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A utilização pré-histórica da Gruta de Porto Covo (Cascais). Uma revisão e algumas novidades

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A colecção «CASCAIS, TEMPOSANTIGOS» tem por objectivo a publicação de estudos monográficos

sobre o passado mais remoto da área que é hoje o concelho de Cascais, e da sua envolvência imediata, das origens à emergência da nacionalidade.

No entanto, o âmbito geográfico da colecção pode ser alargado, em situações concretas.

Entre 3000 e 2000 antes da nossa era, as Penínsulas de Lisboa e Setúbal compartilharam uma unidade cultural apreciável, designada por Savory como a «Cultura do Tejo». Os monu-mentos e sítios de esse período são o objecto das primeiras publicações de esta colecção, incluindo necrópoles como Porto Covo, Poço Velho, Alapraia e S. Pedro do Estoril, e povoados como a Parede, o Murtal ou o Estoril.

Os materiais de antigas escavações serão assim objecto de publicações monográficas «defi-nitivas», tal como os que resultam de projectos que, em colaboração com a autarquia, estão neste momento a decorrer ou em curso de programação.

A colecção «CASCAIS, TEMPOSANTIGOS» é dirigida por Victor S. Gonçalves, professor catedrático

da Universidade de Lisboa e Director da UNIARQ (o Centro de Arqueologia da U. L.), responsável

pelo Projecto CASCA (Cascais: as antigas sociedades camponesas).

A Gruta de Porto Covo

A gruta de Porto Covo, tal como a de Poço Velho, fazia parte da estratégia de Carlos Ribeiro para o Congrés International d’Anthropologie et d’Archéologie Préhistoriques, IXème Session, que se realizou em Lisboa em 1880. A gruta foi escavada em Janeiro e Fevereiro de 1879 por Antó-nio Mendes, a mando de Carlos Ribeiro.

A gruta foi objecto de duas publicações muito sumárias, em 1942 e 1954, e foi praticamente esquecida até à exposição «Cascais há 5000 anos», realizada pela Câmara Municipal de Cas-cais no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa, e de que o Autor foi Comissário Científico. A exposição abria exactamente com a taça lisa, com pé, de Porto Covo.

Publica-se agora um documento inédito, o relatório de António Mendes sobre a distribuição de tarefas pelos trabalhadores que escavaram a gruta, o que nos permite, pela primeira vez, ana-lisar o funcionamento e os ritmos de uma escavação do último quartel do século XIX em Por-tugal. A integralidade do espólio, incluindo os restos humanos, foi agora objecto de um estudo exaustivo, amplamente documentado e completado pelas datações pelo radiocarbono.

A gruta de Porto Covo foi uma pequena necrópole onde se depositaram sete indivíduos, segu-ramente três mulheres e duas crianças (com menos de cinco anos) e, quase certamente, dois homens.

A sua pequena dimensão e situação isolada podem permitir a conclusão que se tratava de uma necrópole ocasional de um ou mais minúsculos núcleos de povoamento, nada estáveis, pela cronologia que os ossos revelaram.

A ligação à terra de esses grupos lê-se através da simbólica, da importância dada ao machado, que corta as árvores, e à enxó, que limpa os troncos dos ramos adjacentes, os descasca e os prepara para funções antrópicas.

Seis datações de radiocarbono permitiram identificar três momentos de utilização da gruta, dois no 4.º milénio, um no 3.º antes da nossa era. Os primeiros são atribuídos ao Neolítico

médio e estas são as mais antigas datações absolutas obtidas, até agora, para Cascais. O último

momento é atribuível ao Calcolítico, a Idade do Cobre, tão bem representada em Cascais.

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C OL E C Ç Ã O C A S C A I S T E M P O S ANTIGOS

A utilização

pré-histórica

da gruta

de Porto Covo

(Cascais)

VICTOR S. GONÇALVES

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C OL E C Ç Ã O C A S C A I S T E M P O S ANTIGOS

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A utilização

pré-histórica

da gruta

de Porto Covo

(Cascais)

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A utilização

pré-histórica

da gruta

de Porto Covo

(Cascais)

Uma revisão

e algumas novidades

TEXTO E FOTOGRAFIA

VICTOR S. GONÇALVES

COM UM ESTUDO DE ANTROPOLOGIA POR

ANA MARIA SILVA

CASCAIS, CÂMARA MUNICIPAL, 2008

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COLECÇÃO «CASCAIS TEMPOS ANTIGOS» EDITADA PELA CÂMARA MUNICIPAL DE CASCAIS DIRIGIDA PELO PROF. VICTOR S. GONÇALVES

VOLUME 1

Gonçalves, V. S. (2008) – A utilização pré-histórica

da gruta de Porto Covo (Cascais). Uma revisão e algumas novidades

VOLUME 2

Gonçalves, V. S.; Sousa, A. C., coordenadores (2008) – Transformação e Mudança no Centro

e Sul de Portugal no 3.º milénio a.n.e. Actas do Colóquio Internacional

VOLUME 3

Gonçalves, V. S. (2008) – A ocupação pré-histórica

das furnas de Poço Velho (Cascais)

VOLUMES EM PREPARAÇÃO

A morte e o mar: as grutas artifi ciais de S. Pedro do Estoril (3.º milénio a.n.e.) As cerâmicas com entalhes ou impressões no bordo do povoado pré-histórico da Parede (Cascais)

Alapraia. Uma necrópole de grutas artifi ciais do 3.º milénio a.n.e. no seu espaço envolvente

F I C H A T É C N I C A

FOTOGRAFIA E TRATAMENTO DIGITAL DE IMAGEM Victor S. Gonçalves

DESENHO DE MATERIAIS LÍTICOS Fernanda Sousa DESENHO DE CERÂMICAS Guida Casella

ANÁLISE DE METAL ITN, Grupo dirigido por Fátima Araújo TOPOGRAFIA Olímpio Martins

PESQUISA DE ARQUIVO Ana Ávila de Melo GESTÃO DE ARQUIVO Marisa Cardoso

DESIGN GRÁFICO TVM Designers IMPRESSÃO Gráfica Maiadouro

TIRAGEM 2000 exemplares ISBN978-972-637-185-4

DEPÓSITO LEGAL283 722/08

Lisboa 2008

© do Autor e da Câmara Municipal de Cascais

Toda e qualquer reprodução de texto e imagem é interdita, sem a autorização escrita do Autor, ou dos seus representantes legais, nos termos da lei vigente, nomeadamente o Código do Direito de Autor e Direitos Conexos. Em powerpoints de carácter científico ou didáctico (e não comercial) a reprodução de imagens ou de partes do texto é permitida, com a condição de a origem e a autoria do texto ou das imagens serem expressamente indicadas no diaposi-tivo em que é feita a reprodução. Os direitos de autor da obra são extensíveis a todos os documentos, impressos ou manuscritos, com tratamento de imagem, nela publicados.

CASCA (Cascais: as antigas sociedades camponesas) é um Projecto de Investigação em curso no Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (UNIARQ), no âmbito do «Grupo UM», a decorrer com o apoio da Câmara Municipal de Cascais e da FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia).

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«…porque as coisas mais antigas se escondem no presente…»

Introdução a Marketa Lazarová, de Frantisˇec Vlásˇil, 1967

«C’est dans la même zone de calcaire jurassique, sur le ver-sant méridional de la montagne de Cintra, que s’ouvre une autre grotte sépulcrale, celle de Porto Covo. Elle nous offrira les mêmes reliques d’un lointain passé, haches et herminettes en schiste argilo-siliceux, amphibolite, fibrolithe, etc. ; plusieurs vases entiers, bols à pied concave semblables aux nôtres, vases à fond hémisphérique et à ouverture évasée, caliciformes. Parmi les silex, il en est un qui rappelle exactement le type des amas de coquille (fig. 63), mais dans une dimension dou-ble. Enfin, il y avait une pointe en metal — cuivre ou bronze — ovale et à soie.»

