O respeitado The Economist escrevia a 21 de Novembro de 2002, a propósito dos “perigos” da responsabilidadesocial da empresa: “As empresas estão dando tudo por tudo na competição por um Óscar ético. (…) Há uma opinião cada vez mais difundida de que as empresas são imorais por inerência, a não ser que demonstrem que o não são – ou seja, são culpadas até que provem a sua inocência. (…) Ser ruidosamente ético (proclamam alguns) é bom negócio, porque alegra os investidores, os trabalhadores e os clientes.” E advertia a consagrada revista: “...embora fazer a vontade aos “lobistas” do politicamente correcto possa parecer um preço aceitável para os calar, na realidade pode reforçar o sentimento de que as empresas são arguidas de um processo – fazendo subir a escalada das críticas e talvez ajudando a criar um clima em que a regulação pesada se torne politicamente aceitável.”
interesse direto das empresas e direcionadas para transformações sociais, políticas e econômicas que afetem sua capacidade de ser uma unidade produtiva eficiente. Esse é o sentido dos exemplos discutidos acima. Os benefícios para as empresas são evidentes, como o são para as sociedades e economias locais em que elas atuam. Em nossa visão responsabilidadesocial empresarial é fundamentalmente composta de ações desta natureza; ações pelas quais as empresas podem ser consideradas responsáveis, i.e., elas têm uma obrigação moral, política e, até mesmo, gerencial de realizá-las. Finalizamos este artigo com uma breve re-elaboração do que consideramos ser portanto, RSE. Defendemos que, do ponto de vista interno, uma empresa socialmente responsável é uma empresa que é um “bom empregador”. Por “bom empregador” queremos dizer uma empresa que assegure uma atmosfera de justiça nas relações de trabalho que têm lugar no seu interior; que trate seus trabalhadores como pessoas morais, dignas de respeito e consideração e pague salários que permitam condições de vida razoável (living wage). Nesse sentido uma empresa socialmente responsável considera o seu sucesso um empreendimento coletivo, envolvendo todos os seus membros: trabalhadores, gerentes, executivos, fornecedores etc. Esse é um bom modelo de responsabilidadesocial porque ele é viável, é do interesse das empresas e dos trabalhadores, além de ser benéfico para a sociedade como um todo. Fora do âmbito de suas ações empresariais particulares, i.e., para fora da companhia, uma empresa socialmente responsável caracteriza-se pelo cumprimento das regras do jogo democrático, não buscando obter vantagens indevidas ou especiais. Mas principalmente, uma empresa socialmente responsável engaja em ações públicas que visam reforçar a concepção pública de democracia, especialmente via fortalecimento da esfera pública de decisão social e o adensamento sócio-político da sociedade em que opera. (CHEIUBB; LOCKE, 2002, p. 13).
O comprometimento com a ética objetiva melhores condições de vida para os agentes incluídos na atividade empresarial por meio da promoção dos valores comunitários concernentes à vida digna, conciliada com a evolução social, significa grande desafio aos envolvidos. Neste sentido, sabe-se que a empresa contemporânea está imersa no contexto econômico com a responsabilidade de atender à função social que “não incide sobre os fins empresariais, como o lucro, mas sobre os meios pelos quais esses fins serão atingidos” (ROSENVALD; FARIAS, 2012, p. 389), de modo que, por meio da empresarialidade responsável, a responsabilidadesocial é imposta aos empresários e impede que “o intuito lucrativo venha a violar direitos fundamentais da pessoa humana e interesses coletivos”, como, por exemplo, coibindo a prática das “vendas casadas”, dos cartéis, dos danos ao meio ambiente, e, por outro lado, exigindo a promoção das atividades sociais, justificando a concessão da personalidade jurídica às empresas.
Em dois mil e cinco... eu vim trabalhar na [empresa] através... de uma ação que a empresa realiza de além de divulgar as suas vagas... nas agências de recursos humanos a empresa também... divulga as suas vagas na rede social no caso dos movimentos negros, movimentos de mulher, né? E através de uma rede no qual eu participava do movimento é negro, eu soube da vaga aqui na [empresa] que queria uma mulher negra para estar à frente da área de responsabilidadesocial da empresa. A empresa chegou em dois mil e quatro a ter sessenta e quatro por cento da força de trabalho composto por mulheres...você não via, não as via em cargo de comando, a maioria eram homens...hoje...é cinquenta por cento...mulher cinquenta por cento homem em cargos de comando...nós temos mulheres diretora, gerente...mulheres que são é coordenadoras, né? A nossa meta é aumentar esse valor aí. Qual o nosso índice que a gente olha para poder ver essa diversidade na empresa? A gente usa muito os dados do IBGE, nossa meta... é chegar aos quarenta, né? Aos quarenta e cinco por cento como o IBGE aponta da população afro-brasileira... então essa é um pouco a meta... assim a gente tem muito esse olhar porque como o [presidente da empresa] coloca...somos uma empresa cem por cento brasileira. Se a gente contrata todo mundo aqui homens e brancos nós estamos em qualquer outro lugar do planeta mas nós estamos aqui no Brasil, então é esse... é muito olhar isso, né? (Entrevistado).
