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Atribuição residual da polícia militar na investigação policial de crimes comuns / Residual assignment of military police in police investigation common crimes

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Atribuição residual da polícia militar na investigação policial de crimes

comuns

Residual assignment of military police in police investigation common crimes

DOI:10.34117/bjdv6n5-175

Recebimento dos originais: 10/04/2020 Aceitação para publicação: 11/05/2020

Gerson Maurício Zocchi

Major da Polícia Militar do Paraná. Bacharel em Direito pela Faculdade Assis Gurgacz/FAG. Especialista em Direito Penal pela UNISUL/SC, Pós-Graduado em Processo Civil pela Uninter. Especialista em Segurança Pública pela Academia Policial Militar do Guatupê/PMPR. Atualmente

na função de assessor especial da Casa Civil do Governo do Paraná, para assuntos de Inteligência de Estado e Segurança Pública.

Endereço: Palácio Iguaçu - Praça Nossa Senhora de Salette, s/nº, Centro Cívico, CEP 80.530-909, Curitiba/PR.

E-mail: gersonzocchi@hotmail.com

RESUMO

O presente trabalho tem por finalidade trazer à discussão as diversas atividades desenvolvidas no campo da inteligência de segurança pública, que possibilitem aferir à Polícia Militar atribuição residual na condução da investigação criminal em crimes comuns cometidos por civis. Seja pela atuação direta das Agências de Inteligência das unidades da PMPR, em conjunto com o Ministério Público, de forma conjunta com as polícias judiciárias estaduais e federal ou ainda pela via de elaboração de termos circunstanciados de infração penal (TCIP). Estas práticas estão compassadas com aspectos legais e principalmente aos preceitos constitucionais vigentes, que tratam das atribuições dos órgãos de segurança pública, previstos no art.144 da CF/88 e demais diplomas legais vigentes. A metodologia se desenvolveu em pesquisas bibliográficas, legislação e doutrina atualizadas, trazendo à baila discussões pertinentes à dimensão do problema estrutural que vivem as forças policiais brasileiras. Nessa problemática estarão as organizações Policiais Militares usurpando funções das Polícias Civis? Deste modo traremos à discussão sobre a existência de privatividade ou não, da polícia judiciária investigar crimes e, outras atribuições de órgãos congêneres que atuam igualmente nesta atividade de forma residual. Por derradeiro se observa que a legislação atual que trata do tema precisa ser modificada para dirimir as contradições entre os entes públicos envolvidos, ampliando a capacidade das forças de segurança brasileiras na resolução de problemas, visando a maior eficiência no controle social e criminalidade, de forma mais célere e efetiva. Afinal a ineficiência é tão odiosa quanto a impunidade.

Palavras-chave: Atribuição. Legalidade. Inteligência. Ministério Público. Constituição.

Exclusividade.

ABSTRACT

This paper aims to bring to discussion the various activities developed in the field of public security intelligence, which make it possible to assess the Military Police's residual attribution in conducting criminal investigation into common crimes committed by civilians. Whether through the direct action of the Intelligence Agencies of the PMPR units, in conjunction with the Public Ministry, jointly with the state and federal judicial police, or through the elaboration of detailed criminal offense terms (TCIP). These practices are in line with legal aspects and mainly with the current constitutional precepts, which deal with the duties of public security bodies, provided for in art.144 of CF / 88 and

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other legal regulations in force. The methodology was developed in bibliographic research, updated legislation and doctrine, bringing up relevant discussions on the dimension of the structural problem that Brazilian police forces are experiencing. In this problem are the Military Police organizations usurping the functions of the Civil Police? In this way we will bring to the discussion about the existence of privatization, or not, of the judicial police to investigate crimes, and other attributions of similar bodies that also act in this activity in a residual way. Finally, it is observed that the current legislation that addresses the issue needs to be modified to resolve the contradictions between the public entities involved, expanding the capacity of Brazilian security forces to solve problems, aiming at efficiency in social control and crime, in a faster way and effective. After all, inefficiency is just as hateful as impunity.

Keywords: Attribution. Legality. Intelligence. Public ministry. Constitution. Exclusivity.

1INTRODUÇÃO

A presença efetiva do Estado como garantidor da ordem pública através de seus organismos de controle social é dever legal imposto pela carta magna, que contempla a obrigatoriedade do poder publico em gerir as questões de segurança pública em harmonia com a participação do povo. A crise permanente existente nas instituições policiais, judiciárias e administrativas e, não diferentemente nas instituições públicas em geral, tem culminado na elevação dos índices de ineficiência e corrupção de seus agentes de forma alarmante, causando desconforto e intranquilidade social no campo da segurança pública. Tamanha instabilidade contribui para a expansão da criminalidade e, que quando não combatida de forma eficaz, contamina todo o sistema de controle da sociedade, deixando-a a mercê da violência e da intranquilidade social.

Existem conflitos de toda ordem ao assunto em mesa, sejam discutindo posições jurídicas e argumentações entre a legalidade, o excesso e a destacada e combatida usurpação. As justificativas para debater a problemática por esses argumentos emergem com os descompassos nas estruturas da polícia judiciária brasileira, que por erros políticos históricos não se aparelharam para atender às demandas de suas imensas atribuições, tanto em aspectos de pessoal quanto de logística, chegando em certas unidades da federação à beira do caos total.

Assim, para a problemática em destaque, faz-se o seguinte questionamento: há a possibilidade de manter esses ‘’status quo’’, ou se admite a possibilidade de a polícia ostensiva de preservação da ordem assumir residualmente a tarefa também de investigar crimes, em sintonia direta com o Ministério Público, sem ferir os princípios da legalidade e outros, garantidos na Carta Magna de 1988?

Para tanto, faremos algumas considerações em uma análise objetiva das atribuições explícitas dos órgãos policiais brasileiros, sob a ótica da legalidade de seus atos e se há ou não exclusividade da polícia judiciária em investigar crimes, conduzindo esse trabalho via inquérito policial como único instrumento hábil de apuração de delitos.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O SURGIMENTO DA SOCIEDADE ORGANIZADA E SUAS REGRAS

A vida em sociedade, como desde os primórdios, só se faz possível com a existência de um conjunto de regras e ordenamentos, que buscam limitar as ações humanas com reflexos na coletividade. O homem “homo sapiens” coexistiu seja com seus pares ou com outros seres vivos da natureza, e sempre buscou estar no topo da cadeia alimentar, exceto nos períodos mais remotos da história em que era mais caça do que caçador.

Assim, para que não fosse subjugado por outras espécies e pelas enormes dificuldades de se viver em ambiente hostil, necessário foi coexistir e organizar grupos sociais, delimitando condutas, e viabilizando a evolução humana aos níveis que hoje nos encontramos.

Mas os desafios de fazer uma sociedade melhor são eternos, conduzindo a necessidade do surgimento do Estado como gestor e mediador dos conflitos de toda ordem, pois o homem por si não era mais capaz de lidar com a ebulição da vida em sociedade.

