Cáritas Diocesana de Viseu no Bairro Social de Paradinha
Inserido na freguesia de S. Salvador, concelho de Viseu, o Bairro Social de Paradinha, como o próprio nome indica, caracteriza-se por ser um bairro de habitação social.
A habitação social é uma resposta dada pelo Estado aos indivíduos mais desfavorecidos, que não possuem rendimentos para adquirir ou arrendar uma habitação aos preços de mercado. A legislação portuguesa define habitação social como as habitações de custos controlados que são promovidas com o apoio financeiro do Estado, nomeadamente pelas câmaras municipais, cooperativas de habitação, empresas privadas e instituições particulares de solidariedade social, destinadas à venda ou ao arrendamento e as que obedeçam aos limites de área bruta, custo de construção e preço de venda fixados na presente portaria.
O Bairro foi finalizado no início do ano de 1997 pela Câmara Municipal de Viseu, ao abrigo do Decreto-Lei 220/83, de 26 de Maio, com o objectivo de realojar, nomeadamente, a população do antigo Bairro da Pomba, que se encontrava já muito degradado. O processo de realojamento de grande parte das famílias foi efectuado em Março de 1997, não tendo sido um processo fácil. Posteriormente, e até 1999 foram realojadas famílias provenientes, de outros locais da Cidade.
Os indivíduos realojados eram provenientes de meios sociais e habitacionais degradados, transportando consigo traços de marcado desfavorecimento social como fracos níveis de escolaridade, baixo nível sócio-económico, situações de marginalidade e de exclusão social, incluindo algumas situações precárias de higiene e nutrição.
A noção de pertença a um bairro social
confere, desde logo, ao habitante uma noção de
exclusão social, senão assumida pelos menos
implícita. Deste modo, alguns destes indivíduos
foram e são marginalizados, mas também se
auto-marginalizam, conduzindo a determinadas
situações de conflitualidade social com a
restante comunidade. A exclusão a que são vetados e os seus comportamentos fazem
com que a inclusão social seja um processo mais difícil e complicado.
Paradinha constitui uma localidade com características semi-urbanas e a implantação do Bairro veio alterar, de certo modo, a vida social até aí verificada. Neste sentido, tem sido fundamental a existência de novos equipamentos sociais no Bairro, procurando dar-se resposta a novos processos de integração e desenvolvimento social, começando pelas crianças e jovens enquanto elementos fundamentais de mudança.
Fisicamente, o Bairro Social de Paradinha é composto por 12 l otes, cada um com 3 andares, numa totalidade de 104 habitações sociais, de várias tipologias (de T1 a T5).
Os lotes apresentam características arquitectónicas exteriores muito semelhantes, variando apenas a cor dos gradeamentos: azul, amarelo e salmão. A disposição dos lotes forma um U, verificando-se no centro do Bairro uma zona de lazer e/ou convívio, onde as crianças costumam brincar e onde, por vezes, os habitantes da comunidade cigana costumam realizar algumas festas.
Com o objectivo de minimizar situações de exclusão e/ou marginalidade social e de apoiar as famílias e os jovens dos grupos mais desfavorecidos, a Cáritas Diocesana de Viseu possui no Bairro algumas valências, nomeadamente o Centro Comunitário, constituído pelo Centro de Atendimento e Acompanhamento Social e pelo Centro de Ocupação Juvenil (COJ), e o ATL. O Centro de Atendimento e Acompanhamento Social é um serviço técnico especializado, destinado a informar, orientar e apoiar os indivíduos e as famílias em situação de vulnerabilidade social ou noutras situações de dificuldades pontuais. O COJ destina-se a jovens entre os 12 e os 18 anos, onde se realizam múltiplas actividades lúdico-pedagógicas e desportivas, possibilitando momentos de convívio e diálogo, visando minimizar situações de comportamentos desviantes e marginalizantes. Ambos se situam na cave dos lotes 9 e 10.
