• apoio à produção de eventos e aconteci-
mentos musicais;
• cedência de espaços de ensaio e apresen- tação de concertos/recuperação de espa- ços vazios ou devolutos;
• promoção de uma maior e melhor divul- gação dos acontecimentos culturais da cidade.
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
(como os Vivóeusébio, Isabel Lucena e Marco Balesteros, As Ilhas, Estúdio Aha, V2, Ambas as Duas, Mulher Bala, ou This is Love) que começam a assumir um papel relevante na cidade. Muitos destes pequenos estúdios são formados por uma nova vaga de desig-
ners que sentiram necessidade e vontade de
criar emprego próprio na sequência da crise económica e financeira. Apesar de serem estruturas leves e informais, alguns destes estúdios têm trabalho reconhecido interna- cionalmente.
Na área do design industrial e de equipa- mento e do design de têxtil, o cenário é di- minuto em Lisboa e é no Norte de Portugal que se encontra a maior parte da produção e dos projetos de dimensão mais significa- tiva, aliados à indústria. Há no entanto em Lisboa alguns estúdios de designers de pro- duto que desenvolvem trabalho de carácter autoral, com atividade a uma escala global e com reconhecimento e projeção nacional e internacional (como os Pedrita) ou desig-
ners independentes (para enumerar apenas
alguns, Fernando Brízio, Marco Sousa Santos ou Filipe Alarcão ou, de uma nova geração, Martinho Pita ou João Abreu Valente), alguns deles representam uma nova geração de
designers-artesãos que fazem autoprodução
e exploram um tipo de trabalho que assenta muitas vezes em técnicas artesanais.
No campo da moda, embora a produção em maior escala seja mais significativa no Norte de Portugal, são bastantes os nomes e estú- dios de designers de moda/estilistas de re- ferência que têm sede em Lisboa como, por exemplo, Lidija Kolovrat, Alexandra Moura ou Filipe Faísca. A Associação Moda Lisboa – organizadora do evento Moda Lisboa – é apoiada pela Vereação da Economia e Inovação da CML e merece destaque, pois é um dos momentos de grande visibilidade do trabalho de profissionais da moda por- tugueses e estrangeiros na cidade. A área do design de joalharia em Lisboa caracteri- za-se principalmente pela continuidade da
existência de joalheiros de grande referência (como a casa Leitão&Irmão) que coexistem com pequenas galerias de designers-autor que desenvolvem trabalho de carácter muito independente (Galeria Reverso, Galeria Arti- cula, Galeria Tereza Seabra, Liliana Guerreiro ou Diana Silva).
Neste cenário, e num momento em que os espaços das práticas tradicionais de produção (como gráficas ou carpintarias) começam a escassear no centro da cida- de, emergiram também, nos últimos anos, novos movimentos ligados à tecnologia com condições e estruturas de produção inovadoras no contexto português, como os espaços de cowork ou os FabLab, labo- ratórios de fabricação digital, estes últimos uma aposta da CML para a promoção da inovação e criatividade na cidade de Lisboa. A proliferação destes novos espaços com novas técnicas de produção DIY, bem como dos espaços de coworking, cria condições para o aparecimento de movimentos maker na cidade, promove e facilita a produção e a acessibilidade ao design, alargando também o espectro dos públicos.
A primeira década de 2000 foi marcada pelo reconhecimento internacional de vários nomes da arquitetura portuguesa e particu- larmente lisboeta. Concomitantemente, essa também foi uma época rubricada pelas con- sequências da crise que afetou muitos dos grandes e médios escritórios de arquitetura que, para sobreviver, tiveram que reduzir as suas estruturas e/ou optar por estratégias de internacionalização. Os escritórios pe- quenos foram mais resilientes e muitos deles apostaram em outros tipos de trabalho e em novos espaços, alguns impulsionados pelos programas BIP/ZIP e orçamentos participa- tivos, ligados a atividades e eventos, ou a novas dinâmicas de arquitetura na cidade, nomeadamente através de projetos sociais. Há que salientar que a abertura territorial da arquitetura tem vindo a nomear novos intérpretes de relevo: Artéria, Atelier Mob,
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Warehouse, Gestual, Vfablab, Pátio Ambu- lante, entre outros.
A Trienal de Arquitetura, que lançava a sua primeira edição em 2007, assumiu também um papel importante na última década, não só como promotor de reflexão sobre as prá- ticas arquitetónicas na cidade, mas também como plataforma para a visibilidade e divul- gação dos ateliers de Lisboa, principalmente
através do evento Open House. Indepen- dente da Ordem dos Arquitetos, com sede própria cedida pela CML, pode dizer-se que é atualmente uma plataforma de grande peso na cidade. Em comparação com o de-
sign, são conferidos ao setor da arquitetura
mais apoios e atenção por parte das institui- ções culturais da cidade e existem iniciativas regulares em espaços dedicados à arquitetu- ra, como a Garagem Sul, no CCB.
