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COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL EM SITUAÇÃO DE COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUÉRITO: PERCEPÇÕES DE JORNALISTAS E FONOAUDIÓLOGOS

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COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL EM SITUAÇÃO

DE COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE

INQUÉRITO: PERCEPÇÕES DE JORNALISTAS E

FONOAUDIÓLOGOS

MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Fonoaudiologia, sob a orientação da Profa, Doutora Marta Assumpção de Andrada e Silva.

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

SÃO PAULO

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Que desde que surgiu em minha vida Só fez me amar Compreender-me Querer-me bem Só fez me sentir completa.

Companheiro, amigo e amante que me mostrou vários sentidos para a vida, além dos que eu já conhecia. Ensinou-me a viver intensamente cada segundo doando o que temos de mais precioso para com o próximo, o amor e o perdão.

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À minha orientadora, Profa Dra Marta Assumpção de Andrada e Silva,

que se aventurou em orientar uma jornalista e acreditou na minha habilidade como pesquisadora. Pela ajuda na distribuição dos protocolos, pelas gargalhadas intermináveis em reuniões, organização de eventos e aulas e pela orientação dedicada na etapa final.

À Profa Dra Léslie Piccolotto Ferreira, por ser um exemplo de pessoa

íntegra, ética, respeitosa e uma profissional admirável. Muito aprendi e tenho a aprender com ela.

Ao Prof. Dr. Pedro Ortiz, grande jornalista, que muito contribuiu com esta pesquisa, pela presteza e por ter participado da minha banca de qualificação.

À Profa Dra Leny Kyrillos que participou ativamente do meu aprimoramento profissional, pelas conversas reconfortantes no seu consultório, pela ajuda desmedida nesta pesquisa e por participado da minha banca de qualificação.

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ter se tornado minha amiga. Saiba que você está guardada no meu coração. Seja muito feliz! Você merece!

A Deus e a equipe espiritual que estiveram sempre ao meu lado. Ora me aconselhando ora vigiando os meus passos.

Aos meus pais, José Antônio e Luci, por me acolherem de forma tão amorosa em seus braços desde meu nascimento, por terem acreditado no meu potencial, pelas instruções no caminhar da minha vida e por terem me norteado pelo mundo do amor, da ética, do respeito, da compaixão, enfim, por um mundo de luz.

À minha irmã, Renata, a quem eu sempre admirei pela inteligência, beleza, por ser um exemplo de pessoa digna, e unicamente por ser minha irmã amada. E também ao meu cunhado, Ricardo, pela atenção nos momentos em que me encontrava adoentada, e pela assistência e carinho de seu irmão e família, nas vezes que me receberam em sua casa.

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Ao meu sogro, Ari, que muitas vezes contribuiu com o meu equilíbrio espiritual nesta jornada.

Ao meu cunhado, Ari, que gentilmente enviou-me sua monografia via e-mail para que eu aprofundasse meus estudos sobre CPMI.

À minha sogra pela preocupação e pelos almoços deliciosos quando ia para Uberlândia matar a saudade, e descansar a mente para um recomeçar mais proveitoso.

À minha amiga Karla pelo acolhimento em sua residência no momento em que precisei. Obrigada por tudo! Espero que seja muito feliz nessa nova etapa da sua vida que se inicia.

Às minhas colegas de turma que se tornaram amigas, especialmente a Cristiane Brandão e a Karen. Obrigada pelos momentos prazerosos de conversas construtivas e carinhosas.

À minha companheira de Jornal Voz Ativa (JVA), Ana Carolina Ghirardi, pelo profissionalismo, pela amizade e por ter me dado o ombro nos momentos difíceis.

Aos participantes que se prontificaram a colaborar com esta pesquisa.

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Martins ESA. Comunicação não-verbal em situação de Comissão Parlamentar Mista de Inquérito: percepções de jornalistas e fonoaudiólogos. São Paulo; 2006. [Dissertação de Mestrado – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP].

Objetivo: comparar as percepções de jornalistas e fonoaudiólogos ao analisar a comunicação não-verbal de sujeitos depondo na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito. Método: foi aplicado um protocolo de comunicação não-verbal a uma amostra composta de 30 jornalistas e 30 fonoaudiólogos, sendo que 10 jornalistas trabalham em televisão, 10 em rádio, 10 em mídia escrita, 10 fonoaudiólogos atuam em televisão, 10 atuam na área de linguagem e 10 atuam na área de audiologia. Foi feita uma análise estatística e uma análise do discurso do mapa de recursos comunicativos. Resultados: Fonoaudiólogos que atuam em televisão tiveram uma análise mais genérica com pouquíssima especificidade em relação aos elementos não-verbais, assim como os jornalistas que trabalham em televisão. Fonoaudiólogos que atuam na área de audiologia participaram atentamente da pesquisa e se destacaram ao analisar a expressão facial. Fonoaudiólogos que atuam na área de linguagem deixaram-se influenciar pelo contexto e conteúdo. Jornalistas que trabalham em rádio se atentaram mais para os recursos corporais quando comparado aos outros jornalistas, esse grupo se destacou perante aos outros grupos. Jornalistas que atuam em imprensa escrita, assim como os fonoaudiólogos e jornalistas que atuam em televisão, também tiveram um olhar mais genérico, no entanto, deixaram-se influenciar menos pelo conteúdo e pelo contexto.

Considerações finais: Os achados demonstram que jornalistas foram mais fiéis ao objetivo da pesquisa que os fonoaudiólogos. Demonstram também ser impossível dissociar a comunicação não-verbal do discurso, e instiga quanto ao fato de muitos autores, ao considerarem a comunicação, afirmam que a comunicação não-verbal é responsável por mais de 50% da mensagem. A comunicação não-verbal foi pouco mencionada pela amostra.

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Martins ESA. Nonverbal communication in a Congressional Committee of Investigation situation: perceptions of journalists and speech and hearing therapist. Sao Paulo; 2006. [Master Dissertation Thesis – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP].

Objective: compare the perceptions of journalists and speech and hearing therapists when analyzing nonverbal communication of subjects declaring in a Congressional Committee of Investigation. Method: it was given a nonverbal communication questionnaire to a sample of 30 journalists and 30 speech and hearing therapists, which 10 of the journalists work on television, 10 of them work at radio station, 10 of them work at writing press, 10 of the speech and hearing therapists work on television, 10 of them work with language and 10 of them work with hearing. It was made statistics and discourse analyzes of a dialogic map of communicative approach. Results:

speech and hearing therapists who work on TV analyzed generically with almost no specificity when concerning nonverbal elements as well as the journalists who work on TV. Speech and hearing therapists who work with hearing participated attentively of the research and exceeded when analyzing facial expression. Speech and hearing therapists who work with language let themselves be influenced by the context and content. Journalists who work at radio station paid more attention to the body movements when compared to other journalists, this group exceeded among the other groups. Journalists who work with writing press, as well as the speech and hearing therapists and journalists who work on TV also had a generical view, however, they let themselves be less influenced by the context and content. Final considerations: the analyses show that journalists were more efficient filling out the questionnaire when concerning the objective of this research compared to speech and hearing therapists. They also show that it is impossible to separate nonverbal communication of the speech, questioning the fact that many authors, when considering communication, assure that nonverbal communication is responsible for over 50% of the message. The nonverbal communication was mentioned very little considering that the priority was to analyze it.

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fonoaudiólogos, segundo o tempo de profissão, quanto à voz em relação a S1.

Quadro 02 – Comparação entre as opiniões dos dois grupos jornalistas e fonoaudiólogos, segundo o tempo de profissão, quanto aos gestos, postura corporal e expressão facial de S1.

Quadro 03 – Comparação entre as opiniões dos dois grupos, jornalistas e fonoaudiólogos, segundo o tempo de profissão, quanto ao modo de se expressar de S1.

Quadro 04 – Comparação entre as opiniões dos dois grupos, jornalistas e fonoaudiólogos, segundo o tempo de profissão, quanto à qualidade da voz, ao uso dos gestos, expressões facial e corporal. S1.

Quadro 05 – Comparação entre as opiniões dos dois grupos, jornalistas e fonoaudiólogos, segundo o tempo de profissão, quanto à voz em relação a S2.

Quadro 06 – Comparação entre as opiniões dos dois grupos, jornalistas e fonoaudiólogos, segundo o tempo de profissão, quanto aos gestos, postura corporal e expressão facial de S2.

Quadro 07 – Comparação entre as opiniões dos dois grupos jornalistas e fonoaudiólogos, segundo o tempo de profissão, quanto ao modo de se expressar de S2.

