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“A área de Expressão e Comunicação nos domínios da linguagem oral e expressões A razão

2.1.1 A Literatura Infantil no Processo Educacional

Educadora 8: “A área de Expressão e Comunicação nos domínios da linguagem oral e expressões A razão

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interessante que se aborde a resposta da educadora oito, uma vez que esta apresentou uma ideia oposta à que referimos anteriormente. Para uma, a Área de Expressão e Comunicação é uma área mais específica, enquanto que para outra é mais transversal. Se pensarmos no conjunto de todas as áreas de conteúdo que as OCEPE apresentam, conseguimos perceber que todas elas estão interligadas, de modo a que o desenvolvimento da criança seja realizado de forma integral.

Por sua vez, outra educadora sublinhou a importância da Área de Formação Pessoal e Social, referindo ser esta a mais trabalhada. Neste sentido, é importante que falemos da educadora 5, uma vez que esta referiu que consoante as necessidades que o grupo apresenta assim são as áreas que mais explora, pelo que é difícil escolher uma área, pois cada grupo é diferente. No entanto, referiu que, com o grupo em questão, tem investido mais no Domínio da Matemática. Porém, na opinião desta educadora é fundamental que se trabalhem todas as áreas de conteúdo no jardim-de-infância, uma vez que todas elas se encontram presentes no dia-a-dia das crianças, mas mais importante é dar prioridade às suas necessidades e interesses.

Passando para as respostas das educadoras 1 e 4, estas centraram-se na área de que mais gostam, a Área do Conhecimento do Mundo; porém seria interessante perceber se também é esta aquela em que as crianças mais demonstram interesse. Muitas vezes pode ser cativante e interessante para a educadora, mas para o grupo de crianças não ter qualquer significado, nem lhe despertar interesse. Neste contexto importa referir a relevância da pedagogia em participação que, tal como o nome indica, tem como finalidade a participação e o envolvimento da criança na construção da aprendizagem. Ao colaborar no quotidiano educativo, a criança irá mais facilmente desenvolver a sua autonomia, pois sente que os seus interesses estão a ser valorizados. Oliveira-Formosinho e Gambôa (2011, p. 15) salientam que “O papel do professor é o de organizar o ambiente e observar a criança para a entender e lhe responder.” Neste sentido estamos perante um processo de aprendizagem em que se privilegia a interação entre a criança e o adulto, de modo a que este a conheça, facilitando assim a resposta do educador aos interesses e necessidades de cada criança e do grupo.

Ora a pedagogia em participação vem defender o envolvimento da criança no ambiente educativo, ou seja, dar oportunidade de ser esta a ter iniciativa e a tomar decisões. Desta forma, ao contrário do que foi referido anteriormente, o educador estará a valorizar a experiência e os interesses dos mais novos, em detrimento do que este considera ser o melhor. Só assim se estará a permitir que as crianças vivenciem, criem e conheçam o meio envolvente. A criança assume então um papel de relevo no espaço educativo, uma vez que este deve ser pensado para ela.

Em suma, podemos dizer que a pedagogia em participação se centra no papel da criança na construção do seu saber. Torna-se então importante que o educador a observe em ação, a escute e documente o que vai observando e ouvindo. Deste modo, irá conseguir organizar uma rotina diária onde se respeitem os ritmos de cada criança, tendo em conta o seu bem-estar e as aprendizagens que cada uma vai desenvolvendo, ao mesmo tempo que as torna seres ativos, participativos e autónomos. Por sua vez, a metodologia de investigação-ação surge para auxiliar

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o educador em todos estes aspetos anteriormente mencionados. A prática e o processo reflexivo sobre a mesma fazem parte do dia-a-dia do educador, pois só assim conseguirá dar respostas às crianças e aos problemas que vão surgindo. As crianças só se tornarão seres ativos, participativos e autónomos se a prática estiver de acordo com as suas necessidades e interesses, pelo que é importante que se observe e reflita sobre o que se faz diariamente. Só assim o educador conseguirá compreender o trabalho que vai desenvolvendo e melhorá-lo.

