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5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

RISCOS E INCÔMODOS PREDOMINANTES

Por se tratar de uma área desprovida de infra-estrutura, riscos e incômodos estão muito presentes no cotidiano dos moradores da Vila Yolanda Pires. O risco mais freqüente, que ameaça a tranqüilidade e a própria vida de seus moradores a cada chuva, está no deslizamento de encostas. Entre os incômodos, citem-se: 1) o mau-cheiro proveniente do esgoto que corre a céu aberto na via principal da Vila; 2) o contato entre a rede de água e o esgoto, que pode determinar a contaminação da água quando da ocorrência de pressão negativa na rede; 3) a presença constante de vetores transmissores de doença (moscas, mosquitos, ratos etc.), devido tanto ao esgoto quanto ao acúmulo de lixo; 4) a poluição sonora (ruídos), queixa maior dos moradores das proximidades da Av. Graça Lessa (Ogunjá), proveniente não só do trânsito dessa venida, mas da presença de uma

proximidades das vias que contornam a Vila.

CONCLUSÃO

A cada passo na Vila percebem-se a ausência do poder público e a presença da comunidade, inscrita na paisagem através dos caminhos precários, das redes improvisadas de esgoto, água e energia, dos postes de luz também improvisados e das casas que a cada dia vão melhorando. Percebe-se, assim, um intenso processo de autoconstrução que vai além da casa. Nota-se claramente uma vida comunitária no esforço de manter grupos organizados, como a Associação de Moradores e os grupos de futebol e até de samba. Apesar das divergências internas, a população tem uma boa capacidade de mobilização, chegando inclusive a contar com a presença de 200 moradores numa assembléia.

5.2.1.3 QUALIDADE AMBIENTAL URBANA SEGUNDO INDICADORES Analisando-se o diagrama de Paretto correspondente (V. Gráfico 1), na Vila Yolanda Pires apenas dois dos vinte e seis indicadores selecionados se situaram numa faixa de qualidade satisfatória: material das paredes externas das moradias e regularidade do serviço de abastecimento de água. Cerca de 73% dos indicadores apresentaram nível de qualidade abaixo do muito insatisfatório. As categorias de análise com maior número de indicadores abaixo do nível satisfatório foram infra-estrutura urbana, serviços urbanos, paisagem urbana e saneamento. Apenas uma contradição foi verificada nos resultados: o indicador da variável transporte na realidade não está situado no nível insatisfatório. Esse resultado se deve ao tipo de indicador empregado, o qual considerou o percentual de vias com ponto de ônibus. O fato é que, por não permitirem acesso a veículos, as vias internas da Vila não comportam tráfego de ônibus.

Ao se analisarem os resultados do índice de QAU (situado na classe de qualidade E - muito insatisfatória), nota-se que as únicas das categorias de análise que atingiram valores superiores a 50 foram cidadania e serviços urbanos.

5.2.1.4 PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS INFORMANTES CHAVES E GRUPO FOCAL

A análise das respostas ao questionário O meu bairro demonstra que as opiniões sobre o que um bairro deve ter para ser um bom lugar para se viver se relacionam a diversos itens da QAU, principalmente ao saneamento e à infra- estrutura (V. Anexo 11). Isso certamente se deve à extrema carência desses serviços. A relação apresentada reflete, na verdade, as demandas e os desejos da população de Yolanda Pires. Para os informantes, os maiores problemas da Vila são o abastecimento de água e o esgotamento sanitário, seguidos de energia elétrica, contenção de encostas e pavimentação. Nota-se que, apesar de estarem muito longe do desejável, a regularização da posse da terra, as condições de moradia e a limpeza pública não são considerados como itens em que há deficiência. Essas respostas são confirmadas no questionário Avaliando meu bairro, onde se verifica que os itens que provocam maior descontentamento são exatamente os anteriormente citados.

Para a maioria dos informantes as condições de vida na Vila são ruins devido, principalmente, aos problemas de contenção de encostas, à falta de esgoto, água e energia elétrica e à própria renda da população. Uma minoria acha boas as condições de vida devido à localização da Vila, a qual permite fácil locomoção e acesso a vários serviços Os aspectos considerados mais agradáveis foram o não pagamento de aluguel, água e luz, a localização, a tranqüilidade e a relação com os vizinhos.

Apesar dos problemas apontados, nota-se que existe uma relação de identidade com o local, refletida no fato de a maioria dos informantes considerar a Vila bonita e calma, ter desejo de participar mais para melhorar o bairro e sentir-se bem estando no local (V. Anexo 11). Esses vínculos com o lugar certamente se devem à conquista da terra e da moradia – a qual, segundo eles, “não é mais de madeira e taipa; é de alvenaria”. Essa hipótese parece confirmar-se na firmeza da população local em não sair do lugar conquistado e não aceitar o projeto de urbanização que prevê o desmonte da Vila e a construção de uma nova.

Salvador, os informantes acreditam que elas sejam ruins devido à má administração da prefeitura, ao desemprego e à violência urbana. Quando citam os problemas da cidade, percebe-se forte relação com diversos itens da QAU, principalmente os serviços básicos e a infra-estrutura (ver Anexo 12 ).

A avaliação dos resultados do questionário Avaliando meu bairro, (V. Gráfico 2) revela que, dos 39 itens avaliados pelos informantes chaves, 33% se situaram na faixa considerada satisfatória e 43% na que é considerada muito insatisfatória. As categorias de análise de menor número de itens satisfatórios foram infra-estrutura urbana e saneamento, ao passo que a de maior número foi a de conforto do ambiente. O item de maior satisfação foi a ventilação. Esses resultados são completamente coerentes com a situação ambiental da Vila, exceto no que se refere ao item moradia, avaliado como satisfatório. Certamente, isso se deve à melhoria da qualidade da moradia, que, no início da ocupação, era de taipa, madeirite e outros materiais precários. A justificativa para a paisagem urbana ser considerada satisfatória deve-se ao mesmo motivo.

Quanto à percepção ambiental do grupo focal, na opinião dos participantes os maiores problemas da Vila são os apresentados no Quadro 11:

QUADRO 11 - Maiores problemas da Vila Yolanda Pires segundo o grupo focal

ITEM MAIORES PROBLEMAS

01 Falta de esgoto

02 Deslizamento de encosta

03 Falta de abastecimento de água 04 Falta de energia elétrica

05 Inexistência de pavimentação de ruas e caminhos 06 Falta de um centro comunitário

07 Inexistência de telefone público 08 Dificuldade de acesso à escola

Além desses, também foi citada a ausência de creche, de áreas de lazer e de uma praça.

unânimes em indicar os poderes públicos, apesar de no dia-a-dia a própria comunidade vir resolvendo seus problemas, seja através de ação direta, seja mediante a reivindicação junto a órgãos públicos.

Analisando-se os resultados da aplicação do questionário Avaliando meu bairro junto ao grupo focal, percebe-se que as divergências manifestadas com relação à opinião dos informantes chaves nos 39 itens avaliados situaram-se em apenas seis itens: justiça, clima, condições de ruído, assistência médica, espaços/atividades culturais e acesso/circulação (V. Anexo 13). Nota-se que nos itens fundamentais existiu perfeita concordância

No que se refere ao tratamento metodológico das diferenças manifestadas entre os informantes chaves e os grupos focais, ficou evidenciado, através da pergunta sobre os maiores problemas da área, que existe convergência entre as opiniões, pois os cinco primeiros problemas citados em ambos os casos coincidem inteiramente.