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Após a adoção da MP pelo Chefe do Poder Executivo, não poderá mais o Presidente da República retirá-la do mundo jurídico. Isso porque é prerrogativa do Poder Legislativo o exame pleno e integral da medida, não tendo mais o Presidente da República qualquer ingerência sobre a MP após sua publicação233.

4.11.9. Suspensão de eficácia de MP pendente de apreciação por

outra MP

Apesar da impossibilidade de retirada da MP pelo Presidente da República, poderá ele se valer de uma nova MP para suspender a eficácia da primeira medida cuja apreciação ainda se encontre pendente234.

Assim, a primeira MP ficará com sua eficácia suspensa até a definitiva apreciação da nova MP (revogadora). Caso esta última seja convertida em lei, haverá a revogação definitiva da primeira medida. Se a nova medida não for convertida, a primeira MP volta a produzir efeitos pelo período que ainda lhe restava vigorar.

4.11.10. Controle de constitucionalidade dos pressupostos da MP

Inicialmente, verifica-se o caráter político das medidas provisórias, que será exercido por meio de um juízo de discricionariedade, oportunidade e valor pelos seguintes órgãos:

• Chefe do Poder Executivo: no momento da adoção da MP; • Poder legislativo: na apreciação legislativa.

É possível haver também um controle judicial, que ocorrerá de forma excepcional a fim de evitar excesso de poder ou situação de manifesto abuso institucional. Cabe salientar, entretanto, que a conversão em lei da MP, por si só, não é capaz de superar as alegações de ausência de pressupostos. De modo que será sempre possível a verificação da compatibilidade da medida com a Constituição235.

4.11.11. MP editada antes da EC 32/2001

promulgação da referida emenda continuam em vigor, independentemente de prazo, até que outra MP ou lei as revogue.

Por óbvio, o CN poderá a qualquer momento apreciá-las, convertendo-as ou não em lei. Essa apreciação se dará de acordo com o procedimento que vigorava anteriormente ao advento da EC 32, ou seja, por meio de sessão conjunta do CN (art. 20 da Resolução 1/2002 do CN).

4.11.12. Edição de MP por Estados, DF e Municípios

Apesar de a Carta de 1988 silenciar a respeito, de acordo com o STF236, em homenagem ao princípio da simetria, é possível que Estados, DF e Municípios adotem, em seus processos legislativos, a edição de medidas provisórias, desde que atendidos os seguintes requisitos: • Previsão expressa na Constituição estadual ou lei orgânica; • Observância obrigatória do modelo federal. No ponto, cabe destacar ainda que a CR veda expressamente que Estados editem medida provisória para regulamentar a exploração dos serviços locais de gás canalizado (art. 25, § 2º).

4.11.13. MP e impostos (art. 62, § 2º, da CR)

De acordo com o art. 62, § 2º, da CR, “Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada”.

Trata-se de uma garantia de não surpresa, já que a MP só produzirá efeitos se tiver sido convertida em lei no ano anterior. Tal regra, entretanto, não se aplica quando a MP tiver por objeto a instituição ou majoração dos impostos sobre: importação (II), exportação (IE), produtos industrializados (IPI), operações financeiras (IOF) e impostos extraordinários em caso de guerra externa (arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, da CR). Nesses casos, a MP produz efeitos desde o momento de sua edição.

A garantia da não surpresa acaba por reforçar o princípio da anterioridade tributária, que veda a cobrança de tributos “no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou” (art. 150, III, b, da CR). Esse princípio, de acordo com a Lei Maior, não se aplica, da mesma forma, aos impostos excepcionados acima, bem como aos empréstimos compulsórios disciplinados no art. 148, I (art. 150, § 1º, da CR).

