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RELATÓRIO E CONTAS. Estes são os nossos números. Testemunho de um projeto construído por pessoas, para pessoas.

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Academic year: 2021

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(1)

Testemunho de um projeto construído

por pessoas, para pessoas.

(2)
(3)

NÚMEROS.

TESTEMUNHO

DE UM PROJETO

CONSTRUÍDO

POR PESSOAS,

PARA PESSOAS.

(4)

DAS ATIVIDADES

ASSOCIATIVOS

DO PRESIDENTE

13 20 22 3.1. Contexto Macroeconómico 3.2. Quadro Demográfico e Social 3.3. Quadro Regulatório da Economia Social

VALORIZAÇÃO

DAS RELAÇÕES

ASSOCIATIVAS

E DIFUSÃO

DO MUTUALISMO

ATIVIDADE

ASSOCIATIVA

59 62 8.1. Base de Associados 8.2. Desenvolvimento da Oferta Mutualista

EVOLUÇÃO

DO BALANÇO

E RESULTADOS

65 66 76 78 80 82 9.1. Política de Investimentos e Gestão dos Riscos

9.2. Evolução e Composição do Ativo

9.3. Passivo e Situação Líquida 9.4. Receitas Associativas 9.5. Benefícios Vencidos e Reembolsos 9.6. Resultados

42

58

64

RELATÓRIO

E PARECER

DO CONSELHO

FISCAL

186 187 207 211

ANEXOS

179

185

14.1. Declaração sobre a Política de Remuneração dos Membros dos Órgãos de Administração e de Fiscalização para 2016 14.2. Relatório Atuarial das Modalidades Associativas 14.3. Imputação de Custos Administrativos pelas Modalidades Associativas e Rendas 14.4. Demonstração de Resultados das Modalidades Associativas, Rendas e Outros Fundos

14.5. Distribuição de Resultados das Modalidades Associativas e Rendas e Rendimento de Benefícios 14.6. Carteira de Imóveis da Associação Mutualista 14.7. Carteira de Títulos da Associação Mutualista 14.8. Contas das Fundações

221

235 244 250

(5)

PROPOSTAS

PRINCIPAIS

ENTIDADES

DO UNIVERSO

MONTEPIO

DEMONSTRAÇÕES

FINANCEIRAS,

NOTAS

EXPLICATIVAS

E CERTIFICAÇÃO

LEGAL DE CONTAS

84

95

100

(6)

MESA DA ASSEMBLEIA GERAL

PRESIDENTE

VITOR JOSÉ MELÍCIAS LOPES Jurista

Associado nº 33 151-5

1º SECRETÁRIO

ANTÓNIO PEDRO DE SÁ ALVES SAMEIRO Advogado

Associado nº 31 560-9

2º SECRETÁRIO

ANTÓNIO DIAS SEQUEIRA Economista

Associado nº 45 139-8

A composição dos órgãos eleitos para o triénio 2016-2018 e que iniciaram funções no dia 6 de janeiro de 2016 é a seguinte:

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

PRESIDENTE

ANTÓNIO TOMÁS CORREIA Jurista

Associado nº 38 670-6

VOGAIS

CARLOS VICENTE MORAIS BEATO Gestor

Associado nº 44 857-6

FERNADO LOPES RIBEIRO MENDES Economista

Associado nº 191 752-7

VIRGÍLIO MANUEL BOAVISTA LIMA Gestor

Associado nº 32 309-9

MIGUEL ALEXANDRE TEIXEIRA COELHO Economista

(7)

VOGAIS

MANUEL RUI DOS SANTOS CASEIRÃO Economista

Associado nº 132 285-3

ISABEL CIDRAIS GUIMARÃES Gestora

Associado nº 44 194-2

CONSELHO GERAL

EFETIVOS

MARIA MANUELA DA SILVA Economista

Associado nº 71 464-0

ANTÓNIO GONÇALVES RIBEIRO General

Associado nº 30 988-0

AMADEU FERREIRA DE PAIVA Economista

Associado nº 39 124-1

Associado nº 397 063-0

ALBERTO JOSÉ DOS SANTOS RAMALHEIRA Economista

Associado nº 44 630-3

ALFREDO JORGE ALVES GOMES DE SÁ Gestor

Associado nº 636 752-5

ANTÓNIO GUIMARÃES PIMENTA

Diretor do Montepio na situação de reforma Associado nº 28 223-7

MARGARIDA MARIA SIMÕES CHAGAS LOPES Doutorada em Economia

Associado nº 105 360-1

JOSÉ CARLOS CORREIA MOTA ANDRADE Engenheiro Civil

Associado nº 37 305-2

CARLOS MANUEL MELO GOMES AREAL Trabalhador Bancário

Associado nº 35 170-2

MARIA EDUARDA DA SILVA SOARES RIBEIRO Economista

(8)

e solidária orientado

a um desenvolvimento

inclusivo, justo

e sustentável.”

António Tomás Correia

Presidente da Associação Mutualista Montepio

António Tomás Correia

Presidente da Associação Mutualista Montepio

(9)

Em 2015, o desempenho do Grupo Montepio continuou condicionado pelo quadro de debilidades e dificuldades decorrentes da prolongada crise, de contornos inéditos, que se tem vivido com particular incidência no nosso país, desde 2011, afetando o setor financeiro, especialmente os setores bancário e segurador.

Apesar de sinais de retoma da atividade económica, ainda se sentem os efeitos da recessão que se prolongou por três anos, no decurso do programa de ajustamento orçamental e de assistência económica e financeira ao país. Persistem condições financeiras débeis nas empresas e nas famílias e elevados níveis de desemprego. As exportações, que estavam a contribuir para o crescimento da produção desde 2014, evidenciaram algum abrandamento, fruto da acentuada desaceleração da atividade de alguns dos países de destino dos nossos produtos e serviços. Resultado das opções da política monetária europeia de natureza expansionista, o valor dos ativos e as taxas de juro mantêm-se em queda, com os principais referenciais de mercado para as operações bancárias (Euribor a 3 e a 6 meses) a atingir valores negativos, situação inédita na história recente.

Em paralelo, o setor tem-se confrontado com crescentes requisitos de liquidez e de capital e outros custos associados à adoção do regime de Basileia III e à construção da União Bancária, no caso do setor bancário, e do regime de Solvência II respeitante à atividade seguradora.

Neste quadro têm-se colocado desafios e obstáculos, nem sempre superados pelo sistema, acabando por provocar efeitos sobre a pedra basilar da confiança nas instituições. Consequentemente, o mercado apresenta--se com tendência para uma maior concentração mas, sobretudo, mais vulnerável à penetração de conglomerados multinacionais.

Cremos, contudo, que a economia e a sociedade nacional precisam de entidades de raiz, capitais e orientação portuguesas, que conheçam e sintam os problemas e as necessidades do país, e, sobretudo, que sejam diferentes na sua matriz e finalidades, com uma capacidade com-petitiva centrada nos valores de relacionamento com as pessoas.

O país precisa de uma economia social forte que preencha lacunas e ajude a resolver problemas reais, providenciando soluções privadas, justas e equilibradas, de previdência complementar individual, de equipa-mentos sociais e serviços no domínio da saúde, como as que o Montepio tem vindo a prestar e se propõe desenvolver no seu programa de trabalho para o triénio em curso.

O desempenho da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) tem sido particularmente condicionado pela realidade descrita, registando resultados negativos em 2015, em função do processo de desalavancagem e redução das taxas de juro, com impacto na diminuição da margem financeira, aliada à necessidade do reconhecimento adicional de imparidades para cobertura de riscos de crédito e desvalorização de ativos. Não obstante, a CEMG conseguiu ultrapassar inúmeros desafios, obtendo um assinalável reforço dos níveis de liquidez, em linha com os novos requisitos de rácio de liquidez (LCR – Liquidity Coverage Ratio) que passaram a ser exigidos desde outubro de 2015.

A estrutura governativa da CEMG conheceu novos desenvolvimentos em 2015, no sentido da sua maior especialização, na sequência de alterações estatutárias aprovadas em julho, de alinhamento com os novos requisitos regulamentares nesse domínio. Em agosto de 2015, entraram em funções os membros dos novos órgãos da CEMG.

(10)

Também no setor segurador, as entidades do Grupo Montepio, que se congregam na Montepio Seguros, SGPS, tiveram que se confrontar com um mercado de maiores riscos e em retração, com um aumento da sinistralidade e maiores exigências prudenciais que entrarão em vigor com o regime Solvência II.

O contexto pressionou os resultados específicos da atividade do Montepio Geral Associação Mutualista, quer pela significativa redução das taxas de juro no mercado, quer pela conjuntura adversa que levou ao registo de um aumento pontual de reembolsos sobre modalidades de capitalização. Não obstante, os resultados da atividade atingiram 36 milhões de euros, o que é revelador da resiliência da instituição, mesmo em períodos de crise.