Doutrinariamente, segundo o jurista italiano Norberto Bobbio1 , a primeira vez que a palavra Estado foi utilizada com o seu sentido contemporâneo, foi no livro Arte da Guerra, do imperador e General que fundou a dinastia dos Sun Tzu e posteriormente no livro denominado “O Príncipe”, do diplomata e militar Nicolau Maquiavel.

O Estado, na concepção que se conhece até os dias atuais, é responsável pela organização e pelo controle social, pois detém, segundo Max Weber2, o monopólio da violência legítima (coerção, especialmente a legal).

2.2 ATOS ADMINISTRATIVOS

Segundo Di Pietro, o “ato administrativo é a declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob o regime jurídico de direito público e sujeita ao controle pelo Poder Público”’ (DI PIETRO, 2010, p. 210).

Prevê o artigo 82 do Código Civil que “a validade do ato jurídico requer agente capaz, objeto e forma prescrita ou não defesa em lei” (BRASIL, 2002).

O ato administrativo será vinculado ou discricionário. No primeiro, a sua edição está necessariamente atrelada à lei, está pré-determinado e a esta deve estrita previsão, restando uma pequena margem de discricionariedade. Ao segundo, pode emanar da vontade e da discricionariedade da administração em tornar a hipótese em norma, desde que não haja vedação ou restrição legais e

1 Disponível em: <https://www.doutoradoemestrado.com.br/nova-edicao/responsabilidade-civil-do-estado-por-atos-jurisdicionais/>. Acesso em: 26 abr. 2020.

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esteja em compasso com os princípios gerais que regem a administração pública. O contrassenso disto é ilegal e deve ser evitado e combatido.

A corrente majoritária da doutrina não faz distinção entre ato administrativo e da administração, sendo suficiente para seus efeitos que esteja eivado de legalidade em sentido amplo. Estabelece-se assim a máxima de que: “se veio da administração é ato administrativo” (grifo nosso). São requisitos ou elementos do ato: sujeito competente ou competência, forma, finalidade, motivo, objeto ou conteúdo.

2.3 NORMAS CONSTITUCIONAIS E INFRA-CONSTITUTUCIONAIS QUE DISCIPLINAM A ATUAÇÃO DAS FORÇAS POLICIAIS BRASILEIRAS

A manutenção e controle das estruturas de segurança pública brasileiras, por mandamento constitucional, são obrigações estatais, possibilitando a participação popular, para a preservação da ordem pública, como prevê o art.144, “caput”, da Constituição Federal de 1988.

Esses serviços se destinam à prevenção, repressão, investigação de delitos, vigilância, polícia de fronteiras e polícia judiciária, em inter-relação sistemática, “in verbis’’:

Art. 144 - A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é

exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis;

V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

§ 1º - A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela

União e estruturado em carreira, destina-se a: (Alterado pela EC-000.019-1998)

I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços

e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;

[...]

§ 4º - Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada

a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.

§ 5º - Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos

corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.

[...]

§ 7º - A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela

segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.

§ 8º - Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus

bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei (BRASIL, 1988).

Por esta baliza constitucional, vemos que o legislador constituinte estabeleceu de forma expressa as atribuições das forças de segurança pública, reservando aos entes federados, Estados e Municípios, a coordenação e o controle dessas entidades policiais e guardas municipais. Tem-se ainda

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outras regulamentações, como regime de previdência e vencimentos, exceto as da Polícia Federal, por razões óbvias.

O Decreto-Lei nº 667, de 2 de julho de 1969, que reorganiza as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, estabelece as estruturas organizacionais dessas instituições, com destaque aos art. 3º e 4º, que definem as suas atribuições de atuação e outras diretrizes, senão vejamos:

DECRETO-LEI Nº 667, DE 2 DE JULHO DE 1969.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando das atribuições que lhe confere o § 1º do artigo

2º do Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968,

Art 1º - As Polícias Militares consideradas fôrças auxiliares, reserva do Exército, serão organizadas na conformidade dêste Decreto-lei.

[...]

Art. 3º - Instituídas para a manutenção da ordem pública e segurança interna nos Estados, nos Territórios e no Distrito Federal, compete às Polícias Militares, no âmbito de suas respectivas jurisdições: (Redação dada pelo Del nº 2010, de 1983)

a) executar com exclusividade ressalvas as missões peculiares das Forças Armadas, o policiamento ostensivo, fardado, planejado pela autoridade competente, a fim de assegurar o cumprimento da lei, a manutenção da ordem pública e o exercício dos poderes constituídos; (Redação dada pelo Del nº 2010, de 1983)

[...]

Art. 4º - As Polícias Militares, integradas nas atividades de segurança pública dos Estados e Territórios e do Distrito Federal, para fins de emprego nas ações de manutenção da Ordem Pública, ficam sujeitas à vinculação, orientação, planejamento e controle operacional do órgão responsável pela Segurança Pública, sem prejuízo da subordinação administrativa ao respectivo Governador. (Redação dada pelo Del nº 2010, de 1983) (BRASIL, 1969).

Pela leitura na alínea “a” do art. 3º do Decreto-Lei nº 667/69, vemos que no tocante à execução da atividade de polícia ostensiva, a norma em referência deixa explícita a atribuição em caráter exclusivo das polícias militares, por meio do policiamento ostensivo fardado, sem prejuízo àquelas missões das forças armadas.

Esses serviços são designados como funções para a segurança pública. A prevenção destina-se a evitar a ocorrência de crimes. A repressão é a pronta providência para a prisão do infrator. A investigação é para fornecer elementos de prova para o desencadeamento da pretensão punitiva estatal na fase pré-processual, cada qual atuando de forma sistemática e direcionada a sua atividade fim, quer seja de prevenção, repressão ou investigativa, apurando os fatos, e objetivando à autoria e materialidade de delitos.

Não bastasse o impasse já instalado entre as forças estaduais, em passado recente entrou em vigor o Estatuto das Guardas Municipais3, inserido também no art. 144, §8º da CF/88, ampliando e definindo as suas missões e atribuições, possibilitando em futuro próximo, potencialmente, atuar também de forma residual na condução de Termos Circunstanciados de Infração Penal, como ocorre

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atualmente com as Polícias Militares e a Polícia Rodoviária Federal, conforme no ilustram os art. 3º, inciso III e 5º, inciso, II, da mencionada norma, que atribui poder de polícia às Guardas Municipais.

2.4 O MODELO DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL COMPARADO

2.4.1 O modelo europeu

Comparativamente ao que se aplica em outros países sobre o mesmo tema, Nardini (2007, p. 1) assim comenta:

Na França, a apuração das infrações penais cabe à polícia judiciária que age sob a direção do Ministério Público. Tão logo tomam conhecimento de uma infração penal, os policiais procuram o Ministério Público a fim de obterem um "visto" para iniciarem as investigações; na Espanha, as investigações preliminares estão a cargo do Ministério Público que tem como auxiliares subordinados à polícia judiciária; em Portugal, a "instrução preparatória" é secreta e fica a cargo do Promotor, estando a polícia judiciária na posição de órgão auxiliar do Ministério Público; nos países da América Latina, a posição do Ministério Público é sempre a de orientador da Polícia na apuração das infrações penais.

