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Parte I- Relatório de Estágio

4.1. Ação de formação

No que concerne à Ação de Natureza Científico Pedagógica Individual optei pela ação denominada a “Caraterização de um aluno portador de Hidrocefalia congénita através da

coordenação motora, crescimento somático e atividade física” realizada no congresso

Escolas Hoje IV nos dias 17, 18 e 19 de Maio de 2013, teve como intuito anunciar na perspetiva que evidencia uma problemática pouco frequentes nas escolas.

O desenvolvimento e o desempenho motor diferenciado das crianças têm sido alvo de diversas investigações na tentativa de associar essa diferença a característica somática e a do envolvimento em que a criança cresce. Contundo as conclusões tem sido as mais diversas, resultado da multiplicidade das variáveis abordadas e dos testes motores aplicados.

A relevância do presente estudo reflete a importância da disciplina de Educação Física nesta faixa etária nos ensinos primários sendo está uma disciplina curricular nas escolas da Região Autónoma da Madeira (RAM), embora não obrigatória em algumas escolas no ensino inicial sendo uma disciplina extracurricular.

O que reflete-se na obtenção das habilidades motoras básicas e no nível de sedentarismo que está cada vez mais presente no nosso quotidiano, influenciando a qualidade de vida.

É de salientar que a natureza desta ação é benéfica na formação contínua dos professores e é um contributo excelente para o desempenho do papel do docente criativo e inovador. Pois o docente terá de ser proactivo, formulando cenários prospetivos, de modo a proporcionar aos seus alunos estratégias com intuito de os tornar autónomos na sua própria aprendizagem.

4.1.1. Tema desenvolvido

As aulas de Educação Física permitem uma expressão de conceitos e objetivos para os profissionais da área, sobre os conhecimentos necessários e mais criteriosos, para que uma aula atenda as necessidades de cada aluno.

A escolha do tema “Caraterização de um aluno portador de Hidrocefalia congénita

através da coordenação motora, crescimento somático e atividade física”, prende-se com o

fato desta ser uma patologia pouco frequentes nas escolas.

Como já referido anteriormente, esta doença tem ocorrência nas cavidades internas do cérebro devido a um excessivo acumular de líquido cefalorraquidiano e pode ocorrer em qualquer idade podendo ser adquirida ou congénita, provoca perturbações quer sensitivas quer motoras.

A hidrocefalia resulta do excesso de acumulação de Liquido cefalorraquidiano nas cavidades internas do cérebro nomeadamente os ventrículos ou espaço subaracnoídeo. O aumento deste líquido nos ventrículos provoca compressão no cérebro e aumento da pressão intracraniana provocando lesões no tecido cerebral. A hidrocefalia pode ocorrer em qualquer idade e é devido, quase sempre, a obstrução ao fluxo de LCR nos ventrículos ou no espaço subaracnoide, de origem congênita ou adquirida. (Gabriela Lemos Rolien Iodiche Jorge; 2004).

A Coordenação Motora é um dos aspetos do comportamento motor, podendo ser analisada segundo três pontos de vistas. O primeiro é o biomecânico, dizendo respeito à ordenação dos impulsos de força numa ação motora e a ordenação de acontecimentos em relação a dois ou mais eixos perpendiculares; o segundo é o fisiológico que está relacionando as leis que regulam os processos de contração muscular; finalmente o terceiro é o pedagógico, referente à ligação ordenada das fases de um movimento ou ações parciais e a aprendizagem de novas habilidades (Martinek, Zaichkowsky e Cheffers, 1997 apud Lopes, Maia, Silva, Seabra e Morais, 2003; cit. Souza e Silva; Brasil,2011).

Em uma perspetiva pedagógica e reabilitativa, a coordenação motora corresponde a interação harmoniosa e económica senso-neuro-muscular do movimento, com o fim de produzir ações cinéticas precisas e equilibradas (movimentos voluntários), bem como as reações rápidas e adaptadas a determinada situação (movimentos reflexos) (Kiphard, 1976, cit. Ricardo Carminato, 2010).

Segundo Pimentel e Oliveira (1997), cit por Carminato (2010) as capacidades coordenativas são determinadas por processos de conduta do sistema nervoso e dependem da maturação biológica. O seu desenvolvimento depende, na maior parte das vezes, da

variedade, da adequabilidade e do número de repetições das atividades motoras realizadas. A análise dos níveis d desempenho motor é uma forma direta para identificar, possíveis atrasos iniciais à formação da coordenação motora.

Kiphard (1976) cit por Caminato (2010) refere três características que satisfazem uma boa coordenação motora: moldar a força que determina a amplitude e a velocidade do movimento; moldar os músculos selecionados que influenciam a condução e orientação do movimento; (3) moldar as capacidade de alternar rapidamente a tensão e o relaxamento dos músculos, permitindo um todo na adaptação motora.

Para Meinel e Schnabel (1984) cit por Carminato (2010), a coordenação motora pode ser entendida segundo diversas perspetivas: biomecânica, fisiológica e pedagógica dando um sentido específico ao conceito literal de relação reciproca, que significa ordenação em conjunto.

Segundo Grosser (1991) cit por Carminato (2010), caracteriza a coordenação motora como a organização de todos os processos parciais de um ato motor, em função de um objetivo pré-estabelecido.

Assim, as capacidades coordenativas desempenham um papel primordial na estrutura do movimento, com reflexos nas múltiplas aptidões necessárias para responder as exigências do dia-a-dia, do trabalho e do desporto (Hirtz; Schielke 1986; Jung; Vilkner, 1987, Cit Carminato, 2010).

Gallahue (1989) cit Carminato, (2010) predita que é um engano afirmar que as habilidades motoras específicas do ser humano são maturacionalmente determinadas e pouco influenciadas pelos fatores ambientais.

A maturação é relevante para o desenvolvimento, mas não pode ser considerada única pois o desenvolvimento das habilidades específicas de cada individuo também é influenciado pela sua instrução a sua motivação as suas ações sendo estes fatores predominantemente importantes nas habilidades em questão.

Em suma as capacidades coordenativas facultam informações influentes na identificação da posição corporal individualizada de cada movimento em determinadas situações o que proporciona ao individuo reagir prontamente às diversas tarefas por mais difíceis que sejam mantendo-se assim em equilíbrio e ou realizando gestos através de ritmos pré-determinados.

O Teste de coordenação corporal para crianças (Körperkoordinationstest Für Kinder - KTK), desenvolvido pelos pesquisadores alemães Kiphard e Schilling (1974), foi construído com o propósito de diagnosticar mais sutilmente as deficiências motoras em crianças com lesões cerebrais e/ou desvios comportamentais (Gorla, Araújo, & Rodrigues, 2009 cit A.S.

Ribeiro et al, 2012).

Esta bateria envolve componentes da coordenação corporal como, o equilíbrio, o ritmo, a força, a lateralidade, a velocidade e a agilidade. Esses componentes foram distribuídos em quatro tarefas que estão contidas na coordenação corporal.

De acordo com Gorla et al. (2000) cit por A.S Ribeiro el al (2012), o teste foi construído inicialmente para determinar o desenvolvimento do domínio corporal de crianças portadoras de deficiências. Porém, atualmente tem sido utilizado com diversos grupos, inclusive com crianças sem deficiências, uma vez que avalia a coordenação motora global identificando possíveis distúrbios coordenativos/ motores.

Existe portanto a necessidade de desenvolver pesquisas direcionadas a obter valores de referências para populações específicas, uma vez que os valores normativos do teste foram reportados há já alguns anos e são oriundos de um contexto particular e devido à escassez de dados referentes em populações especiais em Portugal.

4.1.2.Estratégias de apresentação

As estratégias de apresentação utilizadas estavam direcionadas para o público-alvo, no sentido de proporcionar aos professores de Educação Física e demais interessados, conhecimentos específicos sobre esta temática.

A preleção foi efetuada através de uma apresentação no programa “Microsoft Power

Point 2007, Windows Vista ®”, uma vez nestes moldes e de modo a que a compreensão

fosse de um âmbito geral, foram utilizadas no decorrer dos slides várias imagens, vídeos e tópicos a quando a apresentação do trabalho, o que no final demonstrou ser útil. (consultar anexo- CD)

4.1.3. Relatório

A ação científico-pedagógica implicou o desenvolvimento da capacidade de análise na identificação das necessidades da classe profissional, dando azo à minha capacidade de pesquisa e de intervenção enquanto comunicadora e fomentando a necessidade de formação/aprendizagem ao longo da vida.

Acrescento ainda como ponto forte o espaço de discussão e de reflexão que tivemos na aula Magna da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro que contou com a presença de, todos os alunos estagiários do 2º ciclo de Mestrado de Ensino o Doutor Nuno Garrido e outros professores de Educação Física, onde foi determinante, considerando as análises feitas em conjunto acerca dos temas abordados reportando-os, para a nossa

realidade. Esta prática é fundamental num ano de estágio, pois para sermos professores eficazes e críticos temos de saber refletir acerca da nossa realidade tendo esta prática sido fomentada no decorrer do ano letivo.

A possibilidade de existir troca de experiências e de conhecimentos entre os colegas permitiu suscitar questões pertinentes a debater, bem como atualizar os conhecimentos e estimular a capacidade de inovação e de pesquisa contínua. Um bom professor não esgota a sua capacidade de investigação na universidade, ela deve ser estimulada e aplicada ao longo da sua carreira a bem dos alunos e para o desenvolvimento da sua profissão.

A elaboração desta ação individual permitiu a possibilidade de noção de outras realidades existentes em outras escolas relativamente à avaliação, e à criação de um instrumento suficientemente flexível para ser aplicado e adaptado noutras escolas, com outras ponderações, nomeadamente na escola da Ponte.

Não obstante, da nossa realidade permitiu reflexões futuras, decorrentes da prática letiva, que poderão permitir a sua atualização, melhorando-o, pois o conhecimento e os contextos são abertos e as verdades absolutas não existem.

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