Quadro 08 – Comparação entre as opiniões dos dois grupos, jornalistas e fonoaudiólogos, segundo o tempo de profissão, quanto à qualidade da voz, ao uso dos gestos, expressões facial e corporal. S2.

Quadro 09 – Comparação entre as opiniões de todos os seis grupos de jornalistas e fonoaudiólogos, segundo o tempo de profissão, quanto à voz em relação ao S1.

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Quadro 12 – Comparação entre as opiniões de todos os seis grupos de jornalistas e fonoaudiólogos, segundo o tempo de profissão, quanto à qualidade da voz, ao uso dos gestos, expressões facial e corporal. S1.

Quadro 13 – Comparação entre as opiniões de todos os seis grupos de jornalistas e fonoaudiólogos, segundo o tempo de profissão, quanto à voz em relação ao S2.

Quadro 14 – Comparação entre as opiniões de todos os seis grupos de jornalistas e fonoaudiólogos, segundo o tempo de profissão, quanto aos gestos, postura corporal e expressão facial de S2. Quadro 15 – Comparação entre as opiniões de todos os seis grupos de

jornalistas e fonoaudiólogos, segundo o tempo de profissão, quanto ao modo de se expressar de S2.

Quadro 16 – Comparação entre as opiniões de todos os seis grupos de jornalistas e fonoaudiólogos, segundo o tempo de profissão, quanto à qualidade da voz, ao uso dos gestos, expressões facial e corporal. S2.

Quadro 17 – Comparação par-a-par das opiniões de jornalistas e fonoaudiólogos ao analisarem o par de variáveis agradável/ desagradável de S2.

Quadro 18 – Comparação par-a-par das opiniões de jornalistas e fonoaudiólogos ao analisarem a variável suave/ tensa de S2. Quadro 19 – Comparação par-a-par das opiniões de jornalistas e

fonoaudiólogos ao analisarem a variável olhos de S1.

Quadro 20 – Comparação par-a-par das opiniões de jornalistas e fonoaudiólogos ao analisarem a variável olhos de S2.

Quadro 21 – Comparação par-a-par das opiniões de jornalistas e fonoaudiólogos ao analisarem a variável sobrancelhas de S1. Quadro 22 – Comparação entre S1 e S2 na perspectiva dos avaliadores

quanto à voz.

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ao analisarem o par de variáveis agradável/ desagradável de S2.

Tabela 2 – Comparação das opiniões de jornalistas e fonoaudiólogos ao analisarem o par de variáveis fraca/ forte de S2.

Tabela 3 – Comparação das opiniões de jornalistas e fonoaudiólogos ao analisarem o par de variáveis suave/ tensa de S2. Tabela 4 – Comparação das opiniões de jornalistas e fonoaudiólogos

ao analisarem o par de variáveis expressiva/ monótona de S2.

Tabela 5 – Comparação das opiniões de jornalistas e fonoaudiólogos apontando que os olhos de S1 chamaram mais a atenção.

Tabela 6 – Comparação das opiniões de jornalistas e fonoaudiólogos apontando que os olhos de S2 chamaram mais a atenção.

Tabela 7 – Comparação das opiniões de jornalistas e fonoaudiólogos apontando que as sobrancelhas de S1 chamaram mais a atenção.

Tabela 8 – Comparação das opiniões de jornalistas e fonoaudiólogos ao escolherem S1 ou S2 como melhor comunicador.

Tabela 9 – Comparação das opiniões entre jornalistas e entre fonoaudiólogos ao escolherem S1 ou S2 como melhor comunicador.

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1.1. Objetivo...22

Capítulo 2: Revisão de Literatura...23

2.1. Comunicação não-verbal...23

2.2. Voz, gesto, expressão facial...29

2.3. Manifestação da emoção...54

3. Considerações gerais...58

3.1. Antropologia da Imagem...58

3.2. Linguagem da Imagem...65

3.3. Práticas discursivas: produção de sentidos...67

4. Método...71

5. Resultados...82

6. Discussão...113

7. Considerações finais...170

8. Referências bibliográficas...173

Anexos...182

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1. INTRODUÇÃO

Comunicar-se é uma tarefa que todo ser humano pratica todos os dias desde o despertar até o recolher. É fato que todo mundo conversa com alguém, afinal, todos vivem em sociedade, e para tudo precisam se expressar. Ao se comunicar, o homem faz uso de vários recursos. Utiliza palavras, a voz, o corpo, faz gestos e expressões. A comunicação então se dá a partir de toda uma articulação que envolve todos os recursos citados acima.

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comunicação através das palavras, revelando a importância dos gestos não-verbais. Estes são tão essenciais que um observador com uma grande prática é capaz de deduzir qual o gesto que a pessoa está fazendo somente ouvindo a sua voz.

RECTOR e TRINTA (2003) afirmam que o homem é um ser em movimento e, quando se movimenta, comunica se expressando de forma complexa, e essa comunicação se dá socialmente e representa exemplos das formas da língua. Assim, ao “exprimir” uma mensagem com seu corpo, ele o executa de maneira tão evidente, que a informação emitida por ele pode desdizer a comunicação verbal.

Dessa forma, há de se preocupar ao se comunicar, pois o discurso que sai de sua boca pode ser enganado pela sua voz e seu corpo. RECTOR e TRINTA (2003) completam dizendo que é importante salientar que, para se ter uma “imagem social”, é necessário ter consciência e domínio de gestos e posturas. Ao se expressar gestualmente, o articulador pode ter uma intenção cognitiva, expressiva ou descritiva, quando se trata de referências de ordem afetiva.

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Optou-se por profissionais de comunicação, o jornalista e o fonoaudiólogo, como sujeitos desta pesquisa. Vale conhecer, mesmo sucintamente, quais papéis estes profissionais desempenham e quais suas contribuições.

O jornalista é um profissional que tem a formação nas ciências humanas. Sua atuação parte de um elemento essencial, a informação. Esta é a matéria-prima de todo seu trabalho. Quando essa informação tem alguma importância para o público, ela passa a ser chamada de notícia. A finalidade da divulgação de uma notícia é contribuir para a melhoria da qualidade de vida do público que a recebe de forma gratuita, pela televisão ou pelo rádio, por exemplo, ao comprar um jornal e/ ou uma revista (CURADO, 2002).

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Fonoaudiólogos são profissionais que estão ligados às ciências humanas e à saúde. Existem na Fonoaudiologia várias áreas de especialização devido à amplitude de atuação dessa profissão. Atualmente há fonoaudiólogos especialistas em voz, linguagem, áudio, motricidade oral e saúde pública. Cada um trabalhando na clínica ou na assessoria e norteando, na sua especificidade, pacientes/clientes queixosos pelas suas dificuldades e limitações.

Há algum tempo, fonoaudiólogos relacionavam a sua prática apenas às doenças, mas hoje eles ampliaram essa visão ao passar a assessorar, aprimorar e trabalhar a expressividade dos profissionais da voz, isto é, profissionais que têm a voz como instrumento fundamental para a realização de seu trabalho. Exemplos disso são atores, advogados, jornalistas, políticos e outros.

A escolha desses dois profissionais para verificar suas percepções pareceu ser uma decisão coerente, partindo do princípio de que trabalham com a palavra, com a educação, com a comunicação. Portanto, ambos têm a necessidade de estar atentos à comunicação não-verbal. Não pode ser excluído o fato de que essa curiosidade de verificar as percepções desses profissionais também partiu de toda uma trajetória acadêmica e pessoal.

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espontânea. A minha voz parecia trêmula em alguns momentos e bastante agudizada, o som da minha voz perturbava-me. Quanto aos meus movimentos corporal e facial, estes pareciam os de uma estátua, ou de uma pessoa que estivesse sendo ameaçada de morte, de tão dura e tensa a minha postura. Portanto, na frente das câmeras não parecia ser o lugar certo para estar.

Ironicamente, em contato com o ambiente televisivo, durante a Faculdade, identifiquei-me com o trabalho e comecei a pensar na possibilidade de trabalhar nesse segmento, que é apenas uma das áreas do profissional da comunicação. Para melhorar meu desempenho profissional, busquei cursos de pós-graduação, curso prático de noticiarista de telejornal e terapia vocal. E foi nessa busca que me deparei com o Programa de Mestrado em Fonoaudiologia da PUC-SP. A partir daí surgiu o anseio de estudar um mundo silencioso e fascinante que é o mundo da comunicação não-verbal, ingrediente complexo e essencial para qualquer orador.

