Os valores calculados confirmaram que a amostra em estudo cumpria os critérios de normalidade procedendo-se, desta forma, a análises estatísticas mediante testes paramétricos.

No sentido de responder aos objetivos delineados para esta investigação foi realizado um conjunto de análises estatísticas nas quais foram considerados valores de significância de

p <.05 para a interpretação dos dados. Destaca-se o recurso a análises correlacionais, análises

de variância multivariadas (MANOVAS) e univariadas (ANOVA) e testes t. De ressaltar que relativamente às análises multivariadas (MANOVAS) o efeito das diferenças de cada fator (Eta Parcial) foi analisado tendo em conta que valores de = .01 representam um efeito pequeno, valores de = .06 revelam um efeito moderado, e valores de = .14 mostram um efeito grande (Cohen, 1988). Testou-se, ainda, a presença de um efeito mediador da variável conflitos interparentais na associação entre as variáveis qualidade do laço emocional aos pais e vinculação amorosa, através do Teste de Sobel. Este teste possibilita analisar a magnitude da predição da variável independente sobre a dependente, assim como, o contributo da variável mediadora na relação inicial (Baron & Kenny, 1986).

2 p

2 p

2 p

(33)

19

Resultados

Associações entre a qualidade de vinculação aos pais, vinculação amorosa, conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica

Analisando as dimensões da qualidade de vinculação aos pais e as dimensões da qualidade de vinculação amorosa, verificam-se a presença de associações significativas. A dimensão inibição da exploração da individualidade ao pai regista uma associação significativa, positiva de magnitude baixa com a dependência, evitamento e ambivalência (r = .09 até r = .26 p < .001 até p < .038), e uma correlação negativa significativa de magnitude baixa com a dimensão confiança (r = -.23, p < .001). Por sua vez, a dimensão qualidade do

laço emocional ao pai apresenta correlações significativas, no sentido positivo, de magnitude

baixa com a confiança (pai r = .21, p < .001) e negativa com o evitamento (r = -.129, p < .004) e ambivalência (pai r = -.09, p < .044) e uma correlação negativa não significativa de magnitude baixa com a dependência (pai r = -.06, p < .190).Por fim, a dimensão da ansiedade

de separação ao pai apresenta uma correlação positiva significativa de magnitude baixa a

moderada com a confiança (r = .10, p < .019) e dependência (r = .32, p < .001), e uma correlação negativa significativa de magnitude baixa com a dimensão evitamento (r = -.14, p < .001) e não significativa com a ambivalência (r = -.05, p < .287).

A dimensão inibição da exploração e individualidade à mãe regista uma associação significativa no sentido positivo e de magnitude baixa com o evitamento (r = .09, p < .047) e

ambivalência (r = .28, p < .001), uma correlação positiva baixa não significativa com a dependência (r = .08, p < .058) e uma correlação negativa significativa de magnitude baixa

coma dimensão com confiança (r = -.23, p < .001). Por sua vez, a dimensão qualidade do laço

emocional apresenta uma correlação significativa positiva de magnitude baixa a moderada com

a confiança (r = .30, p < .001), e dependência (r = .09, p < .034), e uma correlação negativa significativa de magnitude baixa com a dimensão evitamento (r = -.17, p < .001) e

(34)

20

ambivalência (mãe r = -.11, p < .017). Por fim, a dimensão da ansiedade de separação à mãe

regista a existência de uma correlação positiva significativa de magnitude baixa a moderada com a dimensão confiança (r = .13, p < .003) e dependência (r = .34, p < .001), uma correlação negativa significativa de magnitude baixa com a dimensão evitamento (r = -.15, p < .001), e uma correlação negativa não significativa de magnitude baixa com a ambivalência (r = -.03,

p < .506).

