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Evolução do Sindicalismo no Brasil e a não Ratificação da Convenção nº 87 da

CAPÍTULO 3 - A LIBERDADE SINDICAL NO BRASIL

3.1 Evolução do Sindicalismo no Brasil e a não Ratificação da Convenção nº 87 da

Para se analisar a liberdade sindical no Brasil e a problemática envolvendo a não ratificação da Convenção nº 87 da OIT é necessário compreender as raízes do movimento sindical brasileiro, o qual não surgiu pacificamente em nosso país, mas por meio de muitas lutas e sacrifícios de diversas pessoas que buscaram conscientizar a classe operária de que esta poderia almejar melhores condições de trabalho que aquelas oferecidas pelo empresariado durante o período de nossa industrialização.

Segundo José Martins Catharino125, essa organização sindical teve início,

ainda que de forma incipiente, durante a colonização portuguesa, por meio das corporações de mecânicos e ourives que, fazendo uso de sua influência, elegiam representantes nos órgãos administrativos da colônia.

Apesar da existência dessas organizações, elas não se desenvolveram devido a nossa economia, baseada na exploração de mão de obra escrava, razão

125 CATHARINO, 1977 apud NASCIMENTO. Amauri Mascaro. Compêndio de Direito Sindical. 8. ed. São Paulo: Ltr, 2015. p. 99.

pela qual não havia espaço neste período para ideias de liberdade, reunião de

trabalhadores e direitos trabalhistas, de acordo com Maurício Godinho Delgado126.

Esse cenário começou a se modificar com a chegada dos imigrantes que vieram primeiramente para trabalhar na lavoura de café de São Paulo e, posteriormente, acabaram absorvidos pela indústria devido à expertise técnica que possuíam por já terem trabalhado nas fábricas da Europa.

A industrialização brasileira ocorreu durante o século XIX e meados do XX, graças aos investimentos dos cafeicultores que buscavam ampliar seus

negócios. Maurício Godinho Delgado127 revela que os movimentos sindicais,

pré-1930, estavam incialmente restritos a segmentos específicos da economia, como as ferrovias e portos usados para a exportação de produtos agrícolas. Porém, ao lado desse sindicalismo incipiente, surgiram entidades sindicais ao redor dos novos parques industriais entre 1890 e 1930, em todo o país, especialmente em São Paulo.

Neste contexto histórico, os imigrantes absorvidos pelas indústrias difundiram no Brasil ideias que pregavam melhores condições de trabalho, saúde, higiene e segurança, com o objetivo de incentivar os trabalhadores a se unirem para alcançar tais direitos, ocorrendo, nesse período, a criação de várias organizações sindicais, como as ligas operárias, sociedades de socorro mútuo, cooperativas de

trabalhadores, dentre outras128.

Apesar de as ligas operárias serem as primeiras organizações sindicais de fato no Brasil e reunirem diversos trabalhadores de diferentes segmentos da economia, com o propósito de defender interesses comuns, nada realizaram por ausência de força.

Contudo, para Azis Simão129, foram relevantes, uma vez que deram

origem, posteriormente, a organizações homogêneas, representantes de categorias específicas que, diante da ausência da pulverização de interesses, conseguiram focar em seus objetivos, alcançando melhores condições de trabalho e desenvolvendo o sindicalismo no Brasil.

126 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 17. ed. São Paulo: LTr, 2018. p. 1613.

127 Ibid. p. 1614.

128 Ibid. p. 1613-1614.

129 AZIS, 1996, p. 2013 apud NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de Direito Sindical. 8. ed. São Paulo: Ltr, 2015. p. 101.

De acordo com Amauri Mascaro Nascimento130, o início do movimento sindical brasileiro foi marcado pelo chamado anarcossindicalismo que se propagou até 1920, expandindo as ideias do anarquismo, desenvolvidas por Mikhail Bakunin e Piotr Kroptkin, as quais tiveram grande aceitação na classe operária, dado que combatiam a ordem jurídica, política e social estabelecida, com o escopo de assegurar condições dignas aos trabalhadores.