Na cave do Lote 4 encontra-se outro equipamento social de apoio, o ATL do
Bairro Social de Paradinha, o qual é frequentado por crianças dos 6 aos 12 anos de
idade, oriundos do Bairro e das comunidades envolventes (S. Salvador e Póvoa de
Medronhosa). As actividades baseiam-se na ocupação dos tempos livres de uma forma
agradável e saudável, através de actividades lúdicas e pedagógicas e do
acompanhamento escolar. O ATL envolve crianças da comunidade cigana e não cigana,
na tentativa de favorecer a mistura social e de fomentar uma relação multicultural
.Habitantes Ciganos Habitantes Não Ciganos 0
10 20 30 40 50 60
Percentagem
Gráfico n.º 2: Comunidade Étnica da População Residente
58,3%
41,7%
Vivem 340 pessoas, sendo mais de metade da comunidade cigana.
1.ª Classe2.ª Classe3.ª Classe4.ª Classe5.º ano 6.º ano 7.º ano 8.º ano 9.º ano 10.º ano 11.º ano 12.º ano Ensino SuperiorSabe ler/escreverNão sabe ler/nem escreverNão tem idade p/ frequentar N. S./N. R.
Anos de Escolaridade
0 10 20 30
Percentagem
5,33%
8,46%
6,58%
31,03%
3,45%
9,72%
2,19% 2,19% 2,19%
0,94% 1,25% 1,25% 1,57% 2,19%
6,58%
10,97%
4,08%
Gráfico n.º 5: Níveis de Escolaridade da População Residente
Centro de Atendimento / Acompanhamento Social
O Centro de Atendimento e Acompanhamento Social é um serviço técnico especializado, desenvolvido pela Cáritas Diocesana de Viseu no âmbito da celebração de um acordo atípico com o Centro Distrital de Segurança Social de Viseu.
Objectivos:
Acolher e atender os utentes;
Promover o desenvolvimento pessoal e auto-estima da população alvo, de forma a melhorar as suas condições de vida no sentido da inclusão social;
Apoiar na definição de um projecto de promoção e autonomia social da família;
Avaliar e acompanhar as famílias beneficiárias de Rendimento Social de Inserção (elaboração de informações sociais, realização de visitas domiciliárias, diagnósticos sociais e negociação e elaboração de projectos de vida);
Desenvolver redes de parceria e mobilizar os recursos adequados à progressiva autonomia pessoal, social e profissional dos utentes;
Promover o acesso à formação profissional e ao mercado de trabalho;
Incentivar a população a participar no desenvolvimento das actividades realizadas pela Instituição.
População alvo:
Famílias realojadas em 1997, no Bairro Social de Paradinha (incluindo minorias étnicas, sobretudo etnia cigana).
População das Freguesias de: S. Salvador; Repeses; Vila Chã de Sá e Faíl.
Metodologias de intervenção:
A intervenção é baseada numa metodologia de trabalho participativa, através de métodos dinâmicos adequados à realidade do sistema familiar e comunidade. Assim temos:
Entrevista Social
Visitas domiciliárias
Intervenção Sistémica
Gestão Social de serviços e comunidades
Equipa Técnica
Assistente Social
Sociólogo
Estágio profissional de uma Técnica de Serviço Social
Trabalho desenvolvido
Actualmente existem cerca de 650 processos familiares abertos, estando 70%
dos mesmos informatizados na nova aplicação SIPSC (Sistema de Informação de Protecção Social e Cidadania).
Durante o ano de 2007, foram realizados os seguintes atendimentos:
JANEIRO 71 JUNHO 61 NOVEMBRO 68
FEVEREIRO 56 JULHO 65 DEZEMBO 38
MARÇO 52 AGOSTO 24
ABRIL 87 SETEMBRO 81
MAIO 70 OUTUBRO 42 TOTAL
715Nota: Apenas foram contabilizados os atendimentos efectuados nos dias destinados para o efeito.
Foram também efectuados mais de 200 atendimentos ajudando na elaboração de curriculum; procura de ofertas de trabalho e formação; apoio na elaboração de ofícios na área da Educação, Habitação e Justiça, entre outros.
