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OPINIÃO SOBRE O INTERIOR DO ESTADO 1 1 0 BELA VISTA TOTAL DE MENÇÕES 17 4

TEMAS E IMAGENS SELECIONADOS

NO TEMAS UNIFICADOS (125 TEMAS LIVRES) 91 PROPRIETÁRIOS

7 INFORMAÇÕES PESSOAIS MENÇÕES PROPRIETÁRIOS

7.6 OPINIÃO SOBRE O INTERIOR DO ESTADO 1 1 0 BELA VISTA TOTAL DE MENÇÕES 17 4

Os proprietários dão destaque às suas trajetórias de vida com apontamentos específicos, o Pedroca em relatar fatos relacionados às viagens a cavalo que realizou e a Tuxa em relação aos diversos locais em que fixou moradia no Brasil e no exterior, os quais sempre lhe permitiram fazer análises comparativas com a região de Dourado.

Os visitantes dão ênfase às situações específicas de suas vidas que tem relação direta com experiências na fazenda, sejam casos individuais, lembranças, assuntos ou sentimentos que sentem em outros locais e que relacionam com a Bela Vista. Entre os visitantes é uma unanimidade a descrição de bem-estar sentida na fazenda, sensação que é muitas vezes transposta para o cotidiano, sendo comparada à uma forma de re-energização indispensável para enfrentar a sua rotina diária. É destacado também um sentimento de comunhão entre os frequentadores da fazenda e os moradores e funcionários, no sentido de permitir um cuidado constante com as demais pessoas, sobretudo as crianças. Nota-se uma sensação de gratidão que permeia todos os depoimentos de visitantes.

Com exceção das trajetórias de vida, este tema, para os proprietários, não representa grandes menções, uma vez que suas informações pessoais permeiam todos os demais temas, fruto da situação de residência na fazenda e do contato diário com suas características, ambientes e pessoas.

Figura 48 – Montagem apresentando os proprietários da fazenda Bela Vista: 1) Ana Marta Murgel Dias de Aguiar

(Tuxa) e Pedro Luis Dias de Aguiar (Pedroca) e os quatro visitantes entrevistados: 2) Adriana M. Machado; 3) Jorge R. Aun; 4) Vera S. Luz e 5) Sylvia B. Coutinho (acompanhada por seu marido Bernard e pela sogra Vera).

Proprietários

Pedro Luis Dias de Aguiar (Pedroca): Natural de São Paulo (16/02/1933),

83 anos, casado, fazendeiro, três filhos. A primeira fase da entrevista ocorreu no restaurante da fazenda, no dia 14 de março de 2014, em um momento de pausa na rotina do hotel fazenda. Após a formalização da entrevista o irmão do entrevistado, Jorge, conhecido como “Búfalo Bill” se uniu à mesa para jantar, ocasião em que diversos relatos relativos às viagens a cavalo (que fizeram juntos) foram comentados. O próprio Pedroca salienta que o irmão, recentemente falecido, possuía no sangue a sina de aventureiro e que se tratava de um suporte importante para o sucesso destas empreitadas. A segunda fase da entrevista, relacionada com as imagens escolhidas pelo entrevistado, ocorreu no dia 30 de maio de 2015.

A apresentação dos extratos do depoimento do entrevistado procura traçar um panorama de como este percebe o ambiente da fazenda, sua história e seu patrimônio. Trata-se de alguém que fundou a fazenda e, desde então, residiu na propriedade sendo responsável por sua administração e sustentabilidade produtiva, financeira e ambiental. Dessa forma, inicialmente, apresenta-se sua posição sobre quem são os proprietários de fazendas históricas paulistas:

Eu sempre brinco que a gente é uma raça em extinção, nós somos ‘dinossauros’, né? Que ainda moram na fazenda, moram no mesmo mato, eu e minha segunda esposa, e gostamos dessa vida. Dinheiro não existe! Então sempre é problema a vida inteira. A pessoa que mexe com fazenda antiga sabe o que é isso, não digo dos fazendeiros industriais, que plantam imensidões de soja, milho, com tecnologia. Nós ficamos naquelas fazendas antigas, muita benfeitoria, muita coisa para cuidar e sem renda. Topografia quebrada, não se presta para a mecanização, por que era tudo do tempo da enxada, né? Hoje em dia é um problema para você manter essa estrutura, eu sempre brinco que

eu fui um fazendeiro fracassado, isso porque eu tentei de tudo, tentei criar gado, tentei tirar leite, plantei café, fiz arroz irrigado, tive granja, tirei leite B, mas nada deu resultado, condigno ao trabalho que era despendido, né?