Nessa época, não havia qualquer regulamentação do movimento sindical brasileiro, porém, quando os trabalhadores iniciaram paralisações, como forma de pressionar os empregadores e o Estado a melhorarem as condições de trabalho, esse movimento foi posto na clandestinidade e ilegalidade, sendo criminalizado pelas autoridades que ameaçavam todos aqueles que incentivassem greves com prisões.

Cita-se, por exemplo, as perseguições sofridas por Joseph Jubert131,

professor e advogado francês que, no início do século XX, enfrentou autoridades políticas e poderosos fazendeiros com a finalidade de obter melhores condições de trabalho para os colonos.

Sua história, pouco conhecida, revela a agressividade do governo brasileiro nesta época, que realizava diversos atos de violência para inibir o movimento sindical brasileiro.

Joseph Jubert criou escolas para os trabalhadores e seus filhos, fundou a Liga Operária de Bragança Paulista, cujo objetivo era obter melhores condições de trabalho, salário mínimo e jornadas definidas, incentivou greves em Atibaia e Bragança Paulista contra os fazendeiros que exploravam os colonos e, em 1912, liderou uma paralisação operária na cidade de Votorantim.

Em razão de seu ativismo, foi atacado pela imprensa, ameaçado de morte por fazendeiros e de deportação pelo governo, mesmo tendo cidadania brasileira, bem como perseguido pelo Poder judiciário. Acabou preso, em São Paulo, e torturado, no entanto, conseguiu ser solto, mudou-se para Bauru, onde tornou-se responsável pela escola Moderna de Bauru, vindo a falecer nessa cidade, em 1945.

130 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de Direito Sindical. 8. ed. São Paulo: Ltr, 2015. p. 102-103.

131 PEREIRA, Vinícius. O professor francês perseguido em SP por querer educar trabalhadores. BBC News. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/noticias/bbc/2019/08/04/o-professor-frances-perseguido-em-sp-por-querer-educar-trabalhadores.htm. Acesso em 12 out. 2019.

Conforme se extrai da história de Joseph Jubert, esse período foi marcado por grande truculência por parte das autoridades, porém, ao contrário do que esperava o governo brasileiro, tais atos não coibiram os movimentos sindicais, mas os incentivaram, transformando o país em um campo de batalha, fazendo com que o enfrentamento se tornasse rotineiro entre os trabalhadores e as autoridades policiais.

Destaca-se, ainda, a grande greve de 1917, em São Paulo, iniciada na fábrica têxtil Cotonifício Rodolfo Crespi, no bairro da Mooca, quando os funcionários paralisaram suas atividades devido aos baixos salários. Em pouco tempo, essa greve se espalhou por diversas empresas da capital e do interior, sendo vários trabalhadores presos arbitrariamente, entretanto, o movimento saiu vitorioso e obteve diversas melhorias nas condições de trabalho, segundo explica Amauri

Mascaro Nascimento132:

Em 12 de junho de 1917, começou a greve de maior repercussão em São Paulo. Iniciou-se no Cotonifício Rodolfo Crespi, no bairro da Mooca, quando os operários protestaram contra os salários e paralisaram o serviço. A fábrica fechou por tempo indeterminado. Os trabalhadores pretendiam 20% de aumento, tentaram acordo com a empresa, não o conseguindo. Diante disso, no dia 29 fizeram comício no centro da cidade. Aos 2.000 grevistas juntaram-se, em solidariedade, mil trabalhadores das fábricas Jafet, que também passaram a reivindicar 20% de aumento de salário; em 11 de julho, o número de grevistas, de várias empresas, era de 15.000; no dia 12, de 20.000; os bondes, a luz, o comércio e as indústrias de São Paulo ficaram paralisados. O movimento estendeu-se às empresas do interior e ao todo 13 cidades foram atingidas. Os jornalistas resolveram intermediar. No dia 15 de julho, um acordo foi aceito para aumento de 20% dos salários e garantia de que nenhum empregado seria despedido em razão da greve, e o governo pôs em liberdade os operários presos, com algumas condições: volta ao serviço, reconhecimento do direito de reunião quando exercido dentro da lei e respeitada a ordem pública, cumprimento das disposições legais sobre o trabalho de menores nas fábricas, combate à carestia de vida e proteção ao trabalhador.