2.4.2 O modelo norte-americano

As estruturas de segurança internas dos Estados Unidos possuem atualmente aproximadamente 17.000 agências policiais, divididas em áreas distintas de atribuição, com um contingente de mais ou menos 900.000 mil homens4.

Em todos os níveis de organização política norte-americanos (município, condado, estado e federação) existem organizações policiais, que interagem ainda com outras organizações congêneres autônomas. Dessas 17.000 polícias mais ou menos 15.000 são municipais, sendo a principal protagonista nas ações de controle social daquele país.

Em se tratando de investigação criminal, o Ministério Público tem uma atuação bastante abrangente na condução da investigação desde as primeiras intervenções da força policial, que fará os necessários encaminhamentos ao órgão ministerial de tudo que se apurar no caso concreto.

2.4.3 O modelo atual brasileiro de investigação policial

O modelo brasileiro adota basicamente o Inquérito Policial, na fase pré-processual, como instrumento destinado a obter elementos probatórios do fato, atribuição de autoria e materialidade, através da atuação da polícia judiciária (Civil e Federal).

Finalizada a investigação, as informações colhidas que compõem o inquérito são levadas ao Ministério Público, a fim de que este, se for o caso, promova a ação penal ou requeira o seu arquivamento.

4 Disponível em: <http://www.dpi.policiacivil.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=2335>. Acesso em: 26 abr. 2020.

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É cediço que o modelo atual de investigação criminal aplicado no Brasil, com raras exceções, é ineficiente, servindo em sua essência para aumentar a impunidade dos que transgridem a lei. Pois, na apuração dos delitos, em muitos casos, não se fornecem os elementos de prova necessários para o agente ministerial promover a ação penal e, por consequência, impossibilita a justiça em atribuir culpabilidade ao transgressor. Trata-se um ciclo vicioso e altamente oneroso para a sociedade pagadora de impostos, que não é retribuída pelo poder público à altura de suas necessidades.

As práticas criminosas evoluem em ritmo mais acelerado do que o aparato de segurança estatal possa acompanhar para combatê-lo, eivadas pela profissionalização do crime, tornando os partícipes dessas organizações integrantes de verdadeiras corporações à serviço do crime, cabendo assim uma análise mais apurada por parte do agente público do caminho a ser trilhado, a alcançar o desmantelamento do grupo criminoso.

O parquet, embora sendo o titular exclusivo da ação penal pública, para o exercício de suas funções necessita de suporte probatório mínimo para o ajuizamento da ação penal ou obtenção de medidas cautelares cabíveis ao caso concreto.

As Promotorias de Justiça atuantes na área criminal, na maioria dos casos, iniciam a ação penal baseadas nas preliminares informações em autos de inquéritos policiais que, em juízo, buscam através da ação ministerial, confirmar tais elementos de prova e outros que porventura sejam juntados na instrução processual.

Mas não necessariamente o início da Ação Penal requer a existência do Inquérito Policial, pois um breve relato dos fatos ou um boletim de ocorrência bem elaborados pela Polícia Militar ou por informação originada de qualquer outro órgão público idôneo, podem servir de subsídio para o Ministério Público oferecer a denúncia e/ou requerer medidas cautelares (prisão preventiva, temporária, busca e apreensão, arresto, quebras de sigilo, etc.), que entender pertinentes aos fatos em apuração. Ou ainda, instaurar Procedimento Investigatório Criminal, respaldado na Lei nº 8.625/93 (Lei Orgânica do Ministério Público - LOMP), aplicável a todos os MPs (federal e estaduais), combinado com a Lei Complementar nº 75/93 (Ministério Público da União), como veremos adiante sua dinâmica.

Sabidamente os meios técnicos para a obtenção de provas utilizados atualmente pela grande maioria dos órgãos de polícia judiciária são insuficientes, ineficazes ou inexistentes. Não se observam ações de governo para a mudança desse cenário em termos de investimento e aprimoramentos dos quadros, favorecendo assim o transgressor, que em se tratando de membro de organização criminosa possui lastro financeiro para, por vezes, acompanhar de perto todos os passos das investigações policiais e, em alguns casos, não em regra, desviar a investigação a favor de seus interesses.

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2.5 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA DE ESTADO NO BRASIL

No Brasil, a Inteligência de Estado desenvolveu-se durante o regime republicano, em especial a partir de 1927, e fez parte da história do país, em maior ou menor intensidade, tanto nos períodos democráticos, quanto nas fases de exceção. A atividade de Inteligência caracteriza-se pela identificação de fatos e situações que representem obstáculos ou oportunidades aos interesses nacionais. O levantamento e o processamento de dados e a análise de informações ajuda os governantes a superar obstáculos ou a aproveitar oportunidades. Em todos esses momentos históricos a Inteligência esteve envolvida na produção e na proteção de dados, informações e conhecimentos, sempre a serviço do Estado. Com base na análise da sucessão dos diferentes órgãos de Inteligência da histórica republicana, identificam-se quatro fases da atividade no Brasil5.

Em âmbito federal, a Lei nº 9.883, de 7 de dezembro de 1999, que cria a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) e o SISBIN (Sistema Brasileiro de Inteligência), onde em seu art. 1º ficam estabelecidas as diretrizes basilares desta atividade, senão vejamos:

Art. 1º Fica instituído o Sistema Brasileiro de Inteligência, que integra as ações de planejamento e execução das atividades de inteligência do País, com a finalidade de fornecer subsídios ao Presidente da República nos assuntos de interesse nacional (BRASIL, 1999).

Na mesma esteira, o art. 2º da mesma lei define o conceito de atividade de inteligência, in

litteris:

§ 2º Para os efeitos de aplicação desta Lei, entende-se como inteligência a atividade que objetiva a obtenção, análise e disseminação de conhecimentos dentro e fora do território nacional sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório e a ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado (BRASIL, 1999).

Trazendo esses conceitos e diretrizes da legislação federal, houve necessidade de que os entes federativos organizassem suas estruturas de inteligência para a produção de conhecimento de estado e de segurança pública, na forma como conhecemos atualmente.

As organizações policiais brasileiras, sem exceção, possuem em suas estruturas setores destinados à atividade de inteligência, tanto para fins de controle de público interno, quanto para acompanhar a dinâmica da criminalidade e subsidiar as ações de polícia preventivas e repressivas, possibilitando agir com precisão e amplitude pontual nos infratores da lei.