Resumo: A Engenharia de Produção deve abordar preocupações relativas ao desenvolvimento sustentável considerando a tecnologia, os modelos de gestão das organizações e seus stakeholders. Este artigo objetiva analisar a percepção dos colaboradores da Beta Inovação em Engenharia Ltda. quanto às ações de ResponsabilidadeSocial da empresa. Os itens do questionário foram construídos considerando as dimensões de ResponsabilidadeSocial definidas por Araújo (2006) e a técnica de grupo foco com os funcionários, realizada para auxiliar a elaboração dos itens a serem utilizadas no questionário, constituindo a parcela qualitativa desta pesquisa. A parcela quantitativa está relacionada aos itens do questionário que obedeceram a uma escala Likert. Os resultados foram apresentados em termos de percentuais, médias, intervalos de confiança e representação dos dados com o gráfico boxplot. Com maior média está o item referente às ações e negócios da empresa que, na percepção dos colaboradores são pautadas em padrões éticos. A avaliação do colaborador quanto a sua participação como voluntário apresenta a menor média. Para que a Beta mantenha credibilidade, sugere-se uma contínua construção de relacionamento por meio do planejamento de comunicação e respectivo monitoramento das ações da empresa junto aos seus stakeholders. Recomenda-se que outros públicos de interesse sejam alvo de levantamentos futuros.
O presente artigo trata do estudo da inclusão de pessoas com deficiência na empresa como fator de responsabilidadesocial, tendo por objetivo verificar o conceito de responsabilidadesocial empresarial e sua relação com esse tipo de inclusão. A responsabilidadesocial muitas vezes é confundida com o conceito de filantropia, o que leva muitas empresas a focarem suas ações sociais em apenas um determinado grupo de pessoas. Todavia, ser socialmente responsável é ir além de ações filantrópicas, é possuir uma gestão que se baseia na ética empresarial. E, diante do cenário atual de conquistas sociais, se torna fundamental à empresa ter o conhecimento de suas obrigações legais mediante seu papel no processo de contratação da pessoa com deficiência, pois a legislação brasileira defende a empregabilidade e a acessibilidade dessas pessoas como uma garantia de inclusão na sociedade e na empresa. Assim, com uma metodologia de pesquisa bibliográfica e estudo de caso de forma qualitativa, obteve-se a resposta para o seguinte problema de pesquisa: “há dificuldade no processo de inclusão da pessoa com deficiência na empresa?”.
Esta pesquisa buscou compreender de que forma RSC (ResponsabilidadeSocial Corporativa) é tratada dentro de uma empresa de natureza híbrida. Espera-se que as estratégias sociais dentro de empresas híbridas pressuponham a incorporação de objetivos além dos eminentemente econômicos (conteúdos mainstream) e que empresas dessa natureza sejam um locus mais apropriado à uma abordagem crítica (conteúdos críticos) com foco social. Para atingir os objetivos propostos foi elaborado um estudo de caso único em uma instituição híbrida do setor bancário do Brasil, sendo os dados coletados diretamente em seis gerentes-executivos na empresa através de entrevistas semi-estruturadas. A partir da análise dos dados coletados, chegou-se a alguns resultados significativos com relação a algumas barreiras e oportunidades para o estabelecimento efetivo de uma abordagem crítica. Com relação às barreiras pode-se citar principalmente a predominância de um discurso sobre uma abordagem da estratégia com foco econômico que bloqueou outras abordagens. Esta ênfase à abordagem econômica se dá em parte em função das pressões que essas empresas sofrem para se tornarem cada vez mais competitivas e minimizarem a percepção de ineficiência e também se deve ao desconhecimento sobre a literatura em estratégia dentro de uma abordagem crítica. No que se refere às oportunidades, o estudo sinalizou que a incorporação de uma abordagem crítica mais engajada que conviva com a abordagem econômica, ao invés de se opor a ela, poderia encontrar mais espaço para se desenvolver em empresas dessa natureza.
