dos seus autores e da tradição literária da cidade, através das suas instituições (criação de roteiros, por exemplo);
• promoção de uma maior e melhor divul- gação dos acontecimentos culturais da cidade;
• apoiar a realização da feira do livro (apoio financeiro e logístico).
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO 5.3.2.4. Cinema e audiovisual
Embora continuem a existir fragilidades e dificuldades na produção do cinema em Portugal, que acontece maioritariamente em Lisboa, bem como na sua distribuição, o setor assistiu a transformações significati- vas nos últimos anos. Estas transformações devem-se, em grande parte, a alterações legislativas e fiscais sentidas localmente como conjunturais. A aprovação da nova Lei do Cinema em 2012, que estabelece “os princípios de ação do Estado no quadro de fomento, desenvolvimento e proteção da arte do cinema e das atividades cinemato- gráficas e audiovisuais”33, viabilizou uma
recuperação do orçamento do Estado para o cinema e, consequentemente, do número de filmes produzidos anualmente, embora tenha levantado desafios significativos,
33. A Lei da Arte Cinematográfica e do Audiovisual (Lei nº 42/2004, de 18 de agosto) foi “revogada pela Lei n.º 55/2012, de 6 de setembro, Lei do Cinema, atualmente em vigor com as alterações introdu- zidas pela Lei 28/2014, de 19 de maio, que ‘Estabelece os princípios de ação do Estado no quadro do fomento, desenvolvimento e proteção da arte do cinema e das atividades cinematográficas e audiovi- suais.’ Esta Lei prevê um aumento da receita do ICA, através da criação de uma nova taxa de subscrição que impende sobre os operadores de serviço de televisão por subscrição. Mais prevê um conjunto de obrigações de investimento direto por parte dos operadores de serviços de televisão, de distri- buição, de exibição e de audiovisual a pedido. A Lei n.º 55/2012 foi regulamentada pelo Decreto-Lei atualmente ainda em profunda discussão, sobre o(s) tipo(s) de produção e exibição a favorecer pelo(s) apoio(s) públicos(s) bem como os critérios e mecanismos de decisão respetivos. O envolvimento dos maiores operadores audiovisuais e de exibição de conteúdos no processo tem colocado pro- blemas acrescidos às dificuldades já tradi- cionais na determinação e concretização dos mecanismos de suporte à produção cinema- tográfica, particularmente à “de autor”, ex- tremando as posições nos debates sobre o financiamento do setor.
Em 2012, foi criada a Lisboa Film Commission, por forma a promover Lisboa como destino de filmagens. Facilitando as condições de acesso e logísticas de produção cinemato- gráfica na cidade, a iniciativa aparenta ser bem acolhida pela classe profissional.
Confirma-se um aumento significativo de pedidos
para filmar na capital bem como um número
significativo de verbas investidas na cidade em
gastos com equipas locais, estadias ou aluguer
de equipamentos. Surgiram em paralelo outros
incentivos à produção, designadamente, os novos
acordos do ICA com outros países, com o objetivo
de fomentar as coproduções internacionais.
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
No campo da criação, e não dissociável deste contexto de transformações, surge uma nova geração de profissionais num mer- cado de produção e distribuição que era maioritariamente representado por algumas individualidades e produtoras de média e grande dimensão (nomeadamente, a Alfama Filmes, a Leopardo Filmes, a Midas Filmes, a Rosa Filmes, a David & Golias, entre outros). Estruturas jovens (como a TerraTreme e a Vende-se Filmes e, na área da distribuição, O Som e a Fúria) apresentam-se com o objetivo de criar um novo cinema e procuram novos modelos de produção e coprodução, apos- tando firmemente numa estratégia de inter- nacionalização. Ao seu lado, surge também uma nova linha de realizadores – da qual se destaca a presença de várias mulheres reali- zadoras – que tem marcado presença regular, e com reconhecimento através da atribuição de vários prémios, no circuito de festivais in- ternacionais: Miguel Gomes, Salomé Lamas, Leonor Teles, Cláudia Varejão ou Gabriel Abrantes. Próximo destes coexistem ainda outras pequenas estruturas de produção in- dependentes, embora muitas delas revelem pouca capacidade de sustentabilidade. No campo da exibição Lisboa assistiu, desde 2013, ao encerramento das salas do Cinema King e do Cinema Londres, mas por outro lado à abertura do Cinema Ideal, no centro histórico. Revelou-se também um aumento do número de festivais de cinema, particu- larmente festivais de menor escala, por toda
a cidade. Muitos destes festivais, de dife- rentes dimensões e organizados por diver- sas entidades, organizações e associações, contam com o apoio da CML. Em muitos casos este apoio passa pela disponibilização do Cinema São Jorge, que acolhe grande parte dos festivais aqui considerados, sendo um apoio fundamental ao crescimento dos mesmos. Para enumerar apenas alguns, de tipos diferenciados: Indie Lisboa, Doc Lisboa,
Queer Lisboa, Festa do Cinema Francês, Mo- teLx, Monstra, Emigrarte, Ciência Viva, Fes- tival da Bicicleta. Nos últimos anos, também
se tem vindo a operar uma diversificação dos espaços de exibição, nomeadamente em es- paço público associadas a festivais e à pro- gramação regular de algumas associações - a GD Castelo, a Casa da Achada, a RDA 69,
entre outras). Também a realização desde 2014 da Festa do Cinema tem proporciona- do o acesso ao cinema a baixo custo. No que respeita à formação, a Escola Superior de Teatro e Cinema e a Universidade Lusófona oferecem cursos de formação nessas áreas, a par com outras escolas de formação pro- fissional e técnica (como a Restart e a Etic). Em Lisboa, tanto através das entidades e instituições que apoiam este setor, como pelas condições de vida e de trabalho que a cidade oferece, existe um contexto favo- rável à produção/criação de cinema – aliás sendo um core de recursos culturais, cria- tivos e simbólicos, Lisboa tem face ao país uma posição de verdadeira capital em todos os domínios da criação.
CAIXA 5.4. ÁREAS DE ATUAÇÃO DA CML – CINEMA E AUDIOVISUAL