Em linha com as melhores práticas do mercado, o contexto adverso em que operam as participadas de maior relevância para o ativo da Associação Mutualista aconselhou ao exercício de um pontual teste de imparidade às participações detidas. É nesse sentido que o exercício contabilístico apresenta, em 2015, um resultado de -393 milhões de euros, o qual será progressivamente revertido, considerando os respetivos Planos de Ação e Orçamentos da CEMG e da Montepio Seguros, que retomam os resultados positivos já ao longo do ano de 2016.

O contexto de crise de confiança nas instituições também se fez sentir, de forma particularmente veemente, no período que antecedeu a eleição dos novos membros dos órgãos sociais do Montepio. Com efeito, o Grupo Montepio não passou à margem de notícias especulativas e insidiosas, que se prolongaram durante vários meses. De forma sábia e perseverante, os nossos associados estiveram sempre à altura da história e grandeza da nossa instituição, e fizeram a

leitura da injustiça dos ruídos que coincidiram com o período de apresentação de candidaturas, de divulgação de programas e de eleição dos novos órgãos institucionais, que tomaram posse no passado dia 6 de janeiro. Não obstante, foi possível captar novos associados (+2 418), fidelizar os existentes, que atingiram 632 931 cidadãos de todas as regiões do país e, também, das comunidades de emigrantes e que evidenciaram um crescente nível de participação e de vivência da sua associação ao longo do ano. Foi também possível continuar a alargar a prestação de serviços e os benefícios complementares que permitiram o reforço do valor da oferta, incluindo iniciativas de dinamização associativa amplamente participadas.

Para enfrentar os desafios que se colocam e melhorar o seu desempenho, as empresas do Grupo estão a implementar as medidas estratégicas, que constam dos seus planos e orçamentos aprovados pelos órgãos sociais respetivos, com os ajustamentos que se revelarem necessários para fazer face às novas condições de mercado e ao respetivo contexto operacional e prudencial, no quadro dos princípios e valores institucionais comuns.

Defendendo os capitais interesses dos nossos associados, a execução dessas medidas é devidamente acompanhada pelo Conselho de Administração da Associação Mutualista, no seio do Comité de Empresas Participadas e do Centro Corporativo do Grupo Montepio, criados já em 2016, conforme previsto no programa de desenvolvimento apresentado aos associados pelos atuais órgãos em exercício.

Terminámos o ano num capítulo marcado por extraordinárias adversidades no que respeita ao comportamento dos mercados internacionais e ao

(11)

funcionamento do sistema financeiro. Os próximos tempos abrem caminhos que não deixarão de considerar reflexões sobre o passado recente, despertando as consciências para a necessidade de refundar o progresso e bem-estar social alicerçado pelas instituições que podem fazer a diferença na projeção do futuro, pela dimensão humana que preconizam. É neste contexto que o Montepio assume um papel incontornável na sociedade portuguesa. São 175 anos de existência, assinalados no ano de 2015, de um notável legado de confiança e de solidez que muito nos orgulha, que nos responsabiliza e que nos estimula todos os dias.

A finalizar, expresso, em nome do Conselho de Administração, uma nota de agradecimento e de reconhecimento a todos os que colaboraram e contribuíram, de forma esforçada e empenhada, para a missão e os desígnios do Grupo Montepio. Destaco, a notável dedicação dos colaboradores do Grupo Montepio e, em particular, o papel de todos os associados que têm manifestado o apoio e a confiança necessária na sua Associação Mutualista, para a conduzir a um novo futuro de modernidade e desenvolvimento. António Tomás Correia

(12)
(13)

3.1. CONTEXTO MACROECONÓMICO

A economia mundial terá crescido 3,1% em 2015 (estimativa do FMI), traduzindo uma

desaceleração face ao crescimento de 3,4% observado em 2014. Esta desaceleração

refletiu, em grande medida, uma recuperação mais lenta do que era expectável

das economias emergentes e em desenvolvimento, responsáveis por mais de 70%

do crescimento global – a diminuir, pelo quinto ano consecutivo, enquanto as

economias avançadas continuaram a recuperar de forma moderada. Para 2016,

o FMI prevê uma aceleração do crescimento mundial para 3,4%.

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) TAXA DE DESEMPREGO

Mundo Zona Euro Portugal

4,0 2,0 0,0 -2,0 -0,4 2012 2013 2014 2015 (tvma%) (%)

Fonte: Thomson Reuters e International Labour Org. (ICO). Fonte: Thomson Reuters e FMI.

Os riscos que poderão afetar a economia global durante o presente ano continuam a incluir a desaceleração económica nas economias emergentes, a alteração do modelo de crescimento da China, os reduzidos preços das matérias--primas e a normalização gradual da política monetária nos EUA. Acresce que a volatilidade nos mercados financeiros, neste início

de ano de 2016, poderá também ter impactos negativos sobre a atividade económica, quer por via das expectativas desfavoráveis dos agentes económicos, podendo consubstanciar-se em adiamento das decisões de consumo e de investimento, quer pelo alargamento dos prémios de risco, tornando as condições financeiras mais restritivas para o setor privado. 17,0 15,0 13,0 11,0 9,0 7,0 5,0 3,0 2012

Mundo Zona Euro Portugal

2013 2014 2015 (%)

(14)

ZONA EURO

Depois de o PIB ter crescido 0,9%, em 2014, regressando aos crescimentos anuais depois de dois anos a contrair (-0,3%, em 2013) – em grande medida como resultado dos efeitos das políticas de consolidação orçamental levadas a cabo por um número significativo de Estados-Membros –, a economia da Zona Euro, em 2015, deu continuidade ao processo de gradual recuperação, tendo crescido 1,5%. A Alemanha continuou a apresentar um dos maiores dinamismos económicos da Zona Euro, com um crescimento de 1,4%, em 2015, bem como Espanha que observou um crescimento bem superior em 2015 (+3,2%), destacando-se claramente pela positiva entre os países da região. A Itália regressou, finalmente, aos crescimentos (+0,6%), após três anos a contrair, enquanto a França viu o crescimento acelerar para 1,1%, sendo, juntamente com a Alemanha, as duas únicas destas quatro maiores economias da região que já ultrapassaram os níveis de atividade pré-crise 2008/09.

Refletindo a gradual recuperação das economias, a taxa de desemprego da Zona Euro prosseguiu a tendência de ligeira melhoria iniciada em meados de 2013, tendo descido de 11,4%, em dezembro de 2014, para 10,4%, em dezembro 2015, ficando apenas a 1,7 pontos percentuais (p.p.) dos máximos históricos desde o início da série (1990), observados entre março e maio de 2013, continuando, assim, a revelar um mercado laboral ainda bastante deteriorado.

Ao nível da taxa de inflação (medida pela variação homóloga do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor – IHPC), depois de ter estado, no início de 2015 (-0,6% em janeiro), em níveis mínimos desde julho de 2009, foi subindo de forma gradual (embora irregular) ao longo do ano, tendo saído, em abril, dos valores negativos, para alcançar os 0,2%, em dezembro de 2015 (-0,2% em dezembro de 2014). Por seu lado, a inflação subjacente (ou seja, excluindo produtos alimentares não transformados e energia) atingiu 0,9%, em dezembro de 2015,

0,2 p.p. acima da observada no final de 2014, permanecendo acima da inflação geral e permitindo, de certa forma, continuar a afastar os cenários mais pessimistas de uma situação de deflação. Em termos médios anuais, a taxa de inflação desceu dos 0,4%, observados em 2014, para um valor nulo, em 2015, permanecendo bem distante do objetivo de médio prazo do Banco Central Europeu (BCE), de uma taxa de inflação abaixo, mas próxima, dos 2,0%.

Com o objetivo de combater o risco de inflação baixa durante um período demasiado longo e dinamizar os fluxos de crédito à economia real, o BCE voltou a adotar, ao longo de 2015, várias medidas expansionistas, tendo decidido cortar a taxa de juro dos depósitos (de -0,20% para -0,30%) e lançar (em 9 de março) um programa alargado de compra de ativos (dívida privada e pública), através de uma política de quantitative easing. Este programa, que foi inicialmente estabelecido até setembro de 2016 (e a um ritmo médio mensal de 60 mil milhões de euros), foi prolongado, em dezembro, até, pelo menos, março de 2017.

PORTUGAL

Após três anos de recessão, a economia portuguesa encetou uma recuperação gradual, em 2014 (com um crescimento do PIB de +0,9%, face a -1,1%, em 2013), que foi confirmada, em 2015, com uma aceleração para 1,5%, prevendo-se que prossiga em 2016 (+1,7%, entre os +1,6% previstos pela CE e os +1,8% do Orçamento de Estado – OE 2016).