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Nesse sentido, optou-se por escolher o ambiente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que no caso é um ambiente que provoca muita pressão e tensão; não somente por ser uma investigação feita pelo Poder Legislativo, mas principalmente por se tratar de sessões ao vivo, às quais todo cidadão interessado nas questões relatadas pelas partes presentes assiste, e também pelo fato da imprensa estar no local. É como se fosse um tribunal em que pessoas são inquiridas e julgadas pelos presentes na sessão – deputados, senadores e membros da imprensa – e pelos telespectadores que assistem em casa (mais informações sobre CPI e CPMI vide anexo 1, p. 182).

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Considerando o que foi discorrido sobre comunicação não-verbal, a explicitação feita a respeito dos sujeitos da pesquisa e o cenário que estes irão analisar, fica a expectativa de encontrar análises diferenciadas. Seriam os fonoaudiólogos mais rigorosos na avaliação da comunicação não-verbal? Estariam os jornalistas atentos para esta questão? Levando em conta apenas os grupos dos fonoaudiólogos, existiria alguma diferença na análise entre os profissionais que trabalham com áudio, linguagem e uma clientela específica, no caso, jornalistas? E no caso do jornalista, a percepção de um profissional de TV seria diferente daquele habituado com o meio impresso, que por sua vez seria diferente de um que trabalhe em rádio?

Diante do que foi escrito nas linhas anteriores, tentar-se-á abarcar alguns pontos que são considerados relevantes na comunicação não-verbal, como os gestos, a expressão facial, a expressividade que engloba a emoção, a voz e a credibilidade.

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1.1. OBJETIVO

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2.

REVISÃO DE LITERATURA

O estudo científico da comunicação não-verbal iniciou-se um pouco antes da segunda metade do século XX. Desde então, está presente em várias áreas do conhecimento como: Antropologia, Psicologia, Sociologia, Lingüística e outras (KNAPP e HALL, 1999). Para LYONS (1987), ao refletir sobre a origem das línguas, a hipótese mais verossímil seria de que a língua originou-se do sistema de comunicação gestual e não vocal. TEIXEIRA (2002) enfatiza essa idéia quando pontua que o ser humano começou a falar com as mãos, pois nos primórdios os homens se comunicavam por meio de gestos e grunhidos, e desenvolveram a fala gradualmente.

2.1. COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL

As linhas que se seguem apresentarão pesquisas e livros de várias áreas do conhecimento, que sejam pertinentes à comunicação não-verbal, em ordem cronológica. Ao expor os conceitos e as pesquisas dessa maneira, será possível observar sua evolução durante as décadas. Vale ressaltar que ao buscar na literatura conteúdo sobre comunicação não-verbal, o discurso acaba aparecendo, ora mais presente, ora menos.

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pela mãe quando seu filho faz algo certo, caso contrário ela tem uma reação totalmente oposta, fecha o semblante como um sinal de que não gostou da atitude do filho. Esse é apenas um exemplo simples, mas é totalmente cabível que seja estendido para todo e qualquer tipo de interação. É por meio dos movimentos expressivos que se pode perceber a vivacidade e a energia nas palavras dos homens. E não apenas isso, os movimentos mostram os pensamentos e as intenções que estão escondidos.

Para o mesmo autor, algumas reações acontecem por hábito, ao mesmo tempo em que outras ocorrem de acordo com o estado de espírito do indivíduo e por serem herdadas. Um olhar arregalado e fixo, sobrancelhas contraídas em demasia, num homem, são sinônimos de espanto e horror. Algumas reações orgânicas podem ser observadas como suor pelo corpo e escorrendo pela face. A circulação e a respiração são facilmente notadas, pois as narinas geralmente dilatam-se e tremem; ou a respiração pode ficar presa até o sangue estagnar, deixando o rosto roxo. Se essas sensações durarem muito tempo, podem ocorrer desmaios e convulsões. Esse foi um exemplo de uma ação direta, no corpo, do sistema nervoso sob estímulo combinado com o princípio de movimentos úteis habitualmente associados. Exemplo de reações herdadas são os meneios de cabeça do bebê: quando ele mama e não quer mais, ele balança a cabeça.

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com o corpo inteiro, e ressalta que em uma situação de conversa existe algo muito maior do que simples trocas de palavras.

Segundo EKMAN e FRIESEN (1969), o comportamento não-verbal só deve ser considerado comunicativo, caso o emissor esteja atento ao transmiti-lo, independentemente se o receptor será capaz ou não de decodificá-lo.

Esses mesmos autores separam o comportamento não-verbal em três categorias: informativo, quando o receptor capta e entende a mensagem; comunicativo, quando o receptor entende a mensagem que o emissor teve a intenção de enviá-la; e interativo se, dentro do contexto da interação, a mensagem influencia o comportamento do receptor.

LAVER e HUTCHESON (1972) pontuam que, em outros ramos - em outras áreas que têm a comunicação como objeto de pesquisa -, a expressão facial, a forma de olhar, os gestos e posturas, e a orientação do corpo, isto é, a proximidade e contato em relação ao outro, são elementos essenciais para se interagir face a face com dois ou mais participantes.

Na fala são emitidos vários sinais não-verbais1 que são usados para exercer o controle de situações sociais, de emoções e fornecer informação sobre o próprio emissor (ARGYLE, 1975). O mesmo autor considera também que os sinais não-verbais, que intrinsecamente estão ligados com o que está sendo dito e que podem interferir no significado, são sinais prosódicos (pitch,

1 Sinais não-verbais, para ARGYLE (1975), é o que denominamos neste trabalho de recursos

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loudness e duração da pausa) e sinais cinésicos2 (movimento do olhar, de cabeça, expressões faciais, gestos, posturas etc.).

BOLINGER (1975) acredita que a linguagem não deve se restringir ao limite da atividade verbal da fala, pois as informações são absorvidas pelos ouvidos e olhos. Contudo, expressões faciais e gestos corporais tendem a ser considerados como incidentais ao invés de essenciais para o processo de comunicação para este autor.

DAVIS (1979) ressalta que a linguagem não-verbal é um meio significativo de comunicação. Afirma ainda que é a forma de comunicar mais enraizada e cristalizada no passado biológico do ser, e também a forma mais primária, fazendo com que, muitas vezes, o emissor contradiga o que é dito por palavras. A linguagem não-verbal nada mais é que a representação natural do ser. É ela que revela sentimentos e sensações que cada um vivencia em determinado momento.

KENDON (1981) enfatiza que o fator da intencionalidade na comunicação não-verbal é insignificante, pois independentemente da intenção do emissor, o processo de comunicação acontece desde que o receptor receba a mensagem.

Para LAVER (1991), ao se comunicar face a face, além da informação semântica transmitida, há também as informações que são enviadas por meios

2 Disciplina que se preocupa em estudar sistematicamente os movimentos corporais em

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não-verbais. “Comportamento não-verbal refere-se a qualquer comportamento que não envolve linguagem” (KELLERMAN, 1992, p. 239)3. De acordo com KELLERMAN (1992) a comunicação se dá por meio de pistas captadas através dos sentidos: visão, audição, tato e olfato. No entanto, o autor pontua que nem todo comportamento não-verbal é comunicativo. Quando a informação é codificada em movimentos corporais, pode se apresentar de forma indecifrável ou ainda de difícil decodificação.

Uma das questões abordadas por PEASE (1995) é a forma como se deve avaliar a comunicação não-verbal. Não se deve analisar os gestos de forma isolada, e sim, o contexto e o conjunto dos gestos. Em muitas ocasiões, o sujeito pode apresentar um gesto que contradiz o que ele está dizendo, mas os outros são coerentes com a sua fala. O contrário também pode acontecer, e, quando ocorre, as pessoas tendem a dar crédito à percepção do que não foi dito, e sim explicitado com gestos e expressões.

MESQUITA (1997) vê a comunicação do corpo, ao lado da comunicação verbal, como um fator essencial para profissionais que interagem com pessoas no seu trabalho, ou seja, para psicólogos, médicos e profissionais de Educação Física, pois sua atuação está mais diretamente relacionada ao corpo e ao movimento. Ele acredita que emitir, receber e perceber sinais não-verbais são processos independentes. Na maioria das vezes, esses comportamentos ocorrem sem que se tenha consciência do que está acontecendo ou de sua

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causa; e podem se tornar habilidades, mas geralmente são naturais. (MESQUITA,1999).

FURUYAMA (2000), em uma pesquisa sobre comunicação não-verbal, observou duplas em que o instrutor deveria falar para o aprendiz como fazer um origami. Concluiu que a união de gestos e discurso, além de expressar

pensamentos, carrega um modo de pensar do discurso de forma material e concreta. Além disso, os resultados mostraram que os gestos são “sensíveis” tanto aos fatores intrapessoais quanto aos interpessoais, em situações de comunicação.

