• Nenhum resultado encontrado

Aplicação de aeronave remotamente pilotada (ARP) na análise de inundações no Complexo do Passo da Pátria, Natal/RN, Brasil.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Aplicação de aeronave remotamente pilotada (ARP) na análise de inundações no Complexo do Passo da Pátria, Natal/RN, Brasil."

Copied!
87
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

DAVI SAMUEL FERREIRA PONTES

Natal/RN 2018

APLICAÇÃO DE AERONAVE REMOTAMENTE PILOTADA (ARP) NA ANÁLISE DE INUNDAÇÕES NO COMPLEXO DO

(2)

APLICAÇÃO DE AERONAVE REMOTAMENTE PILOTADA (ARP) NA ANÁLISE DE INUNDAÇÕES NO COMPLEXO DO PASSO DA PÁTRIA,

NATAL/RN, BRASIL.

Monografia apresentada ao Curso de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Bacharel em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. Lutiane Queiroz de Almeida

Natal/RN 2018

(3)

Pontes, Davi Samuel Ferreira.

Aplicação de aeronave remotamente pilotada (ARP) na análise de inundações no Complexo do Passo da Pátria, Natal/RN, Brasil. / Davi Samuel Ferreira Pontes. - 2018.

87f.: il.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes.

Bacharelado em Geografia. Natal, RN, 2018.

Orientador: Prof. Dr. Lutiane Queiroz de Almeida.

1. Inundação Monografia. 2. Risco Monografia. 3. Drone -Monografia. 4. Complexo do Passo da Pátria - Natal (Rio Grande do Norte). I. Almeida, Lutiane Queiroz de. II. Título.

RN/UF/BS-CCHLA CDU 910.26(813.2)

CCHLA

(4)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Lutiane Queiroz de Almeida

(Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Departamento de Geografia)

Drª. Marysol Dantas de Medeiros

(Universidade Federal do Ceará – Departamento de Geografia)

Cristiano Alves da Silva

Mestre em Geologia – Universidade Federal do Ceará (Agência Nacional de Mineração – Superintendência Ceará)

NATAL/RN 2018

(5)

Creio que devemos ser gratos enquanto viver, sobretudo a todos que nos apoiam ou nos ajudam nas horas que mais precisamos. É impossível ser feliz sozinho, logo estar ao lado de pessoas significativas e ser grato a elas é necessário. Dessa forma, gostaria de agradecer primeiramente a minha família. Um carinho em especial para minha mãe Dalva, por todo o esforço e dedicação que foi posto a mim, fazendo de tudo, literalmente o impossível para o bem-estar da nossa família, portanto, essa conquista tem grandes méritos a ela.

Gostaria de agradecer a meus amigos, que direta ou indiretamente me ajudaram, desde os mais próximos fisicamente, quanto aos que estavam a quilômetros de distância, mas que sempre estiveram presentes mandando energias positivas e boas vibrações. Aos meus fiéis companheiros de trabalhos e de graduação Matheus Lucena, Italo e Leo que me acompanharam firmes e forte todo caminho fazendo-se companhia nas diversas situações possíveis, principalmente nas aulas de campo.

Gratifico a todos os membros do Grupo de pesquisa Georisco que me ajudaram a fazer esse trabalho possível, deixando um agradecimento em especial à Marysol, Vinnicius, Dyego, e ao professor Dr. Lutiane por toda ajuda, paciência e dedicação. À Defesa civil e Paulo pelo suporte na primeira ida a campo para reconhecimento. Agradeço também ao motorista da van do CCHLA André que nas condições para o levantamento do ARP em um dia bastante tenso de trabalho.

Por fim, gostaria de agradecer a oportunidade que tive de estudar em uma das melhores universidades, totalmente gratuita, que me fez crescer como pessoa e profissional, além de me proporcionar inúmeras oportunidades que jamais imaginária ter. Tudo o que vive dentro do âmbito acadêmico foram aprendizados enriquecedores, me fizeram sem dúvida ser uma pessoa preparada para vida e que me fez aprender mais sobre o mundo em que vivemos. Por fim, gostaria de agradecer a todo corpo docente e pessoas que fazem parte da universidade e que passaram por meu caminho, em especial aos professores Ademir, Alexandro Dozena, Juliana, Yuri, Edna e Sebastião que marcaram minha passagem pela graduação, com conselhos e ensinamentos. Afinal, em um coração onde mora a gratidão, também habitará sempre a felicidade.

(6)

“Happiness only real when shared” (Chris McCandless)

(7)

As aeronaves remotamente pilotadas (ARP) possibilitam analises em tempo real e com alta precisão das áreas expostas, auxiliando no mapeamento e modelagem, além de permitir a mensuração da população em risco na área de estudo. Dessa maneira, o presente trabalho tem como objetivo avaliar o grau de exposição ao risco de inundação no Complexo do Passo da Pátria, Natal/RN, a partir da aplicação de ARP. Para tal, os dados primários foram coletados por ARP em trabalhos de campo que, posteriormente, permitiram com o auxílio de Sistema de Informação Geográfica construir um mapeamento síntese do risco de inundação. O estudo se baseia em metodologia de (BUFFON et al.,2018), sendo adaptado para a realidade local. Concluiu-se que o risco de inundação na área de estudo é caracterizado de forma alta, sobretudo no corredor onde transita o Canal do Baldo, por pertencer a uma das áreas altimetricamente baixa do Complexo, contudo também se nota que outras áreas estão propícias ao risco de inundação. A metodologia pode servir como auxilio importante para áreas de risco, devido a seu baixo custo, detalhamento e eficiência ao auxílio de decisões de prevenção de desastres proveniente de inundações.

(8)

Remotely piloted aircraft (ARP) enable real-time and high-accuracy analysis of exposed areas, assisting in mapping and modeling, and allows the measurement of the population at risk in the study area. In this way, the present work aims to evaluate the degree of exposure to flood risk in Passo da Pátria Complex, Natal/RN, from the application of ARP. In order to do this, the primary data were collected by ARP in field work, which later, with the help of Geographic Information System, enabled a flood risk mapping. The study is based on the methodology of (Buffon et al., 2018), being adapted to the local reality. It was concluded that the risk of flooding in the study area is highly characterized, especially in the corridor where the Canal do Baldo is, because it belongs to one of the areas altimetrically low Complex, but also other areas are also in risk of flooding. The methodology can serve as an important aid to risk areas, due to its low cost, detail and efficiency to the aid of disaster prevention decisions from floods.

(9)

INTRODUÇÃO ... 12

1 CONCEITOS DE RISCO SOB UM OLHAR GEOGRÁFICO. ... 17

1.1 A abordagem Geossistêmica ... 17

1.2 Risco e Perigo ... 18

1.3 Vulnerabilidade ... 22

1.4 Desastre e Catástrofe ... 25

1.6 Inundação ... 28

1.7 Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) ... 31

2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO ... 34

2.1 Caracterização Ambiental ... 34

2.1.1 Clima ... 34

2.1.2 Geologia e Geomorfologia ... 36

2.1.3 Pedologia ... 37

2.1.4 Recursos Hídricos ... 38

2.2 Processo histórico de ocupação do Passo da Pátria e suas características. ... 39

3 APLICABILIDADE DOS PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS. ... 44

3.1 Dados de sensoriamento remoto ... 48

4 ANALISE DOS EVENTOS E PROBLEMAS NO COMPLEXO DO PASSO DA PÁTRIA. ... 53

4.1 Problemas do Complexo ... 53

4.2 Eventos pluviométricos ... 60

4.3 Avaliação do risco de inundações das habitações... 63

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 70

(10)

Figura 1: Complexo do Passo da Pátria, Natal/RN, Brasil. Vista área a partir do ARP.