No que respeita às associações entre as dimensões da qualidade de vinculação ao pais e as dimensões dos conflitos interparentais, os resultados apontam para a presença de associações significativas. A dimensão inibição da exploração da individualidade ao pai e à mãe regista uma associação significativa, positiva de magnitude baixa a moderada com a

frequência, resolução e intensidade (r = .24 até r = 43, p < .001 até p < .001). Por sua vez, a

dimensão qualidade do laço emocional apresenta uma associação significativa no sentido negativo e de magnitude baixa a moderada com a frequência, resolução e intensidade (r = -.20 até r = -.57 p < .001 até p < .001) face ao pai e à mãe. Por último, a dimensão ansiedade

de separação apresenta uma correlação negativa significativa de magnitude baixa a moderada

com a frequência, resolução intensidade (r = -.23 até r = -.33, p < .001 até p < .001) para o

pai e apenas com as dimensões frequência e resolução para a mãe (r = -.09 até r = -.33, p <

.001 até p < .049), sendo que no caso da figura materna a dimensão intensidade se apresenta como não significativa (r = -.05, p < .223).

No que se refere às associações entre as dimensões da qualidade de vinculação aos pais e as dimensões da sintomatologia psicopatológica verificam-se, também, a presença de correlações significativas. A dimensão inibição da exploração da individualidade ao pai e à mãe regista uma associação significativa, positiva de magnitude baixa a moderada com a

depressão, ansiedade e sensibilidade interpessoal (r = .24 até r = .32, p < .001 até p < .026)

(35)

21 no sentido negativo e de magnitude baixa com a depressão, ansiedade e sensibilidade

interpessoal (r = -.10 até r = -.20, p < .001 até p < .049) face a ambas as figuras parentais. Por

último, a dimensão ansiedade de separação apresenta uma correlação significativa, positiva de magnitude baixa a moderada com a ansiedade (r = .15, p <.001) no caso do pai e com a

ansiedade e sensibilidade interpessoal no caso da mãe (r = .16 até r = .20 p < .001 até p <

.001). Regista-se, ainda, no que concerne à dimensão depressão, uma correlação não significativa de magnitude baixa no sentido negativo para o pai (r = -.01, p < .909) e no sentido positivo para a mãe (r = .07, p < .113).

Analisadas as associações entre a qualidade da vinculação amorosa e a sintomatologia psicopatológica, verifica-se no que concerne à dimensão confiança uma correlação negativa significativa de magnitude baixa com as dimensões inerentes à sintomatologia psicopatológica, nomeadamente, depressão, ansiedade e sensibilidade interpessoal (r = .10 até r = .25, p = <.001 até p = < .030). No que se refere à variável dependência, observam-se correlações positivas baixas e significativas com as dimensões ansiedade e sensibilidade interpessoal (r = .17 até r = .14, p < .001 até p < .002) e não significativas com a dimensão depressão (r = .06, p < .07). Relativamente à variável evitamento verificam-se correlações não significativas, positivas de magnitude baixa entre todas as dimensões: depressão, ansiedade e sensibilidade

interpessoal (r = .01 até r = .06, p < .217 até p < .831). Por fim, no que se refere à variável ambivalência constatam-se correlações significativas, positivas de magnitude baixa a

moderada com as dimensões depressão, ansiedade e sensibilidade interpessoal (r = .176 até

r = .321, p < .001 até p <.001).

No que concerne à associação entre conflitos interparentais e as dimensões da sintomatologia psicopatológica, os resultados sugerem a presença de correlações significativas, positivas de magnitude baixa entre as dimensões frequência, resolução e

(36)

22

intensidade e todas as dimensões relativas à sintomatologia psicopatológica, nomeadamente ansiedade, depressão e sensibilidade interpessoal (r = .09 até r = .28, p < .001 até p < .034).