Émile Cartailhac, 1886, p. 112-113

Dédié à un vieil ami, Jean Guilaine,

dans l’année de sa jubilation du Collège de France

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Prefácio

Se há ciência que tem merecido a atenção dos investigadores que há mais de 100 anos traba-lham quase ininterruptamente em Cascais, essa disciplina científica é a Arqueologia. As razões para esta constatação são muito simples de enunciar. Em primeiro lugar, o estudo dos vestígios arqueológicos de Cascais tem tido, desde cerca de 1880, a atenção continuada e sistemática de alguns dos mais importantes investigadores nacionais.

Depois, porque os testemunhos dessas realidades passadas são muito significativos, tanto do ponto de vista da arquitectura dos monumentos como do espólio recolhido.

Por outro lado ainda, diversas foram as edições que, de forma muito ritmada, se publicaram sob variadas chancelas, o que criou, naturalmente, uma sadia habituação na forma como várias gerações de investigadores estudaram e publicaram, em diversas línguas, os resultados obtidos.

Desde a década de 60 do século XX, que a Câmara Municipal, na esteira da então Junta de Turismo de Cascais, tem dedicado muita atenção ao tema, liderando, a partir desta data, a investi-gação e a edição. Mais recentemente, em 2005, foi possível mostrar ao grande público no Museu Nacional de Arqueologia duas exposições simultâneas sobre um mesmo concelho, o que consti-tuiu – conforme referiu na ocasião o Director do Museu, Dr. Luís Raposo – um marco na história daquela instituição. Refiro-me às exposições: “Cascais há 5.000 anos” e “A Presença Romana em Cascais”.

A primeira dessas exposições foi comissariada pelo autor da presente monografia. Ali se incluiu uma apresentação dos testemunhos da ocupação humana na gruta de Porto Covo, loca-lizada nas faldas sul da Serra de Sintra. Esta gruta situa-se numa zona que, recentemente, tem também merecido a atenção da Agência Cascais-Natura, através da realização de vários progra-mas de valorização do património natural e histórico-cultural.

Na colecção que com este volume se inicia – Cascais, Tempos Antigos – iremos apresentar novas perspectivas sobre os espólios exumados nas grutas artificiais de Alapraia e de S. Pedro do Estoril, nas grutas naturais de Poço Velho, em Cascais, e no Povoado da Parede, bem como revelar dados inéditos sobre outros temas essenciais para o nosso conhecimento da Pré-história.

Ao iniciar a presente colecção com um volume sobre a gruta de Porto Covo evidencia-se a intenção de começar por aprofundar a investigação em sítios arqueológicos menos conhecidos.

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O estudo dos vestígios da ocupação humana da gruta de Porto Covo remonta ao final do século XIX, pelo geólogo Carlos Ribeiro, tendo sido aprofundado, já em meados do século XX, por Afonso do Paço e Maxime Vaultier. A considerável antiguidade destes trabalhos impli-cava, por isso, uma revisão e a publicação integral do espólio à luz dos conhecimentos actuais. Esse importante trabalho foi realizado pela mão do Prof. Doutor Victor S. Gonçalves, com a colabo-ração da Prof.ª Doutora Ana Maria Silva, que realizou a análise antropológica, e da Dr.ª Ana Ávila de Melo, que teve a seu cargo toda a pesquisa de arquivo no Instituto Geológico e Mineiro.

Mas permitam-me uma palavra mais demorada sobre o Prof. Doutor Victor S. Gonçalves. A atenção que este ilustre universitário tem dedicado à Pré-história recente do concelho de Cascais data do início dos anos 90, momento em que a partir de três estudos parcelares elaborou o livro Sítios, «Horizontes» e Artefactos. O seu interesse pela realidade arqueológica cascalense levou--o a sugerir a criação desta nova colecção de edições municipais, que agrupasse um conjunto de trabalhos da autoria de diversos investigadores, cuja primeira monografia é agora publicada.

Um estudo desta dimensão e alcance só foi, naturalmente, possível graças à colaboração de um conjunto de pessoas e instituições que estão referidas no volume, mas não será excessiva uma especial menção ao Instituto Geológico Mineiro, onde se conserva o arquivo dos inves-tigadores anteriores e parte das colecções arqueológicas, bem como ao seu actual Director, o Prof. Doutor Miguel Magalhães Ramalho, também ele um ilustre cidadão cascalense.

É, pois, com expectativa que aguardamos a publicação de outras monografias nesta colec-ção, agradecendo aos autores do presente estudo o magnífico trabalho que agora nos é dado a conhecer.

Cascais, 25 de Outubro de 2008

O Presidente da Câmara ANTÓNIOD’OREY CAPUCHO

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VICTOR S. GONÇALVES (1946.05.14) é professor catedrático da Universidade de Lisboa, onde criou e ensina as uni-dades lectivas Introdução à Arqueologia, Antigas

Socie-dades Camponesas e Arqueologia da Morte. Fundou e

dirige a UNIARQ (Centro de Arqueologia da Universi-dade de Lisboa), onde coordena o Grupo de Trabalho sobre as antigas Sociedades Camponesas. É respon-sável pelos três ciclos de ensino da Arqueologia na Faculdade de Letras de Lisboa (licenciatura, mestrado, doutoramento).

Entre os seus livros, contam-se Megalitismo e

Met-alurgia no Alto Algarve Oriental. Uma aproximação integrada (1989); Revendo as antas de Reguengos de Monsaraz (1992); Reguengos de Monsaraz, territórios megalíticos (1999); STAM-3, A anta 3 da Herdade de Santa Margarida (Reguengos de Monsaraz) (2003); Sítios, «Horizontes» e artefactos. Estudos sobre o 3.º milénio no Centro e Sul de Portugal (2.ª edição, 2003); Cascais há 5000 anos (2005); As placas de xisto gravadas dos monu-mentos colectivos de Aljezur (2005). Editou ainda Muitas antas, pouca gente? Actas do 1.º Colóquio Internacional sobre Megalitismo (2000) e Muita gente, poucas antas? Espaços, Origens e Contextos do Megalitismo. Actas do

2.º Colóquio internacional sobre Megalitismo (2003).

Assinou mais de 150 textos em Revistas da especiali-dade, em Portugal, Espanha, França e Bélgica. Salienta, nomeadamente, a série «Manifestações do sagrado na Pré-História do Ocidente Peninsular» (oito títulos publi-cados, tendo o autor especial afecto pelos n.os 4, 5, 7 e 8). Actualmente, prossegue o seu ciclo de investigação sobre as antigas sociedades camponesas em Cascais (Projecto CASCA), preparando a monografia sobre Alapraia e a revisão da necrópole de S. Pedro do Estoril. Coordena o Programa «PLACA NOSTRA», com o objec-tivo da publicação do Corpus impresso das placas de xisto gravadas (volumes em preparação sobre a Anta 1 do Paço de Aragão, o tholos do Escoural e a Anta Grande do Zambujeiro). A publicação da monografia sobre o complexo megalítico do Olival da Pega é também um dos seus objectivos a curto prazo. Escreve (e lê…), aliás, várias coisas ao mesmo tempo (um hábito antigo), hoje acompanhado por Pollini, Uchida e Argerich ao piano, e por uma das suas referências de infância, recente-mente reencontrada, Wilhelm Kempff. Com Darjeeling

Brumas do Himalaia em copo japonês, um paradoxo

histórico-cultural dos muitos que aprecia...