... 14

Figura 2: Geossistema ... 17 Figura 3: Perfil esquemático do processo de enchente e inundação. ... 31 Figura 4: Imagem do Complexo do Passo da Pátria, obtida atrás de do ARP. Fotografia

de alta resolução. ... 32

Figura 5:Imagem ilustrativa do modelo do (ARP) utilizado. ... 33 Figura 6: Imagem do Canal do Baldo com água residual que cruza o Complexo do

Passo da Pátria. Casas modestas do Complexo construídas próximas ao Canal. Presenta de lixo e assoreamento no Canal. ... 42

Figura 7: Quadro-resumo dos procedimentos metodológicos e técnicos. ... 44 Figura 8: Imagem em na parte superior do Complexo do Passo da Pátria com os

membros da Defesa Civil em atividade de campo realizado pela equipe do Georisco – UFRN. ... 45

Figura 9: Imagem de conversa informal com os moradores do Complexo do Passo da

Pátria, nas proximidades do Canal do Baldo em ativdade de campo realizado pela equipe do Georisco – UFRN. ... 46

Figura 10: Ilustração dos planos de voo realizado em campo... 48 Figura 11: Rotinas e parâmetros adotados no processamento das imagens no software

Agisoft PhotoScan. ... 49

Figura 12: MDS e MDT. ... 50 Figura 13:Organograma das operações realizadas para aquisição e processamentos dos

dados levantados com (ARP) ... 51 Figura 14: Imagem obtida a partir de notícia de jornais, onde os moradores encontram-se apreensivos com chuvas. ... 54

Figura 15: Imagem obtida a partir de notícia de jornais, onde os moradores

encontram-se apreensivos com chuvas. Imponentes com as chuvas que caem no Passo da Pátria. 54

Figura 16: Imagem de algumas calçadas em casas próximas ao Canal do Baldo, no

Complexo do Passo da Pátria. Calçadas aumentadas pelos próprios morados ao longo do tempo como medidas de contenção a inundação. ... 58

Figura 17: Imagens de rachaduras na estrutura do Canal do Baldo no Complexo do

Passo da Pátria. ... 59

Figura 18: Imagens do Canal do Baldo no Complexo do Passo da Pátria, em sua vista

lateral, apresentando muito lixo, sujeira, estruturas precárias e aguais residuais. ... 59

Figura 19: Imagens do Canal do Baldo no Complexo do Passo da Pátria, em sua vista

lateral, apresentando muito lixo, sujeira, estruturas precárias e aguais residuais. ... 60

Figura 20: Imagem obtida a partir de notícia de jornais. ... 62 Figura 21: Imagem obtida a partir de notícia de jornais 2. ... 62

(11)

Mapa 1: Mapa de Localização do Complexo do Passo da Pátria, Natal/RN ... 13

Mapa 2: Localização das comunidades no Complexo do Passo da Pátria, Natal/RN. .. 40

Mapa 3: Trajeto do trabalho a campo 2017. ... 47

Mapa 4: Modelo Digital do Terreno (MDT), Complexo do Passo da Pátria, Natal-RN56 Mapa 5: Modelo Digital Terrano (MDT) - Canal do Baldo, Passo da Pátria, Natal-RN ... 57

Mapa 6: Ortomosaico do Complexo do Passo da Pátria, Natal-RN. ... 65

Mapa 7: MDT - ARP do Complexo do Passo da Pátria, Natal-RN. ... 66

Mapa 8: Combiano Ortomosaico e MDT Passo da Patria ... 67

Mapa 9:Curvas de nível- ARP, Complexo do Passo da Pátria, Natal/RN. ... 68

Mapa 10: Áreas mais susceptíveis à ocorrência de inundação, Passo da Pátria, Natal/RN. ... 68

LISTA DE QUADROS Quadro 1: Tipos de Riscos ... 19

Quadro 2: Glossário com definições sobre o termo risco. ... 20

Quadro 3: Glossário com definições sobre o termo vulnerabilidade. ... 23

Quadro 4: Tipos de vulnerabilidade aplicados aos estudos dos fenômenos naturais ... 24

Quadro 5: Classificação geral de Desastres. ... 25

Quadro 6: Classificação geral de Catástrofe. ... 27

Quadro 7: tipos de inundações no mundo: ... 29

Quadro 8: condicionantes naturais de inundação, enchente e alagamento ... 30

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Precipitação (mm) média no município de Natal-RN (1987-2017). ... 35

Gráfico 2: Temperatura Média mensal do município de Natal, referente ao período de 1987 a 2017. ... 36

LISTA DE TABELAS Tabela 1: Dias com precipitação igual ou acima de 60 mm ... 61

(12)

INTRODUÇÃO

As cidades estão progressivamente mais vulneráveis, apresentando de uma forma geral mais aspectos que conduzem ao risco de desastres. Vários fatores estão ligados a suscetibilidade em questão, dos mais comuns encontramos o crescimento populacional e da densidade urbanas; governos locais desinteressados em ações com foco em redução de desastres; baixa participação social no planejamento urbano; ausência de fiscalização, de recursos financeiros, físicos ou humanos para ações de redução de risco de desastres; gestão inadequada dos recursos hídricos, de sistemas de drenagem que podem causar deslizamentos de massa, inundações, entre outros.

Levando em conta que as discussões envolvendo risco estão cada vez mais em voga, os mesmos deveriam ser menos negligenciados. Contudo, essa ainda não é uma realidade, sobretudo em países em desenvolvimento, que apresentam condições favoráveis para o alto índice de ocorrência de desastres.

Os estudos sobre risco são de suma relevância para a compreensão de certas dinâmicas territoriais, pois analisam tanto os aspectos naturais, quanto sociais, fazendo uma conexão holística

No caso brasileiro, como afirma Costa (2010 et al., p.2) “a expansão dos centros urbanos e o surgimento e desenvolvimento de muitas cidades do interior ocorreram de forma tão intensa e desordenada que não houve tempo para o planejamento prévio”, possibilitando condições mais propícios ao risco.

O município de Natal segue o caso de expansão urbana desordenada das cidades brasileiras, contudo apresenta diferentes padrões de ocupação do seu espaço urbano de acordo com sua realidade. Para Natal, como aponta Rocha (2017, p.5) as “... diferenças, demonstradas pelos diversos tipos de uso e ocupação do solo, trazem luz à divisão da cidade entre territórios formais e informais, que tornam evidentes as desigualdades sociais e a segregação espacial, resultando na formação de espaços de pobreza.” Um desses lugares desiguais e que apresenta alto risco de desastres é o Complexo do Passo da Pátria.

O Complexo “está localizado próximo aos primeiros bairros da fundação de Natal/RN, a Cidade Alta e a Ribeira, sendo impactado por um dos elementos do processo de urbanização da cidade” (SOUZA, 2007, p. 57), é uma Área Especial de Interesse Social (AEIS) (Lei Complementar nº 44/2002). É também considerada uma das comunidades mais carentes da cidade.

(13)

Mapa 1: Mapa de Localização do Complexo do Passo da Pátria, Natal/RN

(14)

Figura 1: Complexo do Passo da Pátria, Natal/RN, Brasil. Vista área a partir do ARP.

Fonte: Imagem de (ARP), Grupo de Pesquisa Georisco. 2018 Visita a campo no dia 31 de agosto de 2018.

Embora tenha estabelecido as primeiras residências ainda no início do século XX, fugindo assim dos padrões de habitações irregulares atuais, as casas foram construídas por pessoas com baixo poder aquisitivo, atraídas pela proximidade do local com o Rio Potengi o que possibilitava a pesca para subsistência, e com as duas principais regiões comerciais da cidade, ou seja, o mercado público da Cidade Alta e do Alecrim (SOUZA, 2007).

Atualmente, as habitações ocupam terrenos que apresentam uma instabilidade físico-natural acentuada, pois como afirmar Rocha (2017)

A comunidade possui características que apontam para diversos riscos físicos e ambientais e um alto grau de insalubridade. Por estar inserido numa área de baixo relevo às margens do Rio Potengi, o assentamento está sujeito a problemas como inundações pluviais, por exemplo. Além disso, ocupa irregularmente trechos da Área de Proteção Permanente e está numa área lindeira à via férrea” (Rocha, 2017, p 8)

Ademais, essas habitações foram construídas sem o mínimo de infraestrutura necessária e que não obedecem a nenhum critério de segurança. Sendo assim, como

(15)

afirma Souza (2007, p.33), o Complexo do Passo da Pátria “mostra uma situação preocupante por constitui-se de habitações irregulares que se desenvolveram com a total ausência de saneamento básico, fatores que até hoje compõem o quadro de problemas do local.” Vale destacar também a presença do Canal do Baldo que passa diretamente pela Complexo em direção ao rio.