Outras Iniciativas no âmbito do Centro de Atendimento/
Acompanhamento Social
Projecto de uma Turma com aplicação de Percurso Curricular Alternativo na Escola EB 1 de Paradinha
(Despacho Normativo nº1/2006 de 6 de Janeiro)
Apoio/ Participação na equipa multidisciplinar na constituição de uma Turma com
aplicação de Percurso Curricular Alternativo na Escola EB 1 de Paradinha, dado que a
escola é constituída exclusivamente por moradores do Bairro Social de Paradinha e
maioritariamente da comunidade cigana. Todos os alunos apresentam problemas de absentismo, insucesso e abandono escolar. Este percurso Curricular Alternativo tem como metas o sucesso educativo, a conclusão da escolaridade obrigatória e a prevenção da exclusão escolar e social, minimizando as situações de conflito/marginalidade, de absentismo e abandono escolar.
PORI – (Plano Operacional de Respostas Integradas)
Apoio na elaboração de diagnósticos sociais e caracterização do tecido social com diferentes patologias sociais, através do estudo da Freguesia de S. salvador, Faíl, Vila Chã de Sá. O bairro social de Paradinha foi considerado uma zona de intervenção prioritária, sendo este trabalho feito em articulação com a entidade promotora, o IDT – Instituto da droga e toxicodependência
Seminários/ Acções de Sensibilização
Participação como orador do Sociólogo da Cáritas Diocesana de Viseu no Seminário da Universidade Católica “ Práticas Educativas e Cidadania” – Indisciplina e intervenção Psicossocial, realizado no Auditório Engrácia Carrilho, realizado no dia 11 de Maio de 2007. A abordagem centrou-se no fenómeno da indisciplina e no aumento de comportamentos marginais no espaço escolar e a complexidade do fenómeno tendo múltiplos factores de ordem pessoal, familiar e comunitário. Foram diagnosticadas várias causas e mecanismos de prevenção e intervenção deste fenómeno.
Elaboração e Dinamização de Acções de Formação sobre a Problemática da Educação versus comunidade Cigana envolvendo Técnicos e Professores que lidam com o fenómeno das minorias na escola.
A acção decorreu na sede do Agrupamento de Escolas de Silgueiros. e na Escola EB1
de Paradinha , frequentado maioritariamente pela Comunidade Cigana
Estágios
Acompanhamento e apoio de um estágio envolvendo 2 italianas, através do Programa Leonardo Da Vinci. 2 Sociólogas, Anna D´Augusta e Barbara Carfi, elaboraram um trabalho de investigação sobre o enquadramento das IPSS/ ONG ,neste caso a Cáritas no contexto social nacional e Europeu.
Instituto de Reinserção Social
Apoio no acompanhamento, troca de informações de ex-reclusos ou reclusos em situação de liberdade condicional, sendo estes moradores do bairro social
Toxicodependência
Acompanhamento e apoio na colocação de um utente numa comunidade terapêutica em Ourém, visando a recuperação do mesmo e a sua progressiva autonomização. Este trabalho envolveu os técnicos do COJ e ATL do Bairro Social de Paradinha. Este processo implicou um acompanhamento exaustivo durante vários meses, passando pelo CAT de Viseu, pelo Centro de Gondomar e finalmente em Ourém.
ATL / COJ
O Relatório de Actividades é um documento importante na vida de cada Instituição. É um ponto de paragem e de apresentação do que de mais relevante se fez no ano em causa.
O presente Relatório tem por objectivo dar a conhecer o conjunto de actividades levadas a cabo pela equipa do ATL e do COJ, existentes no Bº Social de Paradinha no período compreendido entre 01 de Janeiro de 2007 e 31 de Dezembro 2007.
Vamos começar por caracterizar estas duas valências:
O ATL destina-se a crianças dos 6 aos 12 anos de idade, oriundas do bairro
social e das comunidades envolventes (S. Salvador e Póvoa de Medronhosa), que
frequentam o 1.º Ciclo do Ensino Básico e pretende proporcionar momentos lúdicos e
criativos através do desenvolvimento de algumas actividades.
O ATL envolve algumas crianças da comunidade cigana, favorecendo a mistura social e fomentando uma relação multicultural.
O Centro de Ocupação Juvenil é frequentado por jovens dos 12 aos 18 anos. A ocupação dos mesmos é feita de uma forma dinâmica e educativa através da realização de múltiplas actividades lúdico-pedagógicas, possibilitando momentos de convívio e diálogo, ajudando a minimizar situações de comportamentos desviantes e marginalizantes.