SHIU (UNIARQ «QUATRO»)

VSG, durante as escavações da gruta 3 de Alapraia, 2007.12.14. Foto Marisa Cardoso.

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T Á B U A

Abrindo o livro e contando a história 11

UM A LOCALIZAÇÃO, A DESCOBERTA, A ESCAVAÇÃO, A PRIMEIRA PUBLICAÇÃO 21

1. Localização e descrição sumária 23

2. A história do sítio. António Mendes e Carlos Ribeiro 36

2.1. O papel dos trabalhadores 46

2.2. A acção dos colectores 47

3. Afonso do Paço e Maxime Vaultier, 1942 62

4. Afonso do Paço e Maxime Vaultier, 1954 71

D O I S PORTO COVO: UMA REVISÃO 79

5. Os artefactos de pedra lascada 81

6. Os artefactos de pedra polida 86

6.1. As enxós 88

6.2. Os machados e o machadinho 89

6.3. Algumas considerações sobre a pedra polida de Porto Covo 91

7. Artefactos cerâmicos 128

7.1. A cerâmica pré-histórica 128

7.2. Artefactos cerâmicos da Idade do Ferro: os cossoiros ou pesos de fuso 129

8. A ponta de projéctil «tipo Palmela» 140

9. A fauna mamalógica 143

10. A fauna malacológica 145

11. Os ossos humanos (por Ana Maria Silva) 148

11.1. Em geral 148

11.2. Perfil demográfico da amostra 148

11.3. Análise morfológica 149

11.4. Os «males» dos indivíduos do Porto Covo: as patologias detectadas 149

11.5. Considerações finais 150

TR Ê S PORTO COVO NOS SEUS TEMPOS 159

12. A cronologia absoluta: duas ocupações distintas no 4.º milénio, uma no 3.º 161

12.1. A cronologia disponível 161

12.2. Os agrupamentos de datações e o seu significado 163

13. Porto Covo e o mundo de Poço Velho e S. Pedro do Estoril.

O caso da gruta 2 de S. Pedro do Estoril: a mesma história ou uma curiosa coincidência? 167

13.1. As cronologias 167

13.2. Os ritos da morte 168

13.3. Enxós e machados: da economia ao subsistema mágico-religioso 173

13.4. As cerâmicas campaniformes lisas…e as decoradas 179

13.5. A Grande Ausência: as cerâmicas caneladas 184

13.6. A concluir, se lugar há para conclusões: Porto Covo, o que foi 186

Referências 189

Agradecimentos 191

Anexos 193

Datações de radiocarbono, os Relatórios do Laboratório Beta Analytic 194

Abstract 202

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A UTILIZAÇÃO PRÉ-HISTÓRICA DA GRUTA DE PORTO COVO (CASCAIS). UMA REVISÃO E ALGUMAS NOVIDADES VICTOR S. GONÇALVES 11

Abrindo o livro e contando a história

A gruta de Porto Covo é uma cavidade cársica em si totalmente desinteressante, escavada em Janeiro e Fevereiro de 1879, a mando de Carlos Ribeiro, por uma equipa comandada por António Mendes.

Creio que esta escavação, tal como a de Poço Velho, fazia parte da estratégia de Carlos Ribeiro para o Congrés International d’Anthropologie et d’Archéologie Préhistoriques, IXème Session, que

se realizaria em Lisboa no ano seguinte. Para além da discussão sobre a antiguidade do Homem e dos sílices da Ota, Carlos Ribeiro tiraria assim outros coelhos da cartola. Infelizmente, a sua doença, já visível nas fotografias de 1880, impediria projectos mais ambiciosos e a sua morte, dois anos depois, deixaria Porto Covo e Poço Velho por estudar, ainda que ambas tenham sido apresentadas aos congressistas através dos seus espólios, parte dos quais Émile Cartailhac repro-duziria no seu volume Les Âges Préhistoriques de l’Espagne et du Portugal (1886).

Alfredo Bensaúde, um pioneiro dos estudos de arqueometalurgia em Portugal, publicaria em 1888-1892, no segundo volume das Comunicações da Comissão dos Trabalhos Geológicos de

Portu-gal, a sua «Notice sur quelques objets préhistoriques fabriqués en cuivre», onde comenta, entre

outros, os resultados da análise da «ponta de seta» tipo Palmela recolhida em Cascais. Hesitei entre ser uma peça de Poço Velho ou esta de Porto Covo o objecto da análise, mas verificou-se que a primeira hipótese era a acertada.

Afonso do Paço e Maxime Vaultier apresentariam, em 18 de Junho de 1942, A gruta de

Pôrto--Covo, uma comunicação ao Congresso da Associação Portuguesa para o Progresso das Ciências.

O pequeno texto seria editado em volume no ano seguinte e uma «Separata» seria impressa pela Imprensa Portuguesa.

Os mesmos autores, doze anos depois, em 1954, levam ao IV Congreso Internacional de Ciências

Prehistóricas e Protohistóricas (Madrid) uma adenda, de algum modo uma errata, na medida em

que, graças aos trabalhos em S. Pedro do Estoril, tinham finalmente percebido, com alguma ajuda, que duas das três «taças» que tinham publicado eram afinal uma só, uma taça com pé, não deco-rada. As Actas do Congresso viriam a ser publicadas em Saragoça, dois anos depois.

Porto Covo acaba aqui, e assim continuaria, até que a autarquia de Cascais me encarrega, em 1993, de observar a gruta, no sentido de identificar possíveis áreas por escavar. Apenas alguns ossos de Cervus elaphus, com toda a probabilidade modernos, jaziam ainda no interior da gruta e só um trabalho de escavação – destruição – remoção das rochas laterais poderia contribuir para esclarecer a existência de outras salas, para além das identificadas por António Mendes, actual-mente de outro modo inacessíveis. Com os meios de então, não se justificava qualquer trabalho arqueológico. Mas o espólio das antigas escavações continuava por estudar.

Em 2004, ao planear para a Câmara de Cascais a Exposição «Cascais há 5000 anos», que teve lugar no Museu Nacional de Arqueologia, escolhi como peça de referência a taça com pé, lisa,

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VICTOR S. GONÇALVES A UTILIZAÇÃO PRÉ-HISTÓRICA DA GRUTA DE PORTO COVO (CASCAIS). UMA REVISÃO E ALGUMAS NOVIDADES

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FIG. 0-1. Caricatura de Carlos Ribeiro, que mandou escavar Porto Covo (e Poço Velho), por Rafael Bordallo Pinheiro, aquando do

Congresso de Lisboa de 1880. É curioso verificar que a forte ironia e frequente acidez do excelente caricaturista focam aqui outros alvos e Carlos Ribeiro é claramente tratado com consideração e apreço.

Legenda da caricatura: CARLOS RIBEIRO, O DESCOBRIDOR do homem terciario portuguez. — Quando alguns dos sabios nacionaes viram posta em duvida a authenticidade d’este descobrimento elles jubilaram muito, porque não ha coisa que mais alegre um sabio ambiguo do que encontrar um outro que lhe parece mais ambiguo ainda. Não obstante isso, o nome d’este forte e honrado trabalhador ficará gloriosamente ligado para todo e sempre a um dos mais importantes factos da sciencia europeia n’este seculo.

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FIG. 0-2. Página de rosto da notável obra de Émile Cartailhac, Les Ages Préhistoriques de L’ Espagne et du Portugal, Paris, 1886, que inclui uma curta referência a Porto Covo.

