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A formação de professores é aparentemente bem distinta da realizada anteriormente. De facto, numa altura conturbada da sociedade, foi necessário contratar diplomados do ensino superior sem qualquer qualificação para a docência, ou sem a qualificação mais adequada. Esta situação foi alterada com o decreto-lei 43/2007 de 22 de fevereiro, com o denominado Processo de Bolonha, que visou a melhoria da qualificação para o ensino, o que levou a que a formação de professores passasse a ser mais complexa, exigente, e também mais longa, sendo agora exigido o grau de mestre.

Este novo enquadramento legal permite ainda a formação simultânea de mais do que um nível de ensino. Assim, passa a ser possível, para os docentes, acompanhar os seus alunos por um maior período de tempo, uma vez que a formação passa a incluir a habilitação conjunta entre o ensino pré-escolar e o 1.º Ciclo do Ensino Básico e a habilitação conjunta entre o 1.º e 2.º Ciclos do Ensino Básico. Assim, o ensino torna-se mais complexo e desenvolve-se uma melhoria na formação dos docentes.

Mais tarde, pelo decreto-lei n.º79/2014 de 14 de maio, a formação de professores passou a ser organizada em dois ciclos de estudo. No primeiro, que diz respeito à licenciatura em Educação Básica (EB), pretende-se a aquisição de bases na área da docência, que vão ser postas em prática no segundo ciclo, ou seja no mestrado.

O presente curso de mestrado, ao contrário do que ocorreu no ano letivo 2015/2016 com o regulamento n.º 181/2016, teve uma duração de três, ao invés de quatro semestres: os primeiros dois no ano letivo 2014/2015 e o terceiro no ano letivo 2015/2016, tendo a nossa PES decorrido nos dois últimos semestres.

Os estabelecimentos onde nos encontrámos a realizar PES foram escolhidos tendo em conta os protocolos que os mesmos têm com o IPG, sendo que a cada grupo de estágio foi atribuída uma professora supervisora da ESECD e uma educadora/professora cooperante. No nosso caso tivemos no JI como supervisora a Professora Filomena Velho e como cooperante a Educadora Conceição Silva, e na EB1 do Bonfim a supervisora Professora Elisabete Brito e como cooperante a Professora Margarida Cardoso.

A PES permite aos futuros docentes, ainda estagiários, um primeiro contacto com o ensino, onde podem pôr em prática o que foi aprendido, teoricamente, ao longo da licenciatura, uma vez que tal como refere Lopes (1965, p. 15) a teoria, sem o complemento da prática, constitui

um êrro em educação, e a prática, sem uma segura teoria que a suporte, torna-se atividade vazia e sem sentido. Por outro lado, e de acordo com Formosinho (2009), a PES pode ser definida como

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permitindo aos mesmos desenvolver competências que os orientem para um futuro desempenho responsável, ou seja, é na PES que nos é possibilitado ligar os ensinamentos teóricos, que nos foram transmitidos a uma realidade concreta, uma vez que para uma boa formação é necessário aliar a teoria à prática e o “saber” ao “fazer”.

Como já foi referido anteriormente, tanto ao nível do pré-escolar como do 1.º CEB fomos, enquanto alunas estagiárias, orientadas e supervisionadas por educadores/professores cooperantes que, inicialmente, permitiram que os observássemos, para numa segunda fase nos ajudarem e aconselharem sobre as melhores estratégias a utilizar, de forma a conseguir alcançar bons resultados com o grupo ou turma. Esta supervisão e orientação foram de extrema importância na medida em que um professor, em princípio mais experiente e mais informado, orienta um outro

professor ou candidato a professor no seu desenvolvimento humano e profissional (Alarcão e

Tavares, 2003, citado por Porteiro, 2014, p. 44).

O período de observação em ambos os ciclos foi, assim, essencial na medida em que nos permitiu observar cada criança/aluno no particular e o grupo/turma no geral de forma a perceber os conhecimentos já adquiridos, os assuntos, ou temas que lhes despertavam maior interesse, as suas maiores dificuldades e o ambiente familiar em que estavam inseridos, visto estas serem

práticas necessárias para compreender melhor as características das crianças e adequar o processo educativo às suas necessidades (ME, 1997, p. 25).