RECTOR e TRINTA (2003) denominam Cinésica a disciplina responsável pelo estudo do comportamento comunicativo do corpo humano. O termo Cinésica vem do grego kinesis, que significa movimento. Este tipo de análise visa estudar expressões faciais, o movimento dos olhos, posturas corporais e a gesticulação. Este estudo baseia-se em padrões coletivos de comportamentos que são socialmente significativos, e não em características individuais.

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elementos vocais que podem ser verbais e verbais. As unidades não-lingüísticas ou não-verbais informam sobre as características gerais da

expressão individual e das dimensões do corpo. As unidades extralingüísticas se configuram em elementos não-verbais e não-vocais como roupas e acessórios.

SILVA e col. (2004) garantem que:

“todas as possibilidades de manifestação da mente, do espírito e do corpo, são expressas através do ato motor. O pensamento e a expressão constituem-se simultaneamente (...) Inicialmente o gesto e o movimento resumem a ação para posteriormente mediarem e permitirem o surgimento da expressão” (p.997).

2.2. VOZ, GESTOS E EXPRESSÃO FACIAL

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volume da voz, mais baixo ou mais alto, aumenta o interesse, especialmente quando há sinceridade no que o orador está dizendo.

Para MARONE (1967) o gesto nada mais é que um tipo de linguagem, a linguagem sem palavras. Considerando as várias maneiras com que o homem pode expor seus pensamentos, sentimentos e evoluções, os gestos ocupam lugar de destaque pela sua rapidez, simplicidade e eloqüência. O autor acrescenta que, apesar deles serem instintivos, devem ser coerentes com a sua origem, ou seja, seu uso deve corresponder exatamente com a idéia que é emitida, sendo fiel ao que se quer representar.

Segundo o mesmo autor, os gestos são uma manifestação da expressividade. Eles não sustentam apenas o papel de revelar uma personalidade, mas também o de contribuir para traduzir estados emocionais. Ele acredita que, se pela expressão facial não aparecerem sinais que revelem esses estados, certamente a gesticulação das mãos os denunciará. E conclui dizendo que o homem, antes de ter criado sua língua e difundi-la, utilizou os gestos para se comunicar.

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ABERCROMBIE (1967), ao pesquisar em trabalhos datados de 1920, viu a possibilidade de considerar e analisar a voz como um elemento que faz parte da linguagem, ou seja, um elemento não-segmental, apontando a questão da qualidade e dinâmica vocais, referindo-se inclusive nesta última os aspectos de loudness, tempo, continuidade, ritmo, tessitura, variação de pitch e registro.

CARVALHO (1974) posiciona a voz como sendo o elemento responsável pelo sucesso ou fracasso de uma mensagem. Acredita que um comunicador ou orador com a voz alterada, por mais bela que seja a mensagem, perde todo o colorido e a expressão.

O mesmo autor descreve os gestos como formas expressivas da linguagem, que se revelam por meio do movimento, o que denominamos cinética. Os movimentos mais largos feitos pelo corpo, principalmente com as mãos e os braços, são considerados gestos; e os da musculatura facial, incluindo o olhar, são mímicas.

MILLER e col. (1976) afirmam que o poder de persuasão de um discurso está diretamente relacionado com a velocidade da fala. Assim, ao utilizar uma velocidade de fala mais aumentada, o emissor da mensagem transmite mais credibilidade ao receptor.

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maneira, trabalham fenômenos como o da acentuação, da assimilação, da elisão e da neutralização da forma como se constituem na língua portuguesa. A entoação e a pontuação também têm um capítulo reservado. Assim, trabalham as aplicações da acentuação frasal, da altura (curvas de inflexão) e o ritmo. A comunicação corporal é pouco abordada no que se refere às expressões faciais, aos gestos e à postura, mas fica clara sua importância na transmissão de uma mensagem. O objetivo principal da obra é fazer com que a aplicação de suas propostas sirva de apoio à atividade diária do profissional da voz, seja no tribunal, seja em sala de aula, em salões de convenções ou em outros ambientes e situações que requerem um bom desempenho do orador.

Para POYATOS (1981), os gestos são movimentos corporais que podem ser conscientes ou inconscientes, aprendidos ou não. São instrumentos de comunicação primária, independentes da linguagem verbal e da paralinguagem, que variam dentro de um contexto.

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baixo, dão uma idéia oposta: desprazer, tristeza e insatisfação; e em bico mostram dúvida, contrariedade e raiva.

LAVER (1979, 1980, 1994) ressalta que tanto a postura fonatória quanto a articulatória são características não somente individuais, mas também de um grupo social. Com LAVER e TRUDGILL (1979) descreve os marcadores físicos (a qualidade da voz), sociais (o sotaque e o vocabulário, com mudanças de duração de ajustes) e psicológicos. Essa contribuição macro, na medida em que diagnosticou esses marcadores, e micro, que possibilita verificar os aspectos destes no indivíduo, auxilia na assessoria e na observação do outro.

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emocional do discurso: equilibrada, demonstra maior exteriorização das emoções; o uso excessivo da laringo-faringe está ligado a pessoas com dificuldades de lidar com agressividade ou que se encontram sobrecarregadas.

QUINTEIRO (1989) desenvolve um trabalho diferenciado contemplando a atuação de atores. Assim, ela traz relações de exercícios para todo o corpo, visando um melhor desempenho artístico. Enfatiza, porém, que o livro não é um receituário de exercícios e que o exercício por ele mesmo não contribui de maneira eficaz em uma atuação artística, afinal, a voz é única, e, portanto, deve ser cuidada a partir de exercícios adequados às necessidades individuais. Afirma ainda que, para que seja possível auxiliar o trabalho cênico, é preciso trabalhar a expressividade do corpo e da voz.

De acordo com WEISS (1991), o tom da voz, as expressões do rosto e os gestos das mãos comunicam o que se pensa sobre o assunto. Ele defende a idéia de que ao levantar as sobrancelhas, sorrir, movimentar as mãos de maneira apropriada dá-se mais ênfase aos argumentos. Para o autor, gestos agressivos devem ser evitados, pois ele acredita ser um recurso que transparece ameaça.

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para significar o que está sendo dito. A autora pesquisa qual a finalidade do som na construção de sentido expressivo, e para isso mostra os elementos expressivos dos recursos fônicos que aparecem no discurso oral do locutor que foi sujeito da pesquisa. Detalhando mais, a qualidade da voz, que é foco principal, cede espaço para outros elementos como o volume da voz, a melodia, o ritmo, o alongamento e a velocidade da fala.

PITTAM (1994), ao pensar em voz e fala, leva à reflexão sobre a possibilidade de identificação de sujeitos, isto é, verificação da idade, do sexo, da ocupação e da classe social. Contribui também com a idéia de que o estado emocional possa modificar a respiração, a fonação e a articulação.

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De acordo com PEASE (1995), os olhos são capazes de transmitir emoções e até mensagens, e acrescenta que é possível perceber tais ações pelo tamanho da pupila de quem está sendo observado.

O mesmo autor discorre sobre a influência das mãos, da cabeça, da expressão facial e dos braços na comunicação não-verbal. As mãos são capazes de revelar muitas características da pessoa que está falando e exemplificar o que está dizendo verbalmente. Afirma que, quando as palmas das mãos são usadas corretamente, elas dão ao falante um “grau de autoridade” e “poder de comando silencioso” sobre os ouvintes. Atesta ainda que a palma da mão para cima representa um gesto de submissão não ameaçador; para baixo, dá uma autoridade imediata; e a palma escondida pela mão fechada com o dedo apontado revela um gesto de submissão agressivo.

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autor, há vários exemplos desses fatores denunciativos: a contração muscular da face, a dilatação e contração das pupilas, o suor na fronte, o rubor nas maçãs do rosto, o aumento de piscadelas e outros sinais que mostram que se está mentindo.

Quanto aos braços, ele pontua que estes são uma barreira de segurança. Com eles, o homem se defende de qualquer situação que possa incomodá-lo, ofendê-lo ou entrar em desacordo com o que ele pensa. Para demonstrar qualquer tipo de descontentamento, o homem cruza os braços. Pode-se fazer hostil, mostrar-se resistente à determinada opinião, pode se mostrar superior, disfarçar o nervosismo, enfim, pode utilizá-los de diversas maneiras para expressar qualquer emoção.

