• Nenhum resultado encontrado

A região Norte de Portugal e a preferência da procura turística: Litoral versus Interior

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A região Norte de Portugal e a preferência da procura turística: Litoral versus Interior"

Copied!
17
0
0

Texto

(1)

Resumo:

Este artigo procura analisar a evolução da preferência da procura turística nas diferentes sub-regiões que integram a Região Norte de Portugal. Para este efeito calculou-se o Índice de Preferência comparando o destino do Litoral face ao Interior, no período de 1997 a 2001 e tendo como enquadramento teórico a Teoria do Sentimento do Investidor.

Desta análise concluiu-se que, o Índice de Preferência indicia que os turistas preferem o destino turístico Litoral ao Interior, no período considerado. Quando se procedeu ao cálculo do Índice de Preferência tendo em conta a nacionalidade dos turistas, verificou-se que tanto os estrangeiros como os nacionais têm revelado uma progressiva preferência pelo Interior em detrimento do Litoral, indiciando que o Interior tem vindo a exercer uma crescente atracção sobre os mesmos, pelo que o Litoral poderá estar a perder competitividade face ao Interior.

Palavras-chave: Turismo, Dormidas, Hóspedes, Destinos Turísticos, Índice de Preferência e Teoria do Sentimento do Investidor.

Abstract:

This article aims to analyse the evolution of preferences regarding tourism demand in the various sub regions that make up the Northern Region of Portugal. To achieve this, the Preferential Index has been calculated using the Investor Sentiment Theory as a theoretical framework. This analysis has done through a comparison of Coastal and Inland destinations, during the period of 1997 to 2001. The conclusion reached after this analysis is that the Preferential Index enables us to state that tourists prefer Coastal to Inland destinations for this period. Nevertheless after calculating the Preferential Index bearing in mind the tourists’ nationality, there has been a progressive preference of both national and foreign tourists towards Inland destinations in detriment of Coastal areas. In other words, it is possible to assume that competitiveness of Coastal regions is diminishing in relation to the Inland.

Keywords: Tourism, Nights Spent, Guest, Tourism Destinations, Preferential Index and Investor Sentiment Theory.

Paula Fernandes - Instituto Politécnico de Bragança - Escola Superior de Tecnologia e de Gestão de Bragança - E-mail: pof@ipb.pt

Ana Monte - Instituto Politécnico de Bragança - Escola Superior de Tecnologia e de Gestão de Bragança - E-mail:apmonte@ipb.pt

(2)
(3)

1. Introdução

Portugal desde sempre foi promovido, em termos turísticos, como um país de sol, mar e de praias de areia fina que existem em abundância no país. Todo o desenvolvimento do turismo concentrou-se, principalmente, na exploração destes atractivos, em detrimento do turismo do interior e dos valores turísticos em que estas regiões são ricas: termalismo, cultura, gastronomia, paisagens, entre outros. No entanto, nos últimos anos tem-se vindo a assistir a uma gradual mudança nas atitudes e comportamentos dos turistas1 (essencialmente nacionais), que associada a um maior investimento promocional de outros destinos turísticos vem conduzindo a uma maior procura desses destinos.

Tendo em consideração estes factos, procurou-se com este trabalho analisar em que medida um determinado destino turístico é mais preferido relativamente aos restantes e de que modo estes se comportam perante a evolução da procura turística na Região Norte de Portugal. Para tal, utilizou-se como medida de avaliação da procura turística o Índice de Preferência calculado com base nas variáveis Dormidas2 e Hóspedes3, segundo o tipo de nacionalidade e por NUT III4, para o período de 1997-2001. Este índice teve como filosofia de cálculo a Teoria do Sentimento do Investidor formulada por De Long, Shleifer, Summers e Waldmann, em 1990. Saliente-se que as conclusões, que serão apresentadas ao longo do trabalho, apenas são indicativas da tendência que se tem vindo a assistir nos últimos anos, atendendo ao período em análise.

Relativamente à organização do estudo, começa-se por apresentar de uma forma sucinta a distribuição espacial do Turismo na Região Norte de Portugal, por NUT III; de seguida desenvolve-se o quadro conceptual do método de cálculo do Índice de Preferência utilizado na aplicação empírica e resultados desta. Por último, apresenta-se uma síntese das principais conclusões deste estudo.