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2.5.1 O Departamento de Inteligência do Estado do Paraná

No Estado do Paraná, o Decreto nº 5.887, de 15 de dezembro de 2005, criou o DIEP (Departamento de Inteligência do Estado do Paraná), que sofreu alteração em sua estrutura pelo Decreto nº 11.615, de 7 de novembro de 2018, sendo o órgão central do Sistema Estadual de Inteligência de Segurança Pública do Estado do Paraná - SEINSP, com incumbências de planejar, coordenar, executar e integrar as atividades de inteligência de segurança pública destinadas à manutenção da ordem pública, prevenção e controle da criminalidade.

2.5.2 A Atividade de Inteligência na Polícia Militar do Paraná

A Polícia Militar do Paraná, através de ato do Comandante Geral, pela Diretriz n° 001/2005, de 28 abril de 2005, com base nos artigos 4° e 12, 3º, inc. II, da Lei n° 16.575/2010 (Lei de Organização Básica), estabeleceu procedimentos de conduta para os integrantes do sistema de inteligência, regulamentando o Sistema de Inteligência da Polícia Militar do Estado do Paraná (SIPOM/PMPR). Nesta normativa ficam estabelecidos os critérios e a regulamentação da atuação dos policiais militares paranaenses que atuam na atividade de inteligência, disciplinando condutas, atribuições e missões específicas, e limitando níveis de responsabilidades no sistema.

Por critério de distribuição territorial, seguem as mesmas normativas de responsabilidade circunscricional das unidades de área (Comandos Regionais, Batalhões e Companhias PM), vinculados a uma cadeia de comando central através da ACI (Agência Central de Inteligência), que emana doutrina e estabelece normas para a tramitação de documentos sigilos no SIPOM. Cabe a esta a distribuição de informações às agências congêneres de outras organizações da comunidade de inteligência.

Como atividade principal desenvolvida por esses órgãos está a produção de conhecimento para o escalão superior nas necessidades. Ainda atua no controle de público interno, em sintonia com a Corregedoria-Geral, na apuração de desvios de conduta funcionais e outras infrações penais cometidas por militares estaduais.

2.5.3 A atuação da Polícia Militar em conjunto com o Ministério Público

As estruturas de inteligência da PM no Paraná atuam de forma harmônica e coordenada com os demais órgãos que integram o sistema de Segurança Pública, quer sejam federais, estaduais ou ainda municipais. Dentro desta realidade o trabalho de investigação criminal para combate à criminalidade pode ser feito com atuação direta da gendarmerie6 paranaense nestes feitos, amparados por

6 Uma cerdo ou simplesmente guarda (em francês: gendarmerie) é uma força militar, encarregada da realização de funções de polícia no âmbito da população civil. Os seus membros são designados "gendarmes". Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Gendarmaria>. Acesso em: 10. abr. 2020.

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intermédio de instauração do procedimento investigatório criminal (PIC) pelas Promotorias de Justiça Criminais em cada Comarca do Estado.

As informações originadas pelo órgão de inteligência da Polícia Militar são recepcionadas pelo agente Ministerial e, em caso de conter elementos mínimos para a justa causa de agir, instaura-se o Procedimento Investigatório Criminal, instruindo o feito que poderá se tornar futura ação penal. É pratica comum adotada de longa data pelas corporações, que invariavelmente tornam mais céleres as medidas judiciais necessárias a serem aplicadas ao caso concreto, tornando o processo decisório da autoridade jurisdicional mais célere e eficiente no combate ao crime em geral.

Para Santin, a atuação do Ministério Público na condução do trabalho investigatório assim se define:

[...] o ministério público é o principal órgão estatal da persecução criminal e encarregado privativamente do exercício da ação penal, pode investigar crimes praticados por populares, servidores públicos ou por seus membros, em função de investigação típica extrapolicial. A investigação de crimes de seus membros é autorizada expressamente pelos arts. 18, parágrafo único da Lei Complementar Federal nº 75/1993 (MPU) e 41, parágrafo único da Lei nº 8.625/1993 (LONAMP) dos Estados, em continuidade do inquérito policial eventualmente instaurado pela polícia ou por procedimento administrativo instaurado pelo próprio Ministério Público (SANTIN, 2001, p. 45).

Em razão disso, tornou-se imprescindível a criação das Promotorias Criminais Especializadas, também conhecidas como GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado)7. Essas Promotorias têm formação idêntica em vários Estados, que de forma integrada a Grupos Especiais compostos por policiais civis e militares de idônea conduta, juntamente com os Promotores de Justiça, compõe uma força-tarefa atuante no combate às organizações criminosas. A formação da força-tarefa envolvendo Ministério Público e Polícia surgiu também a partir da ineficiência dos inquéritos policiais, que pouco ou nada instruíam a ação penal, prejudicando a persecução penal e agravando ainda mais a crise na segurança pública e a falência institucional dos órgãos policiais encarregados da investigação.

Outro fator que torna imprescindível a presença direta do Ministério Público na condução de procedimentos investigatórios no combate ao crime organizado é a difícil situação da estrutura de investigação da Polícia Judiciária em ter como alvo pessoa influente e com trânsito nos poderes da administração pública.

7 Decreto Estadual nº 10.296, de 26 de fevereiro de 2014, regulamentando atividade do GAECO (Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado.

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O crime organizado só se estabelece se estiver em simbiose com certas parcelas do poder público. Não há como negar que o poder político ou econômico do investigado acaba abalando o sucesso da investigação policial, na forma como se opera atualmente.

Primeiramente porque a autoridade policial não goza das mesmas garantias e prerrogativas do Ministério Público como a inamovibilidade e vitaliciedade, podendo ser movimentada a qualquer momento por designação de seu superior hierárquico, em face da investigação realizada ou outros interesses menos republicanos.

Segundo, porque invariavelmente há a participação de autoridades em vários níveis na estrutura do crime organizado.

Estas atividades investigativas, em boa parte, foram desenvolvidas em parcerias entre a Polícia Militar, Ministério Público, Polícia Civil e Polícia Federal (força tarefa), que objetivaram a identificação de suspeitos, apreensão de drogas e armas, captura de criminosos e formação de prova em ações penais nas diversas instâncias judiciais.

Com isso não se busca reduzir o poder dos órgãos policiais. Ao contrário, haverá sim fortalecimento da atuação policial em apoiar-se nas melhores e mais sólidas garantias do Ministério Público, não se submetendo às pressões de qualquer natureza, pois na atualidade esta prática é inegável, face ao atrelamento dos órgãos policiais ao poder executivo.

2.5.4 Posições da doutrina sobre tema

O ilustre professor Tourinho Filho, sobre o tema, assim se manifesta:

O inquérito é necessário, porquanto através dele se colhem os elementos indispensável à propositura da ação penal. Todavia, não é necessariamente indispensável. Se o titular da ação penal tiver em mãos os elementos imprescindíveis para ingressar em juízo com a denúncia ou queixa, para quê inquérito? Seria uma superfetação. Vejam-se, a propósito, o § 5º, do art. 39 e o § 1º do art. 46 do CPP. De fato, se o inquérito é apenas uma informatio delicti para possibilitar ao titular da ação penal sua propositura, é claro que, se o titular do jus persequendi in judicio tiver em mãos os elementos que o habilitam a ingressar em juízo, torna-se ele desnecessário (TOURINHO FILHO, 1988, p. 12).