Pedroca justifica sua escolha de vida a partir de benefícios que, segundo sua opinião, somente são encontrados nesse tipo de ambiente rural:

Então hoje nós viramos aqui uma pousada, para poder sustentar ou manter essa propriedade, com muita dificuldade, o pessoal que tem pousada sabe disso, né? Mas isso aí é secundário porque para nós, o que vale é o entorno, onde a gente mora, é o bosque de árvores, é a mata que a gente preserva, são os animais selvagens que fazem parte do dia a dia, é o sabiá que vem comer o pãozinho de manhã cedo, os macacos que tem aqui no mato que estão acostumados comigo, né? Eu sento aí no banco de manhã cedo e distribuo a ração para a macacada toda, são cerca de 40 macacos. Tem um bando de quatis, tem a margarida que é uma quati que dá cria todo ano, então antes de dar cria ela vem aqui pedir comida e depois, depois que ela pari, cerca de um mês, ela vem pedir mais comida pra criar os filhos. Depois ela vem apresentar os filhos pra mim, traz os filhos, cada dia traz um, traz um, primeiro dia, dois no segundo, três no terceiro... são coisas que não tem preço, né?

Aproveita para fazer uma crítica aberta às questões burocráticas e políticas que impõem dificuldades ao desenvolvimento da agricultura, favorecem formas distintas de corrupção e promovem incerteza do ponto de vista ambiental e jurídico para os fazendeiros do estado e do país.

É um país de louco em que nós vivemos. E o agricultor tem que conviver com tudo isso, todas essas mudanças instituídas por aqueles funcionários do gabinete, que muitas vezes nunca viram um pé de árvore, um ipê, um jacarandá, nem sabem o que é, mas está no papel que é bonitinho então coloca, né? A árvore é um negócio... quer queira ou não, quem está na terra... é uma simbiose, se vive com ela o tempo todo. Naquela época você tinha a mata porque você precisava da madeira para fazer cerca, fazer mangueiro de porco, fazer madeira de lei para casa, serrar madeira, todas as fazendas tinham. Você tinha cem, duzentas pessoas morando na propriedade, então você tinha que ter mata, né?

Sobre a paisagem e a condição agrícola da fazenda, a partir de uma descrição geográfica da região, ele apresenta questões de ecologia que, segundo os demais depoimentos dos entrevistados, pautam suas ações durante as cavalgadas, sempre comentando o que pode ser percebido ao longo do passeio.

É uma fazenda privilegiada, posso dizer, porque ela está na beira do morro então qualquer lugar que você vá tem uma vista muito bonita, por isso que o nome dela é Bela Vista, né? Então se vê longe, tem amplidão. Aí você vê muita mata, que é uma coisa difícil hoje. Na onda verde da cana, não é? Antigamente era o café, hoje é a cana, a onda verde da cana. Então nas terras planas hoje não tem mais nada, eu tive a oportunidade de passar a cavalo quando nós demos a volta no Brasil, aqui na região de Barra Bonita, nesse lado todo, nós andamos um trecho de três dias no meio da cana a cavalo, só cana, durante três dias nós só encontramos duas borboletas, os seres vivos no canavial, não vimos nenhum pássaro, nenhuma cigarra, nada, só duas borboletas durante três dias. É o preço do desmatamento, é o preço da topografia, é o preço do progresso. Aqui em Dourado ela é quebrada então é uma região que tem mais de 20% de reserva de mata, aqui na fazenda mesmo tem em torno de 40% de reserva de mata, contando as beiras de rio, fraldas de morro, tudo, é muita mata! Então hoje tem muito bicho na região, pássaros tem em torno de 320 espécies já catalogadas pelo pessoal que vem do Rio e do Norte, vem muita gente aqui para visitar.

Salta aos olhos a descrição do papel do cavalo na percepção da paisagem, que influencia diretamente a forma como a leitura do espaço é realizada pelo observador e da importância da escala de observação e do tempo de depuração imprescindível para uma absorção abrangente de seus componentes.