Após essas greves, o movimento sindical ganhou força e foi novamente legalizado pelo Estado, no entanto, apesar de finalmente ter saído da clandestinidade, a legalização veio acompanhada pela intervenção do Estado na autonomia sindical, pois o governo de Getúlio Vargas (1930-1945), inspirado nos

132 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de Direito Sindical. 8. ed. São Paulo: Ltr, 2015. p. 104.

ideais fascistas da Carta del Lavoro (1927), de Benito Mussolini, criou uma estrutura sindical corporativista, no qual o sindicato foi considerado parte da estrutura estatal.

Nesse sentido, de acordo com Maurício Godinho Delgado133, foram

implementadas ações combinadas na área social com o claro objetivo de reprimir qualquer autonomia do movimento operário por meio de uma legislação minuciosa e um modelo de organização trabalhista controlado pelo Estado.

Afirma Amauri Mascaro Nascimento134 que a estrutura sindical, criada

pelo governo, e o intervencionismo estatal, destoaram dos princípios anteriores a 1930, posto que, antes, os sindicatos eram pessoas jurídicas de direito privado, formados espontaneamente, os quais possuíam administração e estatutos próprios elaborados pelos seus membros, detendo ampla autonomia.

Contudo, após as alterações promovidas pelo governo Vargas, a personalidade jurídica dessas organizações tornou-se pública; a administração e os estatutos passaram a ser regidos pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio; seus estatutos foram padronizados e tornaram-se dependentes do reconhecimento estatal, transformando-se, ao final, em órgãos de colaboração do governo.

Esse modelo sindical manteve-se inalterado e se estendeu até a vigência da Constituição de 1988, transformando-se em um instrumento eficaz de enfraquecimento do sindicalismo no Brasil, razão pela qual muitos dos problemas enfrentados pelos sindicatos, atualmente, encontram suas raízes nesta época.

A situação somente começou a se modificar com o surgimento do movimento denominado novo sindicalismo (1978-1983), no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, por causa do arrocho salarial que ocorreu durante a Ditadura Militar, época em que os reajustes salariais não acompanhavam a inflação e pela repressão imposta nas discussões sindicais, de acordo com Ricardo Machado

Lourenço Filho135.

Esse movimento deu origem às Centrais Sindicais, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores), que iniciaram grandes mobilizações da classe operária para a realização de diversas greves, pressionando o regime vigente a abrir-se para

133 DELGADO. Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 17. ed. São Paulo: LTr, 2018. p. 1615.

134 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de Direito Sindical. 8. ed. São Paulo: Ltr, 2015. p. 107.

135 LOURENÇO FILHO, Ricardo Machado. Liberdade sindical: percursos e desafios na história constitucional brasileira. 1. ed. São Paulo: LTr, 2011. p. 56.

a democratização, que ocorreu somente com a promulgação da Constituição de 1988, a qual alterou profundamente a estrutura do sistema sindical brasileiro.

Analisando a Carta Magna de 1988, verifica-se que esse documento afasta juridicamente a intervenção estatal e rompe o círculo vicioso que rondava o movimento sindical desde a era Vargas, ou seja, o controle político-administrativo dessas organizações, pelo Estado, segundo os ensinamentos de Maurício Godinho

Delgado136.

Sem dúvidas, a nova legislação, aprovada pelo Congresso Nacional, trouxe importantes mecanismos que proporcionaram maior autonomia dos sindicatos, buscando adequar o país às Convenções da OIT e aos preceitos da liberdade sindical.

De acordo com Amauri Mascaro Nascimento137, “as disposições

constitucionais que serviram de base para a nova estrutura sindical respaldam, em alguns pontos, a livre organização e a ação sindical”, enumerando o jurista os principais princípios declarados na Constituição de 1988 direcionados ao movimento sindical138:

Primeiro, o princípio da auto-organização limitado pela unicidade

sindical que permite a livre fundação de sindicatos

independentemente de prévia autorização do estado, não sendo, possível, no entanto, a criação de mais de um sindicato da mesma categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, sendo esta, no mínimo municipal. Segundo, o princípio confederativo, significando que as formas de entidades sindicais são previstas em lei, dispondo-se, verticalmente, numa estrutura piramidal em três níveis, sindicatos, federações e confederações, não previstas, todavia, apesar de existentes, centrais sindicais, que são entes sem personalidade jurídico-sindical. Terceiro, o princípio da representatividade direcionada de modo que a lei indica os grupos ou interesses representados e que são dois, as categorias profissionais ou econômicas e as categorias diferenciadas, não sendo previstos sindicatos por empresas e outros organismos de representação sindical. Quarto, o princípio da liberdade sindical individual restrita, pela qual é livre a inscrição de alguém em um sindicato, mas no sindicato único da categoria. Quinto, a combinação estatal e não estatal das fontes de receitas para formação dos recursos das entidades sindicais provenientes de uma contribuição sindical oficial, além de outras contribuições fixadas pelas assembleias sindicais ou negociadas em convenções coletivas. Sexto, o princípio da

136 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 17. ed. São Paulo: LTr, 2018. p. 1619.

137 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de direito sindical. 8. ed. São Paulo: LTr, 2015. p. 119.

negociação coletiva para a composição de conflitos, sem exclusão de outras vias pelas quais são ajustadas as condições de trabalho que normativamente se refletirão sobre toda a categoria, sobre os sócios e não sócios do sindicato. Sétimo, o direito de greve, salvo abusivas, casos em que os sindicatos e trabalhadores têm responsabilidade penal, civil e trabalhista. Oitavo, a representação dos trabalhadores nas empresas a partir de determinado número de empregados. Nono, o princípio das imunidades sindicais.

Pode-se observar que o movimento sindical somente conheceu maior autonomia com a Constituição de 1988. Contudo, curiosamente, com todo o seu histórico intervencionista nos sindicatos, o Estado brasileiro, em 1948, apoiou as disposições da liberdade sindical e foi um dos signatários da Convenção nº 87, apesar de nunca a ter ratificado.

A respeito do tema, afirma José Carlos Arouca139 que, em 1949, o

Presidente Dutra acolheu a exposição de motivos para a ratificação da Convenção nº 87, encaminhando-a ao Congresso, porém, esta não tramitou até 1966, quando simplesmente desapareceu e foi reconstituída somente em 1970, recebendo parecer favorável para ratificação em 1985, quando foi encaminhada para a Comissão de Relações Exteriores do Senado para análise. Em 2002, a Comissão de Constituição e Justiça aprovou o Projeto do Decreto nº 16, de 1984, que prevê a adoção do texto da Convenção nº 87, no entanto, este aguarda até o presente momento apreciação em plenário.

Essa morosidade do Estado em ratificar a Convenção nº 87 não se justifica e está relacionada com a forma pela qual se desenvolveu o sindicalismo brasileiro, uma vez que continua presente na mentalidade da classe política a ideia de ingerência nos sindicatos, sendo desinteressante se comprometerem com a liberdade sindical, posto que esta assegura a autonomia absoluta dos sindicatos, situação que poderia gerar oposição aos seus interesses.

Outrossim, a classe política conta com a ajuda dos próprios sindicatos para postergar o andamento do Projeto do Decreto nº 16, de 1984, dado que, estes, devido ao histórico intervencionismo do Estado, temem a ratificação da Convenção nº 87 em razão de esse tratado defender a pluralidade sindical, existindo uma preocupação dessas organizações de que, caso a Convenção seja ratificada, acabe por fragmentar o sindicalismo no Brasil.

139 AROUCA. José Carlos. Curso Básico de Direito Sindical: da CLT à Reforma Trabalhista de 2017 (Lei n. 13.467). 6. ed. São Paulo: LTr, 2018. p. 70.

Essa ideia pode ser constatada, por exemplo, na posição tomada por algumas centrais sindicais, como a União Sindical Independente – USI, que quando consultada pela Subcomissão dos Direitos dos Trabalhadores e Servidores Públicos, órgão responsável por sugerir alterações constitucionais referentes à organização sindical, em 1988, defendeu a manutenção da unicidade sindical, desprezando as disposições da Convenção nº 87 a respeito da liberdade sindical, como comenta

Ricardo Machado Lourenço Filho140 em seus estudos.