2. distribuição espacial do

turismo na região norte de

portugal por nut iii

A análise da evolução da procura turística nos diferentes destinos turísticos que integram o Norte de Portugal, neste estudo designados por NUT III, revela alguns resultados interessantes que devem ser destacados. Convém salientar, desde já, que as sub-regiões que compõem a NUT III são: Alto Trás-os-Montes (ATM); Ave; Cávado; Douro; Entre Douro e Vouga (EDV); Grande Porto (GP); Minho Lima (ML) e Tâmega (ver Fig. A.1, em Anexo).

Para uma melhor percepção da distribuição espacial do turismo nas sub-regiões já referidas, deve ter-se em consideração que estas oferecem uma gama de diversificação e diferenciação das atracções turísticas. Por outro lado, a procura exige que a região mantenha a sua identidade e características próprias. Neste contexto, o estudo vai recair na análise da evolução das dormidas, hóspedes e quotas de mercado.

1 Dado que toda a análise vai ter como base de cálculo as Dormidas e Hóspedes, optou-se por adoptar a palavra Turista uma vez que se entende que é todo o visitante temporário que permanece pelo menos uma noite num alojamento colectivo ou particular, no local visitado (Montejano, 1991; Cunha, 1997 e 2001; Viegas, 1997 e OMT, 1998).

(4)

Tendo por referência o Quadro 1, Figuras 1 e 2 e Quadro A.1 em anexo, observa-se que, de 1997 para 2001, o destino Minho Lima foi o que registou maior variação negativa quer em termos de dormidas quer de hóspedes. Os resultados evidenciam ainda que, em termos de dormidas, os destinos Alto Trás-os-Montes, Ave e Douro apresentaram a maior variação positiva, salientando-se este último com uma variação

de 70%. Em relação aos hóspedes, os destinos que tiveram maior variação positiva foram Entre Douro e Vouga, Ave, Cávado e Douro. Mais uma vez este com a taxa de variação mais elevada (55%).

Quadro 1

Número de Dormidas e de Hóspedes segundo o Tipo de Nacionalidade, por NUT III

Fonte: Elaboração Própria baseada nos dados do INE.

Dormidas Hóspedes Dormidas Hóspedes Dormidas Hóspedes Dormidas Hóspedes Dormidas Hóspedes R. NORTE 3 046 000 1 663 640 3 012 673 1 673 367 2 994 353 1 674 471 2 922 069 1 612 086 2 658 937 1 456 891 Estrangeiros 1 197 071 561 747 1 148 038 546 157 1 126 058 549 376 1 157 401 568 680 1 032 425 515 695 Nacionais 1 848 929 1 101 893 1 864 635 1 127 210 1 868 295 1 125 095 1 764 668 1 043 406 1 626 512 941 196 ML 219 642 124 921 227 020 128 349 244 696 144 784 241 285 139 767 272 185 139 451 Estrangeiros 63 547 31 674 65 553 32 709 67 503 36 479 64 738 34 827 79 743 37 614 Nacionais 156 095 93 247 161 467 95 640 177 193 108 305 176 547 104 940 192 442 101 837 CAVADO 396 865 217 109 400 717 214 194 421 208 214 671 357 097 173 512 338 380 163 205 Estrangeiros 149 687 68 070 138 741 64 588 148 607 66 556 144 445 57 207 131 595 53 770 Nacionais 247 178 149 039 261 976 149 606 272 601 148 115 212 652 116 305 206 785 109 435 AVE 198 154 104 184 213 025 104 980 209 623 116 168 216 176 121 059 158 431 82 811 Estrangeiros 77 694 35 443 75 858 34 095 68 448 33 753 76 353 39 805 62 978 32 110 Nacionais 120 460 68 741 137 167 70 885 141 175 82 415 139 823 81 254 95 453 50 701 GP 1 600 279 825 224 1 544 526 807 274 1 559 870 833 641 1 619 610 857 846 1 415 698 761 006 Estrangeiros 777 347 357 587 748 664 348 268 737 897 353 295 780 041 383 441 676 465 344 318 Nacionais 822 932 467 637 795 862 459 006 821 973 480 346 839 569 474 405 739 233 416 688 TAMEGA 75 487 45 473 79 082 48 740 71 401 46 627 71 633 43 625 73 957 43 894 Estrangeiros 17 653 8 711 17 291 8 814 19 058 9 811 20 608 9 853 21 129 10 703 Nacionais 57 834 36 762 61 791 39 926 52 343 36 816 51 025 33 772 52 828 33 191 EDV 78 152 49 699 77 630 49 155 73 934 46 762 70 442 43 299 66 973 39 297 Estrangeiros 26 546 11 569 25 131 10 615 22 765 10 483 24 945 11 050 23 740 10 731 Nacionais 51 606 38 130 52 499 38 540 51 169 36 279 45 497 32 249 43 233 28 566 DOURO 233 464 145 402 221 757 151 005 176 386 125 188 144 523 102 888 137 354 94 038 Estrangeiros 52 903 28 103 46 467 26 372 30 794 19 215 23 598 15 473 18 235 12 266 Nacionais 180 561 117 299 175 290 124 633 145 592 105 973 120 925 87 415 119 119 81 772 ATM 243 957 151 628 248 916 169 670 237 235 146 630 201 303 130 090 195 959 133 189 Estrangeiros 31 694 20 590 30 333 20 696 30 986 19 784 22 673 17 024 18 540 14 183 Nacionais 212 263 131 038 218 583 148 974 206 249 126 846 178 630 113 066 177 419 119 006 1997 2001 2000 1999 1998

