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corretivas pertinentes; adequação na delegação das responsabilidades e, melhoria contínua. Canais para comunicação de informações com organizações externas agregam valor, ao mesmo tempo em que aumentam a legitimidade e contribuem para a reputação da empresa (Hillman & Dalziel, 2003). Assim, a legitimidade pode, portanto, motivar a administração a divulgar informações que possam interferir na sua reputação em virtude de implicações na percepção da sociedade, tais como ocorre com a corrupção.

2.4 DESEMPENHO ECONÔMICO E FINANCEIRO

Um dos propósitos das pesquisas em gestão estratégica é investigar e explicar as diferenças entre o desempenho das empresas. A explicação atual para a heterogeneidade do desempenho econômico baseia-se no conceito de vantagem competitiva. Este conceito apareceu na literatura de estratégia no trabalho seminal de Ansoff (1965) da Carnegie Institute of Technology, mas está, provavelmente, associado com as pesquisas originadas de Harvard Business School devido a popularização do trabalho de Michael Porter no início dos anos 80 (Wiggins & Ruefli, 2002).

As teorias tradicionais existentes de vantagem competitiva na área de gestão estratégica baseiam-se na economia organizacional de Porter (1980, 1985) e na Visão Baseada em Recursos (VBR) de Barney (1991), as quais prevêem que as vantagens competitivas geram um desempenho econômico superior que persiste ao longo do tempo (Vasconcelos & Brito, 2004; Wiggins & Ruefli, 2002).

Wiggins e Ruefli (2002) analisaram a vantagem competitiva sustentável por meio da persistência do desempenho financeiro superior em uma amostra de 6.772 empresas ao longo de 25 anos. Os resultados mostraram que o desempenho acima da média não é estável ao longo do tempo e, por isso, a vantagem competitiva não é sustentável, rejeitando uma das suas hipóteses de pesquisa.

Ratificando esses achados de que a vantagem competitiva não é sustentável, Foster e Kaplan (2001) apresentaram a natureza transitória da vantagem competitiva e alguns mecanismos de gestão que a geram, a qual foi complementada por McGrath (2013). Isso mostra que, do ponto de vista teórico, há visões concorrentes de vantagem competitiva, isto é, ela pode ser considerada sustentável pela persistência dos resultados (Porter, 1980; 1985; Barney, 1991) ou transitória (Foster & Kaplan, 2001; McGrath, 2013). Assim, para Wiggins e Ruefli (2002) as

teorias aplicadas na gestão estratégica precisam ser adaptadas para explicar como essas novas descobertas relacionadas a vantagem competitiva são obtidas no curto prazo, isto é, o efeito de transitoriedade das vantagens competitivas.

O estudo da vantagem competitiva, seja sustentável ou transitória, é um desafio imposto pela própria natureza e definição do construto, e como consequência a escolha de proxies que representam os seus efeitos ainda não é um consenso (Brito, 2011). Isso ocorre porque o conceito de desempenho organizacional é multidimensional, isto é, pode ser abordado de diferentes maneiras (Richard et al, 2009; Combs, Russell, Crook & Shook, 2005; Venkatraman & Ramanujam, 1986).

A partir de uma análise dos estudos publicados no Strategic Management Journal de 1980 a 2004, Combs, Crook e Shook (2005) apontaram que o desempenho organizacional pode ser composto por medidas de Retorno Contábil, Crescimento e Valor de Mercado. Por outro lado, McGahan e Porter (1999), Rumelt (1991) e Schmalensee (1985) mensuraram o desempenho a partir das variáveis de lucratividade, enquanto para Hawawini, Subramanian, Verdin (2003) mencionam que o desempenho deve ser decomposto em variáveis de valor de mercado e na perspectiva do crescimento para Brito e Vasconcelos (2009). Dessa forma,

observa-se uma diversidade de elementos que possibilitam mapear o desempenho empresarial. No

entanto, os estudos empíricos utilizam as variáveis do desempenho para medir a competitividade nas organizações (Powell, 2001).

Os indicadores de lucratividade buscam associar o lucro das organizações com o volume das vendas, dentre os quais destacam-se a Margem Bruta e a Margem Líquida (Gitman, 2004). Dalmacio, Rezende e Slomski (2009) utilizaram tais indicadores como medidas de performance para alinhar interesses de gestores e acionistas. Desse modo, a remuneração de gestores atrelada a indicadores contábeis, econômicos e financeiros através de contratos de performance assegura os níveis de desempenho desejados pela organização.

Em relação ao Retorno sobre os Ativos (ROA), os estudos empíricos de Wiggins e Ruefli (2002) usaram como proxy do desempenho o ROA (retorno sobre ativos). Vasconcelos e Brito (2004) propuseram a definição de vantagem competitiva baseando-se em uma métrica que utiliza um indicador de desempenho empresarial. No caso deste estudo, o indicador é o ROA (Retorno sobre Ativos), o qual revelou-se estatisticamente significante para representar a vantagem competitiva de uma empresa.