FERREIRA e col (1995) acreditam que o aspecto psicológico pode afetar os aspectos vocais. Isso pode ser notado quando ocorre uma variação de entoação, ênfase, intensidade, altura, ressonância, qualidade e outros atributos que se modificam para atender melhor à condição de relação com o outro. Em alguns momentos, no entanto, essa manifestação, ao invés de melhorar, piora. Isso porque tudo depende do cenário em que se está inserido.

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NOGUEIRA (1996) faz um trabalho em que analisa o estilo radiofônico de duas emissoras diferentes. Constata que o padrão da emissão da voz dos locutores se modifica de uma para a outra. Em uma das emissoras, observa-se sinalização das pausas por meio de padrão tonal ascendente/descendente, elevação da freqüência fundamental, emprego de faixa de variação tonal mais ampla, traços que mostram a elaboração de um trabalho de animação oral direcionado a sugerir um clima alegre e descontraído. Para fazer essa pesquisa, a autora apoiou-se na análise e na descrição acústica da voz e da fala. Esse trabalho contribui em demasia para a área, na medida em que os resultados da pesquisa indicam a necessidade do fonoaudiólogo que atua com aperfeiçoamento vocal de locutores radialistas redimensionar seu trabalho, isto é, buscar compreender quais as marcas sonoras que estão presentes no discurso do locutor, e quais são as que compõem o perfil oral da emissora.

BANSE e SCHERER (1996) fazem um estudo analisando se ouvintes seriam capazes de deduzir emoções por meio da voz e quais seriam os padrões de expressão vocal para emoções específicas. Chegam à conclusão de que parâmetros vocais não apenas indicam a intensidade das emoções como também seus aspectos qualitativos.

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transmitindo algo, e as palavras que saem da boca estiverem comunicando uma informação completamente diferente.

Os mesmos autores, no que diz respeito ao rosto, aconselham praticar muitos exercícios faciais, pois assim pode-se exercitar a flexibilidade. É por meio das expressões faciais que o outro percebe o que se está realmente pensando. Com músculos faciais mais flexíveis é perceptível toda a variação de sentimentos do emissor, e desta forma é possível transmitir uma mensagem com mais eficiência, tendo assim uma maior eficácia no seu entendimento.

BEHLAU e REHDER (1997) afirmam que o objetivo da voz falada é a transmissão da mensagem, no entanto, o padrão articulatório se modifica quando são considerados os aspectos emocionais do falante e do discurso; por isso a articulação deve ser mais precisa, caso contrário ela prejudica na transmissão e, portanto, no entendimento da mensagem Um outro fator importante são as pausas, as autoras acreditam que estas são individuais e podem ocorrer por hesitação ou como valor enfático. No que se refere à velocidade e ao ritmo da emissão falada, as autoras defendem que são questões pessoais e dependem de múltiplos fatores.

GAYOTTO (1997) se pergunta como trabalhar a voz do ator, colocando-a não somente a serviço dele, mas também do personagem, e como concretizar as ações vocais4 no texto falado. Ela se questiona sobre esses aspectos,

4Conceito de ação vocal é: “a voz como ‘arma’de primeira necessidade para o ator, devendo

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partindo do pressuposto de que a voz sintonizada com o personagem pode ser prejudicial ao ator, pois ao cumprir as normas de saúde, a voz tende a ficar distante do personagem em alguns momentos; e quando o ator poupa sua voz temendo acontecer algo que prejudique sua saúde vocal, ele não experimenta novas possibilidades. Buscando vencer essas questões, a autora desenvolve a “Partitura Vocal”, que nada mais é que um registro da voz cênica. Essa partitura nasce a partir de observações no cenário vivo da interpretação. Anotações feitas pelos atores serviram de embasamento para a construção dessa partitura, que também conta com outra referência, a “partitura do papel” de STANISLAVSKI (1996) que é feita por atores no texto teatral. A prática da ação vocal e a partitura não se restringem ao uso por parte de atores, servem de apoio a qualquer profissional da voz e também para preparadores vocais em geral, como fonoaudiólogos, diretores, atores, professores de oratória ou cantores.

BLOCH (1998), na tentativa de caracterizar a voz, atribui movimento a ela ao afirmar que “a voz espreme, exprime e expressa o indivíduo”, pensamento expresso em apenas algumas palavras, mas que marcou a Fonoaudiologia pela força dos termos e pela real radiografia que faz da voz. Este mesmo autor define voz em várias partes do seu livro como sendo:

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aceita ou rejeitada pelo meio. A voz das novas gerações reflete as mudanças do mundo” (BLOCH, 1980, p. 9-23).

Ao analisar a linguagem radiofônica dos programas eleitorais de Luís Inácio Lula da Silva e de Fernando Henrique Cardoso, SILVA (1998) verifica que os candidatos conseguem manter um padrão de conversa natural, para isso fazem uso da linguagem radiofônica com maestria. Assim, privilegiam seus discursos nos programas ao deixar a voz mudar de tom, como se estivessem em uma conversa informal, dando-lhe características vocais espontâneas, e a locução tem uma performance criativa e colorida, conservando as características da cultura brasileira.

Segundo SILVA (1999), uma das formas de indicação da atitude de fala de um indivíduo é a prosódia. Este termo vem sendo utilizado para abraçar os fenômenos suprasegmentais como: entoação, ritmo, velocidade de fala e qualidade vocal. Para a autora, tais elementos prosódicos têm o intuito de ponderar os valores semânticos dos enunciados, sendo uma das formas que permite ao falante dizer ao seu interlocutor como ele pode agir diante do que houve.

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freqüência fundamental e a duração (fonético-acústica) mostram a relevância desses recursos vocais na construção da expressividade da fala.

Em uma interação entre dois sujeitos, CHUN (2000) também relata as mudanças que acontecem no desenrolar do diálogo. Aponta as variações da qualidade e dinâmica da voz, pitch, proeminências, pausas e velocidade da fala. Seu estudo foi feito com base em (PITTAM 1994; GOFFMAN 1998).

COTES (2000) desenvolve um trabalho que contribui de forma significante para a Fonoaudiologia, ao abordar não apenas a expressividade oral, como também a corporal, que começou a ser mais estudada a partir da década de 90, mais exatamente em 1995, com o atendimento a profissionais da voz. Para realizar esse estudo, ela utiliza trabalhos de RECTOR e TRINTA (1986, 1995) e adapta a proposta de quatro autores (EKMAN e FRIESEN 1981; KNAPP e HALL 1999). Em sua pesquisa, apresentadores de telejornal são avaliados nos recursos não-verbais (gestos, expressão facial, postura, voz). Essa avaliação acontece com o foco na análise descritiva desses recursos durante o relato de notícias. A autora observa o grande valor dos gestos e da entoação na comunicação, uma vez que estes moldam a base de um comportamento comunicativo eficaz e expressivo, e contribuem para o relato de notícias com maior credibilidade perante o telespectador.

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harmoniosa e expressiva. A autora acredita que o gesto deve cumprir o propósito de complementar o que se fala, e não deve ser uma ação mecânica desvinculada de emoção.

A mesma autora defende a idéia de que os olhos e a forma de olhar enriquecem a expressão facial, e afirma que um simples olhar é capaz de passar inúmeras mensagens: de afeto, de concordância, de desafio. Enfatiza que os olhos são persuasivos, têm o poder de sensibilizar e agredir a outrem, assim como transmitir segurança, confiabilidade e simpatia. No que tange aos aspectos vocais, a entoação e as inflexões de voz estabelecem diferentes curvas melódicas no discurso e, associadas à pausa, são essenciais para o brilho da fala nas apresentações, pois provocam efeitos emocionais fortes no ouvinte.

NAVARRO (2000) fez um estudo interessante ao detalhar o perfil de dois locutores esportivos de rádio. Escreveu sobre a postura, a fala, o uso de voz e os hábitos vocais, e fez uma análise acústica da qualidade da voz usada no estilo de locução esportiva. Para essa pesquisa, o que vale ser comentado é que o estilo de locução esportiva é diferenciado, é uma narração mais para cima e que, ao dizer a palavra “gol”, cada locutor tem seu estilo próprio ao pronunciá-la.

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questões orgânicas e funcionais do aparelho fonador, considerando inclusive todo o corpo, para que a emissão dos sons aconteça harmoniosamente.

Segundo QUINTAIROS (2000), é por meio da voz e de toda emoção emitida que as pessoas exercem sua maior influência. Ele justifica essa afirmação ao explicitar que o que se pensa e sente é mais bem demonstrado de acordo com a intensidade, velocidade da fala, freqüência, o ritmo dos sons, as inflexões e a melodia da voz.