A partir do exposto, a presente monografia buscou identificar as áreas vulneráveis a inundação caso ocorra uma precipitação extraordinária ou transbordamento do Rio Potengi, a partir do uso da Aeronaves Remotamente Pilotada (ARP) que possibilitam analises em tempo real e com alta precisão dessas áreas expostas, auxiliando no mapeamento e modelagem, além de permitir a mensuração da população em risco na área de estudo, contribuindo para minimizar os impactos socioambientais no Complexo do Passo da Pátria, Natal/RN, perante o trabalho da Defesa Civil na área, tal como dos governantes e da própria população.

Partindo da hipótese de que o Complexo do Passo da Pátria encontra-se com áreas de risco de inundação, constituindo-se um dos lugares vulneráveis da cidade do Natal, o dito estudo foi norteado pelas seguintes questões: quais as áreas na Complexo são mais susceptíveis a ocorrência de inundações? Qual a relação entre as constantes inundações com o uso e ocupação do solo? Estes fatores estão relacionados à ausência do poder público? E, por fim, qual a relação entre as inundações e as características do meio físico local?

Tais respostas mediantes ao estudo contribuirão para que a Defesa Civil, Prefeitura e comunidade estejam cientes dos riscos, possibilitando assim um trabalho conjunto para uma melhor segurança do Complexo e redução de riscos de desastres naturais.

Para chegar ao objetivo do trabalho, torna-se indispensáveis o uso das geotecnologias, destacando o uso de Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) que possibilitou a captação de imagens que foram processadas e assim estabelecendo as áreas mais propicias a inundações.

Dessa maneira, o objetivo geral da pesquisa consiste em avaliar o grau de exposição ao risco de inundação no Complexo do Passo da Pátria, Natal/RN. Para

alcançar tal objetivo foi necessário:

I) Discutir a aplicação da Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) no mapeamento e modelagem das áreas expostas a inundação no Complexo do Passo da

(16)

Pátria-RN;

II) Entender o processo de formação e ocupação do complexo e suas relações com os aspectos físico-naturais assim como mensurar a população exposta a inundações na área de estudo.

O primeiro capítulo da monografia, intitulado “Conceitos de risco sob um olhar geográfico” discute os conceitos e abordagens tratados na pesquisa. Nesse capítulo, está dividido a discussão a respeito da Abordagem Geossistemica, dos conceitos de Risco e Perigo, Vulnerabilidade, Desastre e Catástrofe além da conceitualização de Inundação e Aeronave Remotamente Pilotada (ARP), os populares drones.

Para o segundo capítulo, elaborou-se a caracterização do Complexo do Passo da Pátria e da cidade do Natal-RN, fazendo um resgate do processo de formação, ocupação e suas características ambientais.

No terceiro capítulo intitulado “Aplicabilidade dos procedimentos metodológicos” apresentam-se as informações e descrição detalhada dos procedimentos utilizados, os quais deram suporte àpesquisa e permitiram o alcance aos resultados de acordo com a sua aplicabilidade.

Por fim, o quarto capítulo, tendo como título “Analise dos eventos e problemas no Complexo do Passo da Pátria”apresenta a análise do produto do risco de inundação desastre na área de estudo, a partir da elaboração dos produtos obtidos pelo Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) e relatando os problemas que levaram ao objeto de estudo aqui trabalhado.

(17)

1 CONCEITOS DE RISCO SOB UM OLHAR GEOGRÁFICO.

Este estudo, teve como embasamento teórico a abordagem geossistêmica que, a partir de uma análise holística do sistema permite que o problema seja entendido como um todo.

Além disso, para a compreensão da pesquisa, foram discutidos os conceitos secundários de Risco, Perigo, Vulnerabilidade, Desastre, Catástrofe bem como a definição de Inundação, além da diferenciação entre este termo e os de enchente e alagamento, que são corriqueiramente confundidos.

Fez-se também necessário a explanação do uso de Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) popularmente conhecidos como drone, que foi de total importância para a realização desse trabalho além de ser uma ferramenta que tem ganhado bastante proporções nas geotecnologias.

1.1 A abordagem Geossistêmica

A abordagem geossistêmica se apresenta como uma boa concepção teórica para fundamentar estudos acadêmicos que discutem as inter-relações dos elementos naturais e socais que compõem o espaço geográfico.

Dessa maneira, a abordagem geossistêmica se tornou importante para dita pesquisa por oferecer um aporte a análise do espaço geográfico em relação a interações com o potencial ecológico e a exploração biológica, como pode ser visto no esquema da figura 2 abaixo:

Figura 2: Geossistema

(18)

A abordagem é oriunda da Teoria Geral dos Sistemas elaborada por Karl Ludwig Von Bertalanffy que teve como base os estudos sobre termodinâmica. Para Bertalanffy, como aponta mostra Medeiros (2014) “um sistema não era meramente a soma de suas partes, sendo assim, o essencial é se entender um sistema a partir de uma visão holística”, tido assim por Tricart:

Um sistema é um conjunto de fenômenos que se processam mediante fluxos de matéria e energia. Esses fluxos originam relações de dependência mutua entre os fenômenos. Como consequência, o sistema apresenta propriedades que lhe são inerentes e diferem da soma das propriedades dos seus componentes. Uma delas é ter dinâmica própria, específica do sistema. (TRICART, 1977; p.19)

Todas as interações que fazem parte do geossistema contribuem para o entendimento da realidade geográfica, é dizer que “os geossistemas constituem uma boa base aos estudos geográficos por estarem numa escala compatível à humana”. (NASCIMENTO; SAMPAIO, 2004/2005 p.171)".

Em outras palavras, justifica a utilização da abordagem geossistêmica nos estudos sobre a temática dos riscos na sociedade atual, se dá, pois, como completa Christofoletti:

O geossistema, ou sistemas ambientais físicos, é um sistema natural, não necessariamente homogêneo, aberto, ligado a um território que se caracteriza por possuir certa morfologia (estruturas espaciais, verticais e horizontais), por um funcionamento (energia solar, gravitacional, ciclos biogeoquímicos, processos morfogenéticos e pedogenéticos) e comportamento específico (mudanças em sequência temporal). Reagrupa geofácies e geótopos dinamicamente do ponto de vista vegetacional, por exemplo, representa um

mosaico (CHRISTOFOLETTI Apud NASCIMENTO; SAMPAIO,

2004/2005, p.170).

Tendo em conta as discussões acima, entende-se, por fim, a necessidade da utilização dessa abordagem na pesquisa, posto que abrangência do estudo está ligado a uma realidade geral do espaço e com suas interações no risco entre o natural e antrópico.

1.2 Risco e Perigo

A respeito do risco, há uma grande discussão sobre e, contudo, um desconhecimento do conceito em si. Entende-se que é um conceito bastante abrangente,

(19)

assim como aponta Almeida (2011, p.88) “observa-se que, em geral, confunde-se a noção de risco com a noção do próprio evento que causa ameaça ou perigo, o que dificulta a sua percepção e sua gestão....” ainda na questão, Veyret entende que o (2007, p.24):

“Risco é a percepção de um indivíduo ou Grupo de indivíduos da probabilidade de ocorrência de um evento potencialmente perigoso e causador de danos, cujas consequências são uma função da vulnerabilidade intrínseca desse grupo ou indivíduo.”

O risco está presente independentemente as questões sociais ou naturais, pois o ser humano já nasce exposto a riscos, que serão agravados ou não de acordo com as questões antrópicas de cada caso.

Enquanto ao perigo, em geral, atribuímos ao medo, a impotência a algo, ou como afirma Veyret (2007, p.24) “esse termo é, às vezes, empregado também para definir as consequências objetivas de uma álea sobre um indivíduo, um grupo de indivíduos, sobre a organização do território ou sobre o meio ambiente. Fato potencial e objetivo.”

Já Smith (2001) entende que “o perigo é uma inelutável parte da vida e é uma das componentes do risco. Para o autor, perigo é uma ameaça potencial para as pessoas e seus bens, enquanto risco é a probabilidade da ocorrência de um perigo e de gerar perdas. (apud ALMEIDA, 2010, p.99)”

No quadro 1 organizado por Almeida encontra-se apenas os riscos envolvidos na sociedade que devem ser traduzidos aos parâmetros geográficos:

Quadro 1: Tipos de Riscos

Risco Definições e características

Riscos Ambientais

Riscos Naturais

Riscos pressentidos, percebidos e suportados por um grupo social ou sujeito à ação passível de um processo físico natural; podem ser de origem litosférica (terremotos, desmoronamentos de solos, erupções vulcânicas), e hidro climáticas (ciclones, tempestades, chuvas fortes, inundações, nevascas, chuvas de granizo, secas); apresentam causas físicas e escapam largamente a intervenção humana e são de difícil previsão.