(5)

figura 1

Taxa de Variação das Dormidas, em %, 1997-2001

Constata-se também, fazendo uma análise por mercados interno/externo (Nacionais versus Estrangeiros), uma maior dependência em qualquer um dos destinos turísticos relativamente ao mercado interno. No entanto, principalmente de 2000 para 2001, os aumentos mais expressivos registaram-se nas entradas de estrangeiros com excepção do destino Minho Lima que apresentou uma quebra. Atendendo ao horizonte temporal em análise, 1997-2001, são os destinos Minho Lima e Tâmega que

assinalaram uma diminuição, no que diz respeito às dormidas de estrangeiros. Os destinos Douro, Ave, Alto Trás-os-Montes e Cávado registaram um aumento bastante significativo quer ao nível do número de dormidas de estrangeiros quer ao nível do número de dormidas dos nacionais. (Ver Quadro 1). A repartição da Quota de Mercado entre os destinos da Região Norte (Quadro 2) evidencia um peso

< 0 [0; 15[ [15; 30] > 30 Legenda S N W E

(6)

determinante do destino Grande Porto, por si só responsável por mais de metade das dormidas registadas, seguindo-se os destinos Cávado, Alto Trás-os-Montes, Douro e Minho Lima. De 2000 para 2001, os destinos que tiveram um aumento da quota de mercado foram Douro e Grande Porto. Observando a evolução das quotas de mercado dos destinos turísticos, verificou-se que as mesmas se mantiveram relativamente estáveis ao longo dos

anos em análise. Cabe ainda referir que, entre 1997 e 2001, os destinos em que a taxa de variação foi positiva e significativa face aos restantes foram Douro, Alto Trás-os-Montes e Ave, como se pode observar na Figura 3 e Quadro A.1 em Anexo.

Desta análise, poder-se-á concluir que o factor que melhor caracteriza o turismo é a sua faculdade de permitir a satisfação das necessidades de figura 2

Taxa de Variação dos Hóspedes, em %, 1997-2001

< 0 [0; 15[ [15; 30] > 30 Legenda S N W E

(7)

diversidade e de diferenciação, dado que a procura destas sempre foi uma das características do comportamento humano, pois desde sempre o Homem procurou descobrir novos locais, novas paisagens, novas culturas, etc. No presente estudo, embora se verifique uma concentração regional significativa também se tem vindo a assistir a uma

alteração das atitudes e comportamentos dos turistas. Muitas vezes, essas alterações leva a que os turistas se desloquem por motivos diversos e, consequentemente, procurem locais atractivos e diferenciados oferecidos pelos diferentes destinos turísticos da Região Norte de Portugal.

Quadro 2

Evolução das Quotas de Mercado por NUT III, em %

1997 1998 1999 2000 2001 Minho-Lima 10,2% 8,3% 8,2% 7,5% 7,2% Cávado 12,7% 12,2% 14,1% 13,3% 13,0% Ave 6,0% 7,4% 7,0% 7,1% 6,5% Grande Porto 53,2% 55,4% 52,1% 51,3% 52,5% Tâmega 2,8% 2,5% 2,4% 2,6% 2,5%

Entre Douro e Vouga 2,5% 2,4% 2,5% 2,6% 2,6%

Douro 5,2% 4,9% 5,9% 7,4% 7,7%

Alto Trás-os-Montes 7,4% 6,9% 7,9% 8,3% 8,0%

NUT III Anos

Fonte: Elaboração Própria e tratamento dos dados pelos autores.

