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4. REALIZAÇÃO

4.3. À procura da “melhor aula”: Os três pilares conseguidos

conseguidos

Quando iniciei o estágio foi-me explicado que a avaliação enquanto professora estagiária iria ter como base três focos: o controlo da turma, a gestão do tempo de aula e a instrução. Estar perante a turma, ter tudo controlado a partir destes três pontos, adicionando a adequada linguagem, a terminologia específica, cumprir todo o plano de aula e conseguir o empenho, e consequente, a aprendizagem dos alunos respondendo aos objetivos da aula, são tarefas que todas ligadas e conseguidas me levariam, na minha opinião, a conseguir a dita “melhor aula”.

A minha prática foi evoluindo positivamente ao longo do ano. Passei, numa primeira fase, de me preocupar demasiado com o controlo e a organização da turma, para uma professora bastante preocupada com a evolução e a aprendizagem dos alunos, mantendo-os controlados e organizados.

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Desta forma, iniciei a minha prática com o ensino de andebol, com base nos diversos modelos para o ensino dos jogos desportivos, que têm como objetivo valorizar a componente cognitiva e tática na aprendizagem do jogo (Estriga & Moreira cit. por Tavares, 2015), e dada a complexidade da modalidade, houve a necessidade de criar jogos reduzidos com a turma dividida em grupos. Focava-me muito em verificar se a mesma estava controlada e organizada a exercitar. Não obstante, como era essa a minha maior preocupação, o feedback ficava aquém do esperado.

Refleti com o PC acerca da minha postura e recordo-me de ele me dizer “não precisas de correr para pôr os cones”, pois a minha preocupação era que os alunos estivessem sempre em prática.

Contudo, foi no ensino do Voleibol, uma modalidade que tinha receio de lecionar e em que me sinto menos à vontade tanto como praticante como professora, que me fez evoluir imenso. O papel de professora teve uma evolução exponencial e as estratégias de organização levaram-me a focar mais na prática dos alunos e a ter um ensino mais incisivo.

Criei estratégias para diminuir o tempo fora da tarefa, ou seja, no meu caso e dado o nível compatível dos alunos, separei as raparigas dos rapazes, e aquando do momento de alterar o exercício, dirigia-me primeiro a um grupo, e posteriormente a outro ao invés de juntar a turma no centro e explicar os exercícios. Assim, consegui uma maior proximidade junto dos alunos, tornando as aulas num ensino por níveis rápido e eficiente.

Foi, também, nas aulas de voleibol que “me moldei” e comecei a circular devidamente (porque nunca foi de mim estar parada num sítio), e percebi que o professor tem de viver a aula e interagir com os alunos. Neste sentindo, passei a intervir nos momentos oportunos.

Passo a citar um excerto das minhas reflexões finais do 1º Período:

“O 8º ano é a minha turma residente e é nela que tenho sentido maior evolução e as maiores aprendizagens pois, inicialmente, comecei a lecionar sempre de uma forma ansiosa, isto é, a forma como me expressava e pedia as coisas aos alunos tinham uma certa pressa, (pois preocupava-me em cumprir o planeamento). Mas tal poderia de certa forma ser prejudicial no processo de

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ensino e aprendizagem pois, a minha dita energia eletrizante, podia ser demasiado para os alunos. Com ajuda do PC, e depois de o mesmo me fazer refletir sobre isto, fiz com a que a minha postura se fosse moldando à turma e fui cada vez ficando mais calma. Foi na lecionação das aulas de Voleibol que, por curiosidade não é das minhas modalidades de eleição, que surpreendi, digamos assim, o meu PC, pois a minha postura mudou para melhor.

Depois da aula diagnóstica percebi que a turma era muito heterogénea, principalmente a nível dos géneros masculino e feminino. Então, na 1ª aula que lecionei de voleibol, separei os níveis e trabalhei assim em dois grupos. Este processo resultou muito bem pois conseguia rapidamente explicar a cada grupo os novos exercícios sem que metade da turma parasse a exercitação.”

(Reflexão das aulas de voleibol, 1ºPeriodo, 8ºano)

Desta forma, as minhas estratégias de ensino foram-se moldando e ficando cada vez melhores para conseguir a “melhor aula”, o que é um trabalho difícil, pois uma aula, segundo Bento (2003, p.101), “é um trabalho duro para o

professor. Significa cinquenta minutos de atenção concentrada e de esforço intenso”.