A atividade económica, em 2015, foi apenas suportada pela procura interna, refletindo essencialmente os crescimentos do consumo privado (+2,6%, depois de já ter crescido +2,2% em 2014 e regressado aos crescimentos após três anos em contração) e do investimento em capital fixo (FBCF) (+3,7%, após +2,8% em 2014, que deixaram para trás um ciclo de quedas que se arrastava desde 2009), com o consumo público, por sua vez, a apresentar também um crescimento (+0,8%,

(15)

representando o primeiro acréscimo desde 2010). O contributo da procura interna para a variação anual do PIB aumentou, situando-se em 2,5 p.p., em 2015 (+2,2 p.p., em 2014), devido ao crescimento mais intenso das despesas de consumo final, uma vez que o investimento desacelerou. Já as exportações líquidas apresentaram um novo contributo negativo para o crescimento do PIB, em 2015 (-1,0 p.p., depois dos -1,3 p.p. de 2014), traduzindo um crescimento das importações (+7,3%) superior ao das exportações (+5,1%). A procura externa líquida registou um contributo menos negativo, em 2015, passando de -1,3 p.p., em 2014, para -1,0 p.p., refletindo a aceleração das exportações de bens e serviços. Note-se, ainda assim, que a recuperação da atividade económica tem continuado a ser sustentada pelas exportações, que terminaram o ano passado 29,3% acima dos níveis pré-programa de ajustamento (2010).

O processo de ajustamento orçamental continuou, ao longo de 2015, devendo ter-se registado um excedente primário, no ano, de 0,4% do PIB, de acordo com as estimativas do Governo. Mas o processo de consolidação das contas públicas tem sido influenciado pela necessidade de intervenções do Estado ao nível do setor financeiro. Assim, depois do défice orçamental de 7,2% do PIB observado em 2014, incluindo o efeito da capitalização do Novo Banco (excluindo este fator seria de cerca de -4,5%), assistiu-se à resolução do Banif, que deverá ter agravado o défice em 1,2 p.p. do PIB, pelo que o Governo estima que o défice global terá ficado nos 4,3%, em 2015, devendo, assim, ter impossibilitado o fecho do Processo de Défice Excessivo (PDE) aberto a Portugal, em 2009, que exige um défice igual ou abaixo dos 3,0%. Sem estes efeitos, o Governo estima que o défice orçamental para 2015 tenha sido de 3,1%.

Ao nível do mercado laboral, a taxa de desemprego diminuiu, de 13,9%, em 2014, para 12,4%, em 2015, dando continuidade à tendência de alívio que tem vindo a apresentar desde o pico máximo histórico atingido no início de 2013 (17,5%), perspetivando-se uma nova redução, em 2016 (para 11,4%). A população desempregada, em 2015, estimada em 646,5 mil

pessoas, diminuiu 11,0%, em relação ao ano anterior, ao passo que a população empregada, estimada em 4 548,7 mil pessoas, registou um acréscimo anual de 1,1%.

A inflação, medida pela variação média anual do Índice de Preços no Consumidor (IPC), foi de 0,5%, aumentando face aos -0,3% observados em 2014 (+0,3%, em 2013 e +2,8%, em 2012). A inflação core subiu dos 0,1%, em 2014, para 0,7%, em 2015. Para além da evolução da inflação subjacente, o aumento da inflação, entre 2014 e 2015, foi, sobretudo, determinada pela evolução dos preços dos produtos alimentares não transformados (passou de -2,1%, em 2014, para +1,9%, em 2015). Em sentido oposto, os produtos energéticos contribuíram negativamente para a variação média do IPC, em 2015, com os preços a agravarem o ritmo de queda (-3,6%, depois dos -1,4%, em 2014). O crescimento dos preços dos serviços (+1,3%) em 2015 foi superior ao observado para os preços dos bens (-0,1%).

Após o pico atingido no 2º trimestre de 2013 (de 9%), a taxa de poupança tem vindo a apresentar uma tendência descendente, tendo, no 3º trimestre de 2015, caído de 4,8% para 4,0%, o que corresponde ao valor mais baixo desde o início desta série do INE (no 1º trimestre de 1999) e que, de acordo com as séries longas do Banco de Portugal, deverá corresponder ao mais baixo registo desde 1953. A explicar esta tendência de queda da poupança está, essencialmente, a recuperação do consumo privado, que tem vindo a ser apoiado pela melhoria da confiança dos consumidores, pela redução do desemprego, pelo crescimento dos rendimentos e pela recuperação da concessão de crédito.

MERCADOS FINANCEIROS

O ano de 2015 foi marcado por três tendências: uma melhoria do sentimento até meados de julho, seguida de uma degradação até final do verão e, depois, por alguma recuperação até final do ano, que, no caso de alguns índices de ações, não foi suficiente para registar subidas anuais.

(16)

O sentimento de mercado, tendencialmente positivo, que se observou ao longo da primeira metade de 2015 (sensivelmente até meados de julho), foi, em grande parte, influenciado pelos desenvolvimentos ao nível da política monetária, nomeadamente o início do programa alargado de compra de ativos, através de uma política de quantitative easing (QE), que foi anunciada pelo BCE na histórica reunião de 22 de janeiro, tendo o target de compras mensais sido fixado nos 60 mil milhões de euros, ficando acima das expectativas de mercado de então (cerca de 50 mil milhões de euros). Por sua vez, o Banco Popular da China (PBoC) decidiu tornar a sua política monetária mais acomodatícia, ao cortar a taxa de reservas obrigatórias, por duas vezes ao longo do 1º semestre, acabando em 18,50% (20,00%, no final de 2014), e cortando a taxa de juro de referência para os empréstimos e depósitos por três vezes, terminando o primeiro semestre, respetivamente, nos 4,85% e 2,00% (face a 5,60% e 2,75%, no final de 2014).

O verão de 2015 trouxe uma alteração no sentimento de mercado, que foi penalizado por diversos fatores. O principal determinante do desempenho dos mercados financeiros esteve relacionado com os receios em relação à China, de eventuais bolhas no imobiliário e no mercado de ações e de que as autoridades chinesas não consigam evitar um maior abrandamento económico do país. O PBoC cortou, durante o terceiro trimestre, a taxa de referência diária do yuan por três vezes (semana de 10 a 14 de agosto) e baixou as taxas de juro, bem como o rácio de reservas obrigatórias dos bancos, no sentido de acalmar os mercados. Os investidores também se mostraram receosos dos potenciais efeitos negativos, sobre a economia dos EUA, do abrandamento chinês e do dólar forte, bem como na economia da Zona Euro. A penalizar o sentimento, estiveram, também, os problemas dos refugiados na Europa, que se foram intensificando perante uma Europa dividida e que levaram a que diversos países tenham suspendido o acordo de Schengen. No final do terceiro trimestre, surgiu o escândalo da Volkswagen, que assumiu que cometeu infrações nos carros, relativamente aos testes de poluição nos

EUA, receando-se que outros fabricantes tenham cometido idêntica infração, entretanto já confirmada para diversas marcas. Por último, refira-se o facto de a agência Standard & Poor’s ter colocado o rating da dívida soberana do Brasil no nível especulativo, sendo que a intensificação da recessão do Brasil acabou por ser ampliada pela perda de credibilidade dos decisores políticos, com reflexo nas fugas de capitais e na perda do valor do real, levando o banco central a subir as taxas até julho, mesmo num contexto recessivo.

A suportar o sentimento, durante a segunda metade do ano, estiveram os seguintes eventos: i) a aprovação pelo Parlamento Europeu do Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos (FEIE), conhecido como “Plano Juncker”, que pretende mobilizar 315 mil milhões de euros de investimento público e privado no triénio 2015-2017; ii) a China Securities Finance Corp, que reuniu entre 370 e 444 mil milhões de yuans para suportar os mercados acionistas; iii) a instabilidade durante o verão levou a Fed a adiar a sua primeira subida de taxas desde 2006, que inicialmente estava programada para setembro, acabando por ser efetuada apenas em 16 de dezembro; iv) o BCE manteve as suas principais taxas de juro, continuando a mostrar-se otimista com o seu programa de QE e reforçando a possibilidade do seu reforço em caso de necessidade, como acabou por suceder na última reunião do ano; v) o Banco de Inglaterra manteve a sua política, ao longo de todo o ano de 2015, adiando, assim, a primeira subida de taxas desde a crise, que, no início do ano de 2015, estava a ser antecipada para ocorrer nesse ano. Os mercados aplaudiram as respostas das diversas autoridades (através da subida dos preços dos ativos com risco), nomeadamente os cortes de taxas e as injeções de liquidez por parte do PBoC, embora continuando a recear a sua insuficiência.