Nesta mesma banda alguns estudiosos do mundo jurídico defendem essa posição, de que as ações dos órgãos do Estado, por suas corporações de segurança, precisam ser céleres, como se manifestam diversos doutrinadores, tais como: Hugo Nigro Mazzilli (1995), Julio Fabbrini Mirabete (2000), Valter Foleto Santin (2001), Hélio Bicudo (2005), entre outros.

Para Lazzarini (1999, p. 21) “A exegese do artigo 144 da Carta Republicana, na combinação do “caput” com seu § 5º, deixa claro que na preservação da ordem pública, a competência residual

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de exercício de toda atividade policial de segurança pública, não atribuída aos demais órgãos, cabe a Polícia Militar”.

Na definição de Rosa (2010, p. 76), “a ordem pública se constituiria na tentativa de se chegar à paz e harmonia, evitando assim, a violência, o terror, a intimidação e os antagonismos deletérios”.

2.6 FUNDAMENTOS LEGAIS E CONSTITUCIONAIS DO PROCEDIMENTO

INVESTIGATÓRIO CONDUZIDO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO APOIADO PELA POLÍCIA MILITAR E/OU OUTROS ÓRGÃOS

Dentre as normas vigentes que embasam e justificam a investigação conduzida pelo Ministério Público, temos o art. 129, inc. VI, da Constituição Federal de 1988, que trata das funções específicas e institucionais do Ministério Público8.

Indiscutivelmente, os dispositivos constitucionais não conferem exclusividade às polícias o poder de investigação, embora esse fosse seu desejo. A breve leitura do art. 144 § 4º da Constituição Federal de 1988 nos mostra como o legislador constitucional tratou essa questão.

Se considerássemos existir exclusividade na apuração de infrações penais, não haveria referência de exceção no caso das infrações tipicamente militares, ou das comissões parlamentares de inquérito, pois estas possuem amparo em legislação própria, assim fora do alcance circunscricional da polícia judiciária civil. Portanto, admite-se que não houve por parte do constituinte a intenção de conceder às polícias civis privativamente as funções de polícia judiciária.

2.6.1 Da prova ilícita

Quanto à chamada prova ilícita, ou ilicitamente obtida, entende-se por aquela “colhida com infração a normas ou princípios de direito material – sobretudo de direito constitucional” (AVOLIO, 2003, p. 43), para cuja violação é o próprio direito material que estabelece as correlatas sanções, como no caso das penais, além da própria inadmissibilidade para instrução de processos.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre o assunto decidiu no seguinte sentido:

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO

ORIDINARIO-TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL- ATOS INVESTIGATÓRIOS REALIZADOS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO – VALIDADE - ORDEM DENEGADA.

São válidos os atos investigatórios realizados pelo Ministério Público, que pode requisitar informações e documentos para instruir seus procedimentos

8 Art. 129 - São funções institucionais do Ministério Público:

VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;

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administrativos, visando oferecimento da denúncia. Ordem denegada. Por unanimidade, denegar a ordem. (Superior Tribunal de Justiça. HC 7445-RJ; Habeas Corpus (1998.0032251-5), 5ª Turma, Relator Min. Gilson Dipp, j. em 1.12.98, STJ000245017 DJ 1.12.99, p. 218, JSTJ vol. 15, p. 315 e vol.3, p.307; RMP vol.9, p.449, RSTJ vol.131, p. 313; RT vol.764, p. 507).

Há um entendimento comum de que o Ministério Público, respaldado em previsões legais para atuação na esfera criminal (Lei nº 8.625/93 - Lei Orgânica do Ministério Público, e art. 24 e 27 do Código de Processo Penal), pode instaurar procedimento administrativo autônomo para investigar fatos ilícitos e seus autores, por via de notificações ou requisições de diligências, documentos e perícias, para formação do convencimento sobre o desencadeamento da ação penal ou o arquivamento do caso.

De tal sorte, sucumbe o argumento das posições contrárias à atuação das Polícias Militares, apoiando o Ministério Público na condução dos trabalhos de procedimentos investigatórios de natureza criminal, a contrassenso dos defensores da corrente doutrinária positivista literal das normas. Em uma visão mais moderna acerca do tema, tem-se como verdade aparente a não exclusividade de atuação de um ou outro órgão, mas sim atribuição concorrente ou cooperante.

2.7 O MONOPÓLIO DA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL PELA POLÍCIA JUDICÁRIA

Como imperativo constitucional, os serviços de segurança pública são obrigações do Estado, possibilitando a participação popular visando à efetiva preservação da ordem pública, a incolumidade e o patrimônio do cidadão, como prevê o art.144, caput, da Constituição Federal de 1988.

Para Nardini (2007, p. 2) a questão de privatividade da atuação da polícia na condução de investigação criminal é assim referenciada:

A Constituição, ao estabelecer a atribuição da polícia civil não disse que a investigação de ilícitos penais lhe cabe de maneira privativa. Daí concluirmos, sem maior esforço intelectual, que as investigações criminais podem ser presididas por outros órgãos sem que a Constituição seja ferida. A nossa Carta Magna diz que as funções de Delegado de Polícia devem ser exercidas por integrantes da carreira, mas isso não significa que só ao Delegado cabe a tarefa de investigar crimes. Diz, sim, que para ser Delegado de Polícia é necessário o ingresso na respectiva carreira, fato que veda a possibilidade do cargo ser exercido pelos "delegados calça curta", ou seja, por pessoas estranhas à carreira. Os "delegados calça-curta" acabam por diminuir a imagem já tão desgastada do Delegado de Polícia e representam uma desvalorização da categoria que deve ser combatida.

Portanto, por esse prisma vemos que as polícias judiciárias não possuem a alardeada exclusividade na realização de investigação criminal. Tanto que as inúmeras ações penais em andamento nas diversas esferas judiciais contemplam outras formas de obtenção dos indícios mínimos de autoria e materialidade em desfavor dos réus na instrução processual, validando os procedimentos adotados e elevando-os à condição fundamental de prova na jurisdição.

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O reconhecimento do monopólio investigatório da polícia não se alinha ao mandamento constitucional vigente, que prevê o poder investigatório das comissões parlamentares de inquérito (art. 58, § 3º)9, o direito do povo de participar dos serviços

de segurança pública (art.144, caput), função na qual a investigação criminal se inclui (art. 144, § 1º, I e § 4º), o acesso ao judiciário (art. 5º, XXXV), o princípio da igualdade (art. 5º, caput e inciso I), e sobretudo a incumbência do Ministério Público de instaurar a ação penal, que tem como pressuposto válido a investigação criminal (art. 129, I, III e VI).

