• Nenhum resultado encontrado

Parte I- Relatório de Estágio

2.3 Prática de ensino supervisionada

2.3.2. Procedimentos

Aqui será descrito todo o percurso entre a planificação e a concretização das aulas, tendo em consideração o grau de eficácia na monitorização da professora estagiária nos feedbacks, da aplicação das estratégias traçadas, bem como a qualidade das suas intervenções de forma que em todas as aulas os alunos estivessem motivados e pudessem concluir cada unidade didática com sucesso.

Contudo apresento ainda as várias fases de aprendizagem ao longo da formação pedagógica, bem como as preocupações que existiram no decurso da prática letiva.

Inferimos que na literatura existente ocorrem três fases na preocupação no que concerne à formação dos professores no decorrer do processo ensino aprendizagem, Fuller (1969) e Feiman-Nemser (1983).

A primeira fase depreende-se com preocupações de sobrevivência. Ao iniciar o processo ensino-aprendizagem, o professor preocupa-se com a adaptação interpessoal e com o controlo da aula.

Numa segunda fase, as preocupações são induzidas a situações de ensino. No decorrer do tempo os professores começam a sentir-se à vontade, a consolidar rotinas, tais como o controlo da turma e a interação com os alunos, ganhando assim mais confiança nas

suas capacidades. O foco do professor centra-se nas situações de ensino e para a perceção de realidades tais como o número de alunos, falta de material e o repertório limitado de estratégias de ensino.

A terceira fase refere-se às preocupações referentes aos alunos. Nesta fase os professores deparam-se com questões de ordem maior e a necessidade de serem justos e com a necessidade de ajustar as estratégias e materiais de ensino às necessidades dos alunos. Os professores tornam-se capazes de encontrar formas de lidar com questões situacionais e de sobrevivência. Ocorre uma melhoria no seu desempenho didático devido a um conhecimento mais profundo das matérias que ensina e dos métodos e estratégias.

Nesta linha de raciocino venho evidenciar questões impostas pela professora estagiária de carater complexo, simples e concretas da prática letiva.

Relativamente à matéria de Ginástica, nas primeiras aulas ocorreram algumas dificuldades ao nível do planeamento temporal, pois não havia noção do tempo previsível para a realização de cada exercício, o que teve implicações na gestão do tempo de aula.

Nessas aulas iniciais a gestão do tempo de aula foi mal prevista sendo que alguns exercícios decorriam em tempos diferentes no que diz respeito ao seguimento do plano de aula. No entanto, após a lecionação de algumas aulas, verificou-se uma evolução ao nível do planeamento, gestão de tempo de aula e funcionamento da aula. Os planos de aula passaram a ser totalmente cumpridos, o que levou à libertação progressiva das questões organizativas e temporais para uma maior presença na aula, ou seja, o foco deixou de ser o professor e passou a centrar-se mais nos alunos.

Na construção de grupos tentei seguir o recomendado pelo programa curricular Expressão e educação físico motora 1º ciclo do ensino básico permitindo em certas situações as interações entre alunos com níveis de aptidão diferentes, mas procurando também constituir grupos homogéneos, resguardando a eficácia do processo ensino- aprendizagem.

Esta divisão permitiu adaptar os níveis de complexidade a todos os alunos, criando desafios de forma a motiva-los. Contudo, em determinadas situações e aulas os grupos foram alterados intencionalmente de forma a criar dinâmicas distintas entre os alunos e de promoção do desenvolvimento social.

Para a realização das demonstrações dos diferentes exercícios, foi utilizado o grupo ou o aluno com o nível mais avançado o que veio a verificar-se ser de extrema utilidade. Quando introduzido um elemento novo e à medida da realizavam a ação, eram descritas as componentes chave de sucesso, bem como o objetivo do exercício.

letiva, provavelmente pelo grande contato dos alunos com estas modalidades e pelo fato da professora estagiária ter facilidade no acesso a material correspondente a esta modalidade.

A lecionação da matéria de Ginástica foi de extrema relevância no percurso formativo, visto ter sido a primeira matéria dos Desportos Individuais a ser abordada no ano letivo, enriquecendo a preparação e intervenção pedagógica.

Os aspetos críticos na lecionação desta matéria, direcionam-se na seleção de conteúdos ao nível da relação do programa imposto param as escolas do primeiro ciclo da Região Autónoma da Madeira e consequentemente na determinação da extensão e sequência da matéria o que implicava na definição dos objetivos e na seleção dos conteúdos.

Segundo Programa - Expressão e Educação Físico-Motora do 1º Ciclo do Ensino Básico a iniciação a ginástica visa a aquisição de elementos básicos de destreza, coordenação, equilíbrio e de outras capacidades específicas, ou seja, promover o desenvolvimento de capacidades motoras básicas fundamentais. Esta aprendizagem está orientada por níveis de desempenho motor nos encontros gímnicos, e deverão ser abordados, da mesma forma na escola, transmitindo os conteúdos programáticos através de progressões pedagógicas lógicas e adaptadas a todas as crianças.

Definimos então que seriam lecionados os elementos de solo através de sequências gímnicas por circuito e em estações, e ginástica de aparelhos nomeadamente saltos básicos de iniciação no minitrampolim e no plinto.

No decorrer das aulas, a estratégia utilizada foi a introdução imediata de todos os elementos programados e a organização dos alunos em pares, onde um aluno executava e outro realizava ajuda (caso houvesse necessidade), e assim consegui rentabilizar o tempo disponível para a lecionação dos conteúdos e o tempo de empenhamento motor dos alunos. Inicialmente nesta modalidade foram privilegiados os feedbacks individuais, posteriormente foram utilizados os feedbacks globais, dando assim espaço para a professora observar todos os alunos e exercitar a sua capacidade de atuação.