No passeio do cavalo você tem o poder de observar tudo isso. O cavalo não tem barulho, você não precisa prestar atenção porque ele vai sozinho, e vai devagar, então você tem tempo de absorver toda a paisagem, isso nós vimos os dois anos que nós andamos a cavalo pelo Brasil, não é? Então você tinha tempo, você via longe um vulto, não sabia bem o que era, coisa de 40 quilômetros, conforme você ia chegando você via que era uma montanha, que eram pedras, então quando chegava no lugar você absorveu aquele negócio todo. Isso aí, só o cavalo propicia. Numa moto não é possível, um automóvel... avião muito menos, bicicleta também é mais difícil, não tem barulho mas tem a atenção para não ter o tombo. O cavalo tem essa vantagem, então o pessoal que vem para andar a cavalo, num passeio desses, equivale aí a uma terapia, né? Umas férias de vários dias, que interrompe aquele corre-corre da cidade. Então, graças à Deus, tem muitos lugares em que o telefone não pega, então o pessoal não fica tentando... (faz gesto de operar smartphones) já larga de lado, e dá tempo de observar as coisas da natureza, que de outra maneira seria difícil.

Percebe-se que a atividade turística da cavalgada, propiciada aos hóspedes na fazenda Bela Vista, segundo o entrevistado, traz enormes benefícios aos praticantes. E que a paisagem, como pode ser notado a seguir, contribui para que seus horizontes se ampliem, em especial o das crianças e o de seus animais de estimação.

Os cachorros aqui se esparramam porque tem espaço, correm, ficam para cima e para baixo. Nós temos criança que vem aqui e que na vez de ir embora é um problema para pegar o cachorro, que eles não querem voltar pra cidade, né? Que lá eles ficam confinados e aqui eles convivem com outros cachorros e é um meio para eles se divertirem, brincarem. E com as crianças também. A criança aqui, quando desce do carro, ela para e olha, não vê grade, não vê limite, daí a pouco sai correndo pelo gramado e vai embora! Então essa liberdade é muito importante.

Pedroca também relaciona as atividades da fazenda, e parte do interesse de visitação dos hóspedes, com a divulgação de sua viagem pelo Brasil a cavalo, que alcançou grande destaque na mídia estadual, contribuindo para divulgar o hotel fazenda, que é sempre definido como uma fazenda que recebe pessoas para estadia.

Pois é, isso rendeu muita notícia, aqui saia no suplemento agrícola (Jornal Estado de São Paulo) toda semana, nas revistas especializadas, Globo Rural, Lipos, uma série de revistas, aquelas todas, está aí tudo guardado. E saiu bastante notícia lá fora, saiu muita também, e muita gente veio por causa daquilo. E os estrangeiros que moram em São Paulo gostam muito do campo mas não querem o ambiente do hotel normal, não é? Aqui não é um hotel, aqui é uma fazenda que recebe. Então ainda é diferente, é mais simples, é rústico, mas é uma comida boa e tem os passeios que nenhum hotel cinco estrelas oferece. Então esse pessoal vem para cá e querem também que os filhos se desliguem um pouco dos brinquedinhos eletrônicos. Então vai ver um macaco, vai andar a cavalo, vai nadar na cachoeira, é esse tipo de coisa com a natureza que eles prezam muito.

Mesmo sem contar com um programa oficial de educação na fazenda, continuamente existiram ações e atividades recreativas voltadas para grupos escolares, cujo componente educativo esteve sempre associados à figura e ao exemplo do Pedroca, como pode ser comprovado pelos demais depoimentos dos entrevistados, cabendo a ele, por iniciativa própria, chamar a atenção dos participantes para pontos e situações aos longos dos passeios e das atividades que pudessem fornecer elementos comparativos com seu cotidiano, seja por aproximação ou pelo contraste, com uma intenção clara de aprendizagem, numa ação educativa.

Eu fiz muito com um colégio, fiz muito com alunos, então eu fazia assim: dois, três dias à cavalo com a criançada, eu vou junto, nós pegamos grupos aí de 15, 20 crianças, aí de 12 anos, 10 anos, nessa faixa mais ou menos, meninos e meninas, e fazemos passeios para eles aprenderem. Porque o pessoal da cidade não tem muita noção da parte rural, então você pergunta onde é que nasce o sol, por exemplo,

ele não sabe. Nascente, poente, leste, oeste, norte, sul, a gente vai dando esses dados, vai mostrando variedade de árvores, as variedades de árvores que dão em terra boa, as variedades de árvores que dão em terra ruim, e a gente sempre brinca, né? A árvore boa dá nessa terra mas não dá na terra ruim, agora aquela árvore ruim que dá na terra ruim também dá na terra boa! É como gente, né?

