• Nenhum resultado encontrado

3. ATIVIDADES DE NATUREZA CIENTÍFICO-PEDAGÓGICA

3.1. Ação científico-pedagógica individual

A ação científico-pedagógica individual denominou-se “ O softball e o basebol e a sua operacionalização nas aulas de educação física”. A apresentação deste trabalho pelo grupo disciplinar de Educação Física foi o resultado de uma exaustiva pesquisa e recolha bibliográfica que posteriormente foi apresentada num poster (ANEXO K), durante o seminário de Desporto e Ciência promovido pela UMa.

O nosso trabalho foi estruturado em duas partes; a primeira aborda a apresentação e o enquadramento teórico do softball e do basebol, e a segunda parte apresenta sugestões práticas de progressões de exercícios referentes às matérias.

A escolha do tema surgiu pelo interesse revelado pelos profissionais de Educação Física, da ESJM.

Pelas condições que reúne, a ESJM beneficia a sua abordagem, uma vez que dispõe dos materiais necessários para a sua prática, num campo com dimensões e características favoráveis à sua lecionação.

O softball e o basebol são modalidades coletivas que contribuem para o desenvolvimento psicomotor do aluno, porém são matérias ainda pouco vulgarizadas nas escolas. Contudo é notória a expressão que têm vindo a ganhar na ESJM, daí a importância em operacionalizá-las na Escola para proporcionar aos professores de Educação Física ferramentas para estimular anda mais a sua lecionação.

Segundo Dimas e Siqueira (s.d.), verifica-se cada vez mais à procura de novas modalidades na escola, numa tentativa de fugir às modalidades ditas “tradicionais”. Através da escola, os alunos devem ser incentivados a experimentar diferentes modalidades uma vez que só assim, através da sua experimentação, estes podem ganhar gosto pela sua prática despertando-os assim para a importância da prática de atividade física além das aulas de Educação Física.

Como acontece com as diferentes matérias lecionadas nas aulas de Educação Física, também o softball e o basebol são meios de transformação dos alunos visto poderem contribuir para que eles atinjam as finalidades e os objetivos (gerais e específicos) do Programa Nacional de Educação Física (PNEF).

De acordo com taxonomia de Almada, Fernando, Lopes, Vicente e Vitoria (2008), o softball e o basebol enquadram-se nos desportos coletivos onde a divisão de

55

trabalho por diferentes elementos do grupo é privilegiada, o que implica portanto o desempenho de funções específicas e o domínio da dinâmica das suas coordenações (dinâmica de grupos).

À semelhança do que refere Almada et al., (2008), Bayer (1994), refere que o basebol enquadra-se no grupo taxonómico dos Jogos Desportivos Coletivos (JDC), por apresenta características comuns a este grupo como a existência de um objeto (bola ou disco), que pode ser jogado com os segmentos corporais ou por intermédio de um instrumento, um terreno de jogo estandardizado, um alvo para atacar e defender, colegas de equipa com quem cooperar e progredir com o objeto de jogo, uma oposição (adversário) para vencer e um regulamento que é necessário cumprir.

Independentemente das matérias escolhidas para serem lecionadas no decorrer do ano letivo, os processos de ensino-aprendizagem devem ter em consideração as características dos alunos e as suas dimensões cognitivas, afetivas, éticas, relacionais e sociais. Os alunos devem aprender não só os parâmetros técnicos mas também interpretar as regras e estratégias, ter sentido crítico, saber avaliar as situações do seu ponto de vista ético, colaborar com os colegas e saber aceitar a vitória e a derrota.

Partilhamos a ideia de que a Educação Física na escola não deve ter como objetivo conseguir que os alunos aprendam gestos estereotipados através da sua repetição levando-os à sua própria automatização e reprodução, mas sim conduzi-los num processo de aquisição de conhecimentos relativos ao seu corpo e ao movimento, concedendo-lhes autonomia ao nível da utilização da sua capacidade motora e habilitando-os a refletir sobre suas capacidades corporais, exercendo-as de forma autónoma dentro do contexto social e cultural adequado.

Desta forma, o softball e o basebol como matérias integradas no PNEF devem ser um meio de desenvolvimento da autonomia dos alunos no sentido de estes serem os responsáveis pela regulamentação do seu esforço, delineando os seus objetivos, reconhecendo as suas competências e limitações.

