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3.3.4 LEVANTAMENTO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DAS MICRO-ÁREAS

CONTRIBUIÇÃO METODOLÓGICA PARA A AVALIAÇÃO DA QAU

3.3.4 LEVANTAMENTO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DAS MICRO-ÁREAS

A) CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A técnica utilizada para realizar esse levantamento se respalda em experiências do Projeto HABITAT (BORJA et al., 1994), desenvolvido através do Departamento de Hidráulica e Saneamento da EPUFBa; do Projeto Ações de Saneamento Ambiental em Canabrava (BORJA et al., 1994), do Distrito Sanitário de Pau da Lima/Salvador; e do Plano de Melhoria da Qualidade Ambiental de Ilha Amarela/Subúrbio Ferroviário (PARÉS e BORJA, 1996).

Como dito no item 3.2.2, esta fase da pesquisa se articula com o plano técnico de investigação, constituindo, portanto, uma abordagem objetiva da realidade que, apesar de incorporar o qualitativo, tem um forte viés quantitativo. Dois procedimentos foram adotados para o reconhecimento das condições ambientais das micro-áreas: a coleta de dados secundários (informações institucionais) e de dados primários através do levantamento das condições ambientais dos logradouros.

A Figura 3 apresenta o esquema do método desta fase da pesquisa.

FIGURA 3 - Esquema do método de levantamento das condições ambientais das micro-áreas

Aplicação de questionário Definição de micro-áreas junto a técnicos da RA de

Brotas para a definição de micro-áreas

Coleta de dados Obtenção de plantas e Contato com lideranças nos órgãos fotos aéreas das micro-áreas Realização do levanta- mento das condições ambientais dos logra- douros das micro-áreas

Digitação e processa- mento dos dados no EPIINFO

Organização dos dados em gráficos e tabelas Análise e conclusão

B) COLETA DE DADOS INSTITUCIONAIS

Junto a órgãos ligados ao objeto da pesquisa, realizou-se a coleta de dados visando a complementar as informações adquiridas no campo. A seguir apresenta-se a relação de órgãos visitados e as respectivas informações coletadas:

EMBASA - Escritório de Operações da Federação - onde se obtiveram os dados sobre volume médio de água consumido pela população das micro-áreas estudadas, através de planilha do consumo medido da Zona 8 da área de influência do Reservatório R4T. Foi organizado um banco de dados no pacote estatístico EPIINFO versão 5.0. As informações foram digitadas e posteriormente analisadas. Além disso, foi realizada uma entrevista com técnico da área de operação sobre a situação do abastecimento de água das micro-áreas, abordando a cobertura da rede de distribuição de água, regularidade do abastecimento, estado da rede, vazão disponível, qualidade da água e pressão disponível na rede;

6a. Delegacia de Polícia - onde se coletaram os dados sobre segurança pública das micro-áreas no período de janeiro de 1996 a novembro de 1996, no Livro de Registro de Ocorrências Gerais. Tais dados foram digitados num banco de dados estruturado no EPIINFO versão 5.0 e posteriormente analisados;

COELBA - onde se coletaram as informações sobre o consumo médio de energia por micro-área;

LIMPURB - Gerência Operacional de Brotas - onde se realizaram entrevistas junto a técnicos da gerência sobre a situação da limpeza urbana das micro-áreas, abordando os serviços de varrição, coleta de lixo domiciliar, coleta de ponto de lixo, serviços de capinação e roçagem;

CONDER - onde se obtiveram informações sobre os setores censitários para a estimativa da população das micro-áreas.

C) LEVANTAMENTO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DOS LOGRADOUROS

Pressupostos

A avaliação das condições ambientais das micro-áreas se sustentou na análise do ambiente construído ou, dito de outra maneira, do espaço urbano local ou ainda do lugar. Sendo uma pesquisa de análise das condições físicas, ou da realidade visível, a avaliação desse lugar não se pautou em abordagens sociológicas ou antropológicas, apesar de indiretamente incorporá-las, porque o lugar é visto aqui como um espaço socialmente construído e resultante da dinâmica de apropriação das diferentes comunidades urbanas existentes na cidade. Assim, as características físicas de cada lugar constituem o produto dessa apropriação. Dessa forma, ao se fixar o olhar sobre este espaço, obtém-se informação sobre os processos ambientais de sua produção. Através do olhar, portanto, pode-se perceber o espaço produzido e realizar uma leitura dele. Esse processo, no entanto, varia em função do olhar de quem observa, sendo influenciado por fatores sociais, culturais, intelectuais, econômicos etc.

