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Parte I- Relatório de Estágio

3.1. Estudo de turma

3.1.3. Relatório e conclusões

Coabitamos numa sociedade em que as transformações são constantes e de forma contínua, onde as inquietações do presente nos remetem para um futuro que se adivinha cada vez mais complexo e é por isso, que referimo-lo como distante e incerto.

A Caracterização da Turma leva-nos a ter um conhecimento mais aprofundado dos alunos, permitindo-nos obter informações para melhorar a atuação dos docentes, rentabilizando a intervenção pedagógica do Conselho de Turma e adequando a intervenção pedagógica à turma em questão.

Além disso, é através desta caracterização de turma que o professor tem um primeiro contacto com a sua Direção de Turma, permitindo identificar possíveis necessidades da sendo um instrumento de trabalho para o Diretor de turma intervir junto dos alunos.

De uma forma geral, as turmas não apresentaram casos problemáticos com a exceção de um aluno portador de Hidrocefalia congénita. A maioria dos alunos das turmas reside nos arredores da Escola, ou seja, na freguesia do Caniçal. Todos os alunos são da nacionalidade portuguesa.

A turma, no geral, vive com os pais (pai e mãe) e com os irmãos, não evidenciam problemas em termos quantitativos e número de pessoas em casa.

O professor deverá utilizar meios adequados e coerentes à realidade da turma, com objetivos definidos previamente, com vista a atingi-los a médio e a longo prazo, durante um ano letivo. É importante o professor saber quais as atividades que geram um maior interesse aos seus alunos, adotar estratégias com vista à implementação do espírito de equipa, fortalecimento das relações entre alunos e coesão da turma.

Através da caraterização das turmas, a estruturação das aulas e dos conteúdos abordados proporcionaram exercícios, que incentivaram os alunos a inscreverem-se no Desporto Escolar.

As estratégias utilizadas, sendo uma delas o feedback e a afetividade positiva permitiram em ambas as turmas um trabalho de equipa e proporcionaram a que os alunos realizassem as atividades de forma autónoma desenvolvendo assim o seu espirito de toma de decisão.

A caracterização da turma foi de extrema relevância pois através dela o professor obteve informações sobre as atividades que geram um maior interesse aos seus alunos, fornecendo sempre atenção aos alunos “referenciados” e aqueles com problemas de saúde ao longo das aulas. No planeamento das aulas, das diferentes modalidades de ensino, visto

que todas têm as suas especificidades. Intervindo de forma adequada e com mais qualidade, o que contribui para o processo de ensino-aprendizagem do aluno e na sua formação integral e eclética, o que faz de nós profissionais competentes. Como tal através do estudo de turma verifiquei a existência de um aluno portador de uma patologia pouco frequente nas escolas, designando-o como o meu estudo de caso.

O estudo de caso assume-se como uma investigação de carácter individual e peculiar, procurando desvendar o que há de mais importante e característico nesta situação em estudo.

Segundo Bisquera (1998) citado por Mendes (2003) “o estudo de caso é uma análise

profunda de um sujeito considerado individualmente. Às vezes pode-se estudar um grupo reduzido de sujeitos considerados globalmente. Em todo o caso observam-se as características de uma unidade individual, como por exemplo um sujeito, uma classe, uma escola, uma comunidade, etc. O objetivo consiste em estudar profundamente e analisar intensivamente os fenómenos que constituem o ciclo vital da unidade, em vista a estabelecer generalizações sobre a população à qual pertence” (p. 1).

O método de estudo de caso particular é especialmente indicado para investigadores isolados, dado que proporciona uma oportunidade para estudar, de uma forma mais ou menos aprofundada, um determinado aspeto de um problema em pouco tempo (Bell, 1993 citado por Mendes, 2003).

Na sequência do autor acima mencionado, há que referir que a grande vantagem deste método, baseia-se no facto de permitir ao investigador (neste caso professor) a oportunidade de se concentrar num caso especial ou situação (uma patologia) e de identificar, ou tentar identificar, os diversos processos interativos.

O objetivo geral foi refletir, compreender e estabelecer algumas orientações e cuidados a ter nas aulas de Educação Física, no sentido da prática física adequada à patologia em causa (hidrocefalia congénita), bem como os seus benefícios.

E no que concerne aos objetivos específicos, deste estudo pretendíamos o seguinte:  Adquirir a noção dos conceitos da patologia em causa: Hidrocefalia congénita;  Conhecer a história clínica do aluno;

 Analisar o conceito de hidrocefalia e os benefícios proporcionados pela atividade física;

 Compreender a qualidade de vida de um indivíduo com esta patologia;

 Perspetivar possíveis orientações e cuidados a ter nas aulas de Educação Física;

No que diz respeito ao diagnóstico do aluno, como já referido este apresenta uma patologia designada de, Hidrocefalia congénita.

“Hidrocefalia é o acumular anormal do líquido cefalorraquidiano (LCR) interior das cavidades chamadas ventrículos do Cérebro. CSF é produzido nos ventrículos e Circula através do ventrículo e é absorvida para a corrente sanguínea Corrente. Hidrocefalia ocorre quando existe um desequilíbrio entre uma quantidade de CSF, que é produzida e a taxa que é absorvida. Como LCR acumula-se, faz com que os ventrículos aumentem a pressão dentro da cabeça”. (Hydrocephalus Association, 2002)

Hidrocefalia é muitas vezes referida como uma doença invisível, o que significa que a deficiência não é imediatamente visível, muitas pessoas com hidrocefalia parecem “normais”. No entanto, encontra-se uma série de potenciais problemas físicos, emocionais e intelectuais. Os mais comuns são, dificuldades de aprendizagem, nas habilidades sociais e perda das habilidades motoras.

Ocorre nas cavidades internas do cérebro devido a um excessivo acumular de líquido cefalorraquidiano. O aumento deste líquido provoca uma compressão no cérebro que por consequência aumenta a pressão intracraniana. Abrange qualquer idade podendo ser adquirida ou congénita, provoca perturbações quer sensitivas quer motoras.

A manifestação depende da idade e da velocidade de progressão da doença, nas crianças a mais ocorrente e predominante é a cabeça grande e atrasos no desenvolvimento neuro-psico-motor. Esta doença pode ser diagnosticada através da ressonância magnética ao teste de ultrassom e ao teste de Tomografia.

No que concerne a este aluno ele está a ser acompanhado periodicamente pelo seu médico. O aluno vive com os pais e com a irmã de 8 anos. O pai é pintor (7º ano de escolaridade), a mãe é doméstica (12º ano de escolaridade).

O aluno começou o seu percurso escolar no Infantário "A Gaivota" que frequentou durante dois anos. No ano 2010 transitou para a EB1 do Caniçal onde frequentou o pré- escolar durante um ano.

Em 2011/2012 o aluno frequenta uma turma de 1º ano de escolaridade, onde tem muita dificuldade de acompanhar devido à falta de maturidade e ao seu problema de saúde. No decorrente ano 2012/2013 o aluno frequenta a turma do 2º ano de escolaridade. O aluno foi inscrito na educação especial a 7 de Junho de 2010 e tem sido acompanhado desde então.

O aluno beneficia de adequações curriculares individuais e no processo de avaliação. Necessita da orientação do adulto para ler os enunciados e de provas com maior duração, devido ao seu problema de saúde e da falta de maturidade.

As suas áreas fortes são a auto estima e socialização o que permite a este uma grande integração na disciplina de expressão físico motora embora, as restantes áreas encontram-se muito comprometidas, sendo necessário salientar as áreas da Língua Portuguesa, Matemática. O aluno tem bom comportamento e um bom relacionamento com o grupo e com os adultos.

O aluno presenta dificuldades na expressão oral, em responder às perguntas que o adulto lhe coloca sobre os temas que estão a ser trabalhados. Apresenta dificuldade em executar um pedido do adulto que envolva mais que uma ação.

No que diz respeito a autonomia este não apresenta um ritmo de trabalho adequado revelando grande imaturidade na execução dos mesmos.

Quanto á orientação espacial este em noção de cima/baixo, embora não consiga distinguir a direita e esquerda (e sendo esquerdino dificulta mais este conceito).

O que traduz-se na dificuldade das habilidades motoras finas do aluno, criando complicações na escrita, na utilização do computador, nas artes como o corte com a tesoura e os desenhos.

Algumas crianças com hidrocefalia contêm habilidades motoras tais como a coordenação muito fracas o que traduz-se num desconhecimento geral do espaço que ocupam e desconhecimento do próprio corpo.

No caso deste aluno, ele é uma criança que apesar das dificuldades nas habilidades motoras finas tem uma grande capacidade de sociabilização o que torna-se fácil nas aulas de educação física pois ao nível das capacidades motoras grossas, este não tem muitas limitações sendo capaz de executar as tarefas.

O relatório médico do aluno revela que este pode fazer todos exercícios sem restrições, sendo que a professora estagiária optou por adaptar em algumas aulas os exercícios e em outras não consoante as dificuldades motoras do aluno.

“Em geral, as crianças e adultos com hidrocefalia não devem ser restritos de

atividades físicas, devem antes ser encorajados para participar de atividades regulares, incluindo na escola e depois da escola programas de educação física e de desporto recreativo.” (Medical Advisory Board and Board of Directors, The Hydrocephalus Association)

Alguns especialistas nesta área particularmente os neurocirurgiões, estão relutantes em ter os seus pacientes a participar em desportos de contato, o que remete às especificidades individuais de cada situação.

A literatura evidencia preocupações relativamente aos deficits de atividade física tais como, perturbações nas capacidades motoras finas e grossas que são comumente

observadas em casos de hidrocefalia, podendo influenciar nas aprendizagens das habilidades motoras.

Como tal, a Educação Física designada na escola primária como Expressão Físico Motora é uma disciplina que ajuda a promover as capacidades motoras da criança portadora de hidrocefalia o que proporcionou a estes direitos de igualdade perante os seus colegas e proporcionou-lhe um melhor conhecimento do seu corpo e das suas restrições.

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