Nesse mesmo diapasão Mazzilli, mostra com propriedade:

De um lado enquanto a constituição deu exclusividade à Policia Federal para desempenhar as funções de polícia judiciária da união, o mesmo não se fez quanto a polícia estadual (cf art 144, § 1º, IV, e § 4º) de outro, o ministério público tem poder investigatório previsto na própria constituição, poder este que não está obviamente limitado a área na penal (art 129, VI e VIII). Seria um contra-senso negar ao único órgão titular da ação penal pública, encarregado de formar a “opinio delicti” e promover em juízo a defesa do “jus puniendi” do Estado soberano [...], a possibilidade de efetivar [...] investigação direta de infrações penais, quando isto se faça necessário (MAZZILLI, 1995, p. 228).

Ainda o ilustre professor Nelson Nery Jr., sobre a questão define assim:

O termo investigação criminal alcança tanto o inquérito policial como qualquer outro procedimento administrativo instaurado pela autoridade (por exemplo, inquérito administrativo ou no âmbito do Ministério Público para a apuração de infração penal), a fim de averiguar a existência de fato típico caracterizado como crime ou contravenção penal (NERY JR, 1995, p.148).

O poder investigatório do Ministério Público vem sendo questionado em inúmeras Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIN), principalmente por órgãos representativos de classes policiais.

Sobre a legitimidade para conduzir investigação criminal, a jurisprudência é majoritária admitindo que não é exclusividade das polícias judiciárias, neste sentido o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que:

9 Art 58, § 3º CF – As comissões parlamentares de inquérito, que terão poder de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal em conjunto ou separadamente [...], sendo suas conclusões se for o caso encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

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HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIMES CONTRA O SISTEMA

FINANCEIRO NACIONAL. PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE

FUNDAMENTAÇÃO. EXCESSO DE PRAZO. REVOGAÇÃO DEFERIDA NA ORIGEM. PREJUDICIALIDADE. TRANCAMENTODA AÇÃO PENAL. ATOS INVESTIGATÓRIOS PRATICADOS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. POSSIBILIDADE. TITULAR DA AÇÃO PENAL E DISPENSABILIDADE DO INQUÉRITO POLICIAL. (HC 29159/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 04.12.2003, DJ 19.12.2003. 529.

Também o Supremo Tribunal Federal (STF) manifestou-se em idêntico sentido:

PENAL E PROCESSO PENAL – CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO – CRIME DE "LAVAGEM" – INÉPCIA DA DENÚNCIA –CERCEAMENTO DE DEFESA –IMPEDIMENTO DE PROCURADORES PARA O OFERECIMENTO DA DENÚNCIA – PROVAS ILÍCITAS – INOCORRÊNCIA. – (HC 18060/PR, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, QUINTA TURMA, julgado em 07.02.2002, DJ 26.08.2002 p. 271.

O renomado doutrinador José Cretella Júnior10, no ensaio “Polícia Militar e Poder de Polícia no Direito Brasileiro”, assim escreve em relação à polícia administrativa: “a polícia administrativa é também denominada polícia preventiva. Exerce atividade a priori, antes dos acontecimentos, procurando evitar que as perturbações se verifiquem”.

Em diversos julgados da Corte Suprema brasileira o conceito de ordem pública fica amplamente definido, quando se assevera que a espinha dorsal do conceito se funda em aspectos tanto de repressão quanto de prevenção. Assim temos que, de forma residual, a Polícia Militar quando exerce atividade típica de polícia judiciária não está por usurpar funções da Polícia Civil, mas agindo de forma concorrente, pois o inquérito policial não é a única via possível de investigar crimes, senão vejamos a manifestação do eminente Ministro Eros Grau:

O que caracteriza a sociedade moderna, permitindo o aparecimento do Estado moderno, é, por um lado, a divisão do trabalho; por outro, a monopolização da tributação e da violência física. Em nenhuma sociedade na qual a desordem tenha sido superada, admite-se que todos cumpram as mesmas funções. O combate à criminalidade é missão típica e privativa da Administração (não do Judiciário), através da polícia, como se lê nos incisos do art. 144 da Constituição, e do Ministério Público, a quem compete, privativamente, promover a ação penal pública (art. 129, I).” (HC 95.009, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 6-11-2008, Plenário, DJE de 19-12-2008.)

Nesta mesma banda o eminente Ministro Ayres Brito assim se manifestou:

10 Disponível em: <www.pmpr.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=665>. Acesso em: 8 abr. 2020.

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O conceito jurídico de ordem pública não se confunde com incolumidade das pessoas e do patrimônio (art. 144 da CF/1988). Sem embargo, ordem pública se constitui em bem jurídico que pode resultar mais ou menos fragilizado pelo modo personalizado com que se dá a concreta violação da integridade das pessoas ou do patrimônio de terceiros, tanto quanto da saúde pública (nas hipóteses de tráfico de entorpecentes e drogas afins). Daí sua categorização jurídico-positiva, não como descrição do delito nem cominação de pena, porém como pressuposto de prisão cautelar; ou seja, como imperiosa necessidade de acautelar o meio social contra fatores de perturbação que já se localizam na gravidade incomum da execução de certos crimes. Não da incomum gravidade abstrata desse ou daquele crime, mas da incomum gravidade na perpetração em si do crime, levando à consistente ilação de que, solto, o agente reincidirá no delito. Donde o vínculo operacional entre necessidade de preservação da ordem pública e acautelamento do meio social. Logo, conceito de ordem pública que se desvincula do conceito de incolumidade das pessoas e do patrimônio alheio (assim como da violação à saúde pública), mas que se enlaça umbilicalmente à noção de acautelamento do meio social. (HC 101.300, Rel. Min. Ayres

Britto, julgamento em 5-10-2010, Segunda Turma, DJE 18-11-2010).

Interessante a observação feita por Fabris (1986, p. 135), [...] “forçoso é reconhecer que o sistema adotado em nosso país deixa muito a desejar quanto à eficácia e agilidade das investigações”.

Para Santin, a investigação criminal tem a seguinte finalidade:

[...] atividade de investigação criminal destina-se ao fornecimento de elementos mínimos sobre a autoria e a materialidade do delito, para a formação da “opinio delicti” do Ministério Público, o desencadeamento ou não da ação penal pública e o embasamento para o recebimento da denúncia e concessão de medidas cautelares pelo juiz. Também serve para embasar a queixa-crime da vítima nos crimes de ação privada ou ação penal subsidiária. (SANTIN, 2001, p. 51-69).

Essa liturgia apresenta aspectos fáticos de que a atividade de investigar é a célula mater para a persecução criminal, norteando os tortuosos caminhos da busca da verdade real que alimentam o processo penal na aplicação da lei, às condutas penais típicas perpetradas por qualquer pessoa, que mereçam a reprimenda do estado em caráter retributivo, essência do direito penal ao longo dos tempos.

