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3. Experiências de ensino e aprendizagem

3.3. Experiências de ensino e aprendizagem, desenvolvidas no 1.º CEB

3.3.1. Área do Português

A aprendizagem do Português é vista como uma componente fundamental na formação das crianças uma vez que a aprendizagem da língua condiciona e favorece a relação da criança

e do jovem com o mundo, bem como a progressiva afirmação de procedimentos cognitivos, de competências comunicativas e de atitudes afectivas e valorativas que são determinantes para a referida relação com o mundo e com aqueles que o povoam” (ME, 2009, p.12).

De acordo com Silva (2011, p.9) o ensino da língua é, tradicionalmente, realizada quase exclusivamente através da escrita, seja em forma de cópias, ditados, redações, perguntas e respostas por escrito e até mesmo os diferentes tipos de texto (publicitário, literário, jornalístico, etc.) são vistos como textos escritos, ou seja a escrita é vista como o ponto de partida, o ponto de

chegada e o veículo único da configuração linguista.

Por outro lado, o Programa do Português do Ensino Básico (PPEB), Ministério da Educação (2009)5, defende que se deve dar a mesma importância à compreensão e expressão oral,

à leitura, à expressão escrita e ao conhecimento explícito da língua, relacionando-as com os restantes saberes.

Esclarecendo cada uma das competências do referido programa (ME, 2009, p.16) a compreensão oral é a capacidade para atribuir significado a discursos orais em diferentes

variedades do português, sendo a expressão oral a capacidade de reproduzir sequências de sons

(fonemas) que apresentem um significado e que estejam de acordo com a gramática da língua. A leitura é um processo interactivo que se estabelece entre o leitor e o texto, em que o primeiro

apreende e reconstrói o significado ou os significados do segundo, já a escrita é caraterizada

como

o resultado, dotado de significado e conforme à gramática da língua, de um processo de fixação linguística que convoca o conhecimento do sistema de representação gráfica adoptado, bem como processos cognitivos e translinguísticos complexos (planeamento, textualização, revisão, correcção e reformulação do texto).

Para finalizar, no conhecimento explícito da língua é reflectida a capacidade para

sistematizar unidades, regras e processos gramaticais do idioma, levando à identificação e à correcção do erro; o conhecimento explícito da língua assenta na instrução formal e implica o desenvolvimento de processos metacognitivos (ME, 2009, p.16).

Ao longo da PES II verificámos que o português era transversal às restantes áreas de conteúdo, uma vez que as atividades realizadas partiram, quase sempre de jogos, músicas,

5 Embora se tenha utilizado o Programa de Português homologado em 2009, por ter sido utilizado na nossa

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dramatizações, imagens ou histórias, que fomentavam, essencialmente, o conhecimento de novas letras ou o reconto de histórias, distinguindo as partes essenciais da mesma, a associação, inicialmente, entre o som e grafia para, posteriormente, compreender a relação entre palavra e imagem.

Relativamente à compreensão e expressão oral realizámos com a turma atividades que visavam a aquisição de novos vocábulos, a verificação de competências e a compreensão das regras de discurso. Para isso, todas as segundas-feiras cada aluno partilhava, com os restantes colegas, o que tinha acontecido de significativo no seu fim de semana, com o intuito de desenvolver a linguagem pois, segundo Ciari (1997, citado por Porteiro, 2014, p. 65) a forma como os alunos relatam as suas experiências, é extremamente esquemática, esta só exprime

alguns dos elementos da ação, aqueles que imediatamente, sem esforço vêm lhe à memória. Para

além da partilha é através deste género de diálogos que cada aluno começa a compreender as regras da linguagem, a nível sintático, semântico e pragmático.

Uma outra atividade também muitas vezes efetuada, relativamente à oralidade, foi a audição de histórias, que davam ênfase, a uma determinada letra do alfabeto, com o intuito de cada aluno associar o som ao grafema. Antes da leitura da história, e através das ilustrações da capa, a turma tentava, de forma oral, “adivinhar” a ação da história para, num segundo momento, após a leitura da mesma, recontar a história, na qual era tida sempre em conta a opinião de diferentes alunos.

No que diz respeito à leitura e à escrita, e uma vez que a turma frequentava o 1.º ano, e por essa razão estas competências ainda não estavam desenvolvidas, foram realizadas, inicialmente atividades que pretendiam o ensino da escrita das diferentes letras, para que as mesmas se articulassem e, desta forma, se criassem ditongos, palavras e finalmente frases. Assim, nas primeiras aulas, e antes de ensinar uma nova letra, eram registadas as vogais e consoantes já lecionadas no quadro e eram escolhidos alunos, ao acaso, para que os mesmos identificassem as letras, por nós escolhidas. Numa segunda fase, eram escritas palavras ou frases no quadro para que cada um as lesse em voz alta.

Neste sentido é importante referir que de acordo com o Programa do Português (ME, 2009, p. 7) a leitura e a escrita aparecem agrupadas nos dois primeiros anos de ensino, pois estas competências aparecem como novidade e como peça fundamental do ensino.

Para finalizar, relativamente ao conhecimento explícito da língua foram realizadas atividades que tinham como intuito a escrita de frases com sentido, utilizando sinais de pontuação corretos e escrita de palavras sem erros. Esta competência foi abordada transversalmente em relação às restantes competências, tendo-se verificado que, para a maioria da turma, foi a que ofereceu maiores dificuldades, uma vez que nestas idades os alunos escrevem conforme

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pronunciam, contudo, e de acordo com o Programa do Português (ME, 2009, p. 16) esta competência permite o controlo das regras e a selecção dos procedimentos mais adequados à

compreensão e à expressão, em cada situação comunicativa.

No decorrer das aulas, verificámos que os alunos já traziam algumas conceções prévias, relativamente às letras, ainda que os mesmos não fossem capazes de associar grafemas e fonemas e, por essa razão, a leitura não estava apreendida.

Com o passar do tempo, alguns elementos começaram a compreender e a associar os sons e as letras, sendo capazes de ler pequenas frases. Outros, apresentavam mais dificuldades, embora fossem capazes de ler sílaba por sílaba, contudo dois alunos, aquando o término da PES II (29 de janeiro de 2016), ainda apresentavam grandes dificuldades no reconhecimento de determinados grafemas, realizando por essa razão, a leitura de forma incorreta.

De seguida apresentamos a tabela 5 onde constam os resultados obtidos ao nível desta área, tendo em conta a avaliação do final do 1.º período, podendo verificar-se, através da observação da mesma que a maioria obteve como resultado Bom (treze alunos).

Tabela 5: Aproveitamento dos alunos na Área do Português Fonte: Própria Avaliação de Português Fraco 0 Insuficiente 0 Suficiente 8 Bom 13 Muito Bom 4

Uma das atividades realizada, relativamente a esta área, e onde foi possível verificar as diferentes competências da língua, foi a escrita de frases, partindo de uma palavra, e consequente verificação ortográfica da mesma (anexo 9). Para isso era escolhido ao acaso um aluno que teria de escolher, de entre vários, um papel, onde estava escrita uma palavra. Numa segunda fase, o mesmo aluno teria de registar no quadro uma frase onde essa palavra constasse e ler a mesma. Para finalizar, e após a leitura, o aluno teria de verificar os sinais de pontuação e as palavras utilizadas de forma a verificar se a frase fazia sentido.

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