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VICTOR S. GONÇALVES A UTILIZAÇÃO PRÉ-HISTÓRICA DA GRUTA DE PORTO COVO (CASCAIS). UMA REVISÃO E ALGUMAS NOVIDADES

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FIG. 0-3. Legendas em etiquetas antigas, coladas nos artefactos de Porto Covo, muito

provavelmente em Março de 1879, e outras marcações, recentes:

1: «Quinta de Porto Covo junto ao forno de ca[l] (Serra de Cintra)». Colada ao machado GPC-8. 2: Na etiqueta, legenda antiga, «Quinta de Por[to] Covo [junto ao forno d[a] cal. Serra de Cintra». Em baixo, legenda recente com GPC (Gruta de Porto Covo) 11, número de inventário para o machadinho de fibrolite.

3: Etiquetas com numerações codificadas impossíveis de identificar. Em cima, «28-2/ Porto Covo». Em baixo, «177».

4: Marcação recente com o nome do sítio e o código de referência da peça, a enxó GPC-16. 1

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FIG. 0-4. Legendas soltas, hoje não conectadas aos ossos humanos a que originalmente se referiam. A segunda e a terceira deverão ser transcrições das etiquetas de campo, uma vez datadas de Março, com a escavação já terminada.

1: «Por baixo da Lousa». Uma referência enigmática, não existindo xisto no local.

2: «Março de [19]79/ 300 m N 60 E da Caverna g[ran]de/ juntos à lança». Com a desetiquetização de estes ossos, perdeu-se uma boa oportunidade de datar as pontas de projéctil tipo Palmela…

3: «Março de [19]79/ 300 m a N 60 E da Caverna g[rande]/ Na frente ao lado esquerdo a 0,50 de / profu[n]didade 1 metro». 4: Etiqueta moderna, referenciando uma caixa com ossos humanos não classificados.

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de Porto Covo, com a qual sempre tive uma curiosa relação de empatia. Abria, como a decoração da quilha de um veleiro, o grande expositor central. E, como não podia deixar de acontecer, des-pertou forte curiosidade pelo seu putativo contexto. Nada de mais natural, se considerarmos a relativa complexidade da forma e até mesmo, para alguns, eu à cabeça, o encanto daquela forma mal colada, sem o equilíbrio e o charme das taças com pé campaniformes de S. Pedro do Estoril. Tal motivação levou António Carvalho a interrogar-me se não valeria a pena reestudar o conjunto de forma autónoma, não o publicando em associação a Poço Velho. Como sempre, e tal como um velho amigo, há muito desaparecido, resisto a tudo, menos a (algumas) tentações…

Em 2007, foi confirmada a publicação independente dos materiais de Porto Covo, decorria então já a escrita da monografia sobre as furnas de Poço Velho.

Em vão procurei os ossos humanos, que buscava desde 2005, mas a descoberta, nos arquivos do IGM, do manuscrito de António Mendes sobre o pessoal alocado à escavação veio tornar ainda mais interessante essa tarefa e transformá-la, também, numa nova contribuição para a história da Arqueologia em Portugal no último quartel do séc. XIX. Finalmente, em Maio de 2008, apare-ceu uma caixa de cartão com os restos humanos e, ao lado!, as etiquetas que lhes tinham estado associadas.

E agora se apresenta o resultado das opções de trabalho então assumidas.

Das facilidades nunca se fala, habitualmente, subentendidas que são a um processo estabi-lizado de estudo e descrição dos materiais. Mas as dificuldades evocam-se quase sempre, nor-malmente como auto-justificação. No entanto, aqui, não foram muitas, basicamente a já referida dissociação de várias etiquetas das peças a que se referiam, uma situação resultante de um infe-liz inventário recente. Tal, no caso de Porto Covo, afectou sobretudo a fauna e os restos humanos, situação desgraçadamente irresolúvel.

Também o facto de a dimensão da amostra ser pequena veio permitir que maior atenção gráfica viesse a ser dada a numerosos detalhes, habitualmente, por falta de espaço, minimizados ou omi-tidos. Os grupos intuitivos de dimensão, para machados e enxós, ensaiados em Poço Velho, foram aqui cuidadosamente ponderados, o mesmo acontecendo a uma «novidade» tecnológica, o estudo, em primeira mão, do «golpe de enxó», que viria a conduzir a uma revisão do conjunto de Poço Velho, aliás numericamente bem mais representativo (49 enxós contra as cinco de Porto Covo).

A fotografia foi integralmente digital, usando-se uma Nikon D2X com objectivas micro Nikkor 60 mm e macro VR 100 mm.

A digitalização do «Mappa» dos trabalhos de António Mendes foi feita num scanner EPSON Expression A3. Devido à necessidade de preservar um manuscrito em estado problemático, não se forçou a paralelização das páginas com o plano ideal de captação de imagem. Tal originou, em algumas poucas páginas, alguma distorção. Mas antes isso que arriscar a deterioração do estado do documento original.

No tratamento de imagem, suprimi alguns pontos de oxidação mais óbvios, mas não alterei os valores de resolução ou aumentei o contraste.

OCR da Abby foi usado para a recuperação dos textos de Paço e Vaultier.

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FIG. 0-5. Etiqueta infelizmente totalmente aderente à ponta de projéctil de tipo Palmela, actualmente quase ilegível (reconhecem-se, no entanto, as referências «a E[ste] da Caverna g[rande]» e «Lança de cobre junto a pedra…». Esta etiqueta, tal como duas da figura anterior, indica «Março de 79». É esta a origem da confusão de Afonso do Paço e Maxime Vaultier que supunham ter sido este o mês da escavação. Na realidade, «Março» é o mês de entrada dos materiais da gruta na então Comissão dos Serviços Geológicos.

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Para as medições e o peso, usaram-se uma craveira digital Mitutoyo e uma balança de precisão Kern.

A reprodução de imagens seguiu normas fixas: escala 1:1 para quase todos os desenhos de artefactos (pelo seu tamanho, o desenho da grande taça com pé, lisa, teve que ser reduzido a 2:3, mas a escala gráfica esclarece a dimensão da redução). Escalas de 2:1 e 3:1 para as fotografias de artefactos líticos (a reprodução maior para os geométricos) e de 1:1 para as enxós e os machados, ainda que os detalhes sejam reproduzidos a escalas diferentes, não assinaladas (confrontar com os originais).

Informação complementar sobre as cerâmicas e a fauna, quando necessária, encontra-se no texto ou nas respectivas legendas.

Nas transcrições, mantive a escrita da época, não corrigindo nem acentuando, mas, no manus-crito de António Mendes, desdobrei as abreviaturas, usando [ ] para as letras que completaram as palavras.

A flexibilidade do junco não se opõe à firmeza do ginkgo biloba, desde 1972, junto ao Sena, uma das árvores das minhas várias vidas…

Cascais, Primavera de 2008 VICTOR S. GONÇALVES

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1. Localização e descrição sumária

A gruta de Porto Covo localiza-se no Concelho de Cascais, freguesia de Alcabideche, próximo do limite com o Concelho de Sintra. Situa-se na vertente oriental de uma elevação rochosa, cerca de uma linha de água. Foi assim descrita «Ao Norte do Concelho de Cascais, no calcário jurássico da vertente meridional da serra de Sintra, fica situada uma gruta natural denominada de Pôrto-Covo, pela sua localização dentro da propriedade e margem (direita) da ribeira do mesmo nome, que vai desaguar a Cascais, com o apelativo de ribeira das Vinhas, depois de passar em frente das notáveis grutas pré-históricas do Poço-Velho.» (Paço e Vaultier, 1943, p. 5).