BEHLAU e col. (2001) ressaltam que a voz do indivíduo é influenciada não somente por ele próprio, mas também pelo meio. A percepção do locutor em relação à reação dos ouvintes também influencia o seu desempenho. Afinal, ao emitir sons, a voz transmite sentimentos e atinge os ouvintes diretamente, proporcionando-lhes sensações de prazer ou desprazer, interesse ou desinteresse.

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PANICO (2001) faz uma pesquisa sobre voz no contexto político e descreve por meio de análises perceptivo-auditiva e visual os recursos vocais e gestuais utilizados por três senadores na produção de seus discursos políticos. Como recursos vocais a autora considera os movimentos entonacionais, a intensidade, a duração e a pausa. Trinta pessoas que trabalham no senado federal, nos setores de mídia e comunicação, escolhem os senadores que têm o discurso analisado. A escolha baseia-se nos critérios de boa performance gestual e vocal dos senadores em seus discursos, de acordo com a perspectiva de quem escolhe.

A autora conclui que não há similaridade entre os sujeitos analisados. Tanto no quesito vocal quanto nos recursos gestuais, o uso foi diferenciado, não só na execução, mas também na repetição. Ela acredita que existam marcas que sobressaem pela voz e pelos gestos, no entanto, não há uma característica de fala padrão, isto porque a fala pode ser moldada de acordo com o conteúdo e contexto do que se almeja transmitir.

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que possuem importância especial durante a comunicação, uma vez que enriquecem e valorizam a expressão.

CURADO (2002) enfatiza que, ao narrar um texto, imitar outro locutor é um erro, pois a voz é a identidade de uma pessoa que faz parte da expressão humana. A jornalista acrescenta que o telespectador se identifica com o apresentador, âncora ou repórter pela sua apresentação em geral, isto é, pela voz, postura e até pelo modo de se vestir. Ela reforça que só é possível ler com expressividade uma notícia conhecendo bem os fatos, e isso dá credibilidade à mensagem.

AZEVEDO (2003) desenvolve uma pesquisa cujo foco de análise é o papel dos gestos, da voz e do corpo do professor, ao contar histórias para seus alunos como atividade didática, e a influência que tais recursos exercem sobre o processo de decodificação da mensagem realizado pelo ouvinte. O contexto desta pesquisa é o ensino-aprendizagem de língua estrangeira. Os resultados indicam uma inter-relação entre os recursos vocais e corporais que acompanham a mensagem verbal, e mostram o quanto a compreensão da mensagem verbal está vinculada à interpretação dos aspectos não-verbais da fala.

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gestos e expressão facial (KYRILLOS e col., 2003). O fonoaudiólogo, na sua prática, trabalha com recursos que podem ser facilitadores em um processo de comunicação. As autoras ressaltam que a “boa qualidade da voz” está relacionada com: a freqüência, o tom que se usa para falar; a intensidade, o quão forte ou o quão fraco se fala; a ressonância, a maneira como se distribui equilibradamente o som na laringe, boca e no nariz; a articulação, que determina a saída dos sons de forma mais precisa e clara; e o ritmo da fala, que nada mais é que a alternância entre as sílabas acentuadas e as não-acentuadas e a pausa. As autoras ainda citam os recursos vocais que são capazes de modificar o sentido de uma frase. São eles: a ênfase, que destaca algo na emissão; a inflexão, que é a prosódia; a melodia, que pode ser ascendente e/ou descendente; as pausas, que servem para permitir um maior entendimento da mensagem assim como para transmiti-la; e a velocidade da fala acompanhada de uma boa articulação.

Quando se pensa em TV, as mesmas autoras afirmam que o maior desafio é estabelecer uma comunicação que seja efetiva e de credibilidade. Para vencer esse desafio, defendem a idéia de que o texto, a voz agradável, a articulação clara, os gestos, as expressões corporais ilustrativas e harmoniosas devem estar todos bem relacionados e articulados.

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aspectos de fluência da fala (o número de sílabas ou palavras por enunciado que denotam a velocidade de fala e pausas realizadas pelo falante); e os aspectos do estilo de fala (aspectos morfológicos e sintáticos). Ainda no que se refere à personalidade, o mesmo autor destaca que o ritmo, a entoação e o modo como é articulado ou produzido o som das vogais também podem expor suas características.

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desenvolva artística, emocional e intelectualmente. (ROY HART THEATRE, 2004).

AYDOS e HANAYAMA (2004) declaram que é função do fonoaudiólogo conscientizar e preparar vocalmente quem utiliza a voz como instrumento de trabalho, com o intuito de aperfeiçoar esses profissionais e preveni-los de alterações da voz. Eles acreditam que o aquecimento e o desaquecimento da musculatura são fundamentais para a saúde e performance vocal, por oferecerem flexibilidade aos músculos responsáveis pela produção vocal. LEITE (2004) também concordam com esse modo de ver e trabalhar a voz.

EKMAN (2005) observa que as pessoas tentam fingir uma emoção por meio das expressões faciais. O autor divide as expressões em sete categorias: tristeza, surpresa, raiva, desprezo, repugnância, medo e felicidade. Para o autor, cada uma destas expressões tem uma combinação muscular da face, tornando assim muito difícil uma expressão falsa com a mesma precisão de uma verdadeira, considerando que o indivíduo teria que exercitar e praticar os 43 músculos da face, e controlar todos eles. O autor insiste que, quando as expressões faciais são correspondentes com o estado emocional do sujeito, o indivíduo se torna mais persuasivo e assertivo no momento da sua comunicação.

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destaca que a fala é considerada expressiva quando é caracterizada por variabilidade de padrões melódicos e rítmicos, denominados “recursos fônicos que veiculam efeitos de sentido”. RECTOR e COTES (2005) evidenciam que ser expressivo é ser efetivo, persuasivo, articulado e eloqüente, e por que não espontâneo em momentos apropriados. Eles resguardam que a expressividade pode ser tanto verbal quanto não-verbal. Quando falam sobre gestos, pontuam que estes conferem dinâmica e energia à apresentação e dão ênfase ao que se quer dizer. A voz é uma ferramenta importante, pois permite que se diga algo, de várias maneiras; o tom de voz deve sempre combinar com o assunto, isto é, palavras alegres pedem voz mais aguda, notícias sérias pedem voz mais grave. Os autores enfatizam que a voz e a expressão facial são os recursos que exprimem mais emoção. COELHO (2005) ressalta que a expressividade é extremamente importante para a apresentação de um trabalho jornalístico. Ao falar, é preciso coordenar a voz, articular os sons, imprimir ritmo e velocidade adequados, além de manter a fluência e a boa expressividade do texto.

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coerentes com o sentido do texto e estímulos à percepção auditiva. Técnicas de música e dramatização são de grande valia como ferramentas de intervenção.

A autora defende ainda que a qualidade vocal seja uma radiografia importante do processo de produção vocal, uma vez que seu produto final pode ser analisado por quem se ouvinte. Os ajustes feitos em diversos parâmetros da voz resultam em dinâmicas vocais diferentes, que mudam a expressividade da informação, auxiliando ou não na sua compreensão.

SANTOS (2005) faz uma pesquisa analisando a voz de 137 candidatos a deputado federal dos Estados da Bahia, do Espírito Santo e de São Paulo, na campanha eleitoral de 2002. O estudo é feito por meio de análises perceptivo-auditiva e visual dos recursos vocais e gestuais. Conclui que os candidatos privilegiam o uso de pitch vocal grave; intensidade alta e velocidade de fala aumentada; pausas freqüentes, em sua maioria utilizadas com ênfase; articulação precisa; expressões corporais e faciais presentes durante o discurso, porém, as expressões corporais em maior proporção não estão em conformidade com o conteúdo da mensagem, já as expressões faciais estão de acordo, conferindo mais expressividade para o discurso político.

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desempenho durante a propaganda eleitoral; e acrescenta que se o político aproveitar bem o seu tempo pode vir a transmitir da melhor forma possível sua mensagem.

Em um outro estudo, SANTOS (2006) busca analisar, por meio do julgamento de possíveis eleitores, a expressividade de candidatos a prefeito da cidade de Salvador (BA) em situação de debate televisivo. A imagem de três candidatos que lideravam a pesquisa de opinião foi julgada por 127 possíveis eleitores. Os resultados apontam que C1 era o candidato menos expressivo quando comparado a C2 e C3 em todos os itens relacionados à expressividade. C2 é o candidato preferido por ter falado pausadamente, de maneira clara, objetiva, com boa qualidade vocal, uso de gestos equilibrados, contribuindo para que seu modo de expressão fosse considerado pelos possíveis eleitores como agradável, motivador, capaz de prender a atenção e transmitir credibilidade.