Na reta final do ano, como referido, assistiu-se a alguma melhoria do sentimento dos mercados, suportados por um conjunto de eventos: i) o PBoC voltou a reduzir as taxas de juro e as reservas obrigatórias, descendo, no total do ano,

(17)

as taxas de juro em 125 p.b. e o rácio das reservas obrigatórias em 250 p.b.; ii) a época de resultados das empresas dos EUA, relativa ao 3º trimestre de 2015, foi mais favorável que a do 2º trimestre e que a mediana trimestral do pós crise 2008/09; iii) o BCE publicou um estudo (3 de novembro), em que defendeu o efeito virtuoso do programa de estímulo económico para os particulares e empresas na região, abrindo caminho para a extensão do programa um mês depois (em dezembro). Já a condicionar o sentimento no final do ano (efeito que continua a sentir-se no início de 2016), estiveram os receios relativamente à performance dos países em desenvolvimento produtores de commodities, com a queda dos preços a ter impacto nas suas economias (destacando-se, pela sua dimensão, as recessões antecipadas para o Brasil e Rússia, em 2015/16, levando a Goldman Sachs a fundir o seu fundo de investimento dos BRIC com o fundo dos mercados emergentes, muito por culpa dos referidos dois países), bem como nas suas finanças públicas e contas externas, traduzindo-se em movimentos de depreciação das suas moedas face ao dólar (que além do mais foi beneficiando com as perspetivas de subidas de taxas por parte da Fed). Por outro lado, a descida dos preços do petróleo impactou nas contas das grandes petrolíferas internacionais e no mercado de shale oil dos EUA, já que os baixos preços do petróleo tornaram diversos campos economicamente ineficientes, havendo uma redução da produção ao longo da 2ª metade do ano e o cancelamento de vários projetos de investimento, penalizando, assim, não só a indústria extrativa americana, como também a indústria transformadora, pelo que a produção industrial fechou o último trimestre de 2015 no vermelho, contribuindo para que o PIB dos EUA tenha crescido abaixo do potencial de crescimento e levando a que os investidores ficassem mais pessimistas relativamente à performance da economia dos EUA, revendo em baixa o crescimento de 2015/16.

Em termos de movimentos nos principais mercados financeiros, no conjunto de 2015, observaram-se movimentos mistos nos principais índices acionistas mundiais, designadamente

nos EUA, onde o principal índice atingiu máximos históricos, durante o ano, mas fechou com perdas (S&P 500: -0,7%), e com o comportamento a ser tendencialmente positivo na Europa (Eurostoxx 50: +3,9%; PSI-20: +10,7%), misto na Ásia (subidas no Japão e na China, mas descidas na Índia e em Hong-Kong) e negativo na América Latina.

As yields da dívida pública de referência observaram movimentos mistos na Alemanha e ascendentes nos EUA. As yields da dívida alemã registaram uma descida no curto prazo (dois anos: -25 p.b.), resultante de um novo corte da taxa de facilidade permanente de depósitos do BCE e da presença do BCE nos mercados – em concreto, através da compra de ativos no âmbito do programa de QE –, mas subiram no longo prazo (10 anos: +9 p.b.), em resultado, nomeadamente, dos efeitos no médio prazo das políticas atualmente seguidas pelo BCE e da subida das yields americanas, que concorrem com as alemãs na captura de investimentos direcionados a perfis de risco baixos. Além disso, os investidores terão percecionado que as yields se encontravam em níveis excessivamente baixos face ao fair value. Nos EUA, o movimento de subida das yields, em relação ao final de 2014 (+38 p.b. nos dois anos e de +10 p.b. nos dez anos), resultou, sobretudo, das expectativas (consubstanciadas em 16 de dezembro) de subida de taxas por parte da Fed, no quadro de uma continuação do crescimento económico e de redução da taxa de desemprego para novos mínimos de ciclo.

No Mercado Monetário Interbancário (MMI), as taxas Euribor registaram mínimos históricos em todos os prazos, refletindo as descidas nas expectativas de taxas de juro overnight (medidas pelos swaps sobre as taxas EONIA), bem como do prémio de risco no MMI europeu (medido pelo OIS spread), tendo terminado negativas nos três e seis meses. As taxas Euribor nos prazos de 3, 6 e 12 meses desceram, em 2015, 6 p.b., 5 p.b. e 5 p.b., para, respetivamente, -1,131%, -0,040% e 0,060%.

(18)

8,00 7,00 6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 -1,00 350 300 250 200 150 100 50 0 Euribor 6 meses JUN 13 MAR 13

DEZ 12 SET 13 DEZ 13 MAR 14 JUN 14 SET 14 DEZ 14 MAR 15 JUN 15 SET 15 DEZ 15

Tx. Média Dep. Prazo

Yield’s OT’s 10 anos

dez 2011=100 Un:%

PSI Financials (esc. direita)

(19)

Os spreads da dívida pública dos países periféricos da Zona Euro face aos bunds desceram, em 2015 (com a maior redução nos 10 anos a ser observada pela Grécia: -155 p.b., tendo a exceção sido Espanha). O spread a 10 anos da Grécia fez, durante o ano (em novembro), mínimos desde dezembro de 2014, depois de terem estado penalizados durante o verão pela incerteza relativamente ao alcance de um acordo para um terceiro resgate (que acabou por ser conseguido). Os spreads de Espanha, Itália e Portugal registaram, durante a primavera de 2015, mínimos desde abril de 2010, com a Irlanda a fazer, no mês de maio, mínimos desde setembro de 2008. Estes movi-mentos favoráveis terão resultado sobretudo do acordo entre a Grécia e os credores internacionais para o terceiro resgate, mas também da postura expansionista do BCE. Espanha, não obstante ter apresentado o melhor desempenho económico, viu os spreads subirem 7 p.b., face aos bunds, em 2015, relativamente ao final de 2014, para 114 p.b., em resultado da instabilidade política, resultante da demora na constituição de Governo e dos receios de balcanização da Espanha, na sequência de uma eventual independência da Catalunha. Assim, ao longo do ano de 2015, os spreads a 10 anos da Grécia, Itália, Irlanda e Portugal caíram, respetivamente, em 155 p.b., 38 p.b., 30 p.b. e 26 p.b. no prazo de 10 anos, para, respetivamente, 766 p.b. na Grécia, 97 p.b. em Itália, 61 p.b. na Irlanda e 189 p.b. em Portugal. As yields a 10 e a dois anos de Espanha, Itália, Irlanda, Portugal e Alemanha fizeram mínimos históricos durante o ano de 2015. Em concreto, as yields da dívida portuguesa a 10 anos desceram dos 2,687%, observados no final de 2014, para 2,516%, no final de 2015, tendo, em meados de março, feito um mínimo histórico de 1,560%.

Os spreads de crédito da dívida privada observaram movi-mentos ascendentes, sobretudo nos índices de dívida privada na Zona Euro no mercado spot. Também nos índices de CDS (Credit Default Swaps) o comportamento anual acabou por

ser maioritariamente ascendente, refletindo a revisão em baixa das perspetivas de crescimento económico global, os receios em relação à situação da Grécia e da China e o aumento do risco geopolítico no Leste da Europa e no Médio Oriente. Este alargamento dos spreads corporate coexistiu, todavia, com uma subida anual na maioria das ações na Zona Euro e com um alívio na pressão dos mercados sobre os países periféricos. O índice Itraxx (cinco anos), referência para a Zona Euro de CDS na classe de Investment Grade – cuja liquidez é muito superior à do mercado spot e, por isso, constitui o benchmark do mercado de crédito –, subiu 13 p.b. no ano, para 77 p.b., ficando mais longe dos mínimos desde outubro de 2007 (48 p.b.), observados em fevereiro, tendo, perto do final de 2015, atingido máximos desde janeiro de 2014. Por seu lado, o Itraxx Financials (o mais exposto à crise da dívida so-berana) observou uma subida de 9 p.b., fechando o ano em 77 p.b., abaixo do índice Itraxx (cinco anos), algo que não tem sido a tendência dos últimos anos, mas que era a situação ha-bitual antes da crise, sendo que o facto de nos últimos anos ter estado normalmente acima refletiu a situação difícil da banca europeia desde o início da crise da dívida soberana.

No mercado cambial, registou-se uma depreciação do euro face ao dólar, ao iene e à libra, tendo a taxa de câmbio efetiva nominal do euro diminuído 5,6%, refletindo, essencialmente, o lançamento dos novos estímulos monetários por parte do BCE.