Para analisar, portanto, este espaço/lugar em suas características físicas, optou-se pela observação ambiental, que usa como instrumento a percepção do observador sobre o lugar. Essa observação é feita por pesquisadores previamente treinados, que são instruídos para verificar determinados itens da Qualidade Ambiental Urbana. Assim, o olhar é direcionado e o ato de perceber funciona como o foco de uma máquina fotográfica.

Em se tratando de ambiente e espaço urbano, a unidade de análise escolhida foi a rua, através da qual tudo chega e a partir da qual a vida do lugar ou do bairro se organiza. É na rua que as pessoas andam e se encontram, as crianças brincam, as redes de infra-estrutura e serviços se desenvolvem (água, esgoto, drenagem, coleta de lixo, distribuição de gás e correspondência, energia elétrica ,

iluminação etc. ) Dessa forma, a unidade de análise aqui deixa de ser o indivíduo ou a casa e passa a ser a rua, que, junta a outras, constitui um bairro ou uma micro-área. Neste ponto, este estudo difere de vários outros que usam o domicílio como unidade privilegiada de análise. A opção se sustenta no fato de que a análise na perspectiva da casa não permite a apropriação da complexidade da dimensão ambiental, a qual exige uma análise global, integrada e espacial.

O instrumento de avaliação da rua foi o levantamento das condições ambientais dos logradouros. Esse levantamento nada mais é que um cadastro realizado em todas as ruas da micro-área por dois pesquisadores de campo previamente treinados. O seu conteúdo permite a obtenção das informações necessárias para a definição dos indicadores de avaliação da QAU. Contemplou, portanto, informações sobre infra-estrutura (pavimentação, energia elétrica e calçamento, transporte, iluminação e encostas); uso do solo; padrão construtivo e qualidade das habitações; saneamento (água, esgoto, lixo e drenagem); equipamentos urbanos, espaços públicos, segurança pública, paisagem urbana etc. Foi elaborado um questionário preliminar contemplando essas informações, o qual foi testado em campo e, após revisado, foi aplicado nas ruas das micro-áreas (V. questionário no Anexo 4).

Execução do levantamento

Para dar início ao levantamento, as áreas em estudo foram delimitadas e as ruas e caminhos carroçáveis e não carroçáveis, identificados, sendo que cada um recebeu um código de referência para identificação. Os trechos longos (+ de 100 metros) foram subdivididos para facilitar a análise. Para tal procedimento foi usada a planta do sistema SICAR-CONDER (na escala de 1:2000) do ano de 1992.

O levantamernto se desenvolveu partindo-se da micro-área do Grupo 1 até o 5. Cada micro-área foi dividida em três sub-áreas, de forma que cada uma fosse coberta por uma equipe de campo. No total, foram formadas três equipes de campo, cada uma com dois pesquisadores. A atuação conjunta das equipes numa mesma micro-área foi uma tentativa de “apurar” ou “calibrar o olhar” dos

pesquisadores. Buscou-se uma maior homogeneidade nos critérios de avaliação devido ao enfoque qualitativo do levantamento.

No campo, os pesquisadores – munidos de mapa da área, questionário e máquina fotográfica – realizaram percursos, anotando os dados, registrando imagens e realizando anotações por meio de legendas ou ícones na rua esquemática contida no questionário. Durante cada percurso, foram promovidas conversas rápidas com os moradores que se encontravam na rua. Ao final, o questionário foi revisto em função das respostas dadas. De acordo com as pesquisas realizadas, o tempo médio necessário para tal levantamento, incluindo as perguntas aos moradores e as conversas rápidas com grupo de moradores, foi de 30 minutos, independente do tamanho do trecho. Nas micro-áreas dos grupos 1, 2 , 3 e 4 entre duas a três pessoas foram consultadas por trecho levantado. No grupo 5, isto é, no Horto Florestal, esse número caiu para 1, havendo vários trechos onde ninguém foi consultado. Este fato tem fortes vínculos com o uso que a população local dá à rua.

Tratamento dos dados

Uma vez realizado o levantamento das micro-áreas, o passo seguinte foi verificar a consistência dos dados coletados diante da coerência da própria informação e do conhecimento preliminar das áreas em estudo. Assim, cada questionário foi revisto, sendo feitas as correções pertinentes. Quando necessário, voltou-se a campo para confirmar a informação.

A partir daí, foi organizado um banco de dados utilizando-se o pacote estatístico EPIINFO versão 5.0, já referido. Os dados foram digitados e depois devidamente conferidos (limpeza dos dados). A partir daí, obtiveram-se as freqüências relativas das informações/indicadores obtidos nos questionários.