Ricardo Machado Lourenço Filho141 aponta que, nesta época, a Central

Geral dos Trabalhadores (CGT) defendeu a liberdade plena e a autonomia. Ela propôs para a Assembleia Constituinte a inclusão, na futura Carta de previsão, a elaboração de um novo Código de Trabalho com inspiração democrática ‘“ao mesmo tempo em que fosse rejeitada a Convenção n. 87, “na medida em que”, nas palavras do representante da CGT, “esta Convenção entra em frontal contradição com o princípio da unidade e unicidade sindicais”’.

Importante destacar a posição da Central Única dos Trabalhadores (CUT) que, contrariando as demais centrais, sempre defendeu as disposições da Convenção nº 87, pois acredita na plena organização sindical por meio da unidade

sindical construída sem a ingerência do Estado142.

A maioria dos sindicalistas acreditava, nessa época, que a pluralidade sindical seria incentivada pelos empregadores e os trabalhadores acabariam optando por “atuar de modo individualista, separado e não coeso, isto é, escolheriam o caminho da divisão e fragmentação de suas forças e do movimento sindical. Ou

seja, eles jogariam contra si mesmos”143.

Diante desse cenário, a Constituição de 1988 afastou as disposições da Convenção nº 87 e manteve a unicidade sindical como forma de organização dos sindicatos brasileiros.

Outro motivo para a não ratificação desse tratado foi o receio dos sindicatos de perder a contribuição sindical obrigatória, essencial para a manutenção de suas atividades, porém incompatível com as disposições da Convenção nº 87, que prega a liberdade de filiação ou desfiliação dos trabalhadores nos sindicatos,

140 LOURENÇO FILHO, Ricardo Machado. Liberdade sindical: percursos e desafios na história constitucional brasileira. 1. ed. São Paulo: LTr, 2011. p. 65-66.

141 Ibid. p. 70.

142 Ibid. p. 71.

razão pela qual não é possível a cobrança de contribuição daqueles que não são filiados.

Destaca-se que, recentemente, foram promovidas alterações na legislação trabalhista, pela Lei nº 13.467/2017, que modificou a redação do Art. 545 da CLT para tornar as contribuições facultativas.

A resistência dos sindicatos em não ratificar a Convenção nº 87, devido ao temor de fragmentação e perda de receita, contribuiu para que essa situação realmente ocorresse, isto porque, nos dias atuais, existem milhares de sindicatos, no Brasil, sem representatividade, impulsionados pela ausência de concorrência e pelo antigo sistema de custeio, sendo o sistema sindical atual severamente criticado por

Amauri Mascaro Nascimento144, que tece os seguintes comentários sobre o tema:

No Governo Eurico Gaspar Dutra, o Poder Executivo encaminhou ao Congresso Nacional projeto de ratificação da Convenção n. 87 da OIT. A Câmara dos Deputados o aprovou. O Senado Federal, não. Outras inciativas, no mesmo sentido, foram dificultadas, inclusive por parcela do próprio movimento sindical, contrárias à extinção da contribuição sindical e favoráveis à preservação do princípio do sindicato único; supõe que sem essa garantia legal, haveria o fracionamento do movimento sindical brasileiro; não perceberam, no entanto, que apesar dessa proibição, o sistema sindical brasileiro está bastante dividido. Existem diversas centrais sindicais (em 2000, cinco) e milhares de sindicatos (no mesmo ano, cerca de 16.500). Logo, o sistema legal não evita a divisão do sindicalismo. Há mais unidade sindical em países de pluralidade sindical que no Brasil, com o sistema de unicidade sindical. Naqueles, os sindicatos se unem, livremente. Em nosso país, a mesma lei que os une, os condenava a viver separados.

Portanto, a ratificação da Convenção nº 87, pelo Brasil, enfrenta diversos obstáculos criados tanto pela classe política, como pelos próprios sindicatos, estando presente no consciente dos atores envolvidos a ideia de intervenção Estatal nas relações trabalhistas, como forma de controle social e manutenção do poder, no caso da classe política e nos sindicatos, o medo da fragmentação do movimento sindical e, por esses motivos, até a presente data, não houve a aprovação pelo Poder Legislativo do Projeto de Decreto nº 16, de 1984.

144 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de direito sindical. 8. ed. São Paulo: LTr, 2015. p. 134-135.