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Áreas comuns de atuação administrativa paralela (CF, art 23) 4 Áreas de atuação legislativa concorrente (CF, art 24) 256

No documento Coleção Diplomata - Direito Interno (páginas 157-162)

5 NOÇÕES DE ORGANIZAÇÃO DO ESTADO NA CF/

3. Áreas comuns de atuação administrativa paralela (CF, art 23) 4 Áreas de atuação legislativa concorrente (CF, art 24) 256

A CF utilizou diferentes técnicas, ao tratar das competências administrativas – exclusiva e comum, e das competências legislativas – privativa, concorrente, remanescente, delegada, reservada e suplementar, consoante os seguintes quadros gerais:257 DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA COMPETÊNCIA EXCLUSIVA Poderes enumerados UNIÃO – art. 21: “Compete à União”. MUNICÍPIOS – art. 30:“Compete aos Municípios”. Poderes ESTADOS – art. 25, caput e § 1º:

“Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta

reservados Constituição. § 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição”. COMPETÊNCIA COMUM Cumulativa ou paralela UNIÃO, ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS – art. 23:

“Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”.

DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA LEGISLATIVA

UNIÃO

COMPETÊNCIA PRIVATIVA – art. 22:

“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:”

Possibilidade de DELEGAÇÃO (da competência privativa) – art. 22, parágrafo único:

“Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo”.

COMPETÊNCIA CONCORRENTE (UNIÃO, ESTADOS E DISTRITO FEDERAL-DF) – art. 24:

“Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:”

ESTADOS

COMPETÊNCIA REMANESCENTE – art. 25, caput e § 1º:

“Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.

§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição”.

COMPETÊNCIA DELEGADA – art. 22, parágrafo único:

“Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo”.

COMPETÊNCIA CONCORRENTE (UNIÃO, ESTADOS E DISTRITO FEDERAL-DF) – art. 24:

“Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:”

DISTRITO FEDERAL

COMPETÊNCIA RESERVADA – art. 32, § 1º:

“Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica [...].

§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios”. MUNICÍPIOS COMPETÊNCIA EXCLUSIVA – art. 30, I: “Art. 30. Compete aos Municípios: I – legislar sobre assuntos de interesse local;” COMPETÊNCIA SUPLEMENTAR – art. 30, II: “Art. 30. Compete aos Municípios: [...] II – suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;”

Importa esclarecer que, na competência administrativa comum (art. 23), impõem-se atribuições para que todos os entes da federação assumam responsabilidades conjuntas ou cumulativas sobre uma mesma matéria, o que, em consonância com o Princípio Federativo, nos arts. 1º e 18 da CF, reforça as regras de uma Federação Cooperativa, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional, como apontado no parágrafo único do art. 23 da CF.

Na competência legislativa concorrente (art. 24 da CF), a União legisla sobre normas gerais e sua competência não afasta a competência suplementar dos Estados (normas procedimentais e peculiares, notadamente, mais restritivas). Inexistindo Lei Federal sobre o assunto, os Estados exercerão competência legislativa plena para atender a suas peculiaridades. Nesse caso, a publicação de norma federal superveniente suspenderá a eficácia da lei estadual no que lhe for contrário. Isso porque essa competência concorrente define-se como não cumulativa ou sob repartição vertical, reservando-se à União um nível superior para indicar princípios e normas gerais, cabendo aos Estados a suplementação.

Portanto, os Estados somente podem legislar plenamente nos casos de inexistência de normas federais, suspendendo-se a eficácia das normas estaduais nos casos de superveniência de leis federais com disposições conflitantes. E, se a superveniência de norma federal suspende a eficácia da norma estadual naquilo que a contraria, por ordem inversa, nenhuma norma emanada do Estado pode invalidar ou suspender a eficácia da norma geral federal já existente.

Por outro lado, no âmbito dessa competência concorrente, embora a Constituição não tenha indicado os Municípios, acaba por permitir a competência legislativa sobre interesse local, o que pode coincidir

com mesma matéria da competência concorrente entre União e Estados. Tudo isso, logicamente, respeitadas as normas gerais editadas pela União e as normas suplementares editadas pelos Estados, bem como que a matéria a ser objeto de lei municipal guarde relação com o interesse local do respectivo Município.

Quanto às competências relacionadas à atuação internacional, além da observância aos princípios do referido art. 4º da CF, compete à União, nos termos do art. 21, I a IV, da CF, em representação da República Federativa do Brasil: “I – manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais; II – declarar a guerra e celebrar a paz; III – assegurar a defesa nacional; IV – permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente”.

5.4. CARACTERÍSTICAS DO DISTRITO FEDERAL

Historicamente, o surgimento do Distrito Federal surgiu da transformação do antigo Município neutro (sede da Corte e Capital do Império), conforme o art. 2º, da Constituição de 1891, passando a ser a capital da União, mantida na cidade do Rio de Janeiro, e considerada juridicamente como autarquia territorial.

Pelo art. 3º e parágrafo único, da Constituição de 1891, como forma de interiorização do País, uma zona de 14.400 km² no Planalto Central da República passou a pertencer à União e deveria ser demarcada para estabelecimento da futura capital federal.

Os mandamentos constitucionais de interiorização do País remontam ao art. 3º e parágrafo único, da Constituição de 1891, art. 4º, caput, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição de 1934 e ao art. 4º, da ADCT da Constituição de 1946258.

Após cumprir o “Plano de Metas”, em 21-4-1960 foi inaugurada Brasília, e, nos termos do § 4º do art. 4º da Constituição de 1946, o então Distrito Federal transformou-se no Estado da Guanabara, com os mesmos limites geográficos da cidade do Rio de Janeiro259.

Atualmente, conforme o art. 18, § 1º, da CF, Brasília é a capital federal, o que consiste em inovação em relação à Constituição anterior, que estabelecia o Distrito Federal como Capital da União.

Sobre o conceito ou a natureza jurídica do DF, destaca-se a seguinte lição doutrinária:

Não é Estado. Não é Município. Em certo aspecto, é mais do que o Estado porque lhe cabem competências legislativas e tributárias reservadas aos Estados e Municípios (art. 32, § 1º, e 147). Sob outro aspecto, é menos do que os Estados porque algumas de suas instituições fundamentais são

tuteladas pela União (Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública e Polícia). É nele que se situa a Capital Federal (Brasília). Tem, pois, como função primeira servir de sede ao governo federal. [...] É uma unidade federada autônoma, mas com restrições que o separam dos Estados, e com competências além das que cabem aos Municípios. Então, é algo diverso. No entanto, ele se identifica com as demais unidades federadas. Talvez, pudéssemos simplificar as coisas: a natureza do Distrito Federal está no ser um distrito territorial autônomo para a sede da Capital Federal260.

Enquanto ente federado autônomo, o DF possui as seguintes características261:

• *auto-organização, por intermédio de sua Lei Orgânica e vedada a sua divisão em Municípios – art. 32, caput, da CF: “O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição”; • *autogoverno, com a eleição de seus representantes do Executivo (Governador e Vice-Governador)

e do Legislativo (Deputados Distritais) – art. 32, §§ 2º e 3º, da CF: “§ 2º – A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual duração. § 3º – Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o disposto no art. 27”;

• *autoadministração e autolegislação, conforme regras de competências administrativas e legislativas, supracitadas.

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