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3. ENTENDIMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

3.4. Turma Residente – A minha turma 8ºI

Hoje, falar da minha turma, que me foi atribuída quase ao acaso, desperta em mim um turbilhão de sentimentos.

Ficar com uma turma do ensino básico (EB) foi sempre o que desejei pois procurei apenas escolas para lecionar até ao 9ºano, dado que os meus objetivos seriam apresentar-me e estar na formação dos jovens a meio do seu desenvolvimento.

Como referi anterorimente, receava bastante que a minha turma fosse composta por alunos problemáticos que me impedissem de dar as aulas devidamente. Não obstante, sempre que partilhava este receio com a minha irmã, esta fazia-me crer que tudo depende do professor e da maneira que este chega aos alunos. Hoje concordo integralmente com esta ideia, pois seria muito simples e pouco desafiador se tudo fosse demasiado fácil. No entanto, lidar com alguns casos problemáticos seria muito desafiador para a minha atuação. Admito que tive um grupinho de alunos que para mim foram um desafio, mas em relação ao controlo da turma e ao envolvimento e participação da mesma, posso afirmar que a minha realidade tornou-se num “conto de

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fadas”. Assim, este turbilhão de emoções foi formado inicialmente por receio e ansiedade, mas também por motivação, entusiasmo, alegria e superação.

Relativamente às características da turma, a mesma era do 8ºano, constituída por 24 alunos, dos quais, 11 eram do sexo masculino e 13 do sexo feminino. A média de idades situava-se nos 13 anos. Isto significa que a fase de desenvolvimento em que o 8ºano de escolaridade se encontrava era a adolescência. Considera-se que é aos 12 anos que o indivíduo sofre transformações do foro físico, psicológico, afetivo e ainda social, observando- se assim inúmeras alterações em tão tenra idade, sendo este o marco principal para a fase da puberdade propriamente dita.

Para além das mudanças mais percetíveis e evidentes a nível biológico, é a nível sociopsicológico, que se observam drásticas mudanças de sentimentos e emoções, levando o indivíduo a passar de um estado de calma para momentos de pura agitação derivados das suas emoções. Não obstante, são estas mudanças repentinas que irão dar origem a uma reestruturação da personalidade de cada um. Sampaio (1994) reforça esta ideia afirmando que a adolescência é a etapa de desenvolvimento humano que prevê a passagem de uma situação de dependência infantil para a inserção social e a formação de um sistema de valores que definem a idade adulta. Em relação à minha turma, posso afirmar que experienciei este tipo de comportamentos, nomeadamente, com um rapaz que não conseguia ter uma brincadeira com os colegas sem abusar. Em outubro, esse mesmo aluno teve um comportamento completamente fora da tarefa. Os discentes estavam a fazer exercícios de

0 2 4 6 8 10 12 14 12 13 14 Idades Idades

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introdução/exercitação à corrida de estafetas quando o aluno mencionado decide, por livre e espontânea vontade, agredir com o punho fechado as costelas de uma colega da sua equipa. A minha reação foi expulsá-lo imediatamente da aula, mandando-o ir vestir-se e sentar-se no banco.

Após essa ocorrência, as colegas da discente agredida informaram-me que o aluno andava a ter comportamentos agressivos ultimamente. O PC conversou com o aluno e eu mesma no fim da aula também abordei-o. No entanto, devido à turma se ter queixado à diretora de turma, esta decidiu participar a ocorrência. O aluno acabou por ser suspenso durante dois dias. Eu podia ter desistido dele, mas fiz precisamente o contrário. Percebi que era um aluno que gostava de atenção e de dar “nas vistas”. O mesmo era, normalmente, o que representava o “I” (de 8ºI) no nosso grito de turma, e foi devido a esta passagem que decidi intervir estrategicamente: o “I” da turma seria diferente em todas aulas com base no empenho, aproveitamento e comportamento na aula. Foi uma estratégia que funcionou, pois, este acontecimento indesejado levou-me a estar mais alerta e pró-ativa na criação de estratégias para ter a turma sempre envolvida nas tarefas e com um comportamento oportuno. Relativamente ao errante fui estando atenta ao seu comportamento. Foi um aluno que evoluiu exponencialmente a sua maneira de ser e estar.

Em relação às fichas de caracterização, de acordo com as respostas dadas pelos alunos, no ponto da saúde é de salientar que houve uma aluna com quem tive de ter cuidados redobrados pois é portadora de “diabetes

insipidus”, o que fez com que a mesma tivesse autorização para beber água e

ir à casa de banho sempre que sentisse necessidade.

Relativamente ao gosto pela EF, toda a turma gosta efetivamente da disciplina. Tal facto pode ser explicado pela grande maioria praticar um desporto fora da escola, à exceção de 5 alunos.

Na figura a baixo estão presentes os diversos gostos desportivos dos alunos e, por sinal, são heterogéneos. A modalidade preferida é o voleibol com uma percentagem de 24%, seguida pelo ténis e o futsal com uma preferência de 17%, posteriormente aparece a ginástica com 14% e por fim o andebol com 7%. Surgem ainda várias modalidades com uma percentagem pequena, que justifica o facto dos gostos da turma serem mesmo muito heterogéneos. A

16 17% 24% 14% 17% 3% 3% 3%2% 7% 2%2% 2% 2% 2% Gostos Desportivos

Badminton Voleibol Ginástica Futebol Futsal Hóquei em patins Parkour N/R Andebol Ténis Judo Dança Basquetebol Floorball

partir destes dados, consegui perceber melhor a razão pela qual há diferentes empenhos na turma.

As duas modalidades expressas como preferidas foram o voleibol e o futebol. Por outro lado, as modalidades enunciadas com maiores dificuldades foram a ginástica (elementos do sexo masculino) e futebol (elementos do sexo feminino). Posso concluir que a utilização das fichas ajudou-me a perceber as preferências e dificuldades gerais da turma, o que foi fundamental na forma como atuei e planeei as aulas (tema que irei abordar posteriormente).

22% 5% 5% 4% 4% 26% 13% 4% 4% 4% 9%

Prática de Desporto Regular

Não Zumba Natação Hóquei em Patins Parkour Futebol Dança Ginásio Karaté Voleibol Ténis

Figura 3- Representação dos gostos desportivos dos alunos, 8º Ano

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