Para Simas e Siqueira (s.d.), o basebol apresenta-se como uma proposta de atividade física desportiva na escola, como uma alternativa credível para os professores que queiram investir em matérias diferentes e que se constituam como atrativas e aliciantes para os alunos. O basebol não acarreta grandes custos, nem grandes espaços, considerando por exemplo a vertente do softbol que permite grande adaptabilidade à escola, pois necessita apenas dos espaços das modalidades tradicionais, de um taco, uma bola e, obviamente, dos alunos.

56

O objetivo do nosso trabalho consistia em dar resposta às preferências referidas pelos professores, e pretendeu contribuir para a sua formação numa área em que se verifica grande interesse por parte dos alunos. Estas modalidades estão integradas nas matérias alternativas do PNEF e, como tal, devem ser abordadas com o mesmo grau de exigência e importância que se verifica nas restantes modalidades.

O basebol é um desporto coletivo em que as equipas são constituídas por nove elementos. O objetivo do jogo é obter o maior número de pontos durante as partidas (Batista, Rêgo e Azevedo 2008).

Outras caraterísticas importantes são a oposição (da equipa adversária), a cooperação entre colegas, a interação (entre os elementos da mesma equipa e interação com os adversários), dentro de uma realidade/contexto em constante mudança, com a qual interagem e que determina a fonte de incertezas que caraterizam os JDC, a reversibilidade (onde as equipas atacam ou defendem alternadamente) e a emulação (situar-se comparativamente ao outro, ou seja, comparação e diálogo, leitura do jogo), de acordo com Bayer (1994).

As suas características mais marcantes expressam-se pela existência de um lançador e de um batedor, que iniciam o jogo, e pela corrida para a conquista de bases por parte dos atacantes.

Para ganhar pontos no basebol, a equipa tem que conseguir dar o maior número possível de voltas ao quadrado de jogo, em cada partida, antes que três dos seus elementos sejam eliminados pela equipa adversária.

O softball e o basebol encontram-se no PNEF inseridos nas matérias alternativas. Os seus objetivos encontram-se definidos no programa para o nível introdutório, elementar e avançado, de acordo com as regras do softball, ao passo que os conteúdos do basebol estão definidos apenas para o nível avançado. Os conteúdos estipulados pelo PNEF encontram-se no capítulo designado como proposta de abordagem prática ao basebol, inseridos no subcapítulo dos conteúdos programáticos. Estas matérias integram-se nos jogos desportivos coletivos, e o objetivo específico é cooperar com os companheiros, realizando com oportunidade e correção as ações técnico-táticas elementares em todas as funções, conforme a oposição em cada fase do jogo, aplicando as regras, não só como jogador mas também como árbitro (Jacinto et al., 2001, cf. p. 14).

O tema da ação científico-pedagógica individual foi escolhido através de um questionamento informal no sentido de averiguar as preferências manifestadas pelos

57

professores. Uma tal escolha contribuiu também para a necessidade de aprofundarmos o nosso conhecimento enquanto docentes, procurando dar resposta ao desenvolvimento desta matéria que tem vindo a potenciar o nível de conhecimentos e competências dos alunos.

Esta ação científica de carácter individual foi apresentada em conjunto com o colega de estágio Élvio Abreu, uma vez que os temas abordados surgem na continuidade e complementaridade uma da outra.

A proposta da ação foi enquadrada na perspetiva de abordar uma série de progressões pedagógicas que abrangem os três níveis do PNEF (introdutório, elementar e avançado), no sentido de auxiliar, como ferramenta de orientação, a atuação do professor de Educação Física na lecionação do softball e do basebol no âmbito escolar. Face aos objetivos proposto pelo PNEF, cabe ao professor a responsabilidade de escolher e aplicar as soluções pedagógicas e metodologicamente mais adequadas, investindo as competências profissionais desenvolvidas na sua formação nesta especialidade, para que os efeitos da atividade do aluno correspondam aos objetivos dos programas, utilizando os meios que lhe são atribuídos para esse fim (Jacinto et al., 2001, cf. p. 8).

O softball e o basebol, tal como as outras matérias, requerem uma série de comportamentos próprios dos desportos coletivos que exigem do professor uma intervenção congruente com uma educação de valores, tais como o respeito mútuo a disciplina e o fair-play.

Frequentemente, alguns professores de Educação Física alegam a falta de recursos materiais e de espaços físicos adequados nas suas escolas, realçando que estas limitações interferem diretamente no planeamento e organização das aulas. Esse tema foi refletido e analisado durante a nossa formação, quer ao nível da licenciatura quer ao nível do mestrado, tornando evidente a necessidade da construção de materiais didáticos alternativos passíveis de serem aproveitados nas aulas de Educação Física, tal como a utilização criativa dos espaços de que as escolas dispõem, os quais nem sempre oferecem as condições mais adequadas para as práticas escolares.