De acordo com as diversas possibilidades de referenciação, as suas coordenadas são as seguintes: Datum 73 m x = -112224.149 y = -100658.15 Datum Lisboa m x = -112224.202 y = -100660.257 WGS84 latitude/longitude 38° 45’ 15.84’’ N Lat 09° 25’ 26.76’’ W Long WGS84 UTM 29 m x = 463149.648 y = 4289612.992 Carta militar 429 (1992).

Actualmente, consta basicamente de uma Sala, com duas derivações, não sendo impossível que outras se encontrem ocultas por derrocadas. A descrição dos trabalhos de 1879, por António Mendes, evidencia grandes acções de quebrar pedra, que certamente contribuíram para o aspecto actual da cavidade.

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FIG. 1-1. Localização da gruta de Porto Covo no actual território português (base cartográfica «PLACA NOSTRA»). Localização da gruta segundo Paço e Vaultier, 1943. Detalhe da área onde se implanta a gruta, Carta militar 429 (1992).

 FIG. 1-2. Localização da gruta na CMP 429 (1992), sendo visível os graus de afastamento da linha de costa para Sul e para Oeste.

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Concelho de Sintra

FIG. 1-3. Fotografia aérea da região onde se encontra a Gruta de Porto Covo (área densamente arborizada). Serviços Cartográficos da Câmara Municipal de Cascais.

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FIG. 1-4. (em cima) Acesso à gruta, actualmente escondido pela densa arborização. (em baixo) O vale da Ribeira de Porto Covo, hoje completamente seca.

  FIG. 1-5. A actual entrada da Gruta.

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FIG. 1-7. Vegetação arbórea e arbustiva preenche a área em que se implanta a gruta.  FIG. 1-6. Vista para o exterior a partir da entrada da Gruta.

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FIG. 1-8. A visibilidade de e para o local é hoje muito limitada pela vegetação. A mesma situação pode perfeitamente ter-se verificado no 4.º e no 3.º milénios.

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FIG. 1-9. Imagens do interior da gruta, com áreas barradas por desabamentos. Não é improvável, bem pelo contrário, que haja ainda áreas por escavar sob as placas caídas. E, portanto, mais deposições funerárias da fase antiga. É porém difícil decidir sobre se o custo do investimento é justificado pelas expectativas científicas.

 FIG. 1-10. Aspecto das formações calcíticas da grande chaminé da actual única Sala da gruta.

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FIG. 1-11. (em cima) Acesso à gruta, após recente roubo da grade que protegia a entrada. A construção de este sector deve ter resultado dos esforços de Carlos Ribeiro para proteger a cavidade (carta de António Mendes, de 1879). (em baixo) Detalhe da parede da sala da gruta.

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FIG. 1-12. Levantamento topográfico da área actualmente acessível. Planta em escala 1:200.

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2. A história do sítio. António Mendes e Carlos Ribeiro

EM 29 DE JANEIRODE 1879, o melhor colector que trabalhava com Carlos Ribeiro, o mesmo que

che-fiaria a intervenção em Poço Velho, é enviado para a gruta de Porto Covo. Não possuímos outros textos sobre esta escavação, demorada para a época (30 dias), consideradas as suas reduzidas dimensões, salvo as notações em tabela que se transcrevem a seguir a este comentário. A par-tir de esse fascinante documento, podemos, de algum modo, reconstituir como funcionava uma escavação «institucional» no último quartel do século XIX.

Mappa diario do trabalho em que se empregão os Collectores e trabalhadores na exploração das Cavernas na Quinta d’ Porto Covo, Janeiro de [18]79

Meses Dias Purfi ção Nomes Em que se empregão

Jan[ei]ro 29 Collectores Ant[oni]o Mendes Derigindo os trabalhos e ajudando a encher cuvos

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Faser comer até ao 1/2 dia depoiz vai p[ar]a

o trabalho

“ “ “ José Carreira Encher cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo A puchar

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão A puchar

“ “ “ Pedro Augusto A puchar

“ 30 Collectores Ant[oni]o Mendes Ajudando a encher cuvos

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Faser comer até ao 1/2 dia depois vai para

o trabalho

“ “ “ José Carreira Encher cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Faser o caminho p[ar]a o carrinho

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ Pedro Augusto “ “

“ 31 Collectores Ant[oni]o Mendes

Explorar a caverna 300m a N e a E da C[aver]na g[ran]de apparecerão bucados de craneo

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Faser comer até 1/2 dia depoiz vai p[ar]a

o trabalho

“ “ “ José Carreira Encher cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo A cavar dentro da caverna e ajudando

a encher

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“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ Pedro Augusto “ “ Neste dia foi p[ar]a Valle Fª as 3 da tarde

Fev[erei]ro 1 Collectores Ant[oni]o Mendes Na caverna g[ran]de ajudar a encher cuvos

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Faser comer até ao 1/2 dia depoiz vai p[ar]a

o trabalho

“ “ “ José Carreira Encher cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Puchar

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ Franc[isc]o da Cruz Dentro da caverna cavar com o picarete

“ 2 Collectores Ant[oni]o Mendes No desintulho 50m a NE da Caverna g[ran]de

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Faser comer

“ “ “ José Carreira Encher cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Puchar

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ 3 Collectores Ant[oni]o Mendes Continuando no desintulho 50m a NE da Caverna g[ran]de

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro idem Veio neste dia

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Faser comer

“ “ “ José Carreira Encher cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Dentro da caverna a partir pedra

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ 4 Collectores Ant[oni]o Mendes Chigando pedra p[ar]a o pé dos cuvos

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro idem

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Faser comer

“ “ “ José Carreira Enchendo cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Cavar com o picarete

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ Florindo Duarte idem

“ 5 Collectores Ant[oni]o Mendes Desintulhando o corredor da caverna grande

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro idem

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Faser comer

“ “ “ José Carreira Enchendo cuvos

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“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Cavar com o picarete

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ Florindo Duarte idem

“ 6 Collectores Ant[oni]o Mendes Continuando chigando pedra

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro idem

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Faser comer

“ “ “ José Carreira Enchendo cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Cavando e ajudando a encher

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ Florindo Duarte idem

“ 7 Collectores Ant[oni]o Mendes A faser furos

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro Ajudando ao mesmo

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Faser comer

“ “ “ José Carreira Enchendo cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Cavar com o picarete

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ Florindo Duarte idem

“ 8 Collectores Ant[oni]o Mendes Chigando pedra para o pé dos cuvos

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro idem

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Faser comer

“ “ “ José Carreira Enchendo cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Cavar e encher cuvos

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ Florindo Duarte idem

“ “ “ Franc[isc]o da Cruz Cavar com o picarete dentro da caverna g[ran]de

“ 9 Collectores Ant[oni]o Mendes Desintulhando

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro Neste dia retirou para Bellas

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Faser comer

“ “ “ José Carreira Enchendo cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Puchar revesando com o Florindo

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ Florindo Duarte idem A 1 hora foi com o Monteiro para

traser cuvos g[ran]des

“ 10 Collectores Ant[oni]o Mendes Chigando pedra pa o pé dos cuvos

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“ “ “ Joaq[ui]m Scola Faser comer

“ “ “ José Carreira Enchendo cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Cavando

“ “ “ Ant[oni]o Fonteireira Ajudando a encher Veio neste dia

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar Neste dia principiou a at[i]lhar o cuvo g[ran]de

“ “ “ Florindo Duarte “ “

“ “ “ Aug[us]to Mendes “ “ Veio neste dia

“ 11 Collectores Ant[oni]o Mendes Faser furos

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Faser comer

“ “ “ José Carreira Enchendo cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Cavando