A empresa, como agente econômico inserido na sociedade, exerce relevante papel social, não apenas quando cria empregos e paga corretamente os impostos, mas quando insere em sua atividade econômica elementos de concreção de valores sociais. Pode-se afirmar, que nesse sentido, as finalidades da função social e da responsabilidadesocial são as mesmas: reconhecer a pessoa, em sua dignidade, o principal fim da atuação do estado e, por conseguinte, de toda a sociedade.
Resumo – O objetivo geral deste estudo consistiu em analisar os Balanços Sociais do período de três anos de uma empresa do ramo de energia elétrica. Quanto à metodologia, no que se refere aos objetivos, trata -se de uma pesquisa descritiva. Quanto aos procedimentos técnicos, trata-se de um estudo de caso e, quanto à abordagem do problema caracteriza-se como pesquisa qualitativa. A análise dos dados obtidos dos Balanços Sociais de 2007, 2008 e 2009, mostrou que a empresa vem agindo não somente por meio das leis, mas também por uma cultura responsável através de ações na comunidade e no meio ambiente. Isto se deveu ao aumento contínuo dos valores destinados ao corpo funcional, remuneração e benefícios, como também dos investimentos externos e socioambientais. Palavras-chave: ResponsabilidadeSocial. Balanço Social. Energia Elétrica. Valor Adicionado.
Do ponto de vista da psicologia das organizações, a RSE vem suceder a outras linhas de orientação empresarial que se vislumbram desde o fim do século XIX, quando os salários a prémio eram entend idos como incentivos à produtividade, seguidas, depois da Segunda Guerra Mundial de políticas empresariais de promoção, de participação e de motivação dos trabalhadores – numa aposta no desenvolvimento de relações laborais mais humanizadas – no incremento de dinâmicas de racionalidade e controlo. Nos anos cinquenta o aparecimento do “marketing”, as estratégias empresariais dominadas pela necessidade de actualização de estruturas de controlo da gestão e o progressivo aumento do peso dos factores financeiros para avaliar o desempenho das organizações, a par e passo com um (cada vez mais imprescindível) investimento nas tecnologias de informação e comunicação e, finalmente, acumulada a todos estes mecanismos de que a gestão moderna foi lançando mão – a RSE afirma-se enquanto conjunto integrado de medidas de índole laboral e ambiental na, por vezes ténue, fronteira com a solidariedade social, na aposta em capital humano e na recuperação do passivo ambiental.
Na tentativa de deter o processo de de- generescência das empresas, os executi- vos têm procurado modelos de excelên- cia gerencial, que não necessariamente se adequam às características[r]
Em se tratando da relevância social da vida no trabalho, a maioria acredita que a organização possui responsabilidade com a comunidade, mas, com os empregados, limita-se a desenvolver o necessário previsto em lei. Alguns dos entrevistados manifestaram um sentimento de devoção às oportunidades oferecidas pela organização, sendo que foi por meio dela que conseguiram pagar seus estudos, comprar suas casas etc. Um dos entrevistados, de modo expressivamente exclamativo comentou: “Não sei o que será da minha vida sem a [...] [organização]. Eu vivo para isso aqui, meu Deus!” (P15). Por outro lado, conforme P12, “a qualidade nos serviços realizados, pelo feedback de clientes externos, não é bem vista. Existem muitas reclamações referentes aos planos oferecidos e marcação de consultas [...]” – o que faz crer que deveria ser dada mais atenção às sinalizações dos clientes externos.
Por fim, a partir da análise dos dados empíricos levantados, pretende-se verificar a influência dos programas da Refinaria Duque de Caxias, dentro da prática da responsabi[r]
Tem por objetivo manter e administrar os leitos e serviços hospitalares, incluindose aqui tanto os atuais como quaisquer outros que venham a ser criados ou incorporados; criar, manter e administrar todos os serviços de proteção à velhice aos desempregados aos diminuídos mentais de natureza assistencial e beneficente e por fim estimular e praticar obras de misericórdia e prestar assistência social aos desvalidos. Em lº de Agosto de 1957, foi feita a primeira cirurgia no Hospital quando então era dirigido pelas Irmãs de Caridade que executavam todos os tipos de tarefa. Nos anos de 1958/1959, foi dado início à construção da Maternidade com 900 ms2. Em virtude do aumento da cidade, o Hospital até então como era conhecido, transformouse em Santa Casa em fins da década de 70. Naquele período, foi construído o ambulatório, ampliada a enfermaria, os serviços gerais, condicionandoo para se tornar, na década de 90 em hospital de referência na microrregião. Em 1993 criou seu próprio plano de segurosaúde procurando capitalizarse face às dificuldades financeiras em que se encontrava. Atualmente, conta com 20.000 usuários entre planos individuais e empresariais. É o único hospital do município e é referência para outros municípios, junto a DRS de Franca.
