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3 POR UM USO FORMATIVO DO SAERJINHO!

3.2 PAE: plano de intervenção para a utilização do Saerjinho como

3.2.5 Ação 5 – Elaboração de um questionário estruturado que identifique o

Nesta quinta e última ação do PAE, propõe-se a elaboração de um questionário a ser aplicado a professores de Língua Portuguesa de outras unidades escolares da RMP e da Seeduc/RJ, caso seja de interesse das equipes de gestão, a fim de recolher informações sobre o tipo de utilização dos resultados do Saerjinho praticado, e verificar se se aproxima do modelo formativo proposto.

Günther (2003) afirma que em ciências sociais, os três principais caminhos para compreender o comportamento humano consistem em: (1) observar o comportamento das pessoas em situações reais; (2) provocar situações artificiais e então observar o comportamento das pessoas; (3) perguntar às pessoas o que elas fazem (ou fizeram) e o que elas pensam (ou pensaram). Dos três caminhos apontados, optou-se pelo terceiro, em virtude da demanda de menor tempo.

Como a pesquisa atingiu apenas uma das 88 escolas da RMP, a elaboração desse questionário pode servir a gestores de outras unidades que desejem utilizá-lo como ferramenta pedagógica, a ser aplicado com o objetivo de identificar se os professores desvalorizam, supervalorizam ou valorizam o Saerjinho como instrumento bimestral de avaliação formativa. Não se pretende indicar as ações previstas na primeira parte deste PAE como únicas possibilidades de utilização formativa do Saerjinho, nem mesmo indicar um único tipo de utilização como o correto, uma vez que se tratam de propostas abstratas, ainda não implementadas e, por isso, ainda não avaliadas.

Por se tratar de uma proposta construída a partir de uma pesquisa de campo realizada unicamente com professores de Língua Portuguesa, o questionário estruturado será desenvolvido com direcionamento voltado a professores dessa

disciplina. Tal medida não limita tão severamente as análises que possam ser feitas pelos gestores escolares a partir do questionário, uma vez que se podem considerar tais análises como um recorte da realidade, e que o tipo de utilização verificado por meio das respostas dadas pelos professores de LP possa ser considerado um dado amostral dessa realidade. Caso seja de interesse criar um novo questionário voltado especificamente para outro componente curricular, recomenda-se que novas pesquisas sejam realizadas, como a apresentada nesta dissertação.

Este questionário foi elaborado pela pesquisadora, já na parte final da pesquisa, utilizando a escala Likert.

Esta mensuração é mais utilizada nas ciências sociais, especialmente em levantamentos de atitudes, opiniões e avaliações. Nela pede-se ao respondente que avalie um fenômeno numa escala de, geralmente, cinco alternativas: aplica-se totalmente, aplica-se, nem sim nem não, não se aplica, definitivamente não se aplica (GÜNTHER, 2003, p.11, grifo nosso).

Foram utilizadas as alternativas “concordo fortemente”, “concordo”, “discordo” e “discordo fortemente” para que os professores de LP avaliem 10 itens, construídos com afirmações autorreferentes – aquelas em que o respondente avalia afirmações referentes a sua própria prática. Optou-se não utilizar a escala “nem sim nem não” para evitar que o respondente a assinale apenas por não querer se comprometer. São utilizados apenas 10 itens para que os respondentes não se sintam enfadados com o questionário, assim, espera-se que sejam mais sinceros nas respostas.

Quanto à elaboração dos itens, segundo Günther (2003), “considerando o conjunto de itens que compõem uma escala tipo Likert, é importante que parte dos itens seja invertida de tal maneira que ora “concordo” (bom, aplica-se) ora „discordo‟ (ruim, não se aplica) represente atitude favorável” (GÜNTHER, 2003, p.12). Assim, dos 10 itens apresentados à avaliação dos professores, a concordância “sim” com 5 itens e a concordância “não” com os demais 5 implicam em atitude favorável à utilização do Saerjinho como avaliação formativa em LP e à compreensão do foco na leitura. O quadro 13 apresenta a proposta de questionário.

Quadro 13 – Proposta de questionário estruturado para professores de Língua Portuguesa

Professor (a),

O (a) senhor (a) está sendo convidado a responder ao questionário a seguir, obedecendo a uma escala de alternativas que vai de “concordo fortemente” a “discordo fortemente”, cujo objetivo é traçar o perfil dos professores de Língua Portuguesa desta escola no que diz respeito à utilização do Saerjinho.

O questionário não é identificado.

Contamos com sua colaboração no que diz respeito à sua prática docente. Equipe de gestão da Escola Y.

1. Nesta escola, eu frequentemente uso a Matriz de Referência do Saerjinho.

( ) Concordo fortemente ( ) Concordo ( ) Discordo ( ) Discordo fortemente

2. Nesta escola, eu utilizo o Saerjinho apenas para corrigir as questões em sala de aula.

( ) Concordo fortemente ( ) Concordo ( ) Discordo ( ) Discordo fortemente

3. Eu considero importante que o Saerjinho apresente mais questões de cunho gramatical aos meus alunos.

( ) Concordo fortemente ( ) Concordo ( ) Discordo ( ) Discordo fortemente

4. Nesta escola, eu utilizo o relatório de resultados do Saerjinho para analisar as habilidades que meus alunos mais erram e acertam.

( ) Concordo fortemente ( ) Concordo ( ) Discordo ( ) Discordo fortemente

5. Nesta escola, eu uso as questões do Saerjinho constantemente durante as aulas de Língua Portuguesa.

( ) Concordo fortemente ( ) Concordo ( ) Discordo ( ) Discordo fortemente

6. Eu considero importante que o Saerjinho enfoque as habilidades relativas à competência leitora.

( ) Concordo fortemente ( ) Concordo ( ) Discordo ( ) Discordo fortemente

7. Eu percebo uma adequação entre o Currículo Mínimo e as questões apresentadas no Saerjinho.

( ) Concordo fortemente ( ) Concordo ( ) Discordo ( ) Discordo fortemente

8. Eu percebo que ainda é difícil ensinar a Língua Portuguesa como é avaliada nas provas do Saerjinho, por meio dos gêneros textuais.

( ) Concordo fortemente ( ) Concordo ( ) Discordo ( ) Discordo fortemente

9. Nesta escola, eu proponho atividades variadas aos meus alunos com o objetivo de revisar as habilidades que eles mais erram, conforme detecta o Saerjinho.

( ) Concordo fortemente ( ) Concordo ( ) Discordo ( ) Discordo fortemente

10. Nesta escola, os resultados do Saerjinho, divulgados bimestralmente, servem-me, apenas, para produzir uma das notas bimestrais.

( ) Concordo fortemente ( ) Concordo ( ) Discordo ( ) Discordo fortemente Fonte: elaborado pela autora (2016).

Na proposta de questionário estruturado apresentada no quadro 11, destaca- se o texto inicial em que é apresentado o objetivo do instrumento e é garantido o sigilo quanto à identificação do respondente.

Observe-se que nos itens 1, 4, 6, 7 e 9 a concordância implica em atitude favorável à utilização do Saerjinho como avaliação formativa em LP e à compreensão do foco na leitura e que nos itens 2, 3, 5, 8 e 10 a concordância implica em atitude não favorável.

Para análise das respostas apresentadas pelos respondentes não será necessário um cálculo estatístico mais aprofundado, uma vez que a quantidade de professores de LP de uma escola da RMP ou mesmo da Seeduc/RJ não constituiria um número suficiente para esses cálculos.

A apuração das respostas pode ser feita qualitativamente, observando-se os índices de concordância com as afirmações favoráveis à utilização do Saerjinho como avaliação formativa e de discordância com os não-favoráveis.

Caso se verifique que os professores atuam no sentido de promover a apropriação dos resultados do Saerjinho de maneira formativa, a gestão deve investir nas ações pedagógicas realizadas, incentivando-os a registrarem essas ações como boas práticas, de forma a valorizar os profissionais e suas iniciativas pedagógicas.

Caso se verifique que os professores supervalorizam o instrumento, deve-se partir de uma análise da gestão, avaliando as orientações que são emanadas aos professores e a pertinência delas dentro do desenho formativo do Saerjinho. Com isso, deseja-se que gestores reavaliem suas posturas diante do Saerjinho e das orientações institucionais. Posteriormente, espera-se que essa equipe de gestão atue junto aos professores no sentido de promoverem práticas pedagógicas como as apresentadas neste PAE, voltadas ao caráter formativo do Saerjinho e não apenas ao diagnóstico.

Caso se verifique a desvalorização do instrumento pelos professores, é necessário que a gestão volte sua atenção ao Saerjinho e às formas como os professores dessa unidade escolar o utilizam. Espera-se que a equipe de gestão verifique se os professores apenas registram as notas convertidas no Diário de Classe sem promoverem qualquer revisão das habilidades avaliadas, e, se sim, que atuem juto aos docentes orientando-os e esclarecendo-os sobre as possibilidades de uso dos resultados do Saerjinho. Nesses dois últimos casos, as ações 1 e 3 deste PAE poderiam ser desenvolvidas pela unidade escolar.

Por fim, ressalta-se o desejo de que gestores de outras unidades escolares não abarcadas por esta pesquisa possam aplicar o questionário proposto e, caso identifiquem situações semelhantes às observadas nas seções 2.6 e 2.7 do capítulo anterior, possam buscar auxílio e soluções simples de serem desenvolvidas na primeira parte deste PAE. Dessa forma, o PAE apresentado nesta dissertação pode atingir, gradativamente e com maiores chances de eficácia, outras unidades escolares, podendo ser ampliado com novas ações por meio de novas pesquisas, quiçá atingindo outros componentes da base curricular e em escolas de todo o sistema de ensino. No entanto, reforça-se a ideia de que este salto não é o principal foco deste PAE.

3.3 Avaliação do PAE

O PAE proposto nesta dissertação foi elaborado para o ano letivo de 2017, considerando-se que a interrupção na aplicação do Saerjinho seja temporária, uma vez que não há, até outubro de 2016, publicação oficial da Seeduc/RJ sobre a extinção do SAERJ. Assim, projeta-se que em 2017 o PAE seja aplicado na Escola X e avaliado constantemente pela gestão da escola durantes a reuniões periódicas dessa equipe e durantes as reuniões de alinhamento previstas no quadro 11, de forma aperfeiçoar as ações aqui propostas.

Neste último capítulo da dissertação, tomou-se por base a descrição do Saerjinho como instrumento de avaliação bimestral apresentada no Capítulo 1 e as análises teóricas em empíricas realizadas no Capítulo 2, para propor um plano de intervenção. O PAE foi elaborado a partir da definição de um modelo formativo de utilização do Saerjinho e apresentou quatro ações voltadas à Escola X e uma de responsabilidade da pesquisadora no intuito de auxiliar as equipes de gestão das demais escolas da RMP e da Seeduc/RJ a traçar um perfil de utilização do Saerjinho entre os professores de LP.