< 0 [0 - 15[ [15 - 30] > 30 Legenda figura 3

(8)

3. a evolução da preferência

da procura turística na região

norte de portugal

Depois de se ter efectuado uma breve análise à distribuição espacial do Turismo na Região Norte de Portugal, por NUT III, seguidamente vai apresentar-se o método de cálculo do Índice de Preferência5, com vista a determinar a tendência ou preferência da procura turística para certos destinos da Região Norte de Portugal. Este método tem como enquadramento teórico a Teoria do Sentimento do Investidor, a qual tem tido desenvolvimentos científicos e aplicações práticas no contexto das finanças empresariais. Esta teoria pretende demonstrar como o sentimento do investidor (optimismo/pessimismo) afecta a procura de acções e o seu preço. Por analogia, no contexto turístico, o optimismo/pessimismo dos turistas traduzir-se-á na maior ou menor procura de um destino turístico levando assim a medir o grau de preferência por cada um.

3.1 apresentação do método de cálculo

A Teoria do Sentimento do Investidor, formulada por De Long, Shleifer, Summers e Waldmann (1990), postula que os desfasamentos (desconto/prémio6) entre o preço de mercado e o valor patrimonial de um activo existem em resultado do risco adicional enfrentado pelos investidores devido à existência de noise traders7. Este grupo de investidores, que actuam de forma “quase” irracional, impõem um risco adicional de revenda nos activos que transaccionam

5 Este Índice foi desenvolvido por Cepeda, Fernandes e Monte (2001), apresentado pela primeira vez, no XI Encuentro Cuba - México de Estadística inserido na Conferência Internacional CIMAF’2001, ocorrida em La Habana - Cuba.

6 Entende-se por desconto a diferença algébrica negativa entre o preço de mercado e o valor patrimonial. Por prémio, a diferença algébrica positiva entre o preço de mercado e o valor patrimonial.

7 Os noise traders são investidores que introduzem “confusão” no mercado, distorcendo o valor de mercado dos activos, baseando-se em sentimentos irracionais (por exemplo por palpites, percepções distorcidas da situação de mercado,...).

8 Para uma revisão bibliográfica sobre esta Teoria e a sua aplicabilidade nos Fundos de Investimento Fechados consultar Lee, Shleifer e Thaler (1991); Brauer (1993); Cheung, Kwan e Lee (1997); Elton, Gruber e Busse (1998) e Monte (2000).

devido à incerteza quanto às suas opiniões que irão condicionar as estratégias e a rendibilidade esperada dos investidores racionais e, consequentemente, dificultar o ajustamento entre o preço de mercado e o valor patrimonial. Este risco, também conhecido por “noise traders risk”, é uma função do optimismo/ pessimismo destes investidores face à evolução do mercado e em particular do activo que estão a transaccionar, sobreavaliando-o ou subavaliando-o. Este modelo foi testado nos Fundos de Investimento Fechados, por vários autores8. Segundo esta teoria, se os noise traders estão optimistas procurarão mais acções dos fundos de investimento fechados do que em média, elevando o preço das suas acções e consequentemente o desconto9 diminuirá; quando estão mais pessimistas, a procura das acções diminuirá, pelo que a pressão sob o preço de mercado será menor, logo o desconto aumenta.

Assim, por analogia, aplicando estes conceitos ao Turismo, poder-se-á dizer que a procura de um determinado destino turístico está relacionada com a promoção que esse mesmo destino tem junto do seu público alvo, não só com o desenvolvimento de infraestruturas turísticas que o suportem mas também com a aptência dos turistas por esse destino. Esta aptência, será semelhante ao dos noise traders

risk na medida em que o seu optimismo/pessimismo

depende da interpretação “errónea” ou não das informações enviadas pelo mercado.