Continuando a análise, a educadora 2 afirmou gostar de trabalhar a Área de Expressão e Comunicação, justificando que é nesta que a criança tem liberdade para se expressar e criar, centrando-se naquilo que ela considera mais importante para o desenvolvimento da criança. Também a educadora 7 deu maior realce à Área de Expressão e Comunicação, referindo que é importante trabalhar a voz, bem como outros elementos fundamentais para a inserção da criança na sociedade, de modo a que esta seja desinibida.

A Área de Expressão e Comunicação, mais concretamente o domínio da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita, merece o seu destaque pela relação que estabelece com o tema explorado neste relatório. A literatura para a infância assume um papel importante na vida dos mais novos, na medida em que é um meio de estes compreenderem a necessidade e as funções da escrita no seu dia-a-dia, ao mesmo tempo que usufruem do momento de leitura realizado pelo educador e aumentam o seu conhecimento sobre o mundo. As OCEPE (2016, p.67) vêm ainda reforçar que “Cabe assim ao/à educador/a proporcionar o contacto com diversos tipos de texto escrito que levem a criança a compreender a necessidade e as funções da escrita, favorecendo também a emergência dos conhecimentos sobre o código escrito e as suas convenções.”

Ao contactarem com uma panóplia de textos, as crianças irão apropriar-se melhor do valor da leitura e da escrita, despertando o prazer e a satisfação por estes momentos, ao mesmo tempo que desenvolvem as suas competências para se envolverem na linguagem escrita. Por sua vez, a linguagem escrita é uma forma de

dar prazer e desenvolver a sensibilidade estética, partilhar sentimentos e emoções, sonhos e fantasias, este é também um meio de informação, de transmissão do saber e da cultura, um instrumento para planificar e representar a realização de projetos e atividades. (Silva, Marques, Mata, & Rosa, 2016, p. 66)

Neste seguimento, focando-nos na grande Área de Expressão e Comunicação, mais concretamente no domínio da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita, questionámos as educadoras sobre a importância que atribuíam à literatura infantil, sendo que seis educadoras assinalaram que dão bastante importância a este domínio e apenas uma assinalou que lhe atribuía “alguma importância”. Na questão que se seguia, em que se perguntava qual a frequência com que proporcionava momentos de leitura ao grupo, observámos a mesma resposta em todos os questionários, selecionando a primeira hipótese, que corresponde a várias vezes durante a semana. A este propósito, Silva, Marques, Mata e Rosa (2016, p.66) referem que

É através dos livros, que as crianças descobrem o prazer da leitura e desenvolvem a sensibilidade estética. As histórias lidas ou contadas pelo/a educador/a, recontadas e inventadas pelas crianças, de memória ou a partir de

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imagens, são um meio de abordar o texto narrativo que, para além de outras formas de exploração, noutros domínios de expressão, suscitam o desejo de aprender a ler. O gosto e interesse pelo livro e pela palavra escrita iniciam-se na educação de infância.

É importante que o educador dê importância aos livros e ofereça momentos em que a criança possa contactar com uma história, seja ela lida, contada, recontada ou inventada. O importante é despertar na criança o gosto e o interesse pelo livro, fazendo assim com que desenvolva a sua sensibilidade estética, ao mesmo tempo que começa a interessar-se pela escrita.

Ainda relativamente ao livro, e no que diz respeito ao critério seguido no momento de selecionar um para explorar com o grupo, as educadoras destacaram os seguintes:

Quadro 2 - Critérios das educadoras para selecionar um livro

Fonte: Questionário aos (às) Educadores (as)

Observando as respostas das educadoras, podemos concluir que seis se focaram nos temas que os livros oferecem, sendo que duas não selecionaram este item. Contudo, há ainda outros fatores importantes no momento de selecionar um livro para apresentar ao grupo, nomeadamente a qualidade estético-literária, a autoria, os conselhos de outrem, o facto de os livros serem ou não recomendados pelo PNL (Plano Nacional de Leitura) e o gosto pessoal da educadora. Apenas uma educadora referiu a importância que todos estes fatores assumem na hora de selecionar um livro, acrescentando ainda que a sua exploração é fundamental, quer quando se trabalha um tema ou um projeto.

EDUCADORA CRITÉRIOS

EDUCADORA 1 Temas.