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acento, com esse enfoque, é dada pelas regras da língua falada e também pelas intenções do falante.

A mesma autora ao referir-se ao termo pitch accent (acentos de pitch) aponta que em um enunciado quando apresenta vários pontos de pitch pode-se observar um contorno que pode ser nivelado de quatro formas: ascendente, descendente, ascendente-descendente ou descendente-ascendente. Logo, a melodia da fala pode ser definida especialmente, mas não apenas, pela variação de pitch e sua modulação; e o jogo do pitch nuclear e de fronteira (no final da frase) são independentes e estão intimamente ligados desempenhando diversos papéis expressivos. Essa entoação, associação dos acentos de palavra, pode ditar a melodia de uma mensagem (LEVELT, 1989).

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2.3. MANIFESTAÇÃO DA EMOÇÃO

No item anterior foram apresentados os recursos vocais e gestuais. Nesta exposição pode-se observar o quanto a emoção está presente e a freqüência com que foi citada por muitos autores. Partindo do princípio de que todo ser é movido por sentimentos; que não existe um só momento em que haja ausência de bem-estar, alegria ou seus antônimos; que existem sensações e percepções em relação às pessoas, a situações, a ambientes; e que todo homem reage ao vivenciar qualquer um destes ou a todos estes sentimentos, vale expor alguns pensamentos de autores acerca da emoção.

Quando se fala em corpo e voz, BEUTTENMÜLLER (1974) afirma que o equilíbrio do corpo é fundamental para a coordenação de todo o seu movimento e para controle da voz.

SOARES e PICCOLOTTO (1977) salientam que uma mudança no comportamento emocional e intelectual é possível ser diagnosticada pela voz.

Entre profissionais diversos, COOPER (1990) constata que 85% deles, por exemplo, políticos e executivos, têm medo de falar em público. Esse medo é maior do que fatalidades que possam vir a acontecer com qualquer um, como falência, doenças e morte.

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Quando aborda os aspectos orgânicos e psíquicos, o mesmo autor argumenta que o medo e a ansiedade causam sudorese em excesso no corpo e/ou nas mãos, mãos frias, joelhos trêmulos, rubor facial, necessidade de ir ao banheiro, confusão, dor no estômago, sensação de aperto no tórax e boca seca.

MENDES e JUNQUEIRA (1996), ao discorrer sobre medo e timidez, enfatizam que o medo de falar em público pode contribuir de forma significativa para o exagero no uso de gestos, ações, no emprego de palavras, e o olhar do outro pode perturbar de tal maneira desconcentrando e desorganizando o orador.

De acordo com CHALITA (1997), a comunicação se dá no plano da sensibilidade. O ponto primordial em um discurso é apelar para a sedução, é direcionar a comunicação fundamentalmente aos sentidos e aos sentimentos, e não à razão. Assim, o discurso do sedutor não segue, necessariamente, os padrões da lógica normal. Deve lançar mão de artifícios retóricos e visuais a fim de envolver e comover, ser agradável, com palavras carregadas de poesia e sentimentos ambíguos. Para o autor, o elemento emocional é o maior responsável pelo convencimento, é aquele que essencialmente influencia e determina a decisão do ouvinte.

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melhor do que sair do mundo racional e apelar para o mundo emocional, onde as emoções passam a liderar os corações e as mentes dos que ouvem e vêem. GONÇALVES (2000) concorda com a afirmação anterior e completa dizendo que as pessoas demonstram suas emoções por meio da voz. Assim, somos capazes de perceber o que a pessoa está sentindo, ou o que ela realmente pensa de algo.

ANDREWS (2001) defende a idéia de que o stress pode contribuir de maneira positiva com o desempenho de uma pessoa em seus afazeres diários, caso o grau não seja muito elevado.

Toda emoção, na verdade, passa uma informação; nessa linha, KYRILLOS e col. (2003) concluem que variações quase imperceptíveis das características da fala, como freqüência de voz, a velocidade ou inflexão e a melodia da fala, podem revelar informações valiosas para o ouvinte. Seguem alguns exemplos citados pelas autoras: voz rouca sugere ao ouvinte esforço e cansaço; intensidade baixa de volume e voz reduzida sugerem medo, insegurança ou timidez; ressonância equilibrada demonstra equilíbrio emocional; articulação precisa transmite clareza de idéias; e velocidade de fala acelerada revela ansiedade e nervosismo.

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FRIEDMAN (2004, p.1027) afirma que o ato de falar é uma ação um tanto complexa, afinal esta “se efetua a partir da interação de, no mínimo, três dimensões: a orgânica (condições biológicas da pessoa), psíquica (condições subjetivas da pessoa) e social (a cultura com suas tradições, mitos, ideologias que envolvem e afetam a pessoa)”. Nesse trecho é possível imaginar o quão difícil e diversificada é a comunicação. A autora refere-se à fala, mas essas questões também se manifestam na expressão corporal e facial, e na voz.

KYRILLOS (2005) argumenta que o medo de falar em público pode ter um efeito positivo no desempenho do orador. Ele pode aumentar a agilidade mental, a capacidade de improvisar, e isso contribui para um melhor funcionamento da memória e do raciocínio. Isso acontece se o emissor encarar o momento como um desafio e não como uma ameaça.

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3. CONSIDERAÇÕES

GERAIS

3.1. ANTROPOLOGIA DA IMAGEM

A imagem também faz parte da comunicação não-verbal. Ela apóia e esclarece uma informação. Em determinados contextos, ela fala por si só. CURADO (2002) relata que isso acontece quando a imagem transmite de maneira simbólica um fato. Salienta, no entanto, que são raros esses momentos, e os considera geniais, pois captam a síntese da informação. Para este trabalho, parece relevante escrever, mesmo que sucintamente, sobre a antropologia da imagem e descrever a linguagem desta. Nesta parte, entretanto, será adotada a cronologia baseada na evolução da imagem em movimento, e não na publicação de livros e pesquisas, pois isto prejudicaria a exposição dessa evolução.

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Ele comprovou a teoria e pela primeira vez tem-se o registro da decomposição do movimento (ORTIZ, 2005).

Etienne Jules Marey, um fisiologista e pesquisador contemporâneo de Muybrigde, estuda a locomoção do animal – a investigação científica do movimento animal é a base sobre a qual se ergue a construção de complexos aparatos tecnológicos no final do século XIX. Este cientista dedicou-se a registrar o movimento, criando variados aparelhos, mas foi através da cronofotografia que ele se sobressaiu como um dos precursores do cinema.

Braun (1983) opina que as fotografias de Marey e os produtos de seu método gráfico foram criados e desenvolvidos para capturar a representação da realidade que não pode ser percebida a olho nu. “Como signos do invisível inscrito nelas mesmas, elas marcam, no século XX, o começo da incursão dentro do invisível." (p.18).

Em 1895, com a criação do Cinematógrafo dos irmãos Lumière – Louis e Auguste, industriais franceses –, o cinema nasceu.

“A vida real em seu tempo e movimento se projetou nas telas. Trens chegando à estação, operários saindo da fábrica, pedestres e ciclistas nas ruas, crianças brincando na neve e saltando sobre o mar. O movimento e o tempo real eram o espetáculo; os seres humanos em suas vidas cotidianas, a essência desses primeiros filmes” (MENDES, 2003, p.1)

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da trucagem5 e do cenário no cinema, começa a delinear a linguagem cinematográfica, que até então não existia. Termos como atores, cenografia teatral, cenas ensaiadas e pequenas histórias ficcionais são exemplos dessa linguagem criada por Méliès, que realizou mais de 500 filmes. Este parisiense foi o primeiro a enxergar a importância daquilo que os irmãos Lumière acreditavam que era apenas uma invenção que chamava a atenção do público, chegando até a afirmar que não tinha nenhum futuro ou maior utilidade o que faziam com o cinematógrafo. Os filmes de Méliès diferenciam-se dos demais pela sua mobilidade no enquadramento filmado, e por abordar os temas clássicos; isso se deve ao fato deste grande precursor ter compreendido o significado do cinematógrafo e ter introduzido a qualidade, o espetáculo e o humor no cinema. Sua vivência teatral auxiliou na montagem de cenários, nos temas escolhidos juntamente com a técnica, e também na noção de espaço (FRANCO, 1997)

Segundo ORTIZ (2005), o cinema dos irmãos Lumière e de Méliès abrange um grande público, quando empreendedores como Charles Pathé e Louis Gaumont resolvem abraçar esse novo mundo do entretenimento.