(9)

A medição do optimismo/pessimismo do turista face a determinado destino, isto é, o Índice de Preferência poderá ser induzido pela relação entre a Permanência Média desse destino face a outros. Esta indica quantos dias permanece, em média, cada turista (nacional/estrangeiro) num destino turístico. De acordo com Cunha (2001:84), esta medida representa a “evolução do número de dias

que os turistas permanecem, em média, num país ou numa região é um importante elemento de análise do comportamento da procura na medida que nos fornece indicações, não só sobre a capacidade de retenção dessa região ou país, mas também sobre as preferências dos turistas”. Por outro lado, ainda

segundo o mesmo autor (2001:85), “é um elemento

a ter em conta na estratégia de marketing na medida em que é muito variável conforme a nacionalidade dos turistas, as suas profissões, idades, classes de rendimento e motivos da viagem”. Pelo anteriormente

referido, optou-se pela utilização da Permanência Média por se considerar ser a medida que melhor poderá avaliar cada destino em termos de grau de preferência face a outros e a sua evolução temporal. Para o efeito, o Índice de Preferência vem dado por:

j i PM PM S  (1) sendo i,j os destinos turísticos e PMi,ja permanência média no destino turístico (i,j), dada pela relação (Cunha; 1997:35 e 2001:87): j i j i j i N de Hóspedes Totais Dormidas de N PM , , , º º 

(2) Assim,

se S1, ambos os destinos têm igual preferência; se S1, o destino i é preferido ao destino j, ou seja, os turistas estarão mais optimistas relativamente ao

destino i que o j (valorizam mais a região i);

se S1 , o destino j é preferido ao destino i, ou seja, os turistas estarão mais pessimistas relativamente ao destino i que o j (valorizam mais a região j).

Através deste Índice poder-se-á avaliar em que medida um determinado destino turístico é preferido relativamente aos restantes e de que forma os mesmos se comportam perante a evolução do turismo em geral do país, zonas promocionais, regiões, etc.

3.2 região norte de portugal: litoral versus interior

No ponto anterior foi apresentada a metodologia a aplicar para o cálculo do Índice de Preferência (S), e uma vez que o objectivo deste trabalho assenta em verificar qual é o destino turístico, Litoral ou Interior, que absorve mais turistas e determinar a sua evolução, houve a necessidade de dividir a Região Norte de Portugal em dois destinos turísticos. Esta divisão teve como suporte um outro estudo desenvolvido por Cepeda, Fernandes e Monte (2001) onde e uma vez que se tornou difícil obter dados estatísticos desagregados para determinados concelhos quer do Interior quer do Litoral optou-se por considerar as NUT III. Desta forma, considerou-se como Litoral as NUT III que fazem fronteira com a costa e as restantes NUT III como Interior. Seguindo esta linha de raciocínio o destino turístico Litoral engloba as NUT III: Minho Lima, Cávado, Grande Porto e Entre Douro e Vouga e o Interior as NUT III: Ave, Tâmega, Alto Trás-os-Montes e Douro.

(10)

figura 4

Evolução da Permanência Média no Destino Turístico Litoral, em % Para se analisar qual o destino turístico preferido

pelas correntes turísticas, para o período de análise, determinou-se a permanência média (Quadros A.2 e A.3, em Anexo) e a sua evolução (Quadro A.4, em Anexo), segundo o tipo de nacionalidade e para uma melhor percepção teve-se como suporte de cálculo o método dos números índices simples e como ano base 1997. Os resultados obtidos indiciam que a

permanência média dos turistas na Região Norte de Portugal tem-se mantido estável. Contudo e atendendo à comparação entre os turistas nacionais e estrangeiros para a Região Norte, constata-se que enquanto os primeiros têm vindo a permanecer menos tempo na região, já o mesmo não se verifica para os segundos, embora quer a diminuição quer o aumento não sejam muito significativos.

85 90 95 100 105 110 1997 1998 1999 2000 2001

Estrangeiros Nacionais Total S

N

W E

(11)

Comparando o destino Litoral e o destino Interior, tendo por base de análise os Quadros referidos no parágrafo anterior e as Figuras 4 e 5, constata-se que os turistas estão tendencialmente a permanecer menos tempo no Litoral e mais no Interior. No que respeita à evolução da permanência média por destino turístico - Litoral/Interior - e por nacionalidade, verifica-se que, quer no Litoral quer no Interior, os turistas estrangeiros estão a aumentar a sua permanência média. Quanto aos nacionais, estes estão a diminuir ligeiramente no Litoral e a aumentar gradualmente no Interior.