Para além destas caraterísticas, a observação permitiu-nos ainda conhecer a instituição, a sala de aula e as rotinas diárias do grupo/turma, onde realizámos o nosso estágio, de forma a dar continuidade ao trabalho iniciado pela educadora/professora cooperante. Neste período tomámos conhecimento dos objetivos a atingir no decorrer do ano letivo, permitindo-nos, desta forma, iniciar as planificações para que as atividades corressem conforme planeado, produzindo assim aprendizagens activas, significativas, diversificadas, integradas e socializadoras nas crianças (ME, 2004, p. 23).

Ao longo do mestrado foram várias as planificações realizadas com o intuito de nos preparar e também de facilitar a aprendizagem do grupo/turma, uma vez que esta deve ser realizada sob o ponto de vista dos alunos, pois é a eles que se destinam os conteúdos, ou seja, a aprendizagem. Sobre este assunto Cardoso (2013) refere que uma boa planificação deve ser realizada, tendo em conta três aspetos: os conteúdos a trabalhar, considerando os programas; o público-alvo, ou seja, o público a quem se destina a aula/atividade e a forma como esses conteúdos irão ser abordados, tendo em conta as atividades e estratégias a utilizar. O mesmo autor salienta ainda que uma aula só estará bem preparada se o docente for capaz de responder às seguintes quatro questões: O que quero que os alunos aprendam?; Qual a melhor forma de lhes transmitir

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conhecimentos? e Qual a melhor estratégia para corrigir os que não atingiram os objetivos?

(p.145).

A planificação é, desta forma, vista como um método que o professor utiliza com o intuito de organizar os conteúdos a lecionar tendo em conta o grupo/turma a quem se destina. Desta forma, o mesmo deve planificar diversas atividades, tendo em consideração a utilização de várias estratégias, uma vez que cada criança é única e a forma como cada uma apreende o que lhe é transmitido, também é diferente. Porteiro (2014) corrobora esta ideia na medida em que define a planificação como uma forma de definir os objetivos do ensino e aprendizagem dos alunos, através de processos que permitam avaliar se os mesmos foram alcançados, partindo de estratégias e materiais de apoio.

No decorrer do nosso estágio foi-nos pedido que realizássemos planificações diárias, partindo de uma grelha base onde se encontravam os objetivos, os conteúdos, os materiais a utilizar, a forma de avaliação e o processo de operacionalização detalhado, das atividades a realizar. É importante referir que as planificações não devem ser seguidas de forma rígida, possibilitando ao educador/professor alterá-las se se justificar essa alteração, e se esta alteração tiver em consideração as necessidades dos alunos, sendo esta flexível, sequencial e transversal (Mesquita-Pires, 2007, citado por Marques, 2012, p. 4).

Neste seguimento, consideramos ser importante clarificar cada um dos elementos presente na planificação que nos foi proposta e que utilizámos ao longo das nossas experiências na PES. Assim, para cada uma das áreas de conteúdo, apresentávamos uma lista de objetivos, que se caraterizam como sendo as aprendizagens que se pretende que os alunos atinjam, de seguida, os conteúdos devem ser selecionados, pelo educador/professor, nos diferentes documentos orientadores, possibilitando assim a planificação de atividades, que respondam, de forma positiva, aos objetivos e aos respetivos conteúdos. Na planificação encontravam-se ainda os materiais a utilizar ao longo das atividades bem como as formas de avaliação que permitem ao docente compreender se um determinado objetivo ou conteúdo foi ou não atingido.

Após a execução das atividades realizadas é importante que o educador/professor avaliem a própria aula, com o intuito de verificar se os objetivos foram atingidos por todos os alunos ou se as estratégias utilizadas deveriam ter sido alteradas para que as aprendizagens fossem mais significativas. Desta forma, no final de cada semana foi-nos pedido que realizássemos uma reflexão onde referíssemos o que correu bem e as atividades que ficaram aquém das expectativas, podendo na mesma propor-se alterações a realizar no futuro, para que os objetivos fossem, efetivamente, atingidos.

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