“ “ “ Ant[oni]o Fonteireira Ajudando a encher cuvos

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ Florindo Duarte “ “

“ “ “ Aug[us]to Mendes “ “

“ “ “ Franc[isc]o da Cruz Partir pedras dentro da caverna

“ 12 Collectores Ant[oni]o Mendes Chigando terra e pedras

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Faser comer

“ “ “ José Carreira Enchendo cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Cavando e enchendo

“ “ “ Ant[oni]o Fonteireira idem

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ Florindo Duarte “ “

“ “ “ Aug[us]to Mendes “ “

“ “ “ Franc[isc]o da Cruz Cavar com o picarete

“ 13 Collectores Ant[oni]o Mendes Desintulhando uma caverna piquena no fundo da g[ran]de

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro idem

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Faser comer

“ “ “ José Carreira Enchendo cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Cavar com o picarete

“ “ “ Ant[oni]o Fonteireira Ajudando a encher

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ Florindo Duarte “ “

“ “ “ Aug[us]to Mendes “ “

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“ 14 Collectores Ant[oni]o Mendes No desintulho da mesma caverna piquena

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro idem

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Faser comer

“ “ “ José Carreira Enchendo cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Cavar e encher

“ “ “ Ant[oni]o Fonteireira idem

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ Florindo Duarte “ “

“ “ “ Aug[us]to Mendes “ “

“ “ “ Manuel Barruncho “ “ Chigou neste dia a noite

“ “ “ José Isidorio Faser comer Também chigou neste dia

a noite

“ 15 Collectores Ant[oni]o Mendes Desintulhando a entrada da 2ª calla

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro idem

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Cavar com o picarete

“ “ “ José Carreira Enchendo cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Puchar

“ “ “ Ant[oni]o Fonteireira Ajudando a encher

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ Aug[us]to Mendes “ “

“ “ “ M[anu]el Barruncho “ “

“ “ “ José Isidorio Faser comer

“ 16 Collectores Ant[oni]o Mendes Ajudando a faser furos

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro idem

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Cavar com o picarete

“ “ “ José Carreira Encher cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Puchar

“ “ “ Ant[oni]o Fonteireira Ajudando a encher

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ Aug[us]to Mendes “ “

“ “ “ M[anu]el Barruncho “ “

“ “ “ José Isidorio Faser comer

“ 17 Collectores Ant[oni]o Mendes Chigando pedra para o pé dos cuvos

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro Passando as a formiga

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Cavando

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“ “ “ José Carreira Encher cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Puchar

“ “ “ Ant[oni]o Fonteireira Ajudando a encher

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ Aug[us]to Mendes “ “

“ “ “ M[anu]el Barruncho “ “

“ “ “ José Isidorio Faser comer

“ 18 Collectores Ant[oni]o Mendes Duente

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro Derigindo o trabalho

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Cavar dentro da caverna

“ “ “ José Carreira Encher cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Puchar

“ “ “ Ant[oni]o Fonteireira Ajudando a encher

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ Aug[us]to Mendes “ “

“ “ “ M[anu]el Barruncho “ “

“ “ “ José Isidorio Faser comer

“ 19 Collectores Ant[oni]o Mendes Duente

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro Derigindo o trabalho

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Cavar com o picarete

“ “ “ José Carreira Enchendo cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Puchar

“ “ “ Ant[oni]o Fonteireira Encher cuvos

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ Aug[us]to Mendes “ “

“ “ “ M[anu]el Barruncho “ “

“ “ “ José Isidorio Faser comer

“ 20 Collectores Ant[oni]o Mendes Duente

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro Derigindo o trabalho

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Cavar com o picarete

“ “ “ José Carreira Encher cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Puchar

“ “ “ Ant[oni]o Fonteireira Ajudar a encher

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ Aug[us]to Mendes “ “

“ “ “ M[anu]el Barruncho “ “

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“ “ “ José Isidorio Faser comer

“ 21 Collectores Ant[oni]o Mendes Duente

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro Derigindo o trabalho

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Enchendo cuvos

“ “ “ José Carreira Cavar

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Puchar

“ “ “ Ant[oni]o Fonteireira Ajudando a encher

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ Aug[us]to Mendes “ “

“ “ “ M[anu]el Barruncho “ “

“ “ “ Franc[isc]o da Cruz Cavar com o picarete

“ “ “ José Isidorio Faser comer

“ 22 Collectores Ant[oni]o Mendes Duente

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro Derigindo o trabalho

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Encher cuvos

“ “ “ José Carreira Cavar

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Puchar

“ “ “ Ant[oni]o Fonteireira Encher cuvos

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar

“ “ “ M[anu]el Barruncho “ “

“ “ “ Aug[us]to Mendes “ “

“ “ “ M[anu]el Franc[isc]o Cavar dentro da caverna

“ “ “ José Isidorio Faser comer

“ 23 Collectores Ant[oni]o Mendes Dirigindo o trabalho

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro Chigando pedra p[ar]a o pé dos cuvos

“ “ “ Joaq[ui]m Scola Cavar com picarete

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Encher cuvos

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Puchar ao 1/2 dia foi para casa passar

o entrudo

“ “ “ Ant[oni]o Fonteireira Ajudar a encher ao 1/2 dia foi passar o entrudo a terra

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Puchar ao 1/2 dia foi passar o entrudo a terra

“ “ “ M[anu]el Barruncho Puchar ao 1/2 dia foi passar o entrudo a terra

“ “ “ Aug[us]to Mendes Puchar ao 1/2 dia foi passar o entrudo

a terra

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“ 24 Collectores Ant[oni]o Mendes Discançar

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro idem

“ “ “ Joaq[ui]m Scola idem

“ “ “ José Carreira idem

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Na terra com licença

“ “ “ Ant[oni]o Fonteireira Na terra com licença

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Na terra com licença

“ “ “ M[anu]el Barruncho idem

“ “ “ Aug[us]to Mendes idem

“ “ “ José Isidorio idem

“ 25 Collectores Antonio Mendes A discançar

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro idem

“ “ “ Joaq[ui]m Scola idem

“ “ “ José Carreira idem

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo Na terra com licença

“ “ “ Ant[oni]o Fonteireira Na terra com licença

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Licença na terra

“ “ “ M[anu]el Barruncho idem

“ “ “ Aug[us]to Mendes idem

“ “ “ José Isidorio idem

“ 26 Collectores Ant[oni]o Mendes Procurar ossos no desentulho 50m a SE da C[aver]na g[ran]de

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro idem

“ “ “ Joaq[ui]m Scola idem

“ “ “ José Carreira idem

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo idem

“ “ Trabalhadores Mig[u]el do Pendão Abrindo a galeria

“ “ “ Aug[us]to Mendes idem

“ “ “ M[anu]el Francisco idem

“ 27 Collectores Ant[oni]o Mendes No de[s]entulho da mesma galeria

“ “ “ Ant[oni]o Monteiro Retirou com ordem do Exmo S[enho]r

Carlos R[ibei]ro

“ “ “ Joaq[ui]m Scola idem

“ “ “ José Carreira idem

“ “ “ Mig[u]el Pedrozo idem

Retirou tambem Jose Isidorio e M[anu]el Barruncho

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Em Porto Covo, a escavação decorre assim, quase ininterruptamente, em 29, 30 e 31 de Janeiro, e de 1 de Fevereiro a 27 de esse mês, 30 dias, só interrompidos por um período de dois dias de des-canso, a 24 e 25 de Fevereiro, quando os trabalhadores vão de licença para as respectivas terras de origem, passar o Entrudo, e os colectores ficam a descansar ou (no caso de Miguel Pedroso e António Fonteireira) vão também para suas casas.