Da análise da Figura 6 e Quadro A.5 (em Anexo) salienta-se, para os diferentes anos, a preferência dos turistas pelo Litoral, pois o indicador apresenta valores superiores à unidade, condição necessária para se afirmar que os turistas preferem o destino turístico i = Litoral ao destino turístico j = Interior. Assim, na sequência do que se apresentou poder-se-á dizer que a distribuição espacial do turismo na Região Norte de Portugal, em termos de procura, revela nítidas assimetrias e desequilíbrios a que não é alheio o facto de o turismo se ter baseado, essencialmente, no aproveitamento dos factores naturais que respondem à procura do sol e mar. figura 5

Evolução da Permanência Média no Destino Turístico Interior, em %

S N

W E

Fonte: Elaboração Própria e tratamento dos dados pelos autores.

85 90 95 100 105 110 1997 1998 1999 2000 2001

(12)

A Figura 7 e Quadro A.6, em anexo, evidenciam que a evolução do Índice, para cada tipo de turista, tem vindo a diminuir levando a acreditar que o comportamento dos turistas, já observado no parágrafo anterior, tende a modificar-se. Por outro lado, as anteriores considerações poderão indicar que cada vez mais os turistas procuram a tranquilidade do campo, riquezas termais, a cultura, a redescoberta da natureza, entre outros factores, que são atractivos apregoados pelo destino Interior. Em consequência, poder-se-á dizer que o Interior tem vindo a exercer uma atracção

mais eficaz sobre os turistas enquanto que o Litoral poderá estar a perder capacidade de atracção sobre os mesmos.

A evolução do Índice de Preferência reflecte um aumento em 1998 para os turistas estrangeiros, o qual pode vir sustentado pelo facto de, nesse ano, Portugal ter sido palco da exposição mundial - EXPO’98 - o que poderá ter constituído um pólo adicional de atracção e promoção turística a nível nacional. As diferenças no comportamento dos

0,95 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25 1997 1998 1999 2000 2001

Estrangeiros Nacionais Total

figura 6

Índice de Preferência: Litoral versus Interior

Fonte: Elaboração Própria e tratamento dos dados pelos autores.

86 88 90 92 94 96 98 100 102 104 1997 1998 1999 2000 2001

Estrangeiros Nacionais Total

Fonte: Elaboração Própria e tratamento dos dados pelos autores. figura 7

(13)

turistas nacionais, face à realidade portuguesa, poderão ser explicadas pelo facto da permanência média tender a diminuir, em resultado de cada vez mais o turista fragmentar os períodos de férias10. Esse comportamento poderá levá-lo a deslocar-se dentro do país, em reflexo também de uma maior promoção do turismo interno por parte das instituições competentes, nomeadamente a Direcção Geral do Turismo, Instituto de Financiamento e Apoio ao Turismo, entre outras, através de campanhas de

marketing nos mass-media e Operadores Turísticos.

4. conclusões

A distribuição espacial do turismo na Região Norte de Portugal, em termos de procura, espelha as disparidades entre o Litoral e o Interior, pelo facto do turismo se ter baseado, fundamentalmente, no aproveitamento exaustivo dos factores naturais que respondem à procura dos produtos turísticos: sol e mar. Deste modo, poder-se-á dizer que o desenvolvimento turístico, na região em análise, se acentuou no litoral em detrimento do interior criando dualidades nefastas que originaram assimetrias a nível económico e turístico, nestes destinos.

Embora correspondendo às motivações dominantes da procura, poder-se-á concluir que se marginalizou o aproveitamento de outros recursos, nomeadamente o termalismo ou a cultura. Actualmente, vem-se assistindo a um gradual aumento da preferência pelas regiões do interior que poderá ter o seu fundamento nos seguintes aspectos:

• numa maior promoção da região e da sua imagem como destino de qualidade, diferenciada e competitiva, face a outras regiões, assente na tradição, no artesanato, na cultura, história, gastronomia, ruralidade, etc.;

• na divulgação de alguns destinos turísticos de extrema importância para a região, como por exemplo o Parque Natural do Douro Internacional e o Douro Vinhateiro, este último recentemente classificado como Património Mundial, pela UNESCO;

• na existência de determinadas iniciativas culturais, recreativas e festas populares diversificadas, as quais podem ser um factor de acompanhamento do desenvolvimento turístico, com efeitos no aumento da atracção e da permanência no local; • na promoção de feiras comerciais temáticas, tendo estas contribuído para a divulgação de alguns produtos regionais, sem e com denominação de origem, atraindo turistas de outras regiões. Da aplicação do Índice de Preferência e de todo o estudo efectuado, observou-se que os turistas têm vindo a preferir o destino turístico Litoral ao Interior. Quando se efectuou a análise comparativa, atendendo ao tipo de turista, verificou-se que estes têm revelado um aumento progressivo da preferência pelo Interior em detrimento do Litoral, depreendendo-se que, mais recentemente, o Interior terá vindo a exercer uma crescente atracção sobre os turistas face ao Litoral.