David Griffith é um dos personagens mais importantes e que mais influenciou o cinema. Introduziu e desenvolveu inovações profundas na forma

5Trucagem é “a ação de modificar imagens previamente filmadas ao vivo, tanto em sua forma

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de fazer cinema. Seus filmes revolucionaram a linguagem cinematográfica de forma irreversível e são um marco para o cinema tal como o conhecemos hoje. Antes de chegar ao cinema, trabalhou como jornalista e balconista em lojas e livrarias. Griffith iniciou-se no cinema em 1908, com os chamados curtas-metragens, que duravam entre 15 e 18 minutos. É o primeiro a utilizar dramaticamente o close, a montagem paralela6, o suspense e os movimentos de câmera (travelling7 – uma de suas inovações). Em 1915, com Nascimento de uma Nação, realiza o primeiro longa-metragem americano, tido como a base da

criação da indústria cinematográfica de Hollywood.8 ( PEREIRA, 2005)

A partir de 1917, o cinema passa a ser um instrumento de difusão dos ideais revolucionários. Em 1918, Dziga Vertov vai para Moscou trabalhar no Comitê de Cinema como redator e montador do primeiro cinejornal do regime, o Kino-Nedelia (cinema semanal).

Entre 1921 e 1931, o movimento da renovação cinematográfica se desenvolve, e neste período os filmes têm um caráter abstrato e de crítica à sociedade. A forma de expressão vai além da narrativa do cinema clássico, os

http://www.eba.ufmg.br/midiaarte/quadroaquadro/glossario/princip1.htm Acesso em: 08 jun. 2006.

6 Montagem paralela é a alternância de duas ou mais linhas de ação, e o “last minute rescue”

(salvamento de último minuto) são duas formas de construir o suspense, e foram exploradas exaustivamente por David Griffith. http://pt.wikipedia.org/wiki/David_Griffith Acesso em: 08 jun. 2006.

7 A câmera fica em cima de um carrinho e este se movimenta aproximando ou afastando, tanto

na lateral quanto na diagonal ou frontal.

8 Informações sobre histórico, cronologias e pioneiros do cinema, em:

http://fr.wikipedia.org.wiki/Histoire_du_cinema/;

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cineastas fazem uso de artifícios técnicos de enquadramento, montagem e ritmo; a luminosidade e a plasticidade da pintura impressionista são fonte de inspiração.

Na década de 1920, há uma recusa na representação objetiva da realidade difundida nas artes plásticas e essa negação atinge os alemães. Destruída pela guerra, a Alemanha mostra ao mundo uma concepção cinematográfica sombria e pessimista que vai ao encontro de suas angústias, temores vividos e destroços materiais. Os filmes ecoam esse clima por meio de cenários tortuosos e violentos contrastes de luz e sombra.

Em 1922 o grupo Kinoks (cine-olho) é fundado pelo cineasta Dziga Vertov, introdutor do conceito câmera na mão. Dele fazem parte sua esposa, Elizavela Svilova, e seu irmão, Mikhail Kaufman, seu cameraman. Este grupo também é conhecido como o Conselho dos Três, e passa a trabalhar no

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O objetivo das linhas escritas anteriormente foi revelar um pouco da evolução da imagem, a partir de quê ela surgiu e de que forma ela se configurou. É bem verdade que muitas informações foram omitidas, pelo fato de não ser pertinente aprofundar sobre o tema nesta pesquisa, mesmo que este seja extremamente interessante e fonte de conhecimento inesgotável. ORTIZ (2005) relata que o cinema nasce registrando o dia-a-dia, cenas banais, mostrando personagens anônimos, e o documentário, como cinema, é o gênero certo para gravar e mostrar lugares e testemunhos vivos da história cotidiana.

“Os primeiros cinegrafistas a captar curtos registros da realidade, como os contratados pela empresa Lumière, viajaram pelo mundo flagrando guerras, filmando acontecimentos sociais e políticos, tragédias, monumentos, expressões culturais as mais diversas e foram, junto a outros precursores, os pais dos filmes de atualidades, de exploração, de reportagem, autênticos cineastas do real. Suas imagens de não ficção se converteriam em documentos históricos sobre a memória e a cultura de povos e sociedades.” (ORTIZ, 2005, p.105)

Paralelamente às descobertas conhecidas e aplicadas no cinema, muitos outros cientistas estudavam, pesquisavam e faziam descobertas que corroborariam de modo acelerado para a grande invenção do século XX, a televisão.

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internacional; Joseph May (1873), telegrafista irlandês, que procurando melhorar as transmissões telegráficas, desenvolveu o princípio fundamental da célula fotoelétrica, que viria a ser uma das bases do sistema de transmissão de TV; Thomas Edison (1879) e sua equipe de Nova Jersey criaram uma lâmpada incandescente, durável e simples, e que com o tempo evoluiu para as válvulas de rádio e televisão; Guglielmo Marconi (1901) descobre o princípio do rádio, constrói um aparelho que codifica as ondas em sinais elétricos através de antenas receptoras; Vladimir Zworyskin (1923), russo naturalizado americano, inventa o iconoscópio9, até hoje é o olho da TV; todos eles merecem destaque por suas contribuições (PATERNOSTRO, 1999)

Quatro anos mais tarde, Zworyskin conquista um fato inédito: transmitir imagens a uma distância de 45 quilômetros pelo iconoscópio. Nessa época ele trabalhava para a Radio Corporation of America.

John Baird, na Inglaterra, nesse mesmo período faz uma exposição de transmissão de imagem, e a BBC (British Broadcasting Corporation) o contrata para fazer transmissões regulares do tipo experimental.

Na década de 1930 a televisão já era realidade. Em 1931, a RCA (Radio Corporation of America) já tem sua antena e os estúdios da NBC (National Broadcasting Corporation) têm sua sede no último andar do Empire State, em

9Engenho, um tubo a vácuo com uma tela de células fotoelétricas, capaz de converter imagens

(65)

Nova York, e em 1935, na França, sua antena é construída em cima da Torre Eiffel; em 1936, na Inglaterra, a BBC transmite a coroação do

rei Jorge VI colocando suas câmeras na rua; em 1939, nos Estados Unidos, a NBC divulga a inauguração da Feira Mundial de Nova York. (PATERNOSTRO, 1999).

Apesar da televisão ser real, ela ainda apresentava problemas na imagem emitida. Não demorou muito, Zworyking resolveu essa deficiência criando a válvula orthicon (tubo de raios catódicos muito sensível), assim, a válvula adaptada à câmera equilibrava a luz e melhorava a qualidade técnica da imagem. Em 1940, a TV se consagra como um equipamento que funciona a partir de um sistema totalmente eletrônico (PATERNOSTRO, 1999).

Durante a Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento da tecnologia da TV ficou estagnado, mas depois da década de 1940 voltou a busca pelo aperfeiçoamento de sua emissão. Nesse período, a televisão invade quase todos os países e se firma como veículo de informação e meio de comunicação de massa (PATERNOSTRO, 1999).

3.2. LINGUAGEM DA IMAGEM

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Enquadramento: é a posição da lente em relação ao objeto, em outras palavras, é o que o telespectador vê.

Plano: é um segmento de imagem contínua compreendida entre dois cortes, isto é, é a imagem registrada durante intervalo de tempo no qual a câmera está gravando.

Plano americano ou médio: traz o objeto ou sujeito mais para perto. Em pessoas de pé é a tomada da cintura para cima.

Meio plano: tomada do peito para cima.

Plano geral ou aberto: quando se trata de pessoas, este plano mostra o corpo todo; quando se trata de lugares, exibe cenas gerais e amplas. Em entrevistas de gabinetes, a tomada pega o entrevistado, o repórter e o ambiente.

Close-up: mostra dos ombros para cima de uma pessoa.

Zoom: é um recurso que aumenta os detalhes de um objeto ou pessoa,

partindo de um plano mais fechado. Enfatiza um aspecto e dá precisão.

Panorâmica: movimento lento da câmera na linha horizontal ou vertical, normalmente da esquerda para a direita.

Imagem

Tabela 1 – Comparação das opiniões de  jornalistas e fonoaudiólogos ao  analisarem o par de variáveis  agradável/ desagradável de S2
Tabela 2 – Comparação das opiniões de  jornalistas e fonoaudiólogos ao  analisarem o par de variáveis  fraca/ forte de S2
Tabela 3 – Comparação das opiniões de  jornalistas e fonoaudiólogos ao  analisarem o par de variáveis  suave/ tensa de S2
Tabela 4 – Comparação das opiniões de  jornalistas e fonoaudiólogos ao  analisarem o par de variáveis  expressiva/ monótona de S2
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Referências

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