Bastos et al (2009) utilizaram o Retorno sobre os Investimentos (ROI) como proxy para o desenvolvimento de métricas de desempenho organizacional para companhias brasileiras. Esse indicador obteve resultado significante, o que evidencia ser uma variável

relevante para o desempenho. Teixeira e Amaro (2013) identificaram que o Return on Investment (ROI) é um dos indicadores mais adequados para medir a rentabilidade e a capacidade da criação de valor das organizações.

No que se refere ao Crescimento das Vendas, Brito e Brito (2012) desenvolveram uma métrica para vantagem competitiva considerando os seus efeitos sobre o desempenho financeiro. A mensuração do crescimento em participação de mercado foi operacionalizada pela análise da variação das vendas. Leite Filho, Carvalho e Calegario (2012) verificaram as diferenças de desempenho econômico de pequenas empresas brasileiras com base na Taxa de Crescimento das Vendas. Ainda para avaliar a heterogeneidade do desempenho de empresas brasileiras diante de um cenário de crise, Ribeiro, Scherer e Silva (2016) utilizaram como proxy de rentabilidade a taxa de crescimento das vendas.

O EBITDA é um indicador de geração operacional de caixa da companhia. Dessa forma, representa quanto a empresa gera de recursos apenas através de suas atividades operacionais, sem levar em consideração os efeitos dos juros e de impostos. Por isso, alguns profissionais chamam o EBITDA de Fluxo de Caixa Operacional (Klemt & Gewehr, 2002).

Em relação a esse aspecto, Ribeiro, Macedo e Marques (2012) mostraram que em relação à perspectiva operacional, percebe-se que um dos indicadores mais importantes é o EBITDA. Machado e Machado (2013) com o objetivo de verificar se a responsabilidade social corporativa causa impacto no desempenho financeiro das empresas, utilizou como proxy para a lucratividade da empresa o EBITDA.

Além disso, o desempenho organizacional depende de aspectos e decisões da gestão empresarial e por esse motivo pode ser influenciado por outros fatores tais como setor de atuação, idade, tamanho e nível de endividamento da empresa (Chan; Shaffer & Snape, 2004; Dreyer & Gronhaug, 2004; Hillman & Keim, 2001; Morrow Júnior et al., 2007).

O grau de endividamento é um fator determinante no desempenho empresarial, pois muitas organizações não conseguem boas oportunidades de negócios devido ao escoamento financeiro para pagamento de dívidas decorrentes de operações de crédito. Nesse sentido, espera-se uma relação negativa entre o nível de endividamento e o desempenho das empresas, conforme apontam os estudos de Serrasqueiro e Nunes (2008), Olokoyo (2013), Sheikh e Wang (2013), Vithessonthi e Tongurai (2015), Goel, Chadha e Sharma (2015) e Nwude et al. (2016). Também há estudos que encontraram evidência de uma relação positiva entre o endividamento e o desempenho das empresas, como Margaritis e Psillaki (2010) e Akhtar et al. (2012). A justificativa para essa relação é que o aumento do endividamento permite impedir que os

gestores desperdicem recursos em projetos não lucrativos e aumentem assim o desempenho financeiro das empresas.

A associação entre idade da empresa e desempenho foi tratada nos estudos de Durand e Coeurderoy (2001). Para os autores, a idade não impacta significativamente no seu desempenho. No entanto, quanto mais jovem uma empresa, maior é o efeito negativo da idade em seu desempenho. Isso se deve à dificuldade de resistir à erosão competitiva, porque as empresas com maior tempo de atuação impulsionam as mudanças no setor. Já na visão de Blackburn, Hart e Wainwright, (2013) o tamanho e a idade da empresa influenciam no seu desempenho e, em particular, o seu crescimento.

Em relação ao tamanho da empresa, há indícios de impacto positivo e significativo no desempenho da empresa, tendo considerado como medidas de desempenho o ROA e o ROE (Yang & Chen, 2009; Pouraghajam et al., 2012; Pantea et al., 2013; Hunjra et al., 2014). No entanto, também há indícios de efeitos negativos do tamanho da empresa sobre o seu desempenho, tendo sido esse medido por meio da rentabilidade das ações (Vintila & Nenu, 2015).

Alguns segmentos de atividade empresarial são diretamente afetados por flutuações na economia, principalmente em períodos de recessão ou expansão econômica, afetando o desempenho das organizações. Nesse grupo estão incluídas as companhias que produzem e comercializam bens duráveis, pois o nível de faturamento varia conforme o nível de renda a curto prazo do mercado consumidor (Pindyck & Rubinfeld, 2009; Calixto, Oliveira & Kretzer, 2015). Já o setor não cíclico, produtor de bens de consumo não duráveis tais como alimentos, bebidas, materiais de limpeza e higiene e etc, é menos afetado por variações macroeconômicas, pois mesmo que hajam variações na renda da população, o consumo de tais bens e serviços tende a se manter estável (Calixto, Oliveira & Kretzer, 2015).

3 METODOLOGIA

Este capítulo tem como objetivo apresentar o detalhamento metodológico utilizado para o desenvolvimento da pesquisa. Inicialmente define-se a postura epistemológica e a natureza do estudo. Posteriormente, são apresentados o delineamento da pesquisa, a amostra e procedimentos de coleta, tratamento e análise dos dados.