Alguns dados estatísticos referentes aos utentes que frequentam as duas valências.
ATL e COJ
ATL
Recursos Humanos:
1 Professora do ensino básico destacada pela DREC 1 Auxiliar de serviços gerais
Esporadicamente conta com o apoio de pessoal destacado pelo Centro de Emprego (POC).
Total de Crianças dos 6 aos 12 anos
6 Anos
7 Anos
8 Anos
9 Anos
10 Anos
11
Anos
TOTALFem. 2 2 8 2 1 1 16
Mas. 5 1 4 5 2 3 20
TOTAL
7 3 12 7 3 4 36
COJ
Recursos Humanos:
1 Educadora Social
1 Auxiliar de serviços gerais
Total de Jovens dos 12 aos 23 anos
12 Anos
13 Anos
14 Anos
15 Anos
16 Anos
17 Anos
18 Anos
19 Anos
20 Anos
21 Anos
23
Anos TOTAL
Fem. 2 3 2 1 3 0 0 1 0 0 0 12
Mas. 2 0 2 1 3 2 7 1 4 1 1 24
TOTAL 4 3 4 2 6 2 7 2 4 1 1 36
ATL e o COJ disponibilizam-se a concretizar actividades de carácter normal, permanentes ou diárias, e actividades de carácter extraordinário, opcionais e esporádicas.
Durante o ano lectivo 2006/2007 decorreram no ATL as actividades extracurriculares
ATL – Actividades de Tempos Livres
Actividades desenvolvidas regularmente
o
Apoio Pedagógico (cumprimento de tarefas escolares)
oInformática
o
Actividades Lúdicas
o
Actividades Lúdicas ligadas à Expressão-Dramática, Música e Plástica.
o
Actividades Livres: (hora do conto, reciclagem, culinária)
oVisualização de filmes e debates sobre os mesmos
Estágios
(Escola Profissional de Torredeita)
“A animação proporciona uma resposta qualificada à busca de vida animada quando é entendida como método de intervenção social, cultural e formativa.” (Jacinto Jardim)
Alunas estagiárias da Escola Profissional de Torredeita, do Curso Técnico de Animador Sóciocultural/Assistente familiar, elaboraram um projecto e dinamizaram-no no ATL do Bairro Social. Teve como tema as espécies marinhas em vias de extinção, para o qual foi adoptado o título “Mergulhando pelo Saber” e como sub-título por
“Pintando de Azul”, especificamente na área da Expressão Plástica.
Este trabalho foi direccionado para a vertente social, dirigi do a crianças e jovens em risco.
Neste projecto, foram dinamizadas três áreas de expressão, nomeadamente a Expressão Plástica, a Expressão Musical, e a Expressão Dramática.
Este projecto constituiu na decoração de um espaço alusivo a um habitat marinho, dividido em três partes, e uma área de expressão, associada a um animal marinho em vias de extinção.
Encontros Interculturais
Através do grupo de danças ciganas, foram realizados intercâmbios culturais
envolvendo actividades de danças ciganas, troca de saberes, tradições, ditos e
lengalengas, entre outros. Pretende-se desta forma fomentar a partilha cultural dos
diferentes grupos, promovendo o convívio.
COJ – Centro de Ocupação Juvenil
Nesta valência, dinamizam-se actividades de carácter pedagógico, cultural e social. A ocupação dos mesmos é feita de uma forma dinâmica e educativa através da realização de múltiplas actividades lúdico-pedagógicas, possibilitando momentos de convívio e diálogo, ajudando a minimizar situações de comportamentos desviantes e marginalizantes.
Actividades Desenvolvidas
☺ Acompanhamento Escolar
☺ Encontros Intergeracionais
☺ Grupo de Danças Ciganas
☺ Expressão Lúdica
☺ Visualização de filmes e discussão.
☺ Trabalhos manuais
☺ Informática
☺ Actividades ao ar livre (visitas de estudo, passeios)
☺ Organização de Exposições (Mostras de Cultura)
☺ Áreas de Expressão (pintura, modelagem)
Outras Iniciativas