2.8 O CICLO COMPLETO DE POLÍCIA NOS DELITOS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO

2.8.1 Aspectos fundamentais da Lei nº 9.099/95

Com o advento da Lei nº 9.099/9511, que criou os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, a dinâmica de atuação das forças de segurança aumentou significativamente. Essa prática ocorre em diversas unidades da federação, por via de provimentos dos Tribunais de Justiça estaduais, em que se conferem e reconhecem indiretamente atribuição de polícia judiciária às Polícias Militares, na apuração de delitos dessa natureza.

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No Estado do Paraná o provimento nº 34/2000 do Tribunal de Justiça, considerando a necessidade de atender à demanda reprimida de fatos delituosos sem a necessária apuração pela polícia judiciária, passou a recepcionar termos circunstanciados elaborados pela Polícia Militar. Assim, conferiu-se à instituição militar competência para adotar as providências de polícia judiciária em delitos de menor potencial ofensivo, cometidos por cidadãos comuns.

Para melhor entendimento das repercussões e debates sobre o tema trazemos a baila destaques de um artigo disponível no sítio da internet12, elaborado pelo advogado paranaense e professor Dr. Elias Mattar Assad, incondicionalmente contra esta realidade, como vemos adiante:

Após edição da lei dos Juizados Especiais, surgiu a controvérsia, até hoje não resolvida definitiva e convincentemente pelo Judiciário, se a Policia Militar pode, validamente, lavrar "termo circunstanciado" da Lei 9.099/95. O artigo 69 da referida lei é assim redigido: "A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado..." O TJSP, ampliando o que está na lei, através do Provimento 806/03, decidiu aceitar o termo circunstanciado lavrado pelo policial militar entendendo que "considera-se autoridade policial apta a tomar conhecimento da ocorrência e

a lavrar termo circunstanciado, o agente do poder público, investido legalmente para intervir na vida da pessoa natural, que atue no policiamento ostensivo ou investigatório".

A Corregedoria do TJPR, pelo provimento n.º 34/2000, foi mais explícita na ampliação e formulou que: "a autoridade policial, civil ou militar, que tomar conhecimento da ocorrência, lavrará termo circunstanciado..." entendimentos estes seguidos por Santa Catarina, Rio Grande do Sul, entre mais Unidades da Federação. Em 1998, quando defendia interesses de um acusado, tive a oportunidade de impetrar "habeas corpus" perante o STJ (n.º 7.199/PR reg. 98.0019625-0) sustentando a ilegalidade do ato da lavratura de TC pela PM. [...] A começar pela ementa: "Penal. Processual Penal. Lei n.º 9.099/95. Juizado Especial Criminal. Termo Circunstanciado e notificação para audiência. Atuação de Policial Militar. Constrangimento Ilegal. Inexistência. Nos casos de prática de infração penal de menor potencial ofensivo, a providência prevista no art.69, da Lei n.º 9.099/95, é da competência da autoridade policial, não consubstanciando, todavia, ilegalidade a circunstância de utilizar o Estado o contingente da Polícia Militar, em face da deficiência dos quadros da Polícia Civil. Habeas denegado". Voto. O Exmo Ministro Vicente Leal (relator): "sustentam os impetrantes que o paciente foi vítima de constrangimento porque, tendo sido acusado de prática de infração de menor potencial ofensivo, a lavratura do termo circunstanciado e a notificação para comparecer em Juízo foi efetuado por autoridade da Polícia Militar. [...]. Bateu-nos uma tristeza quando da leitura do acórdão. Em primeiro lugar por tornar ainda mais obscura a matéria, dando a entender que em lugares em que não há pessoal da polícia civil ("em face da deficiência dos quadros...") poderia a PM lavrar TC.

Pasmem todos, pois o lugar da lavratura do TC impugnado foi Guaratuba Paraná, em plena temporada de veraneio e com a "Operação Verão" da Polícia Civil do Estado do Paraná em funcionamento, ou seja, o que menos faltava no lugar eram Delegados da Polícia Civil. Aliás, a Associação Estadual dos delegados de Polícia do Estado do Paraná tem sua sede litorânea justamente naquela cidade. Pelo acórdão do STJ, com o qual discordamos frontalmente pois competência funcional é matéria de ordem pública, a PM somente pode lavrar TC onde não tenham Delegados ou Delegacias da Polícia Civil?

De outra banda, no ensinamento do doutrinador Tourinho Filho, o Termo Circunstanciado “deve conter a qualificação dos envolvidos e de eventuais testemunhas, se possível com a indicação

12 Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura& artigo_id=5154>. Acesso em: 4 abr. 2020.

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dos números de seus telefones, uma súmula de suas versões e o compromisso que as partes assumiram de comparecer perante o Juizado” (TOURINHO FILHO, 2000, p. 67).

Este “boletim de ocorrência”, lavrado pela autoridade policial, seja civil ou militar, despido de inúmeras formalidades que o Inquérito Policial exige, é encaminhado ao Juizado Especial Criminal competente.

Nas palavras de Gonçalves, “a finalidade do termo circunstanciado é a mesma do inquérito policial, mas aquele é realizado de maneira menos formal e sem a necessidade de colheita minuciosa de provas” (GONÇALVES, 1998, p. 19).

O Termo Circunstanciado é, pois, não só um expediente que substitui o arcaico inquérito policial, mas também um mecanismo pré-processual que visa a atender todos os princípios norteadores da Lei nº 9.099/95, expressos no seu art. 2º (princípios da oralidade, da simplicidade, da informalidade, da economia processual e da celeridade).

2.8.2 Aspectos processuais da prisão em flagrante e liberdade mediante fiança arbitrada pela autoridade policial

Em um plano mais abrangente do conceito de autoridade policial vemos que as alterações produzidas pela Lei nº 12.403/11, que alterou o art. 322 do CPP e outros dispositivos do mesmo diploma legal, ampliou as possibilidades de o Delegado de Polícia arbitrar fiança em caso de prisão em flagrante, para os delitos com pena máxima cominada de até 04 anos, independente do regime (detenção ou reclusão), se não houver outros impeditivos que inviabilizem essa medida, previstos nos art. 323 e 324 também do CPP.

Importante se faz referenciar essa mudança legislativa, que trouxe luz a uma oportunidade de discussão sobre a ampliação do conceito de autoridade policial para que esse poder de polícia seja extensivo às polícias militares, visto que a maioria absoluta dos delitos previstos no Código Penal possui penas cominadas dentro desse limite legal. Assim tal qual se faz na confecção do Termo Circunstanciado para delitos de menor potencial ofensivo, poderiam ser ampliados também para esses casos em comento, que invariavelmente não demandam muita estrutura de apoio na produção da materialidade para a configuração do fummus comicci delicti.

Trazendo a situação para os casos em concreto, quem apresentar o conduzido à autoridade policial, em primeira avaliação precisa verificar se é cabível a prisão em flagrante delito, com base no art. 302 do CPP. Configurado o fato típico far-se-á a adequação do delito praticado pelo suspeito/conduzido à norma incriminadora, sempre observando o limite da pena máxima em abstrato – até 04 anos –, condição sine quo non para proceder ou não ao arbitramento da fiança no nível de competência da autoridade policial.