5.3.2.7. Bibliotecas e arquivos
No âmbito do setor das bibliotecas e arqui- vos é, desde logo, de salientar a transforma- ção estrutural que deu origem à diluição do Departamento de Bibliotecas e Arquivos e à consequente constituição da Divisão do Arquivo Municipal, sob a alçada do Depar- tamento do Património Cultural e da Divisão da Rede de Bibliotecas, que responde dire- tamente à DMC. Neste sentido, e partindo de algumas das conclusões das Estratégias
para a cultura 2009 e do Relatório Preliminar
elaborado em 2010 pelo Grupo de Trabalho para a Rede de Bibliotecas Municipais de Lisboa, as bibliotecas têm sido, desde 2012, alvo de um projeto de requalificação, no âm- bito do Programa Estratégico Biblioteca XXI, em consonância com a Carta da Cultura para a cidade de Lisboa. O Programa Estratégico Biblioteca XXI assenta numa nova visão das
bibliotecas, não mais vistas como um mero depósito, mas antes como assumindo um papel catalisador e de liderança nas comu- nidades locais. Defende-se que as biblio- tecas devem ser entendidas como espaços sociais e culturais de proximidade, capazes de reunir novas funcionalidades e um vasto conjunto de serviços de apoio à comunidade, dirigidos a todas as idades e a todos os ní- veis socioculturais. Paralelamente, reconhe- ce-se a necessidade das bibliotecas do novo século se adaptarem ao advento da era digi- tal. Um dos objetivos do Programa passa por consolidar uma rede capaz de abarcar toda a cidade através de uma estrutura de biblio- tecas âncora, maiores e com mais funciona- lidades (uma por cada Unidade Operativa de Planeamento e Gestão), complementada por bibliotecas de bairro, que deverão res- ponder às necessidades mais imediatas da comunidade envolvente. Este é um projeto CAIXA 5.6. ÁREAS DE ATUAÇÃO DA CML –
DESIGN E ARQUITETURA, PUBLICIDADE E SOFTWARE • realização de concursos de ideias para a
produção de trabalhos nos espaços públi- cos urbanos;
• apoio à produção das iniciativas, prosse- guidas pelas associações de profissionais, de comerciantes ou de empresas, de pro- moção das suas atividades;
• promoção de uma maior e melhor divul- gação dos acontecimentos culturais da cidade;
• utilização das suas estruturas neste campo (MUDE) para a promoção do setor e facili- tação das relações entre criadores e tecido económico.
SÍNTESE DE DIAGNÓSTICO
de longo prazo, que inclui a construção de novas bibliotecas e a requalificação física e/ ou funcional de algumas já existentes, e que só se prevê concluído em 2024. No que às bibliotecas âncora diz respeito, para além de estar praticamente concluída a reabilitação da Biblioteca Palácio Galveias, encontra-se prestes a abrir ao público a Biblioteca de Marvila. Portanto, este Programa tem sido peça basilar na dinamização e reajustamento à cidade atual das bibliotecas. Não obstante
estas alterações que pretendem contribuir para a afirmação de Lisboa na rede nacional de bibliotecas, mantêm-se alguns aspetos menos positivos. Um deles prende-se com os horários, vistos muitas vezes como desade- quados às necessidades da população que servem. Um segundo aspeto menos positivo diz respeito aos recursos humanos quer pela sua insuficiência face às necessidades, quer pelo desajustamento das suas competências às especificidades.
Para além das bibliotecas municipais, Lisboa
beneficia do facto de ser a sede da Biblioteca
Nacional e do Arquivo Nacional da Torre do
Tombo. Simultaneamente, a oferta é
complementada pelas bibliotecas das várias
universidades de Lisboa, com diferentes graus
de especialização, pela rede de bibliotecas
escolares e pelas bibliotecas de outras
entidades públicas e privadas.
No que concerne aos arquivos, para além da constituição da Divisão do Arquivo Municipal, sob a alçada do Departamento de Património Cultural, há que salientar a inte- gração da videoteca, em 2011. Paralelamen- te, é reconhecida a melhoria nos sistemas de informação e a aproximação do Arquivo aos diferentes públicos, através da organização de visitas guiadas, dias abertos, festivais, ex- posições itinerantes ou do trabalho com o público escolar desde o 1.º ciclo. A compro- vá-lo, é possível destacar a TRAÇA – Mostra
de Filmes de Arquivos Familiares, uma inicia-
tiva da Videoteca, que tem como objetivo dar a conhecer alguns dos filmes amadores e caseiros que o Arquivo tem já no seu espólio ou está a receber através de uma angariação aberta em permanência, oriundos de arqui- vos familiares, feitos na cidade de Lisboa ou por lisboetas.
Todavia, mantêm-se alguns dos problemas já anteriormente detetados, como sejam a de- gradação de equipamentos, os problemas de segurança e manutenção ou a dispersão dos espólios por estruturas precárias e sem con- dições de conservação adequadas. Na ver- dade, parece ser consensual a necessidade de reunir todos os arquivos municipais num mesmo edifício, como forma de concentrar o espólio, mas também os recursos humanos e os equipamentos, aumentando a eficácia e a capacidade de resposta dos serviços. À semelhança do que aconteceu no âmbito da Rede de Bibliotecas, também no que concer- ne ao Arquivo foi formado um grupo de tra- balho que, durante nove meses, elaborou um diagnóstico do estado dos arquivos e definiu linhas prioritárias de ação, sendo uma nova localização onde todos os arquivos possam estar concentrados a prioridade número um.
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ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA DA CIDADE DE LISBOA 2017
Fora da Divisão da Rede de Bibliotecas e da Divisão do Arquivo Municipal, mas igual- mente relevante para a preservação e vivên- cia da memória e a história da cidade, há que referir o trabalho do Gabinete de Estudos Olisiponenses, integrado no Departamento de Património Cultural. O Gabinete de Estu- dos Olisiponenses funciona como centro de
documentação sobre a história da cidade. Em termos das suas linhas de atuação é re- conhecida a necessidade de um maior inves- timento em termos dos recursos humanos e do orçamento do gabinete. De igual modo são também assumidas como áreas prioritá- rias a melhoria da dimensão informática e da comunicação com o público.
CAIXA 5.7. ÁREAS DE ATUAÇÃO DA CML – BIBLIOTECAS E ARQUIVOS