A comparação prática entre os ambientes rurais encontrados e àqueles dos grandes centros urbanos em que residem tais estudantes de escolas paulistanas, fica destacada, sobretudo em termos de contextos de vida, o que amplia o respeito às diferenças socioculturais entre os participantes.

A comparação, né? Então aprende. Esse contato é muito importante, a criançada aproveita muito. Aí vê o pessoal que é bóia fria trabalhando, cortando cana, a criançada que não tem chance, jovens ainda, mas estão lá de facão, cortando cana. Hoje, graças a Deus está acabando isso, porque está sendo a máquina, mas eu sempre brinco, “isso aqui não tem chance, não tem um pai para bancar a escola que vocês estão...então você vai descer do cavalo agora, vai pegar aquele facão de cortar cana, e vai tentar cortar cana pra ver como é difícil. (...) Isso é uma coisa muito boa, é uma aula muito prática. (...) aproximou o grupo. Tem aquelas coisinhas de grupinho em colégio, né? Quando você chega, tem que tomar banho no rio, lavar sua roupa íntima no rio, dormir na rede no meio do mato, no escuro, de noite, não tem luz, então isso tudo são experiências que são muito fortes, a criança não esquece nunca mais isso.

Sobre o curso de imersão equestre disponibilizado pela fazenda, que teve frequência maior no passado, fica evidente que as práticas realizadas na fazenda buscam aproximar os participantes da vida cotidiana rural, sem que existam cenários artificiais criados para sensibilizar as pessoas, simplesmente é a paisagem e o patrimônio existente que, associados com a ação humana intencional (de proprietários e funcionários), promovem o aprendizado, em que a rotina da fazenda e o cavalo, enquanto símbolo maior da Bela Vista, têm um papel central e indiscutível nas ações turísticas e educativas, conforme está representado na segunda imagem mais representativa escolhida pelo entrevistado (Figura 50).

Pegamos também a criançada para um curso intensivo de aprendizado à cavalo. Então quando chega a criançada, dá uma sela para cada um, desmonta a sela, engraxa, monta de novo, aprende o nome das peças, cada um tem seu cavalo, vai escovar, lavar, raspar, aprende a arrear, e depois vai aprender a andar à cavalo. Aprende a andar, dar trote, à três pés, anda de noite, debaixo de chuva, atravessam o lago nadando com o cavalo, então depois de 5 dias, 6 dias, ele já está “meia boca”. Pode-se dizer que já estão meio cavaleiros já!

O ambiente propício para encontros e trocas entre pessoas, animais e natureza, em que a paisagem concorre para facilitar tais situações, fica expresso na última frase selecionada do Pedroca, devidamente representada pela imagem mais representativa por ele escolhida (Figura 49), que seguem apresentados a seguir:

Figura 49 – 1ª. Imagem mais representativa selecionada pelo Pedroca.

Ficha técnica da fotografia:

Identificação: Cavalo, criança e adulto atravessando o rio / Equipamento:

Indeterminado / Local: Fazenda Bela Vista / Cidade: Dourado/SP / Data: 23/06/2014 / Autoria/Origem: Ana Marta Murgel Dias de Aguiar.

Ficha por conteúdo da fotografia:

Personagens: Cavalo, o neto do Pedroca e sua filha.

Componentes materiais: notam-se os três personagens atravessando o rio

nadando.

Comentários do entrevistado relacionados com a imagem:

Figura 50 – 2ª. Imagem mais representativa selecionada pelo Pedroca.

Ficha técnica da fotografia:

Identificação: Tropa de cavalos pronta para a atividade de cavalada / Equipamento:

Indeterminado / Local: Fazenda Bela Vista / Cidade: Dourado/SP / Data: 28/04/2015 / Autoria/Origem: Ana Marta Murgel Dias de Aguiar.

Ficha por conteúdo da fotografia: Personagens: Manada de cavalos.

Componentes materiais: nota-se a manada de cavalos, com os equipamentos de

montaria ajustados e pronta para a atividade de cavalgada da fazenda.