A ESJM apresenta vários espaços adequados e quantidade suficiente de materiais, comparativamente com outras escolas da região. Além dos espaços físicos, a Escola possui material apropriado à lecionação destas duas modalidades. Nela, o softball dispõe de luvas, bolas e de tacos; o basebol, de luvas, tacos de alumínio, bolas, máscaras e capacetes

58

Além do material específico das matérias de softball e basebol, pretendemos com o nosso trabalho elucidar os professores para a utilização, adaptação e confeção de alguns materiais alternativos que podem auxiliar no processo de aprendizagem, e sem custos.

Para a operacionalização dos exercícios propostos, utilizaram-se alguns materiais alternativos como a raquete de ténis em substituição do tradicional taco de basebol, uma vez que, dadas as dimensões da cabeça da raquete, o ponto de contacto desta com a bola é superior à do taco. Utilizaram-se ainda materiais como o arco e uma caixa de cartão para facilitar a identificação da zona de strike pelo lançador.

Apesar das características favoráveis à prática destas matérias no campo de futebol da ESJM, foi necessário colmatar a ausência das linhas entre as bases; para isso, foram utilizadas as fitas de trânsito que facilmente são colocadas e não impedem a função dos corredores de bases. Outra utilizada estratégia foi a o recurso a bolas de maior dimensão no sentido de facilitar o trabalho dos defesas na sua receção de forma eficaz.

A Escola possui tapetes em forma de quadrado que substituem as bases tradicionais. Trata-se de uma alternativa rentável quer ao nível do seu transporte, quer ao nível da facilidade com que os alunos identificam a localização das bases no espaço de aula. Contudo, optámos como alternativa pela utilização dos sacos de areia que facilmente podem ser adotados nas escolas.

À semelhança dos procedimentos que ocorrem nas restantes matérias, é fundamental incutir nos alunos o sentido de responsabilidade na conservação o material, reforçando as implicações ao nível da segurança no caso da utilização do bastão. Em cada aula, os alunos foram responsabilizados pelo transporte do material para o respetivo espaço e deste para o seu local próprio no fim da aula.

Consideramos que o ensino eficaz depende da seleção e aplicação de métodos adequados que garantam ao professor corresponder aos princípios didáticos e às características específicas do basebol. O jogo de basebol transita de exercícios pedagógicos, de exercícios específicos e reduzidos para exercícios básicos gerais. O método de ensino global, especialmente o jogo, permite integrar as habilidades motoras de modo a cada aluno poder alcançar os objetivos implícitos no jogo de basebol.

A abordagem proposta é baseada na prática de basebol através de situações de jogos simplificados, que proporciona maior motivação, além de simultaneamente

59

abordar as regras fundamentais relacionadas com as competências necessárias para o desenvolvimento do jogo.

De acordo com Garganta (1998), “o jogo deve estar presente em todas as fases de ensino/aprendizagem, pelo fato de ser, simultaneamente, o maior fator de motivação e o melhor indicador da evolução e das limitações que os praticantes vão revelando” (p. 26). Contudo, face às observações realizadas ao longo das aulas de basebol, verificámos alguma dificuldade referente ao nível do lançamento e do batimento

Face a esta situação, consideramos fulcral uma intervenção direcionada para o desenvolvimento e aquisição de competências, focada na situação anteriormente referida (lançamento/batimento), uma vez que esta é o ponto de partida para o desenrolar do jogo.

Sugerimos como metodologia de trabalho uma estrutura ao nível do planeamento das aulas constituídas por uma parte inicial, por uma fundamental e pela sua parte final. À parte inicial, corresponde a ativação cardiovascular e o trabalho das capacidades condicionais de força, flexibilidade e velocidade. Na parte fundamental, são abordadas as questões relativas às regras implícitas no exercício/jogo bem como os aspetos organizativos dos mesmos. Nesta, é também importante chamar a atenção dos alunos para pontos a ter em conta nas aulas seguintes no sentido de melhorarem a sua prestação, contribuindo desta forma para a compreensão e aprendizagem dos conteúdos abordados. Na parte final, os alunos devem realizar alguns exercícios que permitam alongar os grandes músculos mais utilizados durante a aula e desta forma regressar à calma.