As commodities apresentaram quedas em todas as classes, especialmente intensas na energia (-31,5%, destacando-se a descida de 35% do Brent), em resultado de um crescimento económico mundial aquém do que era esperado no início de 2015, das perspetivas de retirada das sanções ao Irão (entre-tanto confirmada) e do aumento da oferta, nomeadamente em resultado da produção de petróleo nos EUA (shale oil).

(20)

3.2. QUADRO DEMOGRÁFICO E SOCIAL

De um retrato tirado à estrutura demográfica portuguesa atual ressaltam duas dimensões distintas. A primeira diz respeito às vastas modificações estruturais observadas nas últimas décadas, as quais podem ser divididas em dois grupos. Por um lado, têm-se observado alterações na pirâmide demográfica, sobretudo por via de um menor número de nascimentos (-26,6%, entre 2003 e 2014) e de uma diminuição do número de óbitos (terminando, em 2014, 3,3% abaixo do nível de 2003), consubstanciando-se numa passagem do saldo natural de um excedente (3 720 pessoas) para um défice (-22 549).

Para a diminuição dos nascimentos tem contribuído a queda drástica no número de casamentos celebrados (de 53,7 mil para 31,2 mil, no mesmo período), o aumento da idade média do primeiro casamento para os dois sexos, e, mesmo fora do casamento, a idade média da mãe ao nascimento do 1º filho (de 27,4 para 29,7 anos, em 2013).

Mais pronunciada ainda foi a modificação no saldo migratório, que caiu de 24,7 para -30,1 mil pessoas, nos últimos anos, em virtude da recessão e da consequente maior emigração. Por outro lado, beneficiando do desenvolvimento do país, apesar das recessões registadas em 2009 e entre 2011 e 2013, tem ocorrido uma notória evolução nas condições de vida. Entre estas, saliente-se a referida diminuição do número de óbitos, bem como o aumento da esperança de vida à nascença (80,2 anos, em 2014, o que significa uma subida de 2,8 anos face a 2003) e a diminuição da mortalidade infantil (4,1‰, em 2003, para 2,8‰, em 2014, que são dos valores mais baixos de sempre – o mais baixo observou-se em 2010, com 2,5‰), que é das mais baixas a nível mundial (11.º lugar no ranking mundial, de acordo com dados do WEF – World Economic Forum). Ao nível do ensino, os progressos também têm sido notórios, com a taxa de abandono precoce da educação e formação a cair para menos de metade, entre 2003 e 2014, de 41,2% para 17,4%, tendo esta evolução associada, também, uma redução do

diferencial entre géneros, embora com o masculino a manter, em 2014, uma taxa de abandono superior ao género feminino (em 6,6 p.p.). Note-se que o número de matriculados no ensino primário, secundário e universitário, estão, respetIvamente, em 17º, 8º e 29º lugar no ranking do WEF.

A segunda dimensão das alterações da estrutura social prende-se com a conjuntura negativa dos últimos anos (entre 2010 e 2014, registou-se uma redução no rendimento médio disponível das famílias, com o rendimento médio da “família clássica ano” a reduzir-se de 32,2 mil euros para 29,2 mil euros), o que tem aprofundado problemas em algumas áreas e anulado parte dos progressos em outras. Até porque, não obstante as melhorias ocorridas ao nível da saúde e da educação, e apesar da rede de proteção social, Portugal encontra-se aquém da maioria dos países desenvolvidos ao nível das condições de vida e desigualdade de rendimentos. O coeficiente de Gini (uma medida de desigualdade) diminuiu entre 2004 e 2009 e registou desde esse ano um comportamento misto, subindo, em 2013, para 34,5% e descendo, em 2014, para 34,0%, o que qualifica Portugal como um dos países com maior desigualdade na distribuição de rendimentos da União Europeia.

Ao nível das condições de vida, a taxa de risco de pobreza, após transferências sociais, reduziu-se consideravelmente desde 1995, tendo o valor mais baixo sido alcançado em 2009/10, quando desceu para os 17,9%, encetando posteriormente uma trajetória de subida, que se fixou nos 19,5%, em 2013 e 2014 (últimos dados conhecidos), um valor superior à média europeia (16,7%, nos 28 países da União Europeia).

Outro fator preocupante tem sido a evolução da taxa de desemprego jovem (dos 15 aos 24 anos), que aumentou, de forma significativa, de 2009 a 2014, passando, nesse período, de 20,3% para 34,8%, valor que reflete um alívio face aos 38,1% de 2013, mas que permanece bastante elevada. Acresce que os efeitos da crise se podem converter em alterações estruturais no desemprego subjacente. A taxa de desemprego de longa

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2005 2010 2011 2012 2013 2014 (p)

Índice de Bem-estar

Qualidade de vida Condições materiais de vida

105,2

103,3

94,9

98,9

84,7

83,6

83,9

107,3

108,8

108,1

108,6

110,5

117,3

118,1

119,3

121,9

88,9

112,7

duração ascendeu, em 2014, a 9,1%, um valor bastante elevado, sendo que aliviou, depois, para 7,9%, em 2015.

Nos últimos anos também se tem observado uma redução na despesa pública corrente em saúde, nomeadamente em resultado das medidas racionalizadoras acordadas no memorando de entendimento assinado entre Portugal e a troika, com impacto, nomeadamente, ao nível das despesas com pessoal, em medicamentos e meios de diagnóstico. Esta redução da despesa pública na área da saúde tem ocorrido num quadro de aumento da esperança média de vida, envelhecimento populacional e acréscimo do índice de dependência de idosos. Ainda no campo da saúde, é notório que, desde 2010, se tem vindo a assistir a um aumento da despesa privada em saúde, face à despesa pública. De facto, tomando 2001 como base (índice=100), os indicadores da evolução nominal da despesa pública e da despesa privada em saúde, passaram de 153,2 e de 150,7, em 2010, para 128,8 e 151,5, em 2014, respetivamente.

Nas últimas décadas, as despesas da Segurança Social em percentagem do PIB têm evoluído a um ritmo muito elevado. Em 1995, representaram 9,1% do PIB, enquanto, em 2013,

EVOLUÇÃO DOS INDICADORES DE “BEM-ESTAR EM PORTUGAL” (2004=100)

pesaram 26,8%, residindo nesta variação de grandeza um dos grandes constrangimentos da proteção social, num contexto de diminuição de beneficiários ativos da Segurança Social (a percentagem da população ativa que contribui para o sistema de Segurança Social passou de 88%, em 1995, para 79%, em 2014) e de diminuição do rácio “contribuinte/beneficiário” decorrente do envelhecimento da população.

De acordo com os resultados do estudo “Índice de Bem-Estar para Portugal”, publicado pelo INE, em novembro de 2015, este índice recuperou da redução verificada em 2012, apontando os dados preliminares relativos a 2014 para um novo crescimento, explicado pela evolução verificada na componente relativa à “Qualidade de Vida”. De facto, o “Índice de Bem-Estar”, em Portugal, evoluiu positivamente entre 2004 e 2011, atingindo o valor de 108,8 em 2011, reduziu-se em 2012 e recuperou em 2013 (108,6) e 2014, estimando-se que atinja 110,5. Este índice que tem duas componentes, “Condições Materiais de Vida” e “Qualidade de Vida”, tem beneficiado da melhoria dos indicadores de qualidade de vida, enquanto a componente ”Condições Materiais de Vida” assinalou uma deterioração significativa nos últimos anos.

(22)

3.3. QUADRO REGULATÓRIO DA ECONOMIA

SOCIAL

As mutualidades desempenham um papel muito importante na economia da União Europeia, através de modalidades de segurança social e da prestação de cuidados de saúde e de serviços sociais a mais de 230 milhões de cidadãos europeus e empregando mais de 350 mil pessoas.

Em Portugal, existem cerca de 120 mutualidades, que abrangem 1,1 milhões de membros e mais de 2,5 milhões de beneficiários e empregam cerca de 1 600 pessoas (excluindo as caixas económicas que lhe estão anexas).

Em 2015, tiveram lugar diversas iniciativas europeias e a publicação de regulamentação nacional dirigida às entidades da economia social.