Tabela 1

Correlação entre variáveis, média e desvio-padrão (N=505)

Variáveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

Vinculação aos pais: Pai

1. Inibição da exploração e individualidade

-

2. Qualidade do laço emocional -.51** -

3. Ansiedade de separação -.01** .56** -

Vinculação aos pais: Mãe

4. Inibição da exploração e individualidade

.70 -.20 .01 -

5. Qualidade do laço emocional -.40 .42 .24 -.51** -

6. Ansiedade de separação .05 .07 .74 -.09** -.40** - Vinculação Amorosa 7. Confiança -.23** .21** .10** -.23** .30** .13** - 8. Dependência .12** .06 .32* .08 .09** .34** .41** - 9. Evitamento .09** -.13** -.14** .09** -.17** -.15** -.55** -.52** - 10. Ambivalência .26** -.09** -.05 .28** -.11** -.03 -.60** -.23** .49** - Conflitos interparentais 11. Frequência .43** -.48** -.31** .31** -.27** -.09** -.14 .04 .07 .18 - 12. Intensidade .39** -.41** -.23** .27** -.20** -.05 -.11 .04 .13 .16 .79** - 13. Resolução .39** -.57** -.33** .24** -.27** -.09** -.21 .05 .08 .18 .82** .70** - Sintom. Psicopatológica 14. Depressão .32** -.20** -.01 .28** .27** .07 -.25** .08 .06** .32** .25** .24** .25** - 15. Ansiedade .27** -.17** .15** -.19** -.10** -.17** -.10** .17** .01** .18** .22** .23** .09** .64 - 16.Sensibilidade interpessoal .27** -.17** .08 .07** .20** .16** -.21** .14** .05** .28** .28** .23** .21** .73** .65** - M 2.75 5.14 3.69 2.80 5.51 3.93 5.10 3.40 2.19 2.44 2.97 2.75 2.90 1.07 1.20 .92 DP .89 .92 .96 .90 .57 .87 .82 1.07 .74 .89 1.02 .97 1.11 .75 .78 .81 * p < 0.05; ** p < .01

(37)

23

Variância da qualidade de vinculação aos pais, vinculação amorosa, conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica em função da idade

De modo a responder aos objetivos delineados foram realizadas análises de variância multivariada (MANOVAS) entre as variáveis da qualidade de vinculação aos pais, qualidade de vinculação amorosa, conflitos interparentais e psicopatologia em função da variável idade. No que concerne à idade foram criados dois grupos (dos 18 aos 21 anos; e dos 22 aos 25 anos) para se proceder às análises diferenciais.

No que respeita às variáveis da qualidade de vinculação ao pai e qualidade de vinculação à mãe face à idade, verificam-se a presença de diferenças estatisticamente significativas F(3, 501) = 5.99, p = .001, = .035 e F(3, 501) = 4.65, p = .003, = .027, respetivamente. A partir das análises univariadas foi possível verificar que esta diferenciação ocorre na dimensão ansiedade de separação, quer para o pai F(1, 503) = 14.70, p = .000, = .028, quer para a mãe F(1, 503) = 12.26, p = .001, = .024, sendo o grupo de indivíduos com idades compreendidas entre os 18 e os 21 anos (pai: M = 3.79; DP =.95; mãe: M = 4.01; DP =.85) quem evidência níveis mais elevados de ansiedade de separação comparativamente aos do grupo de idades compreendidas entre os 22 e os 25 anos (pai: M = 3.43; DP = .94; mãe: M = 3.71; DP = .91). Contudo, não se observaram diferenças significativas nas dimensões

inibição da exploração e individualidade (pai: F(1, 503) = 1.73, p = .189, = .003; mãe:

F(1, 503) = 1.01, p = .316, = .002) e qualidade do laço emocional (pai: F(1, 503) = 1.885,

p = .170, = .004; mãe: F(1, 503) = .37, p = .542, = .001).

As análises multivariadas apontam, também, para a presença de diferenças estatisticamente significativas da sintomatologia psicopatológica face à idade F(3, 501) = 3.40, p = .018, = .020. De acordo com as análises univariadas foi possível averiguar que

2 p

2 p

2 p

2 p

2 p

2 p

2 p

2 p

2 p

(38)

24 esta diferenciação ocorre na dimensão ansiedade F(3, 503) = 8.58, p = .004, = .017, sendo o grupo de indivíduos com idades compreendidas entre os 18 e os 21 anos quem evidência níveis mais elevados ansiedade (M = 1.27; DP = .79), comparativamente aos do grupo de idades compreendidas entre os 22 e os 25 anos (M = 1.04 DP = .73).