Neste trabalho, porém, não se analisou o comportamento do Índice de Preferência inter-NUT III e segundo a nacionalidade, o que poderá constituir uma via de investigação futura. Outra linha de investigação, poderá assentar num estudo mais aprofundado das principais razões que levam os turistas a escolher um determinado destino turístico e em particular que justifiquem o comportamento evidenciado no presente trabalho.

(14)

Bibliografia

Brauer, Greggory A.; (1993); “Investor Sentiment and the Closed-end Fund Puzzle: a 7 Percent Solution”;

Journal of Financial Services Research; 7(3); September; pp. 199/216..

Cepeda, Francisco J.T.; Fernandes, Paula O. e Monte, Ana P.; (2001); “Índice de Preferência pelos Destinos Turísticos-Região Norte de Portugal”;

Conferência Internacional CIMAF’2001-XI Encuentro Cuba - México de Estadística; La Habana, Cuba.

Cheung, Sherman; Kwan, Clarence C.Y. and Lee, Jason; (1997); “The Noise Trader Hypothesis: The Case of Closed-end Country Funds”;

Research in Finance (Edited by Andrew H. Chen); Vol. 15; pp. 115/136.

Cunha, Licínio; (1997); “Economia e Política do Turismo”; Editora McGraw-Hill de Portugal, Lda. Cunha, Licínio; (2001); “Introdução ao Turismo”; Editorial Verbo, Portugal.

De Long, Bradford; Shleifer, Andrei; Summers, Lawrence and Waldmann, Robert; (1990); “Noise Trader Risk in Financial Markets”;

In Journal of Political Economy; 98; August; pp. 703/738.

Elton, Edwin J.; Gruber, Martin J. and Busse, Jeffrey A.; (1998); “Do Investors Care About Sentiment”;

The Journal of Business; 71(4); October; pp. 447/500.

INE; Anuários Estatísticos da Região Norte de 1998 a 2002; Lisboa

Lee, Charles M.C.; Shleifer, Andrei and Thaler, Richard H.; (1991); “Investor Sentiment and the Closed-end Fund Puzzle”;

The Journal of Finance; 46(1); March; pp. 75/109.

Monte, Ana Paula C.; (2000); “Sobre os Descontos/Prémios dos Fundos de Investimento Fechados no Contexto da Teoria

do Sentimento do Investidor”; Dissertação de Mestrado; Universidade do Minho.

Montejano, Jordi M.; (1991); “Estructura del Mercado Turístico”; Editorial Sintesis, S.A.; Madrid. OMT; (1998); “Introducción al Turismo”; Organización Mundial del Turismo; Madrid; España.

(15)

figura a.1

Região Norte de Portugal - Divisão por NUT III

Minho Lima Cávado Ave Tâmega Douro Alto Trás-os-Montes Grande Porto Entre Douro e Vouga S N W E Quadro A.1

Taxa de Variação para o período de 1997/2001

NUT III Quota deMercado Dormidas Hóspedes Minho-Lima -30% -19% -10%

Cávado 2% 17% 33%

Ave 9% 25% 26%

Grande Porto -1% 13% 8%

Tâmega -11% 2% 4%

Entre Douro e Vouga 2% 17% 26%

Douro 48% 70% 55%

Alto Trás-os-Montes 9% 24% 14% Fonte: Elaboração Própria e tratamento dos dados pelos autores.

(16)

Quadro A.2

Número de Dormidas e de Hóspedes por Destino Turístico, Segundo o Tipo de Nacionalidade

Fonte: INE, Elaboração Própria e tratamento dos dados pelos autores.