Riscos Naturais agravados pelo Homem

Resultado de um perigo natural cujo impacto é ampliado pelas atividades humanas e pela ocupação do território; erosão, desertificação, incêndios, poluição, inundações e etc.

(20)

Riscos Tecnológicos Distinguem-se em poluição crônica (fenômeno perigoso que ocorre de forma recorrente, às vezes lenta e difusa) e poluição acidental (explosões, vazamentos de produtos tóxicos, incêndios).

Riscos Econômicos, geopolíticos e sociais

Riscos atrelados à divisão e ao acesso a determinados recursos (renováveis ou não), que podem se traduzir em conflitos latentes ou abertos (caso das reservas de petróleo e água); podem ser ainda de origem nas relações econômicas na agricultura (insegurança alimentar), causas da globalização (crises econômicas), insegurança, violência em virtude da segregação socioespacial urbana, riscos à

saúde (epidemias, fome, poluição, consumo de drogas e etc.).

Outros Tipos de Riscos

Ex.: Riscos Maiores

A compreensão do risco também depende da escala de análise; o risco maior é assim considerado quando o custo de recuperação e o número de perdas humanas são relativamente elevados para os poderes públicos e seguradores; os riscos maiores correspondem a eventos de baixa frequência e grande magnitude e consequências (ex.: Chernobyl, Seveso, Bhopal, Katrina, etc.); há ainda exemplos de “territorialização” dos riscos, como é o caso específico dos riscos

urbanos, em razão da complexidade e da

multidimensionalidade de atores e variáveis das cidades.

Ex.: Riscos urbanos

Fonte: Organizado por Almeida (2010), a partir de Veyret (2007).

Ainda assim, para o melhor entendimento da temática, o glossário do quadro 2 apresenta definições do termo de risco a parte de cada disciplina, tendo em conta a sua abrangência e diferentes afirmações sobre o tema.

Quadro 2: Glossário com definições sobre o termo risco.

Conceituação Fonte/Disciplina

(Nesta definição risco e perigo são usados como sinônimos) “Risco é caracterizado por conhecer ou não conhecer a distribuição de probabilidade de eventos. Estes eventos são caracterizados por sua magnitude (incluindo tamanho e disseminação), sua frequência e duração, e sua história”.

Alwang; Siegel; Jorgensen (2001) / Ciências Socias “Risco: o número esperado de vidas perdidas, pessoas feridas, danos à

propriedade e interrupção da atividade econômica devido a um determinado fenômeno natural, e consequentemente o produto específico do risco e elementos em risco.”

“Assim, risco é o potencial de perda para o sujeito exposto ou sistema, resultando da ‘convolação’ do perigo e vulnerabilidade. Neste sentido, risco pode ser

Cardona (2003) / Ciência (multidisciplinar)

(21)

expresso em forma matemática como a probabilidade de superar determinado nível econômico, social ou consequências ambientais num certo lugar e durante um certo período.

“Risco é uma função da probabilidade específica do evento de perigo natural e vulnerabilidade das entidades culturais.

Chapmann (1994)/ Ciências Naturais “Risco pode ser definido como a probabilidade de um sistema que não se

encontra em um estado satisfatório.”

Correia; Santos; Rodrigues (1987) / Engenharia “‘Risco’ é a probabilidade de uma perda, e isto depende de três elementos,

perigo, vulnerabilidade e exposição. Se algum desses três elementos do risco aumenta ou diminui, então o risco aumenta ou diminui respectivamente.”

Crichton (1999) / Ciências Naturais/ Setor de seguros “Risco é ‘a probabilidade de um evento multiplicado por suas consequências se o

evento ocorrer’”.

Einstein (1988) / Ciências Naturais

“Uma combinação da probabilidade ou frequência de ocorrência de um definido perigo e a magnitude das consequências da ocorrência. Mais especificamente, um risco é definido como a probabilidade de uma consequência nociva, ou perdas esperadas (de vidas, de pessoas, feridos, propriedades, sustento, atividade econômica interrompida ou ambiente deteriorado) resultando para interações entre natural ou humano induzindo perigos.”

European Spatial Planning Observ. Netw. (2003) / Ciência (multidisciplinar)

“O risco associado ao desastre de inundação para alguma região é um produto tanto da exposição ao perigo (evento natural) e a vulnerabilidade dos objetos (sociedade) ao perigo. Isto sugere que três fatores principais contribuam para uma região de risco de inundação: perigo, exposição e vulnerabilidade.”

Horiet al. (2002)/ Geociências “Objetiva (matemática) ou subjetiva (indutiva) probabilidade que o perigo se

torne um evento. Fatores (fatores de risco) podem ser identificados que interferir nessa probabilidade. Tais fatores de risco são constituídos por comportamentos pessoais, estilos de vida, culturas, fatores ambientais, e características herdadas que são conhecidas por estarem associadas a questões de saúde.

Risco é a probabilidade de perda dos elementos em risco como resultado da ocorrência, consequências físicas e sociais de um perigo natural ou tecnológico, e a mitigação e medidas de prevenção no lugar e na comunidade.

Risco é o número de perdas de vidas esperado, pessoas feridas, danos à propriedade e interrupção da atividade econômica devido um fenômeno natural particular, e consequentemente o produto específico do risco e elementos em risco.” UNDRO

Journal of Prehospital and Disaster Medicine (2004)/ Ciência (multidisciplinar)

“Risco indica o grau de perdas potenciais no lugar urbano devido sua exposição a perigos e pode ser considerado como um produto da probabilidade de ocorrências de perigos e graus de vulnerabilidade.”

Rashed; Weeks (2003) / Geociências “Risco de um sistema pode ser definido simplesmente como a possibilidade de

um evento adverso e indesejável. Risco pode ser devido unicamente ao fenômeno físico como um perigo à saúde ou da interação entre sistemas artificiais e eventos naturais, como, uma inundação devido ao rom pimento de um dique. Risco de engenharias para sistemas de recursos hídricos em geral, também tem sido descrita em termos de uma figura de mérito que é uma função dos índices de desempenho, digamos, por exemplo, a confiabilidade, o período de incidente, e as possibilidades de reparação...”

Shrestha (2002) / Engenharia

“Usado em um sentido abstrato para indicar uma condição do mundo real em que há uma possibilidade de perda; também usado por profissionais de seguro para indicar o seguro da propriedade ou o perigo assegurado.”

Swiss RE (2005)/ Setor de seguros

“Risco é o número de perdas de vidas esperado, pessoas feridas, danos à propriedade e interrupção da atividade econômica devido um fenômeno natural particular, e consequentemente o produto específico do risco e elementos em risco. Especificando risco: o grau de perdas esperado devido um determinado fenômeno natural e uma função entre ambos, perigo natural e vulnerabilidade.”

Tiedemann (1992) / Setor de seguros “A probabilidade de consequências danosas, ou esperadas perdas de vida, pessoas

feridas, propriedade, sustento, interrupção de atividade econômica (ou danos ao ambiente) resultando em interações em conjunto entre natural e humano induzindo condições de perigo e vulnerabilidade. Risco é convencionalmente

UNDP – BCPR (2004) / Nações Unidas

(22)

expressado pela equação: Risco = perigo x vulnerabilidade.”

“A probabilidade de exposição a um evento, com que pode ocorrer com gravidade variável e diferentes escalas geográficas, subitamente e inesperadamente ou gradualmente e previsivelmente, e o grau de exposição.”

UNEP (2002) / Nações Unidas

Fonte: Thywissen (2006) adaptado por Medeiros (2014)

1.3 Vulnerabilidade

A vulnerabilidade é algo mensurável, de acordo com Almeida (2017) é a “mensuração da capacidade de cada indivíduo para se preparar, lidar, resistir e ter habilidade de resiliência quando exposto a um perigo”. Ou seja, “a vulnerabilidade mede os impactos danosos do acontecimento sobre os alvos afetados”. (Dictionnaire de I’environnement, 1991, apud VEYRET, 2007, p.24). É dizer o quanto algo ou alguém pode ser afetado por um perigo, e a capacidade de resistir e se recuperar quando atingido.