No que se refere às variáveis da qualidade de vinculação amorosa e dos conflitos interparentais face à idade não se observam diferenças estatisticamente significativas F(4, 500) = 1.53, p = .192, = .012, e F(3, 501) = 1.26, p = .289, = .007, respetivamente.

Tabela 2

Análise diferencial da qualidade de vinculação aos pais, vinculação amorosa, conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica em função da idade

Dimensões 18-21 anos (n= 505) M±DP 22-25 anos (n= 505) M±DP F p Vinculação ao pai .001 Inibição da exploração da individualidade 2.78±.93 2.67±.79 Qualidade do laço emocional 5.18±.93 5.05±.92

Ansiedade de separação 3.79±.95 3.43±.94 14.70 .001

Vinculação à mãe .003

Inibição da exploração da individualidade

2.82±.92 2.73±.84 Qualidade do laço emocional 5.52±.58 5.48±.53

Ansiedade de separação 4.01±.85 3.71±.91 12.26 .001 Vinculação amorosa .192 Confiança 5.10±.82 5.11±.83 Dependência 3.38±1.07 3.44±1.08 Evitamento 2.22±.73 2.12±.77 Ambivalência 2.49±.89 2.32±.91 Conflitos interparentais .289 Frequência 2.95±.99 3.04±1.09 Resolução 2.86±1.08 3.02±1.21 Intensidade 2.76±.96 2.75±1.01 Psicopatologia .018 Depressão 1.09±.77 1.03±.69 Ansiedade 1.27±.79 1.04±.73 8.58 .004 Sensibilidade interpessoal .951±.83 .922±.74 2 p

2 p

2 p

(39)

25

Variância da vinculação aos pais, vinculação amorosa, conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica em função do sexo

Para testar as diferenças entre a qualidade da vinculação aos pais, qualidade da vinculação amorosa, conflitos interparentais e psicopatologia em função da variável sexo procedeu-se à realização do teste t.

Relativamente às diferenças das variáveis da qualidade de vinculação ao pai face ao sexo, observam-se diferenças significativas nas variáveis inibição da exploração e

individualidade t(503) = 2.71, p = .007; com IC 95% [.07, .41], onde os indivíduos do sexo

masculino (M = 2.93; DP = .80 ) apresentam maiores níveis de inibição da exploração e individualidade comparativamente com os indivíduos do sexo feminino (M = 2.69; DP = .92). Na variável qualidade do laço emocional e ansiedade de separação não se verificam diferenças significativas t(503) = -.632, p = .528; com IC 95% [-.24, .12] e t(503) = -.203, p = .839; com IC 95% [-.05, .14], respetivamente.

No que concerne à qualidade de vinculação à mãe face ao sexo, os resultados apontam para diferenças estatisticamente significativas entre todas as variáveis, nomeadamente,

inibição da exploração e individualidade t(503) = 3.68, p = .000; com IC 95% [.15, .50],

onde os indivíduos do sexo masculino (M = 3.03; DP = .83) apresentam níveis mais elevados comparativamente aos do sexo feminino (M = 2.70; DP = .91), qualidade do laço emocional

t(503) = -3.21, p = .001; com IC 95% [-.29, -.07], onde os indivíduos do sexo feminino (M =

5.55; DP = .54) ostentam níveis mais elevados comparativamente aos do sexo masculino (M = 5.38; DP = .62) e ansiedade de separação t(503) = -2.46, p = .014; com IC 95% [-.38, -.41], onde igualmente os indivíduos do sexo feminino (M = 3.99; DP = .88) apresentam maiores níveis quando comparados com os indivíduos do sexo masculino (M = 3.78; DP = .83).