A distribuição dos colectores e dos trabalhadores mostra a meticulosa organização de António Mendes e a estrutura por ele montada para a escavação.

Os colectores são, para além dele próprio, António Monteiro, Joaquim Scola, José Carreira, Miguel Pedroso e António Fonteireira. Este último, porém, só reforça o grupo mais qualificado a 10 de Fevereiro, retira-se de licença a 24 e já não regressa.

Um quadro distributivo de tarefas ajuda-nos a compreender a mecânica do trabalho orques-trado por António Mendes.

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QUADRO 1 – DISTRIBUIÇÃO DAS PRESENÇAS DE COLECTORES E TRABALHADORES EM PORTO COVO (1879) Nome C 29 4.ª 30 5.ª 31 6.ª 1 S 2 D 3 2.ª 4 3.ª 5 4.ª 6 5.ª 7 6.ª 8 S 9 D 10 2.ª 11 3.ª 12 4.ª 13 5.ª 14 6.ª 15 S 16 D 17 2.ª 18 3.ª 19 4.ª 20 5.ª 21 6.ª 22 S 23 D 24 2.ª 25 3.ª 26 4.ª 27 5.ª TDT António Mendes C                     L L L L L  K K   23+5 António Fonteireira C — — — — — — — — — — — —              J J J — — 13,5 António Monteiro C — — — — —        — — —            K K  R 19 Joaquim Scola C                           K K  R 27 José Carreira C                           K K  R 27 Miguel Pedroso C                          J J J  R 26,5 Miguel do Pendão T                          J J J  — 26,5 Augusto Mendes T — — — — — — — — — — — —              J J J  — 14,5 Florindo Duarte T — — — — —             — — — — — — — — — — — — — 12 Francisco da Cruz T — — —  — — — — — —  — —   — — — — — — — —  — — — — — — 5 José Isidoro T — — — — — — — — — — — — — — — —          — J J — R 9 Manuel Barruncho T — — — — — — — — — — — — — — — —          J J J — R 9,5 Manuel Francisco T — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — —  — — —  — 2 Pedro Augusto T    — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — 3  Presença. — Ausência.

L Doença, mas não é claro se continuou no campo. K A descansar.

J Presença de manhã, início de férias depois do almoço. J Férias (Carnaval).

R Retira, por ordem de Carlos Ribeiro. TDT Total de dias de trabalho.

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2.1. O papel dos trabalhadores

Os trabalhadores variam na duração da sua participação dos trabalhos.

De todos eles, Miguel do Pendão é o que regista maior número de dias de trabalho: 26,5. Com apenas dois dias e meio de férias, por altura do Entrudo, e uma dispensa no último dia, 27 de Fevereiro, quinta-feira, em que só António Mendes parece ter permanecido activo. O que menos tempo esteve em campo foi indiscutivelmente Manuel Francisco (dois dias), logo seguido por Pedro Augusto, com três. Reforçaram possivelmente a equipa, ajudando os colectores, o primeiro quase no fim dos trabalhos, o segundo no arranque.

Augusto Mendes trabalha a partir de 10 de Fevereiro até ao meio dia de 23, quando vai «…passar o Entrudo à terra». Volta a 26, para ajudar Miguel do Pendão e Manuel Francisco na conclusão da abertura da galeria.

Florindo Duarte e Manuel Barruncho são os que se seguem em dias de trabalho, o primeiro com 12 efectivos, o segundo com nove e meio de trabalho e dois dias e meio de férias de Entrudo.

José Isidoro trabalha nove dias e tem dois de férias de Entrudo.

Francisco da Cruz trabalha cinco dias, irregularmente, 1+1+2+1, respectivamente a 1, 8, 11-12 e 21 de Fevereiro.

Manuel Francisco trabalha apenas dois dias e Pedro Augusto três.

Em nenhum dos dias de escavação se registou o pleno de trabalhadores, ao contrário do que aconteceu com os colectores. No máximo, houve cinco trabalhadores em campo em simultâneo, a 14, a 21 e a 22 de Fevereiro. Quatro apenas a 11-12 e de 15 a 20 de Fevereiro. Três a 8, 10, 13, 23 e 26 de Fevereiro, ainda que apenas meio dia a 23. Apenas dois trabalhadores estiveram no terreno em todo o início da escavação, onde teoricamente seriam mais necessários, de 29 de Janeiro, quarta-feira, até 7 de Fevereiro, uma sexta-feira. Dois trabalhadores estariam em campo domingo, 9 de Fevereiro.

Não temos nenhum dado que nos permita esclarecer estes calendários. O documento inédito de António Mendes regista que Pedro Augusto «…Neste dia [31 de Janeiro] foi p[ar]a Valle Fª as 3 da tarde», como regista que a 9 de Fevereiro o colector António Monteiro «retirou para Bellas». Os trabalhadores estão sobretudo ocupados a puxar os baldes com terra e pedras, no desentu-lho e escavação da gruta. Nos 26,5 dias de trabadesentu-lho efectivo de Miguel do Pendão, surge por 24,5 vezes tendo como tarefa «a puchar [baldes]», num dia, para além de puxar baldes «atilha o cuvo grande» e, noutro, trabalha na abertura da galeria. Para 26,5 dias de trabalho, tem dois dias e meio de descanso…

Augusto Mendes não tem outra actividade registada senão «Puchar», a não ser no último dia, tempo de acabar a abertura da galeria.

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2.2. A acção dos colectores

As funções dos colectores são de extrema versatilidade: se António Mendes dirige os trabalhos, também ajuda a encher os baldes de terra da escavação. No início, Joaquim Scola cozinha para todos, de manhã, mas à tarde já está na gruta. José Carreira enche baldes (cuvos, por cubos, como no castelhano actual) e Miguel Pedroso puxa-os (transporta-os), naturalmente para fora da gruta.

António Mendes é o indiscutível chefe da operação, mas surgem trabalhos específicos cla-ramente indicados, de que se ocupa, e percalços, como uma doença inesperada, que o afasta da gruta por cinco dias (de 18 a 22 de Fevereiro) e o mantém a descansar outros dois (24 e 25 de Fevereiro). Dos 23 dias restantes, um é passado exclusivamente na direcção dos trabalhos, três são passados a ajudar a encher os baldes com terra, um a explorar a gruta, 15 a desentulhar, três «furando» (provavelmente retirando terra para escavar os sedimentos), e um a procurar ossos nas terras removidas do interior da gruta.

Os outros colectores têm diferentes funções.

Joaquim Scola cozinha para o grupo de manhã e trabalha à tarde, de 29 de Janeiro a 1 de Feve-reiro, mas deve ter protestado pela acumulação de serviços (ou sido mais necessário no terreno) e se de 2 a 14 de Fevereiro apenas está registada a sua participação culinária, a seguir, e até ao fim, passa a escavar e nenhuma referência à sua anterior actividade na cozinha é feita no quadro. Passa dois dias a escavar, sem outra especificação (17 e 18 de Fevereiro), cinco a escavar com pica-reta (15, 16, 19, 20 e 23 de Fevereiro), dois a encher baldes (21 e 22 de Fevereiro) e finalmente, já no fim da sua participação, passa um dia a procurar ossos (26 de Fevereiro), retirando de seguida por ordem de Carlos Ribeiro. A menção de «faser comer» é atribuída a um dos trabalhadores do grupo menos qualificado (José Isidoro) de 14 a 22 de Fevereiro. Vai então «passar o Entrudo à terra» e não torna a ser referido, a não ser a 27, por cessação efectiva de serviço.