Deve-se aliar a garantia da não surpresa à regra da noventena. Assim, além da exigência de conversão da MP em lei no ano anterior, essa conversão deve observar a regra que veda a cobrança de tributos “antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou

aumentou, observado o disposto na alínea b” (art. 150, III, c, da CR). A noventena não se aplica, porém, aos impostos sobre: importação, exportação, renda e proventos (IR), operações financeiras, impostos extraordinários em caso de guerra externa e empréstimos compulsórios do art. 148, I, (art. 150, § 1º, da CR). Comentando sobre a garantia da não surpresa (art. 62, § 2º, da CR), Silva ressalta que “essa situação prova falta do pressuposto de urgência, mas assim mesmo a Constituição permite a medida”237.

4.12. DECRETO LEGISLATIVO

O decreto legislativo é uma espécie normativa que versa sobre matérias de competência exclusiva do CN. Nesses casos, fica dispensada a deliberação executiva. Essa regra pode ser observada pela leitura conjunta do caput dos arts. 48 e 49 da CR. No primeiro deles, há o destaque no sentido de que não será exigida a sanção presidencial para o especificado, dentre outros, pelo art. 49. De fato, em sua maioria, as matérias submetidas a decreto legislativo estão arroladas no aludido art. 49 da CR. Cabe destacar o inciso I, segundo o qual competirá ao CN, de forma exclusiva, “resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional”238.

Além dos casos elencados no art. 49, destaca-se, por exemplo, o art. 62, § 3º, da CR, que prevê a edição de decreto legislativo para disciplinar as relações jurídicas decorrentes de MP que tenha perdido a eficácia em virtude de sua não conversão em lei.

O procedimento de elaboração do decreto legislativo não se encontra disciplinado pela Carta de 1988, sendo regulamentado por meio do Regimento Interno do CN. A matéria será discutida e votada pelo CN, mediante o quórum de deliberação da maioria simples (art. 47 da CR). Após a aprovação do projeto, haverá promulgação pelo Presidente do CN, não havendo, como dito, deliberação executiva.

4.13. RESOLUÇÃO

A resolução é um ato normativo editado pelo próprio CN ou por qualquer uma de suas Casas. De regra, produz efeitos internamente. A produção externa de efeitos obedece aos casos expressamente previstos na Constituição, como ocorre com o ato de delegação do CN ao Presidente da República para a edição das leis delegadas, conforme analisado acima.

A resolução é, portanto, “assim como o decreto legislativo, o ato normativo pelo qual se veiculam matérias próprias do Congresso Nacional e, ademais, de qualquer de suas casas”239.

competência dos referidos órgãos, sendo-lhes vedado disciplinar assuntos reservados à seara dos decretos legislativos e da lei240.

As hipóteses constitucionalmente previstas para a edição de resolução estão inseridas nos arts. 51 e 52 e em outros espalhados pela Constituição. Algumas espécies de resoluções com seus respectivos exemplos são as seguintes: • Ato político: resolução senatorial que referenda nomeações (art. 52, III e IV, da CR); • Ato deliberativo: fixação de alíquotas (art. 155, § 1º, IV; § 2º, IV e V; § 6º, I, da CR); • Ato de coparticipação na função judicial: suspensão, pelo Senado, de lei declarada inconstitucional pelo STF (art. 52, X, da CR); • Ato-condição da função legislativa: autorização ao Executivo para elaborar lei delegada (art. 68, § 2º, da CR). O procedimento para a edição de resolução encontra-se previsto no regimento interno das respectivas Casas, sendo relevante destacar que a Resolução do CN terá deliberação bicameral, enquanto as da CD e do SN serão deliberadas somente por cada Casa. A promulgação da resolução será feita pelo Presidente da Casa competente para editá-la.

A iniciativa do processo legislativo, contudo, nem sempre é da Casa competente para editar a resolução. Assim, por exemplo, na fixação das alíquotas do ICMS, como previsto no art. 155, § 2º, IV, da CR, a iniciativa do projeto de resolução será do Presidente da República ou de um terço dos senadores.

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No documento Coleção Diplomata - Direito Interno (páginas 148-152)