Por vivermos em uma sociedade cada vez mais vulnerável, podemos mensurar o grau de vulnerabilidade de acordo com o risco de exposição de cada local. Dessa forma, para entender como os perigos podem impactar uma sociedade, bem como prever a possibilidade de a mesma sofrer danos a partir de um fenômeno natural faz necessário o estudo da vulnerabilidade, pois:

A vulnerabilidade tornou-se um conceito essencial na abordagem dos riscos e perigos, e central para o desenvolvimento de estratégias de redução e mitigação das consequências dos desastres naturais, nas diversas escalas de análise (local regional, nacional, global) (ALMEIDA, 2010, p.105)

A sua importância de se analisar a vulnerabilidade está ligada a prevenção dos ricos, pois há características de determinadas localidades e sociedades que os tornam mais expostos a um perigo. Sendo assim:

A vulnerabilidade existirá a partir de um perigo em um dado contexto geográfico e social, pois há lugares mais propensos à ocorrência de fenômenos danosos do que outros, bem como indivíduos que por diversos fatores – sociais, políticos, culturais e etc. – possuem menos capacidade de resistência. Devemos levar em consideração também o tempo (cronológico), tendo em vista que a vulnerabilidade pode apresentar sazonalidades, podendo aparecer nas mais variadas escalas temporais. (MARANDOLA; HOGAN, 2006).

(23)

O glossário do quadro 3 traz um apanhado definições do termo organizado por Cutter e adaptado por Azevedo (2010). O glossário ajudar a entender a evolução do termo, já que é apresentado ao longo da história de formas diferentes por diversos autores:

Quadro 3: Glossário com definições sobre o termo vulnerabilidade.

Conceito de Vulnerabilidade Social Autores e Anos

Grau ao qual um sistema atua negativamente para a ocorrência de um evento perigoso. O grau e qualidade das reações adversas são condicionados pela capacidade de resistência de um sistema (uma medida da capacidade do sistema para absorver e recuperar a partir do evento).

Timmerman (1981)

Capacidade de sofrer danos e reagir adversamente. Kates (1985)

Incapacidade de tomar medidas eficazes para garantir contra eventuais perdas. Quando aplicada aos indivíduos, a vulnerabilidade é uma consequência da impossibilidade ou improbabilidade de mitigação eficaz e é uma função da nossa capacidade de selecionar os riscos.

Bogard (1989)

Potencial para perdas. Mitchell (1989)

Refere-se a uma consequência (por exemplo, à fome) e não a uma causa (por exemplo, estão vulneráveis à fome), e é um termo relativo que diferencia entre os grupos socioeconômicos ou regiões, ao invés de uma medida de privação.

Downing (1991)

Probabilidade de que um indivíduo ou grupo serão expostos a um perigo e prejudicados por ele. É a interação dos perigos do lugar (e redução de riscos) com o perfil social das comunidades.

Cutter (1993)

Características de uma pessoa ou grupo em termos de sua capacidade de prever, lidar com resistir e se recuperar do impacto de um perigo natural. Trata-se de uma combinação de fatores que determinam o grau em que a vida de alguém e os meios de subsistência são postos em risco por um evento discreto e identificável na natureza ou na sociedade.

Blaikieetal (1994)

Susceptibilidade diferencial de circunstâncias que contribuem para a vulnerabilidade. Fatores biofísicos, demográficos, econômicos, sociais e tecnológicos, tais como idades das populações, dependência econômica, o racismo e idade de infraestrutura são alguns fatores que foram analisados em associação com riscos naturais.

Dow e Downing (1995)

(24)

A equação: R= PxV, onde: R = Risco; P = Perigo e V=Vulnerabilidade” trabalhada nos estudos chega ao resultado de vulnerabilidade quando aplicada a algum local, nela faz presentes a questão de risco e perigo já que eles participam no resultado. O risco aumenta conforme o perigo e a vulnerabilidade aumentam. Ou seja, R= f (P;V) se R = P x V, caso o P ou o V for zero o risco será zero e não existe ausência do risco.

Dita equação pode ser aplicada facilmente nas grandes cidades, dado que com o crescimento desordenado e falta de ação do poder público propiciam zonas de grande vulnerabilidade, em virtude que a desigualdade social é demasiada alta como aponta Almeida:

“O sistema de vulnerabilidade se compõe de elementos vulneráveis e de fatores que tornam esses elementos vulneráveis na cidade. Pode-se falar em fatores ligados ao problema do crescimento demográfico e urbano e de sua aceleração, incluindo as formas de uso e ocupação do solo urbano; fatores socioeconômicos (êxodo rural, especulação imobiliária); fatores psicossociológicos (memória do risco, percepção e cultura de risco); fatores ligados à cultura e a história das sociedades expostas (autoconstrução, lançamento de dejetos); fatores técnicos (prevenção); fatores funcionais (gestão de crise); fatores institucionais (gestão de riscos); entre outros fatores, tais como sistema de seguros. (ALMEIDA, 2011; p. 76).”

Da mesma maneira que existem vários tipos de riscos, há também tipos de vulnerabilidade, sendo assim, analisemos o quadro 4 a seguir que expõem os tipos de vulnerabilidades que podem ser aplicados a diversos estudos do gênero:

Quadro 4: Tipos de vulnerabilidade aplicados aos estudos dos fenômenos naturais

TIPO DE VULNERABILIDADE CARACTERÍSTICAS

Vulnerabilidade física (ou estrutural, ou corporal) Concentram-se na análise das construções, das redes de infraestrutura e do potencial de perdas humanas.

Vulnerabilidade humana ou social

Avalia os retornos de experiência sobre as capacidades de

resposta, adaptações, comportamentos e suas

consequências socioeconômicas e territoriais. Acrescenta-se ainda a percepção das ameaças ou da memória do risco, o conhecimento dos meios de proteção, os tipos de comportamentos potenciais.

Vulnerabilidade institucional

Trata da capacidade de resposta das instituições diante da crise; funciona como fator indireto da vulnerabilidade social.

Vulnerabilidade ambiental e patrimonial

Analisa os danos sobre os componentes ambientais – vegetação, solos, recursos hídricos, fauna, e aspectos culturais provocados por fenômenos naturais.

Vulnerabilidade funcional e econômica

Avalia as disfunções no que tange às atividades econômicas, rupturas nas redes de comunicação e transporte, entre outros.

(25)

1.4 Desastre e Catástrofe

Ouvimos corriqueiramente, sobretudo em telejornais a palavra desastre, que, em muitos casos é designando a algum acidente natural, como tufões, terremotos, ou, até mesmo acontecimentos sociais, no intuído de agravar ou mostrar que dito caso foi de grande magnitude, sendo que muitas vezes é transmitido de uma forma errônea. De acordo com Quarantelli (1998):

Um desastre é um evento concentrado no tempo e no espaço, no qual uma com unidade experimenta severo perigo e destruição de seus serviços essenciais, acompanhado por dispersão humana, perdas materiais e ambientais, que frequentemente excedem a capacidade dessa comunidade em lidar com as consequências do desastre sem assistência externa. (QUARANELLI, 1998, p.26)

O quadro 5 exemplifica a classificação dos desastres de uma forma coerente; conforme estabelecido pelo Centre for Research on the Epidemiology of Disasters.

Quadro 5: Classificação geral de Desastres.

Grupo de Desastres Subgrupos Definição Tipos principais

Natural

Geofísico

Um perigo proveniente de terra sólida. Este

termo é usado indistintamente com termo geológico Tremor de terra; movimento de massa; atividade vulcânica. Meteorológico

Um perigo causado por condições

meteorológicas extremas e condições atmosféricas de curta duração, micro a meso-escala que duram de minutos a dias.

Temperaturas

extremas, névoa,

tempestade.

Hidrológico

Um perigo causado pela ocorrência,

movimentação e

distribuição de água doce e salgada de superfície e subterrânea

Inundação,

deslizamento de terra,

Climatológico

Um perigo causado por processos atmosféricos de longa duração, de meso a macro escala, Variabilidade climática

intra-estacional a

multidecenal.

(26)

Biológico

Um risco causado pela exposição a organismos vivos e suas substâncias tóxicas (por exemplo,

veneno, bolor) ou

doenças transmitidas por vetores que eles podem transportar. Exemplos são animais selvagens venenosos e insetos, plantas venenosas e mosquitos portadores de agentes causadores de doenças, como parasitas, bactérias ou vírus (por exemplo, malária).

Epidemias; infestação de insetos.