AO NÍVEL DA UNIÃO EUROPEIA

Conclusões do Conselho da União Europeia (EPSCO – Ministros responsáveis pelo emprego, assuntos sociais, saúde e consumidores), da reunião de 7 de dezembro, sobre “a promoção da economia social como um fator essencial de desenvolvimento económico e social na Europa”. O Conselho da União Europeia (EPSCO) convidou os Estados-membros e a Comissão, no âmbito das respetivas competências e na observância do princípio da subsidiariedade a estabelecer, implementar e desenvolver estratégias e programas europeus, nacionais, regionais e locais para reforçar a economia social, o empreendedorismo social e a inovação social, assim como a realizar um conjunto de iniciativas em diversos domínios: sensibilização, reconhecimento e educação; inovação social; quadro regulamentar e acesso ao financiamento. Por fim, o Conselho da União Europeia incentivou as empresas de economia social e os empreendedores sociais a envolverem-se ativamente no desenvolvimento de políticas, estratégias e

e o respetivo impacto, bem como a cooperação direta entre si, com as autoridades públicas e com as outras partes interessadas;

Resolução do Parlamento Europeu, de 10 de setembro, sobre empreendedorismo social e inovação social na luta contra o desemprego, com base no trabalho do Intergrupo Economia Social, daquele Parlamento, onde se propõe o reforço do estatuto jurídico da Economia Social e Solidária e a facilitação do seu acesso aos mercados públicos;

Conferência “O papel das mutualidades na Europa”, em 14 de outubro no Parlamento Europeu, organizada pela Associação Internacional da Mutualidade;

Livro Branco “A Economia Social... Retomar a Iniciativa. Propostas para fazer da economia social um pilar da União Europeia”, publicado pela Social Economy Europe, que integra diversas organizações, nomeadamente a Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES).

A NÍVEL NACIONAL

Divulgação do projeto de “Novo Código das Associações Mutualistas”, cujo articulado foi consensualizado com a União das Mutualidades Portuguesas e teve por base a proposta do grupo de trabalho liderado pela CASES. O texto consta da publicação do Governo de Portugal “Solidariedade Social, um caminho de parceria na construção de um novo paradigma”;

Lei nº 76/15, de 28 de julho, que altera o Estatuto das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), com a integração das cooperativas de solidariedade social, desde que credenciadas pela CASES, numa das espécies de IPSS;

(23)

120

MUTUALIDADES

Em Portugal, existem cerca de 120 mutualidades

que abrangem 1,1 milhões de membros e mais

de 2,5 milhões de beneficiários e que empregam cerca

de 1 600 pessoas (excluindo as caixas económicas

que lhe estão anexas).

1,1 Milhões

MEMBROS

2,5 Milhões

BENEFICIÁRIOS

Defender os valores da Economia Social

As mutualidades desempenham um papel muito importante na Economia Social portuguesa. O Montepio Geral – Associação Mutualista assume o compromisso de complementar as políticas sociais do Estado, atuando enquanto entidade de utilidade pública e social e contribuindo para o desenvolvimento e consolidação da Economia Social e do Terceiro Setor em Portugal.

(24)

Decreto-Lei nº 120/15, de 30 de junho, que estabelece os princípios orientadores e o enquadramento a que deve obedecer a cooperação entre o Estado e as entidades do setor social e solidário;

Portaria nº 60-A, de 2 de março, que adota o regulamento que estabelece normas comuns sobre o Fundo Social Europeu (ações formativas);

Portaria nº 196-A, de 1 de julho, que define os critérios, regras e formas em que assenta o modelo específico da cooperação estabelecida entre o Instituto da Segurança Social e as IPSS ou legalmente equiparadas;

Despacho normativo nº 19, de 25 de setembro, que define as condições a observar quanto à concessão dos apoios financeiros a atribuir a uniões, confederações e federações e às IPSS de âmbito nacional cuja atividade principal visa o desenvolvimento de ações de interesse comum a diversos estabelecimentos ou em benefícios das próprias instituições;

Decreto-Lei Regional nº 9, de 2 de dezembro, que adapta à Região Autónoma da Madeira o Estatuto das IPSS;

Decreto-Lei Regional nº 11, de 18 de dezembro, que estabelece os princípios orientadores e o enquadramento a que deve obedecer a cooperação entre o Instituto da Segurança Social da Madeira e as IPSS e outras instituições equiparadas que prosseguem atividades sociais na Região Autónoma da Madeira.

Neste campo regulamentar destaca-se, por fim, a publicação do Decreto-Lei nº 190/15, de 10 de setembro, que aprova o regime jurídico das caixas económicas e altera dois artigos do Código das Associações Mutualistas. Este diploma determina a classificação das caixas económicas em duas modalidades – caixas económicas anexas (ativo inferior a 50 milhões de

euros) e caixas económicas bancárias (ativo superior ou igual a 50 milhões de euros). Esta divisão das caixas económicas nas duas modalidades visa consagrar expressamente e de forma transparente a diferença, perante o mercado e os consumidores, de atuação e posicionamento no setor bancário entre as caixas económicas que pretendem exercer uma atividade bancária limitada e aquelas que pretendam atuar sob uma licença de atividade bancária universal e de forma muito similar aos bancos. À luz destes critérios a Caixa Económica Montepio Geral é classificada como caixa económica bancária, dada a sua dimensão e posição de mercado.

(25)
(26)
(27)

INDICADORES

2013

2014

2015

DIMENSÃO / ATIVIDADE

Associados (unidades) 579 530 630 513 632 931

Inscrições (número) 1 008 557 1 090 222 1 054 671

Inscrições por Associado (número médio) 1,74 1,73 1,67

Pensionistas (unidades) 8 021 8 104 8 226

Ativo Bruto (milhares de euros) 4 097 868 4 783 684 4 308 971

Ativo Líquido (milhares de euros) 4 068 378 4 748 356 3 864 071

BENEFÍCIOS COMPLEMENTARES DE OFERTA

Acordos em vigor (número de entidades) 1 052 1 139 1 202

RENTABILIDADE

Resultado do Exercício (milhares de euros) 70 271 41 461 -393 120

Resultado do Exercício sem o efeito extraordinário de Provisões

e Imparidades (milhares de euros) - 64 479 36 417

Receitas Associativas (milhares de euros) (a) 875 068 962 596 482 850

Cash Flow do Exercício (milhares de euros) 80 706 77 227 39 505

Resultado do Exercício/Ativo Líquido Médio 1,88% 0,93% -8,79%

Resultado do Exercício sem efeito extraordinário de Provisões e Imparidades / Ativo Líquido Médio

- 1,5% 0,8%

SOLIDEZ FINANCEIRA

Situação Líquida (Fundos Próprios, Reservas e Resultados) (milhares de euros) 650 808 682 262 207 717

Situação Líquida sem o efeito extraordinário de Provisões e Imparidades

(milhares de euros) - 719 272 674 266

Situação Líquida/Ativo Líquido Médio 17,4% 15,3% 4,6%

Situação Líquida sem o efeito extraordinário de Provisões e Imparidades/

Ativo Líquido Médio - 16,1% 15,1%

Grau de Cobertura das Responsabilidades (b) 1 132 1 159 1 170

Ativos Financeiros/Provisões Matemáticas 1 190 1 173 1 080

(a) Quotas e Capitais Recebidos (exclui “Rendas Vitalícias” e “Rendas Temporárias”, por não serem consideradas modalidades mutualistas). (b) Fundos, Reservas e Provisões Matemáticas / Provisões para Riscos e Encargos.

(28)
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MISSÃO E VALORES

O Montepio Geral Associação Mutualista (MGAM), fundado em 1840, é uma instituição particular de solidariedade social, secular, e na observância dos princípios de solidariedade, de entreajuda, de sustentabilidade social, de integridade e de participação associativa, tem por missão e finalidade desenvolver ações de proteção social, nomeadamente nas áreas da segurança social e da saúde, promover a cultura e a melhoria da qualidade de vida dos seus associados e familiares, e beneficiários por aqueles designados.

A concretização destes fins realiza-se através da criação e oferta de modalidades individuais e coletivas, através da constituição, organização e gestão de equipamentos sociais e de serviços de saúde, obras sociais e outras formas de proteção social, e do desenvolvimento de atividades que se destinam a proporcionar benefícios sociais, prevenir ou suprir contingências da vida e saúde dos associados.

A missão do MGAM reveste-se de reforçada utilidade pública e social, como entidade que atua para complementar as políticas sociais do Estado, num contexto de constrangimentos económico-financeiros, designadamente em matéria de previdência e proteção social e da prestação de cuidados de saúde e assistenciais, domínios que se encontram em expansão, em face do envelhecimento da população e do contexto económico e social envolto em riscos e incertezas. Neste âmbito, o MGAM tem vindo a promover dinâmicas institucionais privadas, visando o bem-estar social, alicerçadas em valores e princípios humanistas como a liberdade, a igualdade, a responsabilidade e a autonomia social.

ÓRGÃOS DE GOVERNO

O modelo de governo do MGAM está em conformidade com o regime jurídico das associações mutualistas, que se encontra vertido nos seus estatutos.

O modelo de governo do MGAM compreende a Assembleia Geral, composta por todos os associados maiores de idade, no pleno exercício dos seus direitos associativos, o Conselho de Administração (CA) que exerce a administração da Associação, o Conselho Geral, responsável pela orientação estratégica e aconselhamento ao CA e o Conselho Fiscal, com funções de fiscalização.