(19)

De tal forma, as Polícias Militares poderiam atuar na condução desses feitos, adequando-se estruturalmente para viabilizar a logística e o pessoal necessários, considerando que não há gestão de presos e, outras condicionantes que inviabilizem esta mudança de atribuição, ou seja apenas mudança na legislação estendendo aos policiais militares encarregados das diligências ao mesmo status de autoridade policial distinguida dos Delegados de Polícia.

3 CONCLUSÃO

Como fruto de uma desorganização social em amplo crescimento, em que as oportunidades são relegadas a uma pequena parcela da população brasileira, isso por falta de políticas públicas de inclusão social, é inegável que no campo da segurança pública as consequências dessa ausência do poder público são mais evidentes.

Há uma grande preocupação por parte de algumas entidades, sejam governamentais ou não, exigindo do Estado a adoção de medidas concretas de combate às causas do problema de insegurança que vivemos atualmente, através da aplicação correta e proporcional dos recursos públicos nas áreas de interesse social e de uma efetiva política de controle social. Aliadas a esta máxima, vislumbra-se a aplicação rigorosa das leis àqueles que cometem delitos, para que não tenham a certeza da impunidade e da ineficácia da aplicação das leis.

Concluímos, portanto, que na situação atual temos como imprescindível e legítima a participação do Ministério Público na condução da investigação criminal, quer na supervisão do trabalho da polícia judiciária, ou por intermédio de Procedimentos Investigatórios próprios. Os meios de atuação do Estado utilizados para antecipação prevenindo o crime, ou apurando infrações penais através dos órgãos de repressão, são absolutamente insuficientes, não sendo viável admitir que o titular da ação penal não possa atuar diretamente na condução dos trabalhos investigativos.

Assim, se vive a exceção e as Polícias Militares, principalmente, podem exercer um papel fundamental de atendimento a essas demandas com as ferramentas, expertise e material humano que possui nas suas agências de inteligência. Que se diga, possuem maior acervo de informações e banco de dados sobre criminalidade em seus Estados, à disposição da justiça e do bem comum.

Ainda estamos longe de pleno êxito no campo da investigação criminal para a apuração de crimes. Os órgãos encarregados da investigação devem ter maiores garantias de estabilidade e independência funcional em relação ao Poder Executivo. As pressões e ingerências em muitos casos são evidentes no direcionamento dos resultados do que se busca apurar e, neste caso, a aproximação do Ministério Público das instituições policiais diminui sensivelmente esta realidade, não deixando de existir intercorrências por óbvio, visto que o próprio Ministério Público não é o último ”bastião” de ética da sociedade e não está imune a esta realidade. Suas mazelas internas, por vezes, também

(20)

conduzem a resultados diversos do esperado pela sociedade, mas em parcela infinitamente menor, e cercadas pelas sólidas garantias funcionais que possuem seus membros.

O aumento da criminalidade submete a sociedade a um temor constante, pois nesta situação de exceção o Estado, por si, não é suficientemente competente no controle da criminalidade, necessitando de toda a colaboração e empenho da sociedade organizada e principalmente das instituições públicas.

A própria constituição federal estabelece que não fugirá à análise da justiça toda e qualquer demanda que busque garantir o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, repelindo lesão ou ofensa ao direito, revertendo decisões que sejam conflitantes com a lei (BRASIL, 1988).

Essa mudança de postura precisa ser buscada e o poder público precisa sim, independente de seu viés político/ideológico, priorizar a busca da boa administração dos recursos públicos, dotando seus entes de diretrizes concretas, pautadas na legalidade e moralidade. Queremos com este singelo trabalho acadêmico demonstrar que ‘todo poder deve ter equilíbrio e controle’, seja interno ou externo, que possa manter a máquina estatal em condições mínimas de adequação às necessidades do povo.

Assim recomenda-se que a administração pública mantenha constante aprimoramento de seus quadros, evitando a nociva prática do desserviço, bem como de elevados custos para ajustes na reversão de medidas administrativas mal instruídas sob a ótica de legalidade, e ineficientes para os fins que se destinam, por não encontrar supedâneo na norma constitucional.

Para a sociedade em geral, disputas internas e vaidades entre instituições não são aceitáveis para justificar a ineficiência da máquina estatal. Já diz o ditado popular: “não importa a cor do gato,

o que importa é que ele coma o rato” (grifo nosso). Por óbvio que o exercício do poder é

prerrogativa de quem o detém. A discussão central do tema deste artigo buscou clarear a mitigação da competência de atividade de polícia judiciária nas estruturas de segurança brasileiras, que nos dias atuais é uma realidade inegável e legitimamente aceita.

Por derradeiro, para que essas divergências de caráter institucionais sejam bem dirimidas, enquanto uma não suporta a demanda e a mantém reprimida, deve-se aceitar que a outra, com maior capilaridade e estrutura, faça algo para atender ao clamor público.

Que sob a ótica da própria justiça, nada de ilegal comete, atuando residualmente na condução de atividades típicas de polícia judiciária, “in casu” elaboração de TCIPs ou atuando em conjunto com o Ministério Público em casos mais complexos, tanto de assuntos de desvios de conduta internos da corporação, quanto na criminalidade comum ou com estruturas criminosas organizadas, como restou demonstrado.

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REFERÊNCIAS

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_____. STF. Súmula nº 473 - 03/12/1969 - DJ de 10/12/1969, p. 5929; DJ de 11/12/1969, p. 5945;

DJ de 12/12/1969, p. 5993. Republicação: DJ de 11/6/1970, p. 2381; DJ de 12/6/1970, p. 2405; DJ de 15/6/1970, p. 2437.

BICUDO, Hélio. O Ministério Público e a investigação criminal. Revista da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo. São Bernardo do Campo, SP, v. 9, n. 11, 2005, p. 171.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 23. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2010. FABRIS, Sergio Antônio. O Ministério Público e a Polícia Judiciária: relações formais e desencontros materiais. In: Ministério Público, Direito e Sociedade. Porto Alegre, 1986, p. 135.

HOUAISS. Dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Editora Objetiva, 2001.

KANT, Immanuel. A fundamentação da metafísica dos costumes. Tradução Edson Bini. In: A

Doutrina Universal do Direito. São Paulo: Edipro, 2003.

MAZZILLI, Hugo Nigro. Regime jurídico do Ministério Público. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1995. MIRABETE, Julio Fabbrini. Código de processo penal interpretado. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2000. NARDINI, Maurício José. Investigação criminal presidida por promotor de justiça: admissível,

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SANTIN, Valter Foleto. O Ministério Público na investigação criminal. Bauru: Edipro, 2001. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Comentários à Lei dos Juizados Especiais Criminais. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 67.

Referências

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