José Carreira é o colector mais constante nas suas actividades: de 29 de Janeiro a 20 de Feve-reiro apenas enche os baldes, a 21 e 22 escava mesmo e a 23 torna a encher baldes para entrar de repouso até ao fim dos trabalhos.

Miguel Pedroso puxa baldes durante 12 dias, abre um caminho para o carrinho de mão passar durante um dia, escava e enche baldes durante quatro dias, parte pedra durante um dia, cava com picareta durante quatro, procura ossos durante um.

António Monteiro, que chega à escavação a 3 de Fevereiro, retira-se a 9 para Belas, para voltar a 13. Substitui na direcção dos trabalhos António Mendes, quando este adoece. As suas actividades são muitas vezes idênticas às de António Mendes, de quem parece ser o segundo em comando. Em Fevereiro, de 3 a 8, as suas actividades são exactamente as mesmas que as de António Men-des. De 13 a 16, de novo se repete a mesma situação. A 17, está na «formiga» humana que trans-porta pedra para o exterior. De 18 a 22, substitui António Mendes, doente, «derigindo o trabalho». Quando ele regressa, a 23, encontramo-lo a transportar pedra para junto dos baldes. A 24 e 25 descansa, tal como António Mendes, e a 26, de novo como António Mendes, procura «…ossos no desentulho 50m a SE da C[aver]na g[ran]de».

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 FIGS. 1-13 a 1-25. Mapa diário, inédito, referindo a distribuição de serviço dos colectores e trabalhadores afectos à escavação de Porto Covo, redigido por António Mendes (Arquivo IGM). António Fonteireira chega a Porto Covo a 10 de Fevereiro e começa por ajudar a encher os bal-des, tarefa que continuará no dia seguinte. A 12, escava e enche balbal-des, e as suas ocupações são praticamente as mesmas até 22, sendo admissível pouca diferença haver entre «escavar e encher baldes» e «ajudar a encher baldes»…Ao princípio da tarde de 23 «…ao meio dia foi passar o Entrudo à terra» e já não regressa.

Podemos resumir a assiduidade de campo da seguinte forma, à parte 24 e 25 de Fevereiro, em que descansam ou vão de férias de Entrudo, os colectores registam um muito elevado grau de assiduidade no campo.

António Mendes está presente 23+5 dias (estes últimos doente) e dois a descansar, logo seguido por Joaquim Scola e José Carreira, com 27, Miguel Pedroso, com 26,5, António Monteiro, com 19 e, finalmente, António Fonteireira com 13,5. De 13 a 17 de Fevereiro, a equipa está mesmo em campo no seu pleno, tal como na manhã de 23.

O mínimo de presenças em campo, não contando a confusa fase final, com férias de Entrudo e encerramento dos trabalhos, nunca tem menos de quatro colectores, e localiza-se nos cinco primeiros dias de trabalho.

Basicamente, os «colectores» dirigem os trabalhos (como vimos, António Monteiro substitui António Mendes quando este adoece), cozinham (um deles), exploram a gruta, alargam as passa-gens («partir pedra»), transportam as pedras de entulho «em formiga» para o exterior, escavam com picareta, enchem ou ajudam a encher os baldes, puxam-nos para o exterior, «fazem furos», procuram ossos entre as terras escavadas.

Os «trabalhadores» puxam os baldes, cavam com picareta, transportam equipamento, partem pedra, e um deles cozinha após o abandono dessa actividade por Scola. São sobretudo trabalhos não especializados aqueles de que são incumbidos.

Que fiabilidade tem este documento? Alguma, sem dúvida, bastante, mesmo. Mas, céptico como sou por natureza, não queria deixar de salientar que se trata de um Quadro, um «Mappa», onde se compreenderia a tendência para mecanizar a escrita e encontrar fórmulas repetitivas, de algum modo normalizadas e burocratizadas. Não regista a totalidade e a diversidade das acções realmente efectuadas, mas assinala os pontos principais, de referência. Não é um Caderno de Campo, aproximando-se mais de um formulário. Mas sendo o que nos resta, não é legítimo ocul-tar o nosso contentamento por dele podermos dispor…

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3. Afonso do Paço e Maxime Vaultier, 1942

A gruta de Porto Covo, com espólio reduzido, mas «bastante curiosa», para usar a expressão de Paço e Vaultier, foi objecto de uma formal primeira apresentação pública em 18 de Junho de 1942, no Congresso da Associação Portuguesa para o Progresso das Ciências (Paço e Vaultier, 1943).

No primeiro dos dois textos dedicados a Porto Covo, Afonso do Paço e Maxime Vaultier come-çam por descrever rapidamente a localização da gruta, referindo que ela se encontra na margem direita da Ribeira de Porto Covo, que, entretanto, e em final de curso, passando pelas grutas de Poço Velho, se passaria a chamar Ribeira das Vinhas.

A razão porque ambos autores atribuem a data da escavação a Março de 1879 começou por me intrigar, uma vez que as folhas de campo de António Mendes a localizavam nos três últimos dias de Janeiro e durante Fevereiro de 1879. Creio porém ter encontrado a solução do «mistério», ao recuperar as etiquetas da época que acompanhavam os ossos humanos recolhidos na Gruta. Com efeito, algumas de estas etiquetas registam «Março de 1879», o que levou Paço e Vaultier a atribuírem essa data à escavação. Porém, a data das etiquetas deve ser aquela em que, na sequên-cia da escavação, os materiais deram entrada no Museu da Comissão dos Serviços Geológicos, isto é: o mês seguinte ao seu termo.

De uma maneira de algum modo clássica para a época, os autores referem o interesse de vários investigadores pelo monumento, registando, no entanto, a pouca importância que lhe atribuíram Paula e Oliveira, Leite de Vasconcellos, Vergílio Correia, Manuel Heleno e eles próprios. Apenas Cartailhac e Nils Åberg se referiram à gruta com algum, ainda que pouco, detalhe.

Paço e Vaultier enumeram o espólio e algumas particularidades algo curiosas, referindo o elevado número de enxós em relação ao número de machados recolhidos, os geométricos, que consideram «sobrevivências do paleolítico superior», mas reservam o seu espanto pelo escasso número da cerâmica, toda ela sem decoração.

Não reconhecem os dois fragmentos da taça com pé como sendo parte de um mesmo vaso, interpretando mesmo o ponto de encaixe do pé da taça como sendo similar à cerâmica argárica do Sudeste ou à dos «campos de urnas» de Alpiarça.

Registam também, com alguma surpresa, o facto de o vaso campaniforme não estar decorado, recordando paralelos desta situação na Boémia e na Morávia (informação respigada do livro clássico de Alberto del Castillo sobre o vaso campaniforme) e no dolmen de Tuchen-ar-Hroëk, na Bretanha.

Paço e Vaultier referem naturalmente a ponta tipo Palmela, supondo que seria de cobre, o que não deixa de ser estranho, estando disponível, desde a publicação de Bensaúde, a composição metálica normal de estas pontas de projéctil.

Sobre os ossos humanos, referem a existência de fragmentos de «crânio, de maxilares, de vér-tebras, de dentes, de metatarsos, úmeros, fémures e tíbias». Quanto à fauna terrestre, são citados

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Foto Marisa Cardoso.
FIG. 0-3.   Legendas em etiquetas antigas, coladas  nos artefactos de Porto Covo, muito
FIG. 0-4.   Legendas soltas, hoje não conectadas aos ossos humanos a que originalmente se referiam
FIG. 0-5.   Etiqueta infelizmente totalmente aderente à ponta de projéctil de tipo Palmela, actualmente quase ilegível (reconhecem- (reconhecem-se, no entanto, as referências «a E[ste] da Caverna g[rande]» e «Lança de cobre junto a pedra…»
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