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5.3.3 QUANTO AOS ÍNDICES DE QUALIDADE AMBIENTAL URBANA Analisando-se os resultados da agregação dos indicadores realizada para

5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

5.3.3 QUANTO AOS ÍNDICES DE QUALIDADE AMBIENTAL URBANA Analisando-se os resultados da agregação dos indicadores realizada para

o cálculo do Índice de Qualidade Ambiental Urbana (V. Tabela 4, Anexo 6 e Mapa 2), percebe-se que, apesar de suas limitações, os modelos são completamente coerentes com as realidades verificadas nas micro-áreas estudas.

A análise dos índices de QAU permite concluir que existe melhoria crescente de qualidade ambiental da micro-área 1 (Vila Yolanda Pires) para a 5 (Horto Florestal), embora a Vila Laura se tenha situado na mesma classe de qualidade do Conjunto dos Comerciários em função do baixo índice de cidadania e serviços urbanos (no caso, o transporte, que é extremamente precário).

Nas categorias de análise moradia, saneamento, infra-estrutura urbana, infra-estrutura social e cultural e paisagem urbana, verifica-se uma perfeita progressão dos índices parciais da comunidade de menor (Vila Yolanda Pires) para a de maior qualidade ambiental (Horto Florestal). Percebe-se ainda que o Conjunto dos Comerciários, como era de se esperar, se situa numa condição intermediária em relação às demais micro-áreas.

Na categoria de análise serviços urbanos, ocorre um resultado não esperado, com o Horto Florestal apresentando o menor índice parcial. Esse fato se deve a diversos fatores que estão relacionados à localização do Horto. Das micro- áreas estudas, essa é a mais distante de centros comerciais e a segunda mais distante da rede de transporte. Além disso, ela é a segunda a apresentar o menor

informantes chaves no questionário Avaliando meu bairro não colocam esses itens como insatisfatórios. Isso se deve ao não uso do transporte coletivo pelos moradores da área e à facilidade de locomoção até os centros comerciais por transporte individual. Segundo alguns informantes, o fato de ter que usar o automóvel a cada compra não é um fator que incomoda. Essa posição, no entanto, contraria as respostas dadas à pergunta o que um bairro deveria ter para ser um bom lugar para se viver? Alguns informantes expressam o desejo de um centro comercial próximo, desde que em setor separado das residências para não haver conflitos de uso. A Vila Laura também apresentou índices baixos devido ao pequeno número de linhas de ônibus e de telefones públicos que servem ao local e à grande distância de centros comerciais. Vale observar que, apesar de dispor de comércio local diversificado, os moradores da Vila Laura, na sua maioria, utilizam outros centros que ofereçam uma gama maior de mercadorias e custo mais baixo. O Alto do Cruzeiro, nesta categoria, se situou numa posição privilegiada em relação a outras áreas devido à sua localização, próxima a centros comerciais e à rede de transporte, a qual oferece um total de 57 linhas, conectando a área a diversos pontos da cidade.

Na categoria de análise conforto do ambiente, o Conjunto dos Comerciários e a Vila Laura apresentaram índices baixos. O fato se deve à poluição (do ar e sonora) verificada nas vias principais, de trânsito intenso – inclusive de ônibus e caminhões, que as utilizam como passagem para outros bairros.

Na categoria de análise cidadania, os dois opostos – a invasão e o condomínio fechado – apresentam os maiores índices. O resultado não é de estranhar e está coerente com a realidade verificada quando do trabalho de campo: em ambos os locais existem organizações. No caso da Vila Yolanda Pires, a Associação de Moradores disciplina a invasão e o uso da terra, implanta melhorias através da autoconstrução de moradias e infra-estrutura (“gatos” de água e luz, redes de esgotos improvisadas, iluminação pública etc.), desenvolve um trabalho de reivindicação de melhorias junto aos poderes públicos e, por fim, garante a segurança local com mecanismos internos extremamente particulares, tornando a área a menos violenta. Por outro lado, nos condomínios, através das associações,

segurança, a manutenção dos espaços públicos, a iluminação, a sinalização e a arborização das ruas. Além disso, os moradores se organizam para preservar a tranqüilidade do local, tentando evitar interferências da cidade real sobre o lugar, no caso, o processo de verticalização e desmatamento que vem ocorrendo. Assim, os dois extremos se encontram, indicando a tendência da cidade futura, da cidade dos excluídos e dos incluídos, respaldadas ambas na autogestão. Ambos os tipos de “cidadania” certamente são reflexo do processo de exclusão social e ausência do estado, que faz as camadas mais baixas buscarem alternativas de sobrevivência através da autogestão dos espaços ocupados e as mais altas se isolarem/protegerem da cidade real, autogerindo também o seu espaço. Ambas as lógicas de “cidadania” voltam-se para interesses locais, se fechando para as questões mais amplas do estado e suas atribuições e do modelo de desenvolvimento econômico e social responsável pelos níveis de qualidade ambiental e de vida.

Comparando-se o índice de Qualidade Ambiental Urbana (V. Tabela 8) das micro-áreas estudadas, percebe-se que a Vila Yolanda Pires encontra-se na situação menos favorável, tendo índices parciais extremamente baixos em todas as categorias de análise, exceto na de serviços urbanos e cidadania (na primeira devido à localização da Vila e na segunda devido aos baixos níveis de ocorrências policiais e à boa organização da comunidade). Tais resultados são completamente compatíveis com os já discutidos e evidenciam as fortes carências da população em todos os itens de qualidade ambiental. No Alto do Cruzeiro, verifica-se um acréscimo de qualidade em relação à micro-área anterior, principalmente quanto a moradia, infra-estrutura urbana, saneamento e serviços urbanos e sociais. As maiores carências foram verificadas na infra-estrutura social e cultural e na paisagem urbana. Esses resultados se devem à inexistência de espaços de lazer, áreas verdes ou arborização e à dificuldade de acesso a serviços de saúde e educação de boa qualidade. É necessário salientar que as condições de infra- estrutura e saneamento não são satisfatórias devido principalmente ao sistema de drenagem, à limpeza urbana e ao estado das vias e calçadas. Tais resultados confirmam os já discutidos no item 5.2.2.2.

Comerciários é marcada por índices que assumem valores médios. O baixo índice da categoria de análise infra-estrutura social e cultural demonstra, mais uma vez, as carências com relação a espaços de lazer e as dificuldades de acesso a atividades culturais. O baixo índice da categoria de análise conforto do ambiente deve-se principalmente à poluição sonora na via que corta toda a área. Na Vila Laura, como já citado, a situação se repete. Essa área apresenta níveis satisfatórios de qualidade em todas as categorias de análise, exceto na de cidadania, o que se deve à completa falta de organização da comunidade, que apresenta apenas um trabalho em torno de atividades assistenciais ligadas à igreja. Como já discutido, o Horto Florestal, micro-área com maior índice de Qualidade Ambiental Urbana, apresenta deficiência apenas na categoria de análise serviços urbanos.