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2. PRÁTICA LETIVA

2.1. Gestão do processo ensino-aprendizagem

2.1.2. Planeamentos das unidades didáticas

A unidade didática (UD) é a forma de planificar e organizar o processo de ensino-aprendizagem, a qual pode ser concebida para uma ou várias matérias e inclui os conteúdos que se pretende abordar e os objetivos a alcançar pelos alunos. As UD são um instrumento que permite organizar o processo de ensino-aprendizagem num período de tempo pré-determinado e incluem os objetivos do PNEF, os recursos materiais e humanos, as instalações disponíveis e as estratégias adotadas.

Segundo Bento (2003), citado por Marques (2012), “os objetivos da UD são alcançados progressivamente, requerendo assim uma planificação bem delineada, servindo de base para a preparação das diferentes aulas” (p. 22). Assim sendo, defendemos que a definição dos objetivos é uma etapa essencial, uma vez que clarifica aquilo que pretendemos que os nossos alunos aprendam.

Para a conceção das unidades didáticas, nomeadamente a extensão e sequência de conteúdos, foi necessário considerar o nível em que a turma se encontrava, apesar de

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só ter sido possível apurar o nível de proficiência dos alunos ao darmos início à prática letiva.

Foram realizados alguns ajustes aos objetivos após terem sido considerados os conteúdos expressos no PNEF face à avaliação inicial, no sentido de construir as UD(s), visto que alguns conteúdos não se aplicavam à turma. Desta forma, certos conteúdos das diversas modalidades lecionadas não foram abordados nesse ano porque o nível dos alunos não o consentia.

A realização destes documentos deve privilegiar não só a componente de ensino- -aprendizagem como um instrumento que permite, quer ao professor quer aos alunos, a compreensão dos objetivos a alcançar, mas também o fator do melhoramento dos índices de saúde, para os quais foram concebidos diversos exercícios visando melhorar a condição física através do trabalho das capacidades condicionais.

A conceção destas unidades didáticas foi de extrema importância, uma vez que, durante o processo de ensino-aprendizagem, nos auxiliaram no procedimento de consulta e revisão das regras e dos conteúdos de algumas modalidades com as quais nunca tínhamos tido contacto.

A conceção das UD(s) permitem ao professor gerir um conjunto de informações anteriores à aplicação das mesmas, o que é fundamental para a condução do processo de ensino-aprendizagem.

Desta forma, dada a importância do planeamento anteriormente referenciado, optámos por elaborar um documento orientador das UD(s), o qual contém a caracterização da(s) matéria(s), identificação da turma, calendarização, avaliação diagnóstica, o planeamento anual, calendário e cronograma das atividades, a estruturação dos objetivos e conteúdos, identificação dos recursos, estratégias, critérios de avaliação, referências bibliográficas, planos de aulas e balanço final.

A conceção das unidades didáticas não é estritamente delineada, cabendo a cada professor a responsabilidade de organizar a sua estrutura consoante as suas necessidades e o seu critério. Nós optámos por examinar e pesquisar os planeamentos realizados durante o 1.º ano do mestrado em algumas cadeiras de didática e consultámos ainda as unidades didáticas construídas pelos colegas que realizaram estágio em anos anteriores.

Além da apreciação do nível inicial dos alunos bem como das suas necessidades e potencialidades, é determinante considerar as orientações do PNEF (Jacinto et al., 2001), as orientações do departamento de educação física da escola, as características das instalações e o número de aulas previstas para o ano letivo.

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Numa primeira fase, procedemos à organização das aulas ao longo do ano letivo, considerando as interrupções letivas, a rotação das instalações, os recursos materiais disponíveis na escola e a escolha das matérias com intuito de rentabilizarmos o processo de ensino-aprendizagem.

Após termos procedido à distribuição das matérias ao longo do ano considerando as potencialidades das instalações, realizou-se o planeamento anual (ANEXO C); contudo é importante referir que este planeamento deve ser flexível e operacional, permitindo que haja adaptabilidade e ajuste aos conteúdos, à progressão e ao desenvolvimento dos alunos.