Comentários do entrevistado relacionados com a imagem:

“Então quando chega a criançada, dá uma sela para cada um, desmonta a sela, engraxa, monta de novo, aprende o nome das peças, cada um tem seu cavalo, vai escovar, lavar, raspar, aprende a arrear, e depois vai aprender a andar à cavalo.”

Ana Marta Murgel Dias de Aguiar (Tuxa): Natural de São Paulo

(24/07/1957), 58 anos, divorciada, formada em Turismo, três filhos. A primeira fase da entrevista ocorreu na sala de televisão da casa sede da fazenda, no dia 13 de outubro de 2014, após um dia de rotina mais leve durante a semana, em que não havia hóspedes no hotel fazenda. A segunda fase da entrevista, relacionada com as imagens escolhidas pela entrevistada, ocorreu no dia 30 de maio de 2015.

A apresentação dos extratos do depoimento da entrevistada procura traçar um panorama de como esta percebe o ambiente da fazenda, sua história e seu patrimônio. Trata-se de alguém que residiu na propriedade ao longo da infância e adolescência e que, após anos de moradia em diversas cidades brasileiras e internacionais, fruto de escolhas profissionais e de cunho pessoal, que moldaram sua trajetória de vida. Voltou à Bela Vista para assumir, ao lado do pai (Pedroca), a administração do hotel fazenda, voltando a residir na casa sede da propriedade. Dessa forma, inicialmente, apresenta-se a sua opinião sobre a história e a paisagem do local, com ênfase na recuperação natural das áreas de encosta próximas à casa sede:

É uma fazenda de paisagens bonitas, pois a gente está no alto aqui, a Serra aqui cai uns 200 metros, toda em mata reconstituída após a compra pelo meu avô, que era tudo deteriorado. O pessoal plantava feijão nesse morro todo, se criava porco, na parte inclinada, então não tinha tanta mata. Isso tudo foi restaurado, e então começou a aparecer macaco, onça, veado, até guará nós já temos aqui, então eu acho que é bem legal esse enfoque da fazenda e o meu hóspede, o público que eu tenho, é muito focado nisso, na natureza.

Tuxa destaca o papel do pai ao contribuir com a recuperação ambiental da paisagem, em uma perspectiva de desprendimento pessoal que se mostra de grande responsabilidade ambiental.

E para o meu pai, eu acho que ele tem uma relação com a natureza muito forte, com a paisagem, vamos dizer, ele está sempre plantando uma árvore aqui, plantando outra ali, dando continuidade nesse processo de 65 anos que a gente está aqui na fazenda. Ele tem uma frase que eu acho bárbara que é assim: ‘a gente não é dono de nada, a gente é jardineiro de Deus, quando a gente está aqui é nosso, vamos cuidar, o que vem depois, é depois, né?’

Ao comentar sobre a paisagem da fazenda, em especial sobre os pontos que ela acha mais destacados, sobressaem os aspectos naturais, marcadamente inerentes à posição geográfica do local, sendo uma das suas preocupações manter

tais características, minimizando possíveis ações humanas que interfiram com a paisagem existente.

Eu acho assim, a paisagem é muito forte, o pôr do sol é forte, passarinho aqui é muito forte (...) eu acho que tema paisagem é bem forte aqui, bem forte e a gente tem um céu muito especial aqui, livre de luzes e tudo, que vem muita gente também por causa disso. Eu já pensei inclusive em iluminar jardins e desisti, porque eu acho que você tira essa beleza, né? Fica lindo tudo iluminado, mas por outro lado você agride essa natureza natural da noite, onde se vê aquele mundo de estrelas, tem muita estrela cadente, se você começa a pôr luz aqui, luz ali, luz acolá, já não é mais a mesma coisa, né? É complicado... Em continuidade ao tema, Tuxa destaca suas preferências em relação às diferentes paisagens a que teve contato ao longo de sua trajetória de vida, deixando claro suas opiniões estéticas sobre tais espaços.

A que eu mais gosto (paisagem), eu acho que é aqui, a Bela Vista, eu acho que é a que eu mais gosto. A Amazônia eu acho assim, é bonito, mas eu acho monótono, é uma coisa verde, verde, verde, verde, verde, verde, só muda o tom do verde, mas é só verde, então você não tem, como a gente tem aqui, uma lavoura de café, aqui tem jardim nas fazendas, é diferente. Lá não tem, fora o calor que é terrível.