Através das mudanças econômicas, políticas e sociais ocorridas no mundo devido à globalização, as empresas passam a ter uma nova função: a responsabilidadesocial. Os clientes, internos e externos, e a sociedade em geral, estão cada vez mais atentos às ações desenvolvidas pelas empresas, de forma a verificar se, realmente, são empresas socialmente responsáveis ou apenas se utilizam dessa nova realidade, para praticar o marketing empresarial. O papel da Contabilidade é de grande importância para essa nova prática empresarial, pois é através da Contabilidade que o Balanço Social, instrumento que demonstra a responsabilidadesocial da empresa, é elaborado, para que seus usuários possam ter informações de forma transparente e ética. Portanto, verifica-se que existem diversos modelos para a elaboração do balanço social, pois não existe um padrão a seguir por não ser obrigatória sua divulgação, dificultando assim, sua comparabilidade com as demais empresas, e até mesmo com dados de anos diferentes da própria empresa. Nesse sentido, verificam-se alguns modelos existentes elaborados por instituições preocupadas com questões sociais e, através de amostragem, observam-se quais fatores de responsabilidadesocial as empresas do ramo têxtil de Santa Catarina evidenciam. Ressalta-se então, que a falta de padrões dificulta a análise e a própria rentabilidade das empresas, tendo em vista que a questão social pode ser um diferencial de competitividade.
Historicamente, o significado da expressão social com relação a empresa, ou seja, caracterizada como aquela relacionada ao contexto que a circunda, advém do capitalismo liberal, de uma sociedade que até então se materializava com produtividade agrária, para uma evolução das máquinas em produção de larga escala, próprio do Século XIX. (FERRARI; GARCIA, 2015, p. 17-18). O liberalismo destacado por Adam Smith define a propriedade privada, sob livre iniciativa, buscando a maximização de lucros sem interferência do Estado, de forma a gerar a livre concorrência.
Responsabilidade Social da empresa e para programas de Qualidade de Vida no Trabalho. Na parte sobre o planejamento social, defende-se o planejamento como instrumento para o[r]
Segundo Fearnside (1999), autor de um artigo sobre os impactos da UHE Tucuruí, mostra que essa hidrelétrica também passou por problemas semelhantes: (1) movimentos sociais dos residentes ao longo das margens do reservatório que acamparam durante dois anos em frente à ELETRONORTE (empresa detentora da concessão da usina) reivindicando locais alternativos para o reassentamento; e (2) economias de cidades/vilarejos afetados foram totalmente destruídos. Na questão ambiental, apenas 140 km 2 dos 2.850 km 2 alagados foram desmatados, causando uma perda de aproximadamente 2,5 milhões de m 3 de madeira que poderia ser aproveitada, além de alterar a qualidade da água e mortalidade de espécies de peixes (FEARNSIDE, 1999).
Para completar ainda mais a prática de conceitos que estão sendo implantados nas organizações e difundir um sistema de grande relevância, o engenheiro José Ailton Baptista da Silva da empresa TQM – Técnicas de Qualidade e Marketing Ltda, acrescentou o Senso de ResponsabilidadeSocial, ficando definido como o 10ºS. Foi feita uma pesquisa com japoneses, encontrando-se o significado de ResponsabilidadeSocial como Sekinin Shakai, (dialeto de Okinawa). Temos então 10 SENSOS, que são:
O indicador vinte e seis, Compromisso com a Gestão Participativa, obteve o estágio quatro assinalado, com a ressalva de que o estágio três não é atendido por conta da inexistência de representantes formais dos funcionários junto aos membros decisores. Como justificativa para o desempenho percebido, foram citadas as ferramentas de gerenciamento da rotina para acompanhamento de indicadores existentes em todas as unidades, através dos quais os funcionários apresentam planos de ação constantemente, os quadros de gestão à vista onde estes indicadores ficam expostos e o jornal interno com informativos sobre a empresa. O estágio quatro é atendido porque o relatório divulgado pela empresa contém além do desempenho financeiro, controle acionário, estrutura de governança e informações sobre suas ações de responsabilidade socioambiental.