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AÇÃO PENAL

Ação penal pode ser definida como o direito inerente aos cidadãos de obter do Estado, a prestação

jurisdicional, para apuração de infração penal e a punição de seu autor.

Em determinados casos esse direito é exercido pelo próprio ofendido, noutros o Estado assume a

tarefa de exercer o direito, substituindo compulsoriamente o ofendido.

AÇÃO PENAL – Classificação

O critério utilizado para classificar as ações leva em conta seu titular, ou seja, estipulam-se as

mo-dalidades em razão de quem é parte legítima para exercer o direito de ação. Diante do critério,

podemos distinguir, a princípio, duas qualidades de ação penal: a pública, de titularidade do

Minis-tério Público, e a privada, de titularidade do ofendido ou de seu representante legal.

A ação penal pública pode ser subdividida em incondicionada e condicionada à representação do

ofendido ou à requisição do Ministro da Justiça.

Ação penal privada pode ser exclusiva (ou propriamente dita), personalíssima ou subsidiária da

pública.

CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS

A

ÇÃ

O

BL

ICA

Incondicionada

A

ÇÃ

O

PR

IV

A

D

A Exclusiva

Condicio-nada

Represen-tação do

ofendido

Personalís-sima

Requisição

do Ministro

da Justiça Subsidiária

AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA

São aquelas em que para o Estado acusador nasce o direito de buscar a prestação jurisdicional logo

que toma conhecimento de um fato delituoso. O Estado agirá de ofício, promovendo a ação penal

pelo Ministério Público sem que haja manifestação da vontade da vítima ou qualquer outra pessoa.

AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA – Princípios

Princípio da Obrigatoriedade - haverá a propositura da ação penal independente do interesse da

vítima ou de seus representantes legais, não ficando ao arbítrio ou discricionariedade do Ministério

Público mover ou não a