A UD, enquanto elemento de planificação do processo de ensino-aprendizagem, não reside unicamente no desenvolvimento de meios para a sua operacionalização, mas também na descoberta progressiva de determinados contextos reguláveis deste processo (Bento, 2003).

Após termos estruturado inicialmente as unidades didáticas, não considerámos encerrado este trabalho. Com efeito, ele prolongou-se dado ter sido necessário recorrermos à sua alteração e ajuste ao longo do ano letivo procurando sempre potenciar o ensino-aprendizagem dos nossos alunos.

Inicialmente, construímos as unidades didáticas com base nas afinidades das matérias, ou seja, com bases nos comportamentos solicitados, de acordo com as características do seu grupo taxonómico. Contudo, uma vez que a lecionação das matérias estava condicionada pela utilização das instalações, optámos por desagrupá- -las. A estruturação das UD considerou os objetivos que pretendíamos atingir em cada matéria, considerando o nível inicial dos alunos bem como os recursos de que dispúnhamos.

Ao longo do ano letivo, optámos por abordar as matérias em aulas politemáticas, no sentido de rentabilizar e tornar mais eficaz o processo de ensino-aprendizagem, potenciando a abordagem das matérias em diferentes contextos, adequando-as aos espaços desportivos da escola. Contudo algumas matérias, pelas suas características e pelas suas necessidades específicas, não permitiram que houvesse adaptação dos recursos.

No que respeita à abordagem dos conteúdos de natação, realizou-se uma UD monotemática. Optámos pela lecionação exclusiva dos conteúdos de natação, uma vez que os alunos dispunham de poucas aulas para a lecionação da mesma e também

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porque, no ano anterior, os alunos tinham sido impedidos de realizar as aulas de natação devido à inoperacionalidade da mesma

À medida que fomos ultrapassando a fase de adaptação, prosseguindo e refletindo sobre os processos de ensino, começámos a construir as unidades didáticas com uma lógica de progressão e com uma coerência entre uma aula e outra.

Apesar de concordarmos que a lecionação das matérias não deve ser desarticulada consoante as matérias de ensino e que os objetivos devem ser um meio de articulação entre as mesmas, durante o ano letivo estivemos condicionados relativamente à falta de algum material. Na situação específica do badmínton, devido à escassez de volantes e de raquetes, não foi possível dar continuidade à abordagem da matéria ao longo do ano.

Outra situação tida em atenção foi a utilização de bolas de voleibol e de futebol no polidesportivo ("galinheiro"). Este pavimento, de alcatrão, facilmente danificava as bolas, pelo que restringimos a sua utilização às bolas de basquetebol. Em contrapartida, o campo de relvado sintético (campo de futebol), dadas as suas excelentes condições, permitiu abordar os conteúdos de futebol, voleibol, basquetebol, basebol, ténis de campo e atletismo, o que permitiu uma enorme rentabilidade dos espaços e facilitou a organização de aulas politemáticas ao longo de todo o ano letivo.

No início do ano, tentámos organizar o calendário anual distribuindo as matérias escolhidas pelos nossos alunos e considerando os espaços distribuídos de acordo com o mapa de instalações.

Relativamente à operacionalização das unidades didáticas, foram adotadas nas aulas algumas estratégias comuns e outras específicas de cada matéria. No decorrer do ano, fomos questionados e levados a refletir sobre a gestão das variáveis implícitas no processo de ensino-aprendizagem, tais como o tempo de empenhamento motor, a responsabilidade do transporte de material, a organização dos grupos de trabalho, os tempos de explicação e de exposição, etc.

A organização das aulas politemáticas permitiu aos alunos gerir e conciliar os seus pontos fortes e as suas fraquezas; desta forma conseguimos equilibrar e favorecer todos os alunos ao longo das aulas. A abordagem das aulas politemáticas permitiu ainda aumentar a sua variabilidade e imprevisibilidade tornando-as motivadoras, do que resultou um maior empenho por parte dos alunos.

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