Na minha opinião, o controlo da turma está intimamente ligado com a gestão do tempo de aula pois, pela minha experiência, quando eu tinha tudo controlado, isto é, a turma controlada mais a minha função bem gerida e a maneira como viria a intervir, a aula fluía bastante melhor. Siedentop e Tannehill (2000) consideram que para uma melhor gestão de aula tem que se começar por iniciar a mesma no tempo certo, fazer com que os alunos cheguem a horas, as transições entre exercícios têm de ser mínimas, e obter as melhores estratégias de reunir a turma para as explicações.

Havia aulas em que me sentia cansada pela minha envolvência e dedicação, mas terminava de coração cheio. Isto aconteceu-me bastante quando lecionei a modalidade de ginástica ao 5ºano. A mudança de exercícios e as várias formas de os lecionar e integrar, fluíram tão bem que isso resultou

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no controlo da turma e numa gestão do tempo de aula equilibrada e assegurada.

“As aulas lecionadas ao 5º ano foram bem planeadas, bastante objetivas e fluíram muito bem.

Percebi desde cedo que seria fundamental fazer aulas bastante dinâmicas, alternando o lúdico com a exercitação e, mesmo dentro da exercitação dos elementos gímnicos, haver bastante diversidade para fazer com que os alunos estivessem empenhados na tarefa o maior tempo possível.

Cheguei mesmo, nestas aulas, a ficar cansada fisicamente e psicologicamente. Mas foi uma experiência maravilhosa que felizmente vou poder continuar a ter no início do 2ºP.” (Reflexão

das aulas de ginástica, 1ºPeriodo, 5ºano)

Comecei a criar algumas rotinas minhas de trabalho, tais como, começar a aula sempre com os alunos sentados no banco sueco; utilizar o apito uma vez para terminar e iniciar as atividades; dois apitos significavam que os alunos tinham 5 segundos para chegar até mim, então, apitava e colocava a mão no ar e iniciava a contagem; aquando da instrução ninguém mexia no material, e no final selecionava alunos diferentes todas as aulas para me ajudarem a arrumar o material.

Relativamente à instrução, foi sempre uma das minhas preocupações a forma como eu iria explicar e fazer chegar aos alunos o que pretendia. Então, sempre que elaborava o plano de aula, pensava na forma como me iria dirigir aos alunos para que a transmissão fosse clara, orientando os mesmos para o objetivo do exercício (Rink, 1993). Inicialmente, não “perdia muito tempo” com as componentes críticas, no entanto, fui percebendo que estas eram fundamentais na instrução e no próprio feedback, uma vez que o objetivo de cada exercício está diretamente relacionado com aquilo que se pretende desenvolver a cada momento. Assim, fui capaz de instruír de uma forma curta e objetiva. Apoiando esta ideia, Rosado & Mesquita (2009, p. 69) afirmam que

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a instrução é a chave da estruturação e modificação das situações de aprendizagem e que fazem parte da mesma, comportamentos verbais (explicação e feedback) ou não-verbais (demonstração).

A minha forma de atuar sempre passou por explicar, exemplificar e só depois colocar os alunos distribuídos a realizar as tarefas. No entanto, se fosse algo que conseguisse explicar com eles já nos lugares, fazia-o para economizar tempo de aula. Também, algo que aprendi nas aulas de didática de andebol foi conseguir explicar e demonstrar ao mesmo tempo. Quando o consegui fazer senti-me realizada porque apercebi-me, com a experiência e adaptação da professora da FADEUP, que essa era uma forma rápida do aluno entender o exercício e, posteriormente, realizá-lo com êxito, economizando o tempo.

Para mim, a demonstração é das ferramentas mais importantes na aula de EF pois, mesmo que o aluno não tenha entendido algum pormenor, através de uma boa demonstração vai conseguir limar algumas dúvidas. Assim, a mesma “(…) permite diminuir o tempo de prática necessário para atingir determinado nível de performance em relação à prática efetuada na ausência da utilização prévia dessa estratégia de utilização.” (Temprado, cit. por Graça & Mesquita, 2006, p. 212).