Para além destes órgãos definidos estatutariamente, é eleita trienalmente, pela Assembleia Geral, uma Comissão de Vencimentos, que submete à deliberação da Assembleia a política de remuneração dos membros dos órgãos associativos, apresentada em ponto próprio deste relatório. Neste domínio, o MGAM recorre igualmente aos serviços de auditores externos independentes, que são atualmente prestados pela KPMG & Associados – Sociedade de Revisores Oficiais de Contas, S.A.

O cumprimento das competências e funções dos diversos órgãos de governo do MGAM orienta-se por um conjunto de princípios, como a responsabilidade, a transparência, a prudência e a legitimidade, bem como regras de gestão expressas no Código de Conduta, que se conciliam com o perfil de instituição solidária, e ética, que persegue um elevado padrão de responsabilidade social.

Os membros dos órgãos de governo do MGAM são eleitos pelos associados, por métodos democráticos, sendo o direito de voto exercido pela atribuição de um voto a cada Associado.

Em 2 de dezembro, os associados do MGAM, maiores de 18 anos e com mais de dois anos de vida associativa, elegeram, em Assembleia Geral, os membros dos órgãos associativos para o triénio de 2016 2018, que constam do ponto 1 deste relatório.

Merece ainda referência, neste ponto, o aprofundamento do processo de especialização dos órgãos de governo da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), que se tinha iniciado

(30)

em 2013, com a entrada em vigor dos seus novos estatutos e que prosseguiu, em julho de 2015, com outras alterações estatutárias, que deram origem à criação de novos órgãos, nomeadamente, de três Comités (Riscos, Remunerações e de Avaliações) e a alterações no processo de eleição dos mesmos, passando os membros do Conselho Geral e de Supervisão e o Presidente do Conselho de Administração Executivo a ser eleitos pela Assembleia Geral da CEMG. Em 5 de agosto de 2015, teve lugar a eleição dos membros dos novos órgãos de governo da CEMG para o triénio 2016-2018, passando as duas instituições a ter órgãos de gestão e de fiscalização especializados.

ESTRATÉGIA

O MGAM tem vindo a apresentar como desígnio estratégico, a consolidação da sua posição de maior associação nacional, promotora e gestora de regimes complementares de Segurança Social, individuais e coletivos, de serviços e equipamentos sociais e de serviços da economia do bem--estar e da qualidade de vida, através de uma gestão dinâmica, prudente e ética, respeitando os valores mutualistas de solidariedade e participação associativa, com elevados padrões de responsabilidade e sustentabilidade social, contribuindo para o desenvolvimento e consolidação da Economia Social e do Terceiro Setor em Portugal.

São prioridades estratégicas assegurar que toda a atividade é orientada para a ação socialmente relevante, para o crescimento e fortalecimento da dimensão mutualista e para a maximização dos benefícios atribuídos aos associados e familiares, afirmando o MGAM como motor e dinamizador de todo o Grupo Montepio.

Por forma a concretizar o seu posicionamento estratégico e beneficiar do potencial identificado, têm sido definidos objetivos de crescimento sustentado da sua base associativa

Eleição dos Órgãos Associativos do MGAM para o Triénio 2016-2018

No dia 2 de dezembro de 2015, realizou-se a Assembleia Geral eletiva, em que foram eleitos os Órgãos Associativos do Montepio Geral Associação Mutualista para o triénio 2016-2018.

O ato eleitoral foi bastante participado, reforçando a tradição democrática de uma instituição de referência no panorama mutualista nacional, com mais de 175 anos, comprovando a sua vitalidade e a importância na economia e na sociedade portuguesa.

que permitam levar soluções mutualistas a um universo cada vez maior da população, nomeadamente através da captação de novos associados, explorando o potencial existente no Grupo Montepio.

A atuação estratégica do MGAM assenta num crescimento sustentado, baseado em respostas diferenciadas e qualificadas face às necessidades de proteção perante contingências e riscos, previdência complementar, serviços de saúde e equipamentos sociais. Neste contexto, reveste-se de importância estratégica melhorar a adequação das modalidades existentes, alargar a oferta, nomeadamente através da inovação social, designadamente nas áreas da saúde e ação social, desenvolver parcerias e redes colaborativas, conceber novas soluções e mecanismos de adesão associativa e aprofundar as relações com os associados.

Nos últimos anos, de crise profunda e de grande impacto sobretudo no braço bancário do grupo, a CEMG tem prosseguido uma estratégia de mitigação de riscos, traduzindo-se na diversificação da atividade comercial, com vista a contornar os riscos de excessiva concentração

(31)

Grupo Montepio Geral

O Montepio Geral Associação Mutualista, enquanto

instituição de referência da economia social, e pela sua

qualidade de mutualidade, incorpora características

únicas e distintas dos seus parceiros, expressas nos seus valores humanistas e de solidariedade.

O MGAM constitui o centro estratégico do Grupo Montepio. As empresas que o constituem têm por objetivo auxiliar a realização dos fins mutualistas, através da oferta de produtos e de serviços bancários e financeiros que permitam a satisfação integral das necessidades financeiras dos associados e dos clientes. São consideradas estratégicas as seguintes entidades:

Caixa Económica Montepio Geral (CEMG): anexa

à Associação Mutualista, classificada como caixa bancária, responsável pelo exercício da atividade bancária do grupo Montepio;

Montepio Holding, SGPS, S.A. e respetivas

participações financeiras, indiretamente através da CEMG;

Montepio Seguros SGPS, S. A.: abrange as entidades

que desenvolvem atividade de seguros e de fundos de pensões (Lusitania, Lusitania Vida, N Seguros e Futuro);

Montepio Gestão de Activos S.A.: gestão

de patrimónios financeiros, com foco nos fundos de investimento mobiliário e de gestão de carteiras;

Residências Montepio S. A.: gestão de equipamentos

sociais e promoção de serviços de saúde, de bem- -estar e qualidade de vida.

Fazem ainda parte do grupo Montepio um conjunto diversificado de entidades que exercem atividades complementares, designadamente, no setor imobiliário (Montepio Gestão de Ativos Imobiliários, Montepio Imóveis). Para as ações de Responsabilidade Social, o grupo conta com a Fundação Montepio.

inerentes ao mercado imobiliário (habitação e construção), onde a CEMG desenvolvia essencialmente a sua atividade. Esta progressiva reconversão do modelo de negócio tem permitido à CEMG executar uma desalavancagerm, assegurando a sua resiliência ao contexto de pós-crise.

O MGAM tem tido como principal propósito a afirmação da sua missão de utilidade pública e social, complementar dos sistemas públicos de segurança social e de saúde e o ajustamento do funcionamento e da organização do Grupo ao novo modelo de especialização dos órgãos de governo e dos respetivos processos.

Tendo por base o Programa apresentado pela lista vencedora das eleições do dia 2 de dezembro de 2015 (Lista A), foram elaboradas, e aprovadas pelo Conselho Geral, as Linhas de Orientação Estratégica (LOE’s) do MGAM para o triénio 2016-2018 que alicerçaram a elaboração do Programa de Ação e o Orçamento para 2016, aprovado na Assembleia Geral de 29 de dezembro de 2015.

(32)

1

CRESCIMENTO SUSTENTADO DOS ASSOCIADOS E DAS RECEITAS ASSOCIATIVAS LÍQUIDAS, prosseguindo o cresci-mento do número de associados, com vista a obter um milhão de associados, a médio prazo, aumentando, também, o número de subscrições por associado e continuando o aproveitamen-to do potencial dos canais bancário e das restantes entidades do grupo, bem como dos canais eletrónicos e de outras vias de acesso aos associados, a partir de parceiros da área social.

2

MELHOR ADEQUAÇÃO DAS MODALIDADES, procedendo à revisão das características das modalidades, adaptando-as às condições de mercado, designadamente das modalidades com taxas técnicas desfasadas das condições referenciais atuais, e criando modalidades mais flexíveis, inovadoras e de fácil adesão, através de pacotes de oferta para famílias e modalidades coletivas, como resposta às necessidades de previdência complementar empresarial.

3

DESENVOLVIMENTO DE SERVIÇOS E EQUIPAMENTOS SOCIAIS, prosseguindo a oferta de novos equipamentos e serviços na área de cuidados continuados e das residências, através da Residências Montepio – Serviços de Saúde, desenvolvendo a atuação na área da prevenção e da melhoria da rede de cuidados de saúde e bem-estar, no alargamento do apoio domiciliário e na prestação de cuidados continuados e de proximidade.

4

INTENSIFICAR A VINCULAÇÃO E APROFUNDAR A RELAÇÃO ASSOCIATIVA, prosseguindo o desenvolvimento de ativi-dades de cariz lúdico, cultural, formativo e desportivo para os associados e suas famílias, aumentando a atividade nos espaços “atmosfera m”, criando a Academia Montepio e dinamizando o Clube Pelicas.

