12. Note-se que esta operação não corresponde exatamente ao que conhecemos por taxa de desem- prego, na medida em que esta é calculada tendo em conta o número de desempregados sobre o número de pessoas ativas (no caso deste gráfico estão consideradas as pessoas ativas e inativas). Dado que o número de pessoas ativas só é possível aferir através da realização dos Censos, não nos é possível calcular essa operação para os anos em que não tenham sido realizados Censos. Além disso, deve-se notar que o número de desempregados aqui considerados corresponde apenas ao número de desem- pregados inscritos nos centros de emprego e de formação profissional, não englobando por isso todos os outros desempregados que procuravam trabalho por outras vias — ver metainformação disponibili- zada pelo INE, em http://smi.ine.pt/.
Figura 3.9. Desempregados inscritos nos centros de emprego e de formação profissional no total da população residente com 15 a 64 anos, 2001-201512 (%)
4,7 7,0 7,9 7,9 9,6 10,3 9,4 8,3 5,0 6,1 6,9 7,0 8,5 9,2 8,5 7,5 5,4 6,2 7,1 7,1 9,0 10,5 10,5 9,4 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 2001 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Portugal AML Lisboa
Fonte: Pordata, 2016 através de IEFP/MTSSS, INE.13
Existem em Lisboa claras tendências de desenvolvimento de atividade laboral de base crescentemente partilhada, por via de espaços de coworking ou por via de novos clusters de atividades proto-criativas, tecnológicas e culturais. Nestes âmbitos, as políticas de fomento de uma rede de startups e de apoio a dinâmicas económicas criativas pode estar a configurar um novo padrão de atividade laboral, essencial- mente jovem, com elevadas taxas de dinamismo empresa- rial (incluindo de turbulência nos nascimentos e mortes de empresas) e com uma interessante capacitação de bases de conhecimento, de tecnologia e de inovação. Mas estas são, repete-se, tendências ainda não definidas o suficiente para permitir uma configuração clara de novas estruturas do mer- cado de trabalho para a cidade de Lisboa.
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Figura 3.10. Pessoal ao serviço das Empresas14, em número (n.º) e taxa de variação face ao ano anterior (%), 2008-2014
3 962 3 835 3 733 3 632 3 405 3 378 3 449 1 399 1 367 1 330 1 288 1 204 1 172 1 192 599 591 585 568 533 530 543 -8,0 -7,0 -6,0 -5,0 -4,0 -3,0 -2,0 -1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 0 500 1 000 1 500 2 000 2 500 3 000 3 500 4 000 4 500 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 M ilh ar e s Portugal (N.º) AML (N.º)
Lisboa (N.º) Portugal (Tx variação) AML (Tx variação) Lisboa (Tx variação)
Fonte: INE, 2016
14. Pessoal ao Serviço das Empresas: “Pessoas que, no período de referência, participaram na ativi- dade da empresa/instituição, qualquer que tenha sido a duração dessa participação, nas seguintes condições: a) pessoal ligado à empresa/instituição por um contrato de trabalho, recebendo em con- trapartida uma remuneração; b) pessoal ligado à empresa/instituição que, por não estar vinculado por um contrato de trabalho, não recebe uma remuneração regular pelo tempo trabalhado ou trabalho fornecido (p. ex.: proprietários-gerentes, familiares não remunerados, membros ativos de cooperati- vas); c) pessoal com vínculo a outras empresas/instituições que trabalharam na empresa/instituição sendo por esta diretamente remunerados; d) pessoas nas condições das alíneas anteriores, tempora- riamente ausentes por um período igual ou inferior a um mês por férias, conflito de trabalho, formação profissional, assim como por doença e acidente de trabalho. Não são consideradas como pessoal ao serviço as pessoas que: i) se encontram nas condições descritas nas alíneas a), b), e c) e estejam tem- porariamente ausentes por um período superior a um mês; ii) os trabalhadores com vínculo à empresa/ instituição deslocados para outras empresas/instituições, sendo nessas diretamente remunerados; iii) os trabalhadores a trabalhar na empresa/instituição e cuja remuneração é suportada por outras empresas/instituições (p. ex.: trabalhadores temporários); iv) os trabalhadores independentes (p. ex.: prestadores de serviços, também designados por “recibos verdes”).” (ver metainformação disponibi- lizada pelo INE, em http://smi.ine.pt/)
TENDÊNCIAS CULTURAIS URBANAS DE LISBOA
3.2.8. As novas pressões sobre
o mercado imobiliário
Registava-se uma recuperação do número de crianças e de jovens em idade escolar – confirmando que muitas famílias se encon- travam a ocupar, de novo, o centro urbano. Todavia, e também como reflexo das duas macrotendências referidas anteriormente (explosão do turismo urbano e do city use e novo mercado de trabalho em configuração) instalou-se uma mudança de forças que tem tornado a habitação em Lisboa mais pres- sionada e com clara tendência de subida de preços. Desde 2013 estima-se que o centro histórico da cidade esteja a perder de novo população e densidade residencial. Há re- gisto de novos tipos de entradas na cidade – imigrantes com novas origens, city users temporários, estudantes Erasmus – mas há igualmente registo de processos de exclu- são, por impossibilidade de acesso ao mer- cado, tanto por famílias locais como pelas que gostariam de viver no centro. E ainda processos de expulsão indireta – por efeito de obras de reabilitação integral, por pres- sões para saída ou venda, e finalmente pela sensação de quebra de limiares mínimos de vida de bairro15.
15. Foram aqui consideradas as seguintes fontes: bases de dados do Recenseamento Eleitoral (Secre- taria Geral do MAI); INE; Direcção Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC).
Estas novas perdas devem-se em parte à crise; mas devem-se agora às novas pressões sobre o mercado imobiliário, alavancadas, em parte, pela liberalização do arrendamen- to e, sobretudo, pela conjugação de amplos benefícios para a reabilitação urbana inte- gral, para o alojamento local ou arrendamen- to de curta duração, e para o investimento imobiliário internacional e de residentes não permanentes. Tais pressões têm resultado num aumento muito significativo dos preços da habitação (no ano de 2015, os preços da habitação no centro de Lisboa aumentaram 23% e em toda a cidade cerca de 12%). Assim, parte relevante das tão esperadas dinâmicas de reabilitação tem sido afinal, e de forma paradoxal, um poderoso veículo de despo- voamento do tecido urbano central16.
Desde meados da década de 2000 que o cen-
tro histórico de Lisboa se encontrava, de forma
cada vez mais alargada e com uma considerável
segurança de linhas de tendência (pelo menos
3 anos), finalmente a recuperar de um longo e
intenso processo de abandono por parte, quer
de população, quer de empresas.
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
CAIXA 3.4. ALGUNS ELEMENTOS DE CARACTERIZAÇÃO SOBRE EVOLUÇÃO DEMO-