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A Ação Integralista Brasileira (AIB), seção do Rio Grande do Norte

No documento A Insurreição Comunista de 1935 (páginas 81-84)

A Ação Integralista no Rio Grande do Norte foi fundada no dia 24 de julho de 1933 por um pequeno grupo de intelectuais, entre outros, Luís da Câmara Cascudo, Oto de Brito Guerra, Américo de Oliveira Costa e Miguel Seabra. A solenidade foi realizada no Teatro Carlos Gomes e contou com a presença do Interventor do estado, Bertino Dutra. Em 1935, foi criado o jornal

A Ordem para divulgar notícias relativas à atuação da AIB tanto

no estado como no país. Robert Levine (1980) faz referências aos integralistas no estado afirmando que “dos grupos radicais de oposição no Rio Grande do Norte, os integralistas eram os mais influentes”. Um dos seus fundadores, Oto de Brito Guerra, será um dos secretários do Interventor Mário Câmara, que sucede Bertino Dutra. Segundo Levine, havia algumas centenas de integralistas registrados, na maior parte, homens de negó- cios, profissionais liberais, funcionários públicos e estudantes” (LEVINE, op. cit., p. 162).

No livro Pequena história do integralismo no Rio Grande do

Norte, o jornalista Luiz Gonzaga Cortez, reconstitui a história

do integralismo no estado, trabalho enriquecido com fotos dos integralistas, além de entrevistas com remanescentes e mostra que a maior inserção do movimento no estado foi na região do Seridó “graças ao prestígio do padre Walfredo Gurgel (depois, eleito governador do estado em 1965) e do maestro Felinto Lúcio, de Carnaúba dos Dantas que, juntamente com Acari e Currais Novos, formavam os maiores núcleos integralistas do estado, que constituía, segundo o autor “a província integralistas do RN” (CORTEZ, 1986, p. 24). A expansão de seus núcleos, em especial no interior, só se dará em 1935 (portanto, dois anos após sua fundação).

Em 1934, nas eleições para a Assembleia Constituinte do estado, a seção da AIB do Rio Grande do Norte lança alguns candidatos, mas não consegue eleger ninguém. O maior destaque

da campanha foi a presença em Natal de Plínio Salgado, fundador da Ação Integralista Brasileira e seu principal dirigente e o escritor Gustavo Barroso.

Com o lançamento do jornal A Ordem, os integralistas passam a divulgar suas ações no estado por meio de artigos e outros textos. No primeiro número, o jornal publica um artigo de Plínio Salgado e informações sobre a formação de diversos núcleos integralistas no estado. Artigos de Plínio Salgado e Gustavo Barroso passam a ser frequentes (transcritos do jornal integra- lista A Razão, de São Paulo) e artigos contra a Aliança Nacional Libertadora, vinculando-a ao Partido Comunista (é o único jornal que traz informações sobre o VI Congresso da III Internacional Comunista, realizado em Moscou em agosto de 1935).

Até 1935, não há registro na imprensa local quanto a incidentes envolvendo integralistas e comunistas. No dia 7 de outubro de 1934, quando os integralistas promoveram uma manifestação em comemoração aos dois anos de fundação da AIB, houve um violento conflito na Praça da Sé, em São Paulo, envolvendo os integralistas e antifascistas. A primeira notícia data de 7 de outubro de 1935, informando que a casa de José Macedônio, dirigente da Ação Integralista em Ceará-Mirim (RN), fora arrombada e uma dinamite lançada em seu telhado. Os integralistas acusaram os “elementos extremistas”, embora os autores não tenham sido identificados pela polícia.

Para o dia 7 de outubro de 1935, nos três anos de fundação da AIB, programaram-se atos em todo o país, que serviram também de protestos contra a decisão do presidente Getúlio Vargas de proibira formação de milícias integralistas. Em Natal, a solenidade foi programada para a noite. O jornal A Razão concla- mava a presença de seus militantes e simpatizantes, inclusive do interior do estado, que marcou presença com algumas caravanas. Após a solenidade, oito integralistas foram atacados na rua e agredidos por um grupo de pessoas que a imprensa qualificou no dia seguinte como constituído por “elementos extremistas”

(entre as expressões ouvidas pelos agredidos estava o de “galinhas verdes” daí atribuir-se à participação de antifascistas).

No dia 11 de outubro, em torno das 22 horas a sede da Ação Integralista em Natal foi invadida, sendo pichados todos os quadros, cadeiras foram quebradas e livros e bandeiras rasgados. Foi hasteada uma bandeira vermelha e as paredes foram pichadas com vivas ao comunismo, a ANL e Luís Carlos Prestes. Deixaram ainda uma galinha morta, pintada de verde, dependurada no mastro da sede.

No dia 16 de outubro, uma caravana integralista partiu de trem de Natal para a cidade de Ceará-Mirim. O objetivo era o de participar de uma solenidade que contaria com a presença de novos aderentes e culminaria com um comício em praça pública. Ao chegarem à cidade, são recebidos pelos integralistas locais, mas também por anti-integralistas, dispostos a impedir a realização dos atos que haviam sido programados. Os atos só foram possíveis de ser realizados em função da presença de grande aparto policial e da ação de um fazendeiro da região, Vital Correia. Às 17 horas, a caravana de Natal regressa, mas, ao chegarem em Extremoz, o trem foi parado por João Ricardo, um operário que, cansado, contou que vinha correndo desde o km 9 na direção de Natal, para avisar que os trilhos haviam sido propositalmente arrancados e, portanto, a continuidade da viagem poderia acabar em tragédia. O fato teve ampla reper- cussão na imprensa. Um inquérito policial foi aberto, mas não se conseguiu identificar os autores e oprocesso foi arquivado. Posteriormente, os integralistas realizaram uma sessão solene em agradecimento a João Ricardo.

Daí até a data do Levante, no dia 23 de novembro de 1935, não há registro de outros conflitos. E, no período em que Natal foi ocupada pelos insurretos, os integralistas não foram molestados. Sua participação por ocasião do Levante foi basicamente no episódio da Serra do Doutor onde um grupo de integralistas, arregimentado pelo vigário de Acari, Walfredo Gurgel, trava combate com os insurretos (CORTEZ, 1986, p. 37).

No documento A Insurreição Comunista de 1935 (páginas 81-84)