5

REFORÇAR A IDENTIDADE PRÓPRIA E A PROMOÇÃO DO MUTUALISMO, aprofundando a autonomização da marca /identidade da associação no seio do grupo e na sociedade, aumentando a visibilidade das caraterísticas de diferenciação das modalidades mutualistas em termos de objetivos/ necessidades a satisfazer, condições, cobertura de riscos ou rendimento assim como a restante oferta de serviços e equipamentos sociais.

6

DESENVOLVER O MODELO DE GOVERNO E O SISTEMA DE CONTROLO INTERNO, efetuando um diagnóstico profundo sobre as melhorias a introduzir nos sistemas, processos, políticas e procedimentos, face às novas condições de funcionamento decorrentes da adoção do novo modelo de governo, que ditou a maior especialização da CEMG, e à luz dos requisitos regulatórios exigidos a outras entidades do setor financeiro.

(33)

7

CONTINUAR A POLÍTICA DE COOPERAÇÃO E DE INTERVENÇÃO SOCIAL, prosseguindo a política de cidadania institucional ativa e dinâmica, no domínio da educação financeira dos cidadãos, aprofundando a atuação das intervenções de Responsabilidade Social, prosseguindo as ações da Fundação Montepio e definindo princípios de sustentabilidade, a respeitar pelas entidades do grupo.

8

AJUSTAR O FUNCIONAMENTO E A ORGANIZAÇÃO DO GRUPO, adaptando os processos, meios e recursos ao novo modelo de governação, baseado na especialização dos órgãos de governo das entidades do grupo.

9

DESENVOLVER O POTENCIAL DO GRUPO E ASSEGURAR O ALINHAMENTO ESTRATÉGICO, procedendo aos investi-mentos e desinvestiinvesti-mentos que se revelem necessários para mitigar riscos, otimizar recursos e majorar a criação de valor. A elaboração de um Plano Estratégico para o Grupo, que assegure a articulação estratégica das diversas entidades, defina o papel de cada uma e o respetivo contributo para os objetivos globais de geração de valor, num quadro de otimização e eficiência, em prol da concretização da visão e fins mutualistas e respeitando a sua autonomia estratégica, bem como a criação de um Comité de Empresas Participadas que proceda à articulação das empresas e ao controlo do plano do grupo, são as principais metas nesta área.

No início de 2016, foi já criado e entrou em funcionamento este Comité de Empresas Participadas (CEP). O CEP integra os membros dos órgãos de administração das diversas empresas do Grupo Montepio, sendo coordenado pelo Presidente do Conselho de Administração do MGAM e secre-tariado pelo Centro Corporativo do Grupo Montepio, órgão também criado em janeiro de 2016. O Centro Corporativo funciona na dependência direta do Presidente do Conselho de Administração do MGAM, tendo por missão coadjuvá-lo na definição e exercício da gestão estratégica do Grupo Montepio, no controlo de gestão e promoção de sinergias de grupo, facilitando a articulação entre as empresas e a sua homogeneidade de princípios, valores e finalidades.

(34)
(35)

Em 2015, verificou-se uma etapa decisiva para o desenvolvimento da estratégia

de responsabilidade social, tendo sido elaborado o primeiro relatório de

sustentabilidade, relativo a 2014, que englobou a Associação Mutualista, a Caixa

Económica e a Fundação.

Para além desta ação, foi dada continuidade a um vasto plano de iniciativas

promovidas pelos diversos setores do Montepio, em prol do desenvolvimento

integrado da missão e dos valores mutualistas.

RESPONSABILIDADE SOCIAL INTERNA

No domínio da responsabilidade social interna, salienta-se o programa de voluntariado corporativo, com um total de 1 400 colaboradores (ativos e reformados) inscritos na bolsa de voluntariado.

Durante o ano de 2015, o Gabinete de Responsabilidade Social promoveu 34 iniciativas de voluntariado corporativo, em articulação com a Direção de Recursos Humanos e com a Fundação Montepio. O desenvolvimento do programa de voluntariado corporativo envolveu o estabelecimento de parcerias com 36 entidades externas, nos diversos domínios de atuação social, ambiental, proteção animal e cultural.

Merece especial destaque a realização da 3ª edição do Dia do Voluntariado do Grupo Montepio, que abrangeu, em simultâneo, 23 ações em locais diferentes, com cerca de 400 voluntários no terreno, envolvendo mais de 500 pessoas, nomeadamente, clientes das entidades beneficiadas e estudantes de escolas profissionais.

Igualmente a destacar, em 2015, a presença no workshop da Escola Superior de Saúde, a formação em Educação Financeira para jovens adultos e o workshop sobre Comunicação e Motivação para os técnicos da Casa do Telhal.

Salienta-se, ainda, a participação nos Programas “Novos Líderes para a Cidadania”, “Como Mobilizar as Empresas para Projetos Sociais” e “Projetos de Inovação Comunitária”, todos em parceria com o GRACE e o projeto voluntariado de leitura, em conjunto com o CITI, Centro de Investigação para Tecnologias Interativas, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Estiveram envolvidos, nas diversas ações que decorreram ao longo do ano, 224 colaboradores voluntários.

Refira-se, ainda, a elaboração e lançamento do Guia “Como ser Solidário sem sair do Trabalho”, entregue a todos os colaboradores do Montepio, através de encarte na Revista “Em Direto”, e o lançamento do Programa E-learning de Voluntariado Corporativo do Grupo Montepio, que foi disponibilizado na intranet, entre os dias 15 de maio e 30 de junho.

RESPONSABILIDADE SOCIAL EXTERNA

As ações desenvolvidas pelo Grupo Montepio no domínio da responsabilidade social externa são prioritariamente assumidas pela Fundação Montepio, instituição particular de solidariedade social criada, em 1995, pelo Montepio Geral Associação Mutualista.

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PRÉMIO VOLUNTARIADO JOVEM

Foi testado um novo modelo de implementação deste prémio: cinco organizações foram selecionadas para participar no “Dia do Voluntariado Jovem”, dedicado à construção de um projeto de voluntariado que respondesse ao problema do desemprego jovem. As entidades participantes foram: Associação Erasmus Student Network Minho (Braga), Associação Grupo de Caretos de Podence (Macedo de Cavaleiros, Bragança), Bué Fixe – Associação de Jovens (Amadora, Lisboa), Lifeshaker – Associação (Almada, Setúbal) e “Sonha, Faz e Acontece – Associação de Empreendedorismo Social e Voluntariado” (Lisboa).

As equipas, todas constituídas por jovens, apresentaram as suas ideias perante um júri, que escolheu a proposta vencedora. O Prémio, no valor de 5 mil euros, foi entregue à “Sonha, Faz e Acontece – Associação de Empreendedorismo Social

PRÉMIO ESCOLAR MONTEPIO

Esta iniciativa visa apoiar projetos educativos inovadores e de qualidade desenvolvidos por estabelecimentos de ensino público, do 3º ciclo de ensino básico, do continente e regiões autónomas, através da disseminação das boas práticas educativas que melhorem as condições de aprendizagem e a aproximação da comunidade à escola, prevenindo o abandono e o insucesso escolares.

Dando continuidade às edições anteriores e à revisão do regulamento, formulário e estratégia de divulgação do prémio escolar, em 2015, catorze estabelecimentos de ensino apresentaram um projeto para candidatura ao Prémio Escolar Montepio. Na sua 7ª edição, a Fundação Montepio distinguiu dois agrupamentos de escolas (de Vila Cova – Barcelos e de Pedrouços – Maia) com prémios no valor total de 29,7 mil euros, viabilizando, desta forma, iniciativas que envolveram mais de 253 docentes e 3 009 alunos.

A Fundação Montepio assume a representação do Montepio junto de entidades nacionais e internacionais, nos domínios da economia social e da responsabilidade social, preside ao GRACE, e é membro da Direção da Junior Achievement Portugal e da Confederação Portuguesa de Voluntariado, participando ativamente no Centro Português de Fundações e no BCSD – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável.

PROJETOS PRÓPRIOS DA FUNDAÇÃO MONTEPIO

Dando continuidade à atuação dos anos anteriores, a Fundação desenvolveu, em 2015, os seguintes projetos próprios:

e Voluntariado”, que apresentou o projeto “Faz Acontecer Emprego”, dedicado ao desemprego jovem dos estudantes dos PALOP.

Pela qualidade e inovação dos projetos, o júri decidiu atribuir, a título excecional, quatro menções honrosas e prémios monetários, no valor de 500 euros, a cada uma das restantes quatro organizações finalistas.

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