Dormidas Hóspedes Dormidas Hóspedes Dormidas Hóspedes Dormidas Hóspedes Dormidas Hóspedes

Litoral 2 294 938 1 216 953 2 249 893 1 198 972 2 299 708 1 239 858 2 288 434 1 214 424 2 093 236 1 102 959 Estrangeiros 1 017 127 468 900 978 089 456 180 976 772 466 813 1 014 169 486 525 911 543 446 433 Nacionais 1 277 811 748 053 1 271 804 742 792 1 322 936 773 045 1 274 265 727 899 1 181 693 656 526 Interior 751 062 446 687 762 780 474 395 694 645 434 613 633 635 397 662 565 701 353 932 Estrangeiros 179 944 92 847 169 949 89 977 149 286 82 563 143 232 82 155 120 882 69 262 Nacionais 571 118 353 840 592 831 384 418 545 359 352 050 490 403 315 507 444 819 284 670 Região Norte 3 046 000 1 663 640 3 012 673 1 673 367 2 994 353 1 674 471 2 922 069 1 612 086 2 658 937 1 456 891 Estrangeiros 1 197 071 561 747 1 148 038 546 157 1 126 058 549 376 1 157 401 568 680 1 032 425 515 695 Nacionais 1 848 929 1 101 893 1 864 635 1 127 210 1 868 295 1 125 095 1 764 668 1 043 406 1 626 512 941 196 1997 2001 2000 1999 1998 Quadro A.3

Permanência Média Segundo o Tipo de Nacionalidade, em nº de dias

2001 2000 1999 1998 1997 Litoral 1,89 1,88 1,85 1,88 1,90 Estrangeiros 2,17 2,14 2,09 2,08 2,04 Nacionais 1,71 1,71 1,71 1,75 1,80 Interior 1,68 1,61 1,60 1,59 1,60 Estrangeiros 1,94 1,89 1,81 1,74 1,75 Nacionais 1,61 1,54 1,55 1,55 1,56 Região Norte 1,83 1,80 1,79 1,81 1,83 Estrangeiros 2,13 2,10 2,05 2,04 2,00 Nacionais 1,68 1,65 1,66 1,69 1,73

Fonte: Elaboração Própria e tratamento dos dados pelos autores. Quadro A.4

Evolução da Permanência Média por Regiões e Tipo de Nacionalidade, em %

Fonte: Elaboração Própria e tratamento dos dados pelos autores.

2001 2000 1999 1998 1997 Litoral 99,4 98,9 97,7 99,3 100 Estrangeiros 106,2 105,0 102,5 102,1 100 Nacionais 94,9 95,1 95,1 97,3 100 Interior 105,2 100,6 100,0 99,7 100 Estrangeiros 111,0 108,2 103,6 99,9 100 Nacionais 103,3 98,7 99,1 99,5 100 Região Norte 100,3 98,6 98,0 99,3 100 Estrangeiros 106,4 105,0 102,4 101,7 100 Nacionais 97,1 95,7 96,1 97,9 100

(17)

Quadro A.5

Índice de Preferência: Litoral versus Interior

Fonte: Elaboração Própria e tratamento dos dados pelos autores. Total Geral Estrangeiros Nacionais

1997 1,19 1,17 1,15 1998 1,18 1,20 1,13 1999 1,16 1,16 1,10 2000 1,17 1,14 1,11 2001 1,12 1,12 1,06 Anos Turistas Quadro A.6

Evolução do Índice de Preferência, em %

Fonte: Elaboração Própria e tratamento dos dados pelos autores. Total Geral Estrangeiros Nacionais

1997 100,00 100,00 100,00 1998 99,60 102,20 97,80 1999 97,70 98,90 95,90 2000 98,30 97,00 96,40 2001 94,50 95,70 91,90 Anos Turistas

Referências

Documentos relacionados

Segundo passo: Aplicar em seguida três camadas de fita elétrica de alta tensão (NTC 813520) com superposição de 50% da largura, para restabelecimento da cobertura protetora

[r]

Este desafio nos exige uma nova postura frente às questões ambientais, significa tomar o meio ambiente como problema pedagógico, como práxis unificadora que favoreça

A implantação da gestão nas escolas, através do desenvolvimento planejamento estratégico, faz com que os objetivos e metas sejam mais palpáveis, pois, além

2 - A simples homologação do resultado do concurso púbico e a consequente nomeação de alguns candidatos não retira da parte autora o interesse no reconhecimento

(2019) Pretendemos continuar a estudar esses dados com a coordenação de área de matemática da Secretaria Municipal de Educação e, estender a pesquisa aos estudantes do Ensino Médio

Quando contratados, conforme valores dispostos no Anexo I, converter dados para uso pelos aplicativos, instalar os aplicativos objeto deste contrato, treinar os servidores

Os roedores (Rattus norvergicus, Rattus rattus e Mus musculus) são os principais responsáveis pela contaminação do ambiente por leptospiras, pois são portadores