No que respeita à qualidade de vinculação amorosa face ao sexo, os resultados revelam a presença de diferenças estatisticamente significativas na variável confiança t(503) = -2.88, p

(40)

26 = .004; com IC 95% [-.39, -.07], observando-se que os indivíduos do sexo feminino (M = 5.16; DP = .80) são mais confiantes face ao parceiro romântico, comparativamente com os indivíduos do sexo masculino (M = 4.93; DP = .86). Constatam-se, igualmente, diferenças significativas no que se refere ao evitamento t(503) = 3.46, p =.001; com IC 95% [.11, .40], sendo o sexo masculino (M = 2.38; DP = .70) a evidenciar níveis mais elevados de evitamento comparativamente com o sexo feminino (M = 2.12: DP = .75). Contudo, não se observam valores significativos face ao sexo na variável dependência t(503) = 1.06, p = .289; com IC 95% [-.10, .32] e ambivalência t(503) = 1.19, p = .235; com IC 95% [-.07, .28].

No que concerne aos conflitos interparentais face ao sexo, observam-se diferenças estatisticamente significativas na variável resolução t(503) = 1.99, p = .047; com IC 95% [.002, .44], onde os indivíduos do sexo masculino (M = 3.06; DP = 1.04) apresentam níveis mais elevados de resolução comparativamente aos do sexo feminino (M = 2.84; DP = 1.14 ). Porém, não se verificam valores significativos face ao sexo na variável frequência t(503) = -789, p = .431; com IC 95% .28, .12] e intensidade t(503) = 1.12, p = .262; com IC 95% [-.08, .30]

Relativamente à presença de sintomatologia psicopatológica face ao sexo os resultados apontam para a presença de diferenças estatisticamente significativas na variável ansiedade

t(503) = -2.06, p = .040; com IC 95% [-.31, .-007], sendo os indivíduos do sexo feminino (M

= 1.25; DP =.79 ) quem evidencia níveis mais elevados de ansiedade comparativamente com os indivíduos do sexo masculino (M = 1.09; DP = .74). Todavia, não se observam diferenças significativas no que concerne às variáveis depressão t(503) = -.42, p = .673; com IC 95% [-.18, .12] e sensibilidade interpessoal t(503) = -1.78, p = .076; com IC 95% [-.30, .01].

(41)

27 Tabela 3

Análise diferencial da qualidade de vinculação aos pais, vinculação amorosa, conflitos interparentais e sintomatologia psicopatológica em função do sexo

Dimensões Masculino (n= 136) M±DP Feminino (n= 369) M±DP IC 95% Direção das diferenças Vinculação ao pai

Inibição da exploração da individualidade 2.93±.80 2.69±.92 [.07, .41] 1>2 Qualidade do laço emocional 5.10±.75 5.16±.98 [-.24, .12]

Ansiedade de separação 3.68±.85 3.70±.99 [-.21, .17] Vinculação à mãe

Inibição da exploração da individualidade 3.03±.83 2.70±.91 [.15, .50] 1>2 Qualidade do laço emocional 5.38±.62 5.55±.54 [-.29, -.07] 1<2 Ansiedade de separação 3.78±.83 3.99±.88 [-.38, -.04] 1<2 Vinculação amorosa Confiança 4.93±.86 5.16±.80 [-.39, -.07] 1<2 Dependência 3.48±.96 3.37±1.11 [-.10, .32] Evitamento 2.38±.70 2.12±.75 [.11, .40] 1>2 Ambivalência 2.52±.78 2.41±.93 [-.07, .28] Conflitos interparentais Frequência 2.91±.94 2.99±1.05 [-.28, .11] Resolução 3.06±1.04 2.84±1.14 [.00, .44] 1>2 Intensidade 2.83±.94 2.72±.99 [-08, .30] Psicopatologia Depressão 1.05±.64 1.08±.79 [-.18, .12] Ansiedade 1.09±.74 1.25±.79 [-.31, -.01] 1<2 Sensibilidade interpessoal .02±.67 .96±.85 [-.30, -.00]

Análises diferenciais das variáveis de vinculação amorosa em função dos protótipos de vinculação aos pais