Segundo Garganta (1998), nos JDC, as técnicas não se restringem a movimentos específicos; compreendem também ações motoras e formas de expressão do comportamento destinadas a solucionar os problemas que as situações de jogo colocam ao praticante. A técnica, de acordo com o mesmo autor, implica uma motricidade especializada e específica de uma modalidade desportiva que permite resolver de uma forma eficiente as tarefas do jogo (cf. p 22).

Desta forma, o autor acima referido esclarece que a aprendizagem dos procedimentos técnicos de cada um dos JDC constitui apenas uma parte dos pressupostos necessários para que, em situação de jogo, os praticantes sejam capazes de resolver os problemas que o contexto específico, o jogo, lhes coloca.

60

Durante as aulas, o professor é o elemento responsável por desenvolver situações que fomentem a motivação dos alunos para a tarefa e utiliza o feedback e a correção dos aspetos técnico-táticos como ferramenta de ensino-aprendizagem

O clima da aula é também um fator de motivação uma vez que possibilita, estimula e mobiliza os alunos para a nova tarefa através da relação de cooperação/oposição.

O feedback é um procedimento essencial a que o professor deve recorrer sempre que necessário durante a aula no momento mais oportuno e com a frequência correta, em ordem a orientar o aluno no processo ensino-aprendizagem.

Em termos gerais, refletindo sobre os acontecimentos da nossa ação científico- pedagógica individual ao longo do seu processo, podemos concluir que o balanço foi positivo.

Durante a ação e no fim dela, alguns professores manifestaram dúvidas e expuseram questões que oportunamente foram clarificadas, quer em termos de regras quer referentes à operacionalização de alguns exercícios.

Relativamente à apresentação, de acordo com a nossa perceção e em concordância com o público, conseguimos conduzir bem o tema, manifestando à- vontade perante a plateia, com boa colocação de voz e boa postura, o que influenciou o interesse demonstrado pelos docentes.

Alguns deles, na fase final da primeira parte onde foram apresentadas e clarificadas algumas regras, manifestaram-se ligeiramente enfadados, desligando um pouco da apresentação, devido ao carácter descritivo da mesma. Contudo, na apresentação do vídeo, recuperámos o seu interesse e atenção. Consideramos que a apresentação poderia ter sido muito mais rica, se esse vídeo tivesse sido editado e se tivéssemos proporcionado, após cada regra, a respetiva visualização.

Na segunda parte, ou seja, na parte mais operacional do trabalho destinada à apresentação dos exercícios propostos, os docentes presentes na apresentação demonstraram um maior interesse, uma vez que poderiam ser adaptados às suas aulas, de forma a poderem lecionar o jogo de basebol com um maior leque de opções para trabalharem as suas várias componentes, não recorrendo unicamente ao jogo em si.

Com os exercícios propostos pretendia-se exemplificar, uma panóplia de exercícios onde o professor pudesse trabalhar as dificuldades e os erros mais frequentes dos seus alunos, recorrendo a situações mais específicas, tanto de lançamento,

61

batimento, corrida de bases, entre outras, como de situações de jogo reduzido e de jogo condicionado, permitindo assim descomplexificar a aprendizagem do basebol.

Refletindo sobre o processo da ação individual, a conceção do poster, chegou-se à conclusão de que este deveria surgido de início realçando o seu conteúdo. Com efeito, sem isso, tornou-se mais complicado porque poderíamos ter derramado no poster reflexões da apresentação e assim termos sido capazes de sintetizar muito melhor a informação contida no poster com mais objetividade. Todavia, cremos que a ação cumpriu os seus objetivos. Com efeito, tendo em conta os constrangimentos verificados, ambas as apresentações e ambos os documentos foram bem conseguidos, elucidando os ouvintes acerca da operacionalização da matéria de basebol na escola.

A avaliação de uma ação científico-pedagógica não pode estar limitada apenas a uma autoanálise reflexiva de todo o processo de trabalho, deverá ser auxiliada por uma recolha de informação junto dos participantes, de forma a contribuir para uma avaliação mais fidedigna e real. Assim, se poderão identificar com mais consistência os pontos mais positivos e os menos positivos da ação com vista a futuros reajustamentos no âmbito de outras acções.

Tendo em conta esse enquadramento, tentámos medir o grau de satisfação dos participantes na ação através da utilização de um questionário anónimo, o que permitiu obter, de uma forma simples e rápida, as opiniões dos participantes recorrendo a um questionário que lhes foi entregue numa reunião de grupo disciplinar e recolhido no fim da mesma.