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Os estudos seminais de Blanc (2013), Joseph et al (2016), Blanc, Patten e Branco (2016) e Pavesi (2016) verificaram diferentes formas para analisar práticas de combate à corrupção corporativa bem como em países como na Malásia, Indonésia, China e no Brasil.

Blanc et al. (2013) examinaram as mudanças nas práticas de divulgação na Siemens sobre conformidade e combate à corrupção durante um período de 11 anos. Os resultados apontaram que a Siemens mudou suas práticas de divulgação e corrupção para gerenciar sua legitimidade diante do escândalo de corrupção em 2006 e nos anos seguintes. Esses achados também forneceram argumentos adicionais para o desenvolvimento de novos estudos acerca da divulgação de informações corporativas relevantes, confiáveis e consistentes sobre questões sociais importantes como a corrupção, vista como uma séria questão econômica, social, política e moral (Argandoña, 2007).

Joseph et al (2016) estudaram a divulgação da prática anticorrupção entre as empresas de melhores práticas de responsabilidade social corporativa (CSR) da Malásia e da Indonésia. Os achados mostraram que as empresas indonésias revelam maiores quantidades de informações anticorrupção em comparação com as empresas da Malásia. Os resultados foram atribuídos ao nível mais elevado de pressão coerciva para divulgar tais informações na Indonésia em comparação com a Malásia.

Blanc, Patten e Branco (2016) mostraram que níveis mais elevados de liberdade de imprensa conduz à divulgação de práticas anticorrupção como meio de legitimar suas ações. Isso pode também estar associado ao maior ou menor nível de divulgação de práticas anticorrupção entre os países. Desse modo, o nível de divulgação anticorrupção também pode ser influenciado pela liberdade de imprensa dos países onde as empresas estão instaladas.

Pavesi (2016) estudou a divulgação de práticas anticorrupção em empresas brasileiras com base nos relatórios da Transparência Internacional.

Diante desses estudos identificou-se a necessidade de agregar tais práticas anticorrupção em uma métrica. Assim, desenvolveu-se um Índice de Divulgação de Práticas de Compliance Anticorrupção baseando-se nos estudos de Assi (2017), Mendes e Carvalho (2017) e Ubaldo (2017) composto por três categorias: (1) Práticas de Prevenção de Corrupção, (2) Práticas de Detecção da Corrupção e (3) Práticas de Mitigação da Corrupção, conforme apresentado na Figura 5.

PRÁTICAS DE PREVENÇÃO DA CORRUPÇÃO FONTE

Apoio da Administração

1 A empresa possui comitê ou conselho formal responsável pelo compliance. Assi (2017)

2

A empresa possui sistema de gestão que monitora as operações e transações sujeitas a análise de conformidade

relacionadas a integridade. Assi (2017)

Código de Conduta

3 A empresa adota padrões de conduta expressas em documento formal. Carvalho (2017) Mendes e

4 As práticas anticorrupção contém regras e orientações sobre benefícios ou vantagens econômicas. Ubaldo (2017) 5 O código de conduta aborda as contribuições políticas. Ubaldo (2017)

Comunicação

6 A empresa comunica seus padrões de comportamento (valores, cultura, integridade, estratégia e operação). Assi (2017)

7

A empresa possui procedimento de divulgação de prêmios recebidos em decorrência da adoção de práticas

anticorrupção. Assi (2017)

8 A empresa divulga programas de capacitação sobre corrupção. Ubaldo (2017)

Treinamentos

9 Há divulgação da periodicidade para os treinamentos. Assi (2017) 10 A empresa desenvolve programa próprio sobre práticas anticorrupção para empregados. Carvalho (2017) Mendes e

11

A empresa divulga que o plano de capacitação prevê a participação obrigatória dos agentes intermediários, como consultores, representantes comerciais e outros parceiros que atuam em nome da empresa.

Ubaldo (2017)

Due Diligence

12

A empresa verifica os antecedentes para avaliar o risco e a probabilidade do fornecedor se envolver com suborno ou

corrupção. Assi (2017)

13 A empresa considera riscos relacionados a atos de corrupção na contratação de serviços de terceiros. Carvalho (2017) Mendes e

Cláusulas nos Contratos

14 O código de conduta inclui regras de relacionamento com agentes públicos/terceiros. Ubaldo (2017)

PRÁTICAS DE DETECÇÃO DA CORRUPÇÃO FONTE

Auditorias Internas 16

A empresa realiza auditoria interna dos processos e políticas estabelecidos por ela, como, por exemplo, o programa de integridade.

Mendes e Carvalho (2017)

17 A área de auditoria interna é responsável por identificar novos riscos de compliance. Ubaldo (2017)

Canal de denúncias 18

A empresa possui canais de denúncia de comportamentos que violem o código de conduta, bem como questões legais

e éticas. Assi (2017)

19 A empresa apresenta mecanismo de denúncias que garante o anonimato. Ubaldo (2017)

20 A empresa possui um telefone com ligações gratuitas (0800). Assi (2017)

PRÁTICAS DE MITIGAÇÃO DA CORRUPÇÃO FONTE

Investigação interna 21

A empresa investiga alguma situação que possa representar conflito de interesses que necessite de ciência e/ou

validação. Ubaldo (2017)

22

Ao detectar problemas ou irregularidades de operação, a empresa modifica os procedimentos estabelecidos, os

programas de treinamento e educação. Assi (2017)

Medidas punitivas 23

A empresa possui sanções e punições formais em casos de violação ao código de conduta por parte dos seus

empregados. Assi (2017)

24

A empresa possui sanções ou punições formais em caso de violação do código de conduta por parte de seus fornecedores. Mendes e Carvalho (2017) Divulgação dos resultados da investigação 25

A empresa divulga os resultados de suas atividades de compliance por meio de consulta do status de incidente enviado, prestando contas das medidas corretivas tomadas e dos processos em andamento.

Ubaldo (2017)

Figura 5. Índice de divulgação de práticas de compliance anticorrupção Fonte: Elaborado pela autora.

Para quantificação do índice utiliza-se Análise de Conteúdo atribuindo-se 0 (zero) quando nenhuma informação for apresentada nos Códigos de Conduta, Formulários de Referências, Relatórios da Administração e Programas de Compliance das empresas e 1 (um) quando forem apresentadas. Esse procedimento permite que as informações sejam agrupadas de forma binária. Desse modo, as empresas poderão receber pontuação que varia entre 0 a 25 pontos (25 itens x 1 ponto). Após esse procedimento, a pontuação obtida por cada uma das empresas será dividida pela pontuação máxima (25 pontos) com o propósito de transformar o resultado em um índice que pode variar entre 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior é o índice de divulgação de práticas de compliance anticorrupção.

Para verificar a validade do índice de divulgação de práticas de compliance foi utilizado o Alpha de Crombach, o qual de acordo com Theóphilo e Martins (2009) é geralmente utilizado em pesquisas que utilizam instrumento com o intuito de verificar questões enviesadas no instrumento de pesquisa. De acordo com Botosam (1997) em estudos que tratam de disclosure também pode ser utilizado esse teste como forma de avaliar a consistência interna das categorias e subcategorias estabelecidas no índice.

A consistência interna medida através do Alpha de Crombach varia de 0 a 1, sendo classificados como razoáveis resultados superiores a 0,7 e inferiores a 0,8. Em um patamar acima, variando de 0,8 a 0,9, o instrumento de pesquisa apresenta uma consistência interna muito boa e valores superiores a 0,9 apresentam resultados muito bons de confiabilidade do índice utilizada (Pestana & Gajeiro, 2003).