Na sequência das análises realizadas procedeu-se à determinação dos protótipos de vinculação, considerando o modelo bidimensional preconizado por Bartholomew (Bartholomew, 1990; Bartholomew & Horowitz, 1991). Neste sentido, numa primeira fase pretendeu-se verificar em que medida as dimensões respeitantes à qualidade da vinculação ao pai e à mãe (QVPM) se organizaram de modo a demarcarem os quatro protótipos de vinculação de Bartholomew: seguro, preocupado, desinvestido e amedrontado, tendo-se realizado para o efeito uma análise de clusters. Neste sentido, a agregação dos indivíduos foi distribuída em 4

clusters, de modo a que cada um correspondesse a um protótipo de vinculação. A paridade

(42)

28

Euclidean Distance, tendo-se utilizado a combinação do método hierárquico e não-hierárquico,

de modo a retirar benefícios de ambos. O método hierárquico (K-Means) permitiu determinar os centróides, por sua vez o método não-hierarquico (K-Means) serviu como primeiro ponto para a criação dos clusters (Hair, Aderson, Tatham & Black, 1998).

Figura 1. Representação gráfica dos protótipos de vinculação a partir das dimensões do

Questionário de Vinculação ao Pai e à mãe (QVPM) – Versão Pai

Figura 2. Representação gráfica dos protótipos de vinculação a partir das dimensões do

Questionário de Vinculação ao Pai e à mãe (QVPM) – Versão Mãe 0 1 2 3 4 5 6 IEI QLE AS

Amedrontados Preocupados Seguros Desinvestidos

0 1 2 3 4 5 6 IEI QLE AS

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29 Numa fase posterior, e de acordo com os objetivos do presente estudo, procedeu-se à realização de análises multivariadas (MANOVAS) com o intuito de analisar diferenças nas variáveis de vinculação amorosa face aos protótipos de vinculação ao pai e à mãe. As comparações múltiplas entre os grupos foram realizadas a partir de testes post-hoc tendo-se utilizado o teste de Scheffé (1953).

No que concerne às diferenças das variáveis de vinculação amorosa face aos protótipos de vinculação ao pai os resultados apontam para a presença de diferenças estatisticamente significativas F(12, 1500) = 8.00, p = .001; = .060. Assim, verificam-se diferenças significativas na variável confiança F(3, 501) = 11.54, p = .001; = .065. Tendo em conta comparações post-hoc, de acordo com o teste de Scheffé, os indivíduos seguros (M = 5.08; DP = .76 ) denotam maior confiança quando comparados com os indivíduos amedrontados (M = 4.78; DP = .86, com IC 95% [.0039.5869]) e desinvestidos (M = 4.98; DP = 1.07, com IC 95% [-.3159, .5056]), assim como os preocupados (M = 5.30; DP = .72) apresentam maior confiança comparativamente aos amedrontados (M = 4.78; DP = .86, com IC 95% [.2657, .7658]) e desinvestidos (M = 4.98; DP = 1.07, com IC 95% [-.0673, .6977]). Registam-se, também, diferenças significativas na dependência F(3, 501) = 15.27, p = .001; = .084. As comparações post-hoc, de acordo com o teste de Scheffé, mostram que os indivíduos

amedrontados (M = 3.50; DP = .92) apresentam maior dependência comparativamente aos

indivíduos seguros (M = 2.91; DP = .99, com IC 95% [.2078, .9610]), assim como, os

preocupados (M = 3.65; DP = 1.08) apresentam maior dependência quando comparados com os seguros (M = 2.91; DP = .99, com IC 95% [.4092, 1.0721]) e desinvestidos (M = 3.02; DP = 1.13, com IC 95% [.1372, 1.1255]). Diferenças significativas observam-se, igualmente, na variável evitamento F(3, 501) = 5.64, p = .001; = .033. Atendendo às comparações

post-hoc, de acordo com o teste de Scheffé, os indivíduos amedrontados (M = 2.34; DP = .60)

2 p  2 p  2 p  2 p

Referências

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