Extraterrestre

Um perigo causado por asteroides, meteoroides e cometas à medida que passam perto da Terra, entram na atmosfera terrestre e / ou atingem a Terra, e por mudanças

nas condições interplanetárias que afetam a magnetosfera, a ionosfera e a termosfera da Terra. Impacto; tempo do espaço Tecnológico Acidente de trabalho Explosão; fogo; derramamento de produtos químicos; vazamento de gás; radiação; etc.

Acidente de transporte Ar; estrada; trilhos;

água

Acidente miscelânea

Colapso; explosão; fogo; etc.

Fonte: Centre for Research on the Epidemiology of Disasters - CRED, traduzido e organizado por LIMA (2017).

Os desastres em si são provas da falta de planejamento e pensamento geossistemico do espaço geográfico, já que embora grande maioria seja considerados “naturais” por haver alguma interferência da natureza, determinadas localidades sofrem diretamente mais ou menos por falta de planejamento, sobretudo as advindas de zonas potencialmente de risco.

O conceito de catástrofe é bastante confundido ao de desastre devido a sua similitude, contudo “o que os diferencia é a escala ou a magnitude das consequências e,

(27)

nesse caso, a catástrofe possui dimensões mais amplas, podendo ser quantificada quanto às perdas humanas, financeiras e ecológicas.” (ALMEIDA 2011, p.88). Há autores que entende que essa escala é medida por quantidade de vítimas fatais, porém não há uma convenção geral para tal. Ainda assim (ALMEIDA 2011, p. 84) completa:

Quanto aos os perigos naturais (natural hazards), não menos importantes e não menos catastróficos, se repetem com frequência e magnitudes cada vez mais devastadoras, tanto em função das mudanças ambientais empreendidas pelo homem, quanto pela crescente concentração de populações cada vez mais vulneráveis nas cidades, pelo crescimento demográfico, e pela globalização das desigualdades e segregação sociais.

De uma forma geral, analisando ditos conceitos, “pode-se dizer que os riscos e catástrofes são próprios da modernidade. Ao mesmo tempo, presencia-se um momento histórico em que toda a humanidade se sente vulnerável.” (ALMEIDA 2011, p.84). O quadro 6 resumo de uma forma espacializada as catástrofes nos seus grupos, tipo e subtipos, segundo Saraiva (2012).

Quadro 6:Classificação geral de Catástrofe.

Grupo Tipo principal Subtipo Sub-sub-tipo

Geofísico

Terremoto Termo de terra/Tsunami

Vulcão Erupção

Deslizamento de massa

Queda de rochas

Avalanche Neve/Detritos

Deslizamento de terra Lamas/Lahar/Detritos

Subsidência Súbita/Longa

Meteorológico Tempestade

Tropical Extra tropical

Locais (convectivas) Trovoada/Neve/Areia/Pó Tornado/orografia

Temperaturas extremas

Onda de calor

Onda de frio Geada/gelo

Invernia

Pressão neve Gelo Granizo Avalanche detritos

(28)

Climatológico Seca Fogos Florestais Terreno Hidrológico Cheias Lentas (Rio) Rápidas Depressão/Inundação costeira

Deslizamento de terra Detritos

Avalanche Neve/detritos Subsidência Súbita/lenta Biológico Epidêmicos Infecções Vírus/bactérias/parasitas Fungos/Prião Pragas Pânico (animais) Extraterrestres Meteoritos/asteroides

Fonte: (SARAIVA 2012) adaptado por (PONTES 2018)

1.6 Inundação

As inundações atingem de forma recorrente as grandes cidades, devido, sobretudo ao desenvolvimento desordenado e falta de planejamento das mesmas. “A inundação se dá quando há o transbordamento d’água para além do leito de cheia e há a ocupação do leito maior ou planície fluvial” (BRASIL, 2007).”

Os desastres naturais relacionados às inundações, enchentes e alagamentos causam grande número de pessoas afetadas, além de impactos econômicos severos.

As inundações ocorrem, geralmente, devido a ineficácia do sistema de drenagem, aliada a ocupação irregular nas cidades de áreas naturalmente expostas por pessoas carentes e a ausência da atuação do poder público.

Não só a ocupação desordenada de áreas expostas a inundação deve-se ser levada em consideração, contudo para o entendimento das mesmas tem-se que levar em conta o comportamento climático, mais especificamente o pluviométrico da região, bem como as características geomorfológicas.

(29)

Além do mais, a frequência e a dimensão das cheias e inundações podem estar a aumentar devido aos fenômenos da natureza global, como as alterações climáticas bem como, das transformações da cobertura vegetal.

As inundações são oriundos dos fenômenos hidrológicos extremos, de frequência variável, naturais ou induzidos pela ação humana, que consistem na submersão de uma área usualmente emersa. As inundações podem ser devidas a várias causas e, consoante estas, podem ser divididas em vários tipos quadro 7:

Quadro 7: tipos de inundações no mundo:

Tipo Causa

Cheia (inundação fluvial)

- Chuvas abundantes e/ou intensas - Fusão da neve ou do gelo

- Efeito combinado chuva + efeito das marés e/ou + storm surge - Obstáculos ao escoamento fluvial ou derrocada dos obstáculos

Inundação de depressões topográficas

- Subida da toalha freática (natural ou artificial)

-Retenção da água da precipitação por um solo ou substrato geológico de permeabilidade muito reduzida

- Cheias

Inundação costeira

- Storm surge

- Tsunami ou maremoto

- Subida eustática do nível do mar

- Sismos com fenómenos de subsidência tectónica

Inundação urbana

- Chuva intensa + sobrecarga dos sistemas de drenagem artificiais - Subida da toalha freática (natural ou artificial)

- Cheias

Fonte: Ramos 2009, adaptado por Pontes 2018

Esse tipo processo só acontece quando há ocupação indevida pelo homem, ou seja, "as enchentes e as inundações não configuram situações de risco quando o homem não ocupou a planície de inundação"(White, 1974 apud Proin/Capes &Unesp/IGCE, 1999). Os resultados desses fenômenos não são devido a culpa do natural, a chuva é apenas o agente iniciador. O resultado é proveniente de uma função de erros de ordenamento, educação, ação de poder público entre outros.

(30)

Segundo (UN-ISDR 2002) “as inundações e enchentes são problemas geoambientais derivados de fenômenos ou perigos naturais de caráter hidro meteorológico ou hidrológico, ou seja, aqueles de natureza atmosférica, hidrológica ou oceanográfica.” Ademais, “sabe-se hoje que as inundações estão relacionadas com a quantidade e intensidade da precipitação atmosférica” (Souza, 1998).

Ainda com Min. Cidades/IPT (2007), o alagamento pode ser definido como o “acúmulo momentâneo de águas em uma dada área por problemas no sistema de drenagem, podendo ter ou não relação com processos de natureza fluvial”.

Segundo Amaral & Ribeiro (2009) “a probabilidade e a ocorrência de inundação, enchente e de alagamento são analisadas pela combinação entre os condicionantes naturais e antrópicos.” Ditos condicionantes naturais podem ser vistos no quadro 8:

Quadro 8: condicionantes naturais de inundação, enchente e alagamento

Condicionantes naturais a) formas do relevo;

b) características da rede de drenagem da bacia hidrográfica;

c) intensidade, quantidade, distribuição e frequência das chuvas;

c) intensidade, quantidade, distribuição e frequência das chuvas;

e) presença ou ausência da cobertura vegetal.

Fonte: Amaral e Ribeiro 2009 Desastres naturais, conhecer para prevenir, organizado por Pontes 2018

Para entender de uma forma geral esses conceitos, a figura 3 elaborado pelo Ministério das Cidades traz de forma lúdica a definição de inundação com a diferenciação entre enchente e alagamento, termos bastantes confundidos de uma forma geral por todos.

(31)

Figura 3: Perfil esquemático do processo de enchente e inundação.

Fonte: Min. Cidades/IPT, 2007.

1.7 Aeronave Remotamente Pilotada (ARP)

É comum encontrar na bibliografia cientifica a utilização de Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) para referenciar a Aeronave Remotamente Pilotada (ARP), seguindo de acordo com o caput presente no artigo 1061 da Lei nº 7.565, de 19 de Dezembro de 1986, responsável por instituir o Código Brasileiro de Aeronáutica; contudo tal nomenclatura deve ser vista a partir da realidade brasileira, ou seja, devemos adotar o termo Aeronaves Remotamente Pilotadas uma vez que VANT é oriunda do termo em inglês Unmanned Aerial Vehicle (UAV).

A Aplicação de Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARPs) mais conhecidos por drones, tem ganhado bastante popularidade, sendo utilizado por diversas áreas. Criado inicialmente com um propósito específico, o militar, os ARPs “advém da época da guerra, onde os exércitos lançavam balões uns contra os outros e utilizavam a força dos ventos para conseguirem, de forma guiada, derrubar explosivos em seus alvos (LATCHMAN, 2003).”

Contudo, ao passar dos anos tem sido uma ferramenta de grande auxilio para a ciência. Na geografia as Aeronaves Remotamente Pilotadas permitem análises de problemas socioambientais em tempo real e com alta precisão, como pode ser visto na

1 “Considera-se aeronave todo aparelho manobrável em voo, que possa sustentar-se e circular no espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas”

(32)

figura 4 com alta qualidade e riqueza de detalhes é algo atrativo para as mais diferentes aplicações e usos de ARP.

Figura 4: Imagem do Complexo do Passo da Pátria, obtida atrás de do ARP. Fotografia

de alta resolução.

Fonte: Imagem de (ARP), Grupo de Pesquisa Georisco. 2018 Visita a campo no dia 31 de agosto de 2018

Segundo Latchman (2003) apud Paula (2012) o ARP é compreendido como uma aeronave sem a necessidade de piloto embarcado, que pode ser de operação remota ou de forma autônoma, ou seja, pode cumprir uma missão de maneira autônoma, programada previamente, podendo ser ainda uma combinação dessas aplicações.

Em linhas gerais, os veículos remotamente controlados atendem a uma demanda específica que envolve o atendimento de quatro estágios básicos: “sua utilização geralmente consiste em decolar, seguir uma rota até o seu destino, coletar informações e retornar à origem” (PAULA, 2012, p.1).

Para a Confederação Brasileira de Aeromodelismo (2005), a definição para ARP é “...um veículo capaz de voar na atmosfera, fora do efeito de solo, que foi projetado ou modificado para não receber um piloto humano e que é operado por controle remoto ou autônomo”.

A definição do Exército Brasileiro, de acordo com a Portaria Normativa nº 606, do Ministério da Defesa, datada de 11 de junho de 2004, apresenta o seguinte texto:

(33)

É um veículo de pequeno porte, construído com material de difícil detecção, pilotado remotamente, usando asas fixas ou rotativas, e empregado para sobrevoar o alvo ou área de interesse com o objetivo de fornecer informações por meio de seu sistema de vigilância eletrônica. (MINISTÉRIO DA DEFESA, 2004).

Todas essas definições de uma forma geral, conduzem o entendimento do conceito de uma forma simples. As diferenças dos ARP e do conceito em si será levado dependendo do objetivo do estudo e área. Nesse caso há a necessidade de exemplificar de forma mais detalhadas o seu uso e aplicação.

É importante frisar também a existência de vários tipos e modelos de ARP. O seu uso, mais uma vez é de acordo com o objetivo inicial do pesquisador. Na pesquisa em questão o tipo de ARP usado foi o de asa rotativas, ou multi-rotor que é recomendando para áreas menores além de poder fazer pouso e decolagem na vertical.

Na figura 5 apresenta-se um ARP multi-rotor semelhante ao usado na metodologia.

Figura 5:Imagem ilustrativa do modelo do (ARP) utilizado.

Fonte: Dji2

(34)

2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

Neste capítulo foi elaborada a caracterização do Complexo Passo da Pátria, assim como da cidade do Natal-RN, cidade onde o Complexo está inserido. A caracterização abrange as suas características ambientais, levando em conta a importância para entender o risco e os fatores que possibilitam a sua progressão. Neste capítulo também faz jus a importância de entender o processo histórico de formação e ocupação da comunidade.

2.1 Caracterização Ambiental

Natal é um município e capital do Rio Grande do Norte, que está nas coordenadas geográficas 05°47'42'' S e 35°12'34'' W, com o Oceano atlântico ao leste, limitando-se com os municípios de Parnamirim, ao sul, Extremoz, ao norte, São Gonçalo do Amarante e Macaíba, ao oeste. Juntamente com esses 4 municípios e outros 9 a mais formam a Região Metropolitana de Natal (RMN). O município de Natal apresenta extensão territorial correspondente a 168,53 km² e uma população de 803.739 habitantes, conforme dados do IBGE (2010).

Está situado sobre unidade geomorfológica de “Planícies e Tabuleiros Costeiros” (ROOS, 2009), na zona costeira brasileira, onde abriga em toda a sua extensão uma gama imensa de ecossistemas de importante relevância ambiental. Possui vestígios dos biomas de Caatinga e Mata Atlântica em sua vegetação (IBGE, 2015).

No território do município encontram-se várias bacias hidrográficas como as do do Rio Potengi, Rio Pirangi e Rio Doce; na Faixa Litorânea Leste de Escoamento Difuso.

2.1.1 Clima

O clima é um fator responsável por desencadear vários perigos naturais, sejam eles imediatos, como a passagem de uma tempestade, ou de longo prazo, como as estiagens e secas (MEDEIROS, 2014).

As precipitações, por exemplo, são uma das principais causas dos eventos de desastres no Brasil, visto que quando ela ocorre de forma muito intensa em

(35)

0 50 100 150 200 250 300 350 400

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Prec ip ita ção (m m )

PRECIPITAÇÃO MÉDIA (MM)

um reduzido intervalo de tempo acarreta enchentes, inundações, alagamentos e deslizamentos de terra, devido à saturação do solo. (SALES, 2017p. 46)

A caracterização dos parâmetros climáticos foi feita com base nos dados climáticos disponível Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), como válidos para o município de Natal, normal climatológica de 30 anos compreende o período de 1987 a 2017.

O município de Natal está situado na porção litorânea oriental do Rio Grande do Norte, inserida em uma região de domínio As’, de clima tropical chuvoso quente com verão seco, segundo a classificação de W. Köppen. Apresenta uma pluviometria média em torno de 1.500 mm/ano anuais. Gráfico 1:

Gráfico 1: Precipitação (mm) média no município de Natal-RN (1987-2017).

Fonte: INEMP. Elaborado pelo autor (2018).

O período chuvoso compreende os meses de abril a julho e o período seco de agosto a fevereiro. Tipo climático atualmente controlado pelas Ondas de Leste. De modo, tais características encontradas se devem exclusivamente à localização geográfica do município de Natal.

Enquanto a temperatura, Natal apresenta uma média anual de 26,6°C chegando a temperaturas máximas de 31°C e mínimas de 21°C. Sendo fevereiro o mês mais quente, com 27,6°C, e julho o mais frio, com 24,9°C de média mensal. Gráfico 2.

(36)

23.5 24 24.5 25 25.5 26 26.5 27 27.5 28

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Te m p era tu ra ( °C)

Temperatura Média Mensal de 1987-2017 (°C)

Gráfico 2: Temperatura Média mensal do município de Natal, referente ao período de

1987 a 2017.

Fonte: INEMP. Elaborado pelo autor (2018).

Os meses de precipitações mais intensas, no caso de abril a junho na cidade do Natal são os mais propícios e expostos à alagamentos, cheias, inundações, sendo o mês de julho o mais crítico, onde deve haver uma atenção maior da Defesa Civil, órgãos públicos e dos próprios moradores.

2.1.2 Geologia e Geomorfologia

A geologia de toda a cidade de Natal é essencialmente formada por materiais de origem sedimentar de idade mais recente. Tendo a maior deposição os arenitos da Formação Barreiras, que remontam a deposições fluviais, cujo é um ambiente frágil ecologicamente. Ademais:

A área condizente ao município de Natal é, em sua geologia, constituída estratigraficamente (da base ao topo) por um embasamento cristilo datado do período pré-cambriano com ocorrências de granitos, granodioritos, magmatito e gnaisses. Esta estrutura do município está sobreposta por depósitos mesozoicos correspondentes a sequência infrabarreiras, que por sua vez é formada por sedimentos cretáceos com a presença de rochas areníticas (em horizonte inferior) e de calcário com ocorrência arenítica e argilita (horizonte superior). Existem ainda os depósitos de sedimentos recentes e sub-recentes representados pelos depósitos dunares, praias, planícies de

(37)

deflação, estuarinos, aluviares e de cobertura de espraiamento.” (SEMURB/PMN, 2014, p. 34).

Na geomorfologia presente na região, é possível observar, basicamente, terrenos planos e suavemente ondulados com a presença de quatro classificações de relevos predominantes: a plataforma continental, as formas litorâneas, as superfícies de aplainamento e os vales fluviais lacustres (VILAÇA, 1985; VILAÇA et al, 1986).

Esses terrenos normalmente não ultrapassam os 100 metros de altitude. O relevo de Natal apresenta duas principais feições: tabuleiro planície costeira, onde encontramos dunas móveis e fixas, resultantes do transporte eólico de areias finas e médias, e pelas planícies fúlvio-marinhas, representadas pelo baixo curso do Rio Potengi.

O Complexo do Passo da Pátria encontra-se na planície flúvio-marinha no estuário do Rio Potengi. A planície flúvio-marinha sofre influência das oscilações das marés e dos processos continentais, sendo formada pela deposição de sedimentos argilosos, ricos em matéria orgânica em suas áreas de inundação, e vegetação de mangue.

2.1.3 Pedologia

Em relação à tipologia dos solos de Natal podem-se destacar tipos de solo de acordo com a classificação de solos da EMBRAPA, com o Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (SIBCS, 2005). Os solos encontrados são: Gleissolos; Neossolos Flúvicos; Neossolo Quartzarênico e Latossolos Vermelho-Amarelos.

Os Neossolos Quartzarênicos são solos minerais, derivados de sedimentos arenoquartzosos, são essencialmente arenoquartzosos, não hidromórficos ou hidromórficos sem contato lítico dentro de 50 cm de profundidade da superfície. De forma geral, esses solos são profundos a muito profundos. São excessivamente drenados e um pouco desenvolvidos devido a baixa atuação dos processos pedogenéticos e pela resistência do material de origem ao intemperismo. São solos bastante lavados, dessaturado por bases, com baixa fertilidade natural, baixa capacidade de retenção de água e baixa capacidade de troca de cátions.

Os Neossolos Flúvicos são solos minerais não hidromórficos, oriundos de sedimentos recentes. São formados por sobreposição de camadas de sedimentos aluviais recentes sem relações pedogenéticas entre elas, devido ao seu baixo desenvolvimento

(38)

pedogenético. Geralmente apresentam espessura e granulometria bastante diversificadas, ao longo do perfil do solo, devido a diversidade e a formas de deposição do material originário. Geralmente a diferenciação entre as camadas é bastante nítida, porém, existem situações em que torna-se difícil a separação das mesmas, principalmente quando são muito espessas.

Os Gleissolos são solos minerais, hidromórficos, desenvolvidos de sedimentos recentes não consolidados, de constituição argilosa, argilo-arenosa e arenosa. Compreende solos mal a muito mal drenados e que possuam características resultantes da influência do excesso de umidade permanente ou temporário, devido a presença do lençol freático próximo à superfície, durante um determinado período do ano. São solos bastante diversificados em suas características físicas, químicas e morfológicas, devido às circunstâncias em que são formados, de aporte de sedimentos e sob condição hidromórfica.

Os Latossolo Vermelho-Amarelo são identificados em áreas dispersas associados aos relevos, plano, suave ondulado ou ondulado. Ocorrem em ambientes bem drenados, sendo muito profundos e uniformes em características de cor, textura e estrutura em profundidade.

O tipo de solo onde o Complexo se encontra é o Gleissolos, sendo solos instáveis, além de ser pouco desenvolvidos, excessivamente mal drenado e pouco profundo o que contribui o risco de inundações no local.

2.1.4 Recursos Hídricos

Em se tratando da hidrologia da área do município de Natal, o Plano Estadual de Recursos Hídricos definiu que as seguintes bacias hidrográficas seriam responsáveis pela drenagem presente na região: Bacia do Rio Doce, do Rio Pirangi, além da faixa Litorânea Leste de Escoamento Difuso (HIDROSERVICE, 1999). No município, 31,19% do seu território está inserido na Bacia Hidrográfica do Rio Potengi, 15,30% no Rio Pirangi, 23,43% no Rio Doce e 30,08% na Faixa Litorânea Leste de Escoamento Difuso.

Já no que refere a estrutura de águas subterrâneas, Natal é composto pelo aquífero freático e pelo aquífero confinado e semiconfinado, como também de águas superficiais (BARROS, 2003). O município encontra-se na formação do aquífero

(39)

Barreiras, principal fonte de água subterrânea na região da planície costeira leste do Estado.

Como aponta (MACEDO, 2018), “Natal tem corpos superficiais em abundância, sobretudo lagoas de origem de planícies intedunares, onde há o afloramento do nível freático. Pelo amplo avanço urbano, o município é citiado por lagoas de contenção pluvial, formando uma rede interligada.” Para a Complexo em análise, a área em geral não encontra-se bem adensada e drenada por tubulação de drenagem urbana exceto alguns pontos onde houve obras do Habitar Brasil. Há vários locais de potencial acúmulo de águas devido à falta de drenagem urbana prejudicando a vida de muitos cidadãos.

2.2 Processo histórico de ocupação do Passo da Pátria e suas características.

O Complexo do Passo da Pátria, está localizado entre os bairros de Cidade Alta, Alecrim e Ribeira, na Zona leste da cidade do Natal. É a maior comunidade ribeirinha da cidade do Natal, tendo uma área total de 205.506 m² (SEMTAS, 2015) e limita-se ao Norte, com a margem direita do Rio Potengi; ao Sul, com a linha férrea; ao Leste, com a Pedra do Rosário e, a Oeste, com a Base Naval Almirante Ary Parreira. O Complexo tem uma população de 5.125 habitantes (IBGE, 2010). É considerado pelo IBGE como um aglomerado subnormal3. Os assentamentos do Complexo são formados por 1425 habitações4 (IBGE, 2010), apresentando uma média de 3,6 pessoas por habitação. O Complexo pertence a uma Área Especial de Interesse Social (AEIS) (Lei Complementar nº 44/2002) além de ter sido beneficiado pelo Programa Habitar Brasil/BID (HBB).5

3 É o conjunto constituído por 51 ou mais unidades habitacionais caracterizadas por ausência de título de propriedade e pelo menos uma das características abaixo:- irregularidade das vias de circulação e do tamanho e forma dos lotes e/ou - carência de serviços públicos essenciais (como coleta de lixo, rede de esgoto, rede de água, energia elétrica e iluminação pública). (IBGE,2010)

4 Foi realizado a vetorização das habitações de forma manualmente, através das imagens obtidas pelo ARP, apresentando um estimativo de 1484 habitações para o ano de 2018.

5 O programa Habitar Brasil (BID) incentiva a geração de renda e o desenvolvimento em assentamentos de risco ou favelas para melhorar as condições habitacionais. Programa realizado com os recursos previstos na parceria entre a União Federal e o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento. Tem como Órgão Gestor o Ministério das Cidades, sendo a CAIXA o agente financeiro, técnico e operacional. Disponível em:

http://www1.caixa.gov.br/gov/gov_social/municipal/programas_habitacao/habitar_brasil_bid/: Acesso em nov. 2018.

Referências

Documentos relacionados

In this work, TiO2 nanoparticles were dispersed and stabilized in water using a novel type of dispersant based on tailor-made amphiphilic block copolymers of

O 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) é um estágio profissionalizante (EP) que inclui os estágios parcelares de Medicina Interna, Cirurgia Geral,

Todas as outras estações registaram valores muito abaixo dos registados no Instituto Geofísico de Coimbra e de Paços de Ferreira e a totalidade dos registos

F REQUÊNCIAS PRÓPRIAS E MODOS DE VIBRAÇÃO ( MÉTODO ANALÍTICO ) ... O RIENTAÇÃO PELAS EQUAÇÕES DE PROPAGAÇÃO DE VIBRAÇÕES ... P REVISÃO DOS VALORES MÁXIMOS DE PPV ...

insights into the effects of small obstacles on riverine habitat and fish community structure of two Iberian streams with different levels of impact from the

A versão reduzida do Questionário de Conhecimentos da Diabetes (Sousa, McIntyre, Martins & Silva. 2015), foi desenvolvido com o objectivo de avaliar o

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o

Contemplando 6 estágios com índole profissionalizante, assentes num modelo de ensino tutelado, visando a aquisição progressiva de competências e autonomia no que concerne