Nesta matéria, notou-se uma grande melhoria na maioria dos alunos nos conteúdos lecionados, tendo muitos deles ultrapassado o receio de alguns elementos gímnicos.

Na matéria de Voleibol na construção dos exercícios houve sempre a preocupação em integrar os conteúdos em formas jogadas e lúdicas, de forma que os alunos compreendessem a razão de ser das movimentações efetuadas e estivessem empenhados durante todas as aulas.

Foi privilegiado o jogo reduzido com espaço reduzido em situações de 2x2, passando pelo 4x4, o que levou a que os alunos tivessem um maior empenho motor e que as

oportunidades de jogo fossem maiores para todos. No fim do período denotou-se uma diferença positiva nas aprendizagens dos alunos ao nível da ocupação de espaços e de consciência tática.

Relativamente aos alunos, verificámos ser uma modalidade a que os alunos aderiram desde logo, mostrando-se empenhados e motivados no decorrer das aulas, demonstrando uma evolução muito rápida.

A utilização de bolas de iniciação e de uma rede improvisada, facilitou o processo, pois ao serem bolas lentas e uma rede adaptada à sua estatura, os alunos obtiveram uma maior taxa de sucesso por disporem de maior tempo para realizar a leitura de jogo e responder.

Os feedbacks incidiram-se nos feedbacks auditivos, cinestésicos e interrogativos associados quase sempre a uma explicação teórica para que os alunos compreendessem a lógica subjacente ao pretendido. Ocorrendo em algumas situações associações com as leis da física para que os alunos tivessem noção que a disciplina de Educação Física está presente em várias matérias de conhecimento.

Através do teste de conhecimentos, constata-mos que os alunos atingiram um dos grande objetivos pretendidos, a compreensão da matéria, mais do que saber fazer, ter consciência e noção das regras e da modalidade. Nas aulas planeadas tentou-se sempre suscitar e induzir esse tipo de compreensão, utilizando muitas vezes o feedback interrogativo e criando situações jogadas que conduzissem o aluno ao pretendido.

Na unidade didática de Deslocamentos e Equilíbrios Perícia e Manipulação, o desafio foi superior em relação ao Voleibol e ao Atletismo, por não ter havido, anteriormente, contato com a matéria o que implicou um aprofundamento das competências, suscitando investigação. Desde muito cedo foram realizadas várias pesquisas acerca da matéria em questão e sistematizadas as informações num documento de apoio à prática letiva que veio a verificar-se ser de extrema utilidade na orientação da lecionação desta matéria.

Esta opção deve-se à necessidade em sistematizar o conhecimento e ter uma maior base de sustentação para a prática letiva, algo que não ocorreu nas Unidades Didáticas dos jogos desportivos coletivos, uma vez que a professora estagiária já tinha vivências relacionadas a estas modalidades.

Utilizou-se a mesma estratégia de dinâmica de grupos utilizada no Voleibol tentou-se privilegiar formas jogadas onde estivesse presente sempre o carater lúdico através da exploração dos espaços reduzidos.

Foram utilizadas em todas as modalidades aquecimentos lúdicos de modo a promover a motivação, o empenho e a predisposição dos alunos para as aulas o que

demonstrou ser uma mais-valia, pois os alunos estavam sempre empenhados em todas as matérias, ocorrendo por vezes alguns comportamentos fora da tarefa que eram controlados com sucesso pela professora estagiária através de chamadas de atenção acerca desses tipos de comportamentos.

Na matéria de Atletismo os desafios foram outros, uma vez que a proposta do Gabinete do desporto escolar e a secretaria regional de Educação para este bloco, o programa integra alguns jogos relacionados com uma disciplina técnica do Atletismo, procurando motivar intrinsecamente alunos partindo de formas lúdicas na organização das tarefas.

Sendo esta uma modalidade sem grandes problemáticas para a professora estagiária pois adotou uma estratégia onde os jogos realizados eram de forma competitiva o que proporcionou um melhoramento do nível da turma, na realização ações e habilidades motoras básicas como o correr, saltar e lançar, com e sem aparelhos, ajustando as suas capacidades coordenativas e condicionais, progredindo no espaço, tempo e distância com intencionalidade e oportunidade.

Em suma, existem alguns aspetos que podem ser alvo de melhorias no futuro, mas foi uma experiência muito proveitosa pois estas são faixas etárias muito precoces o que proporcionou à professora estagiária uma abordagem diferente da dita “normal” perante as crianças. O fato de não ter havido contato prévio com a matéria de Deslocamentos e Equilíbrios e a modalidade de Perícia e Manipulação, sendo o conhecimento adquirido mediante a prática letiva permitiu maior segurança para continuação da abordagem destas modalidades.

A professora estagiária ao longo das modalidades privilegiou o uso regular de exercícios realizados em forma de competição e de jogo e ainda a execução técnica dos exercícios da forma mais correta, aos alunos com um nível mais avançado. Teve em consideração o desenvolvimento pessoal e social dos alunos através das tarefas de ensino, nomeadamente as atividades que continham caráter lúdico.

E por fim e não menos importante, ao longo do processo ensino aprendizagem a professora estagiária evidenciou nas suas aulas a motivação intrínseca do aluno e o seu carater social.

De evidenciar ainda que não houve reajustamentos no planeamento das aulas devido a assimilação e evolução dos alunos e as espectativas da professora estagiária que foram correspondidas tendo em consideração a avaliação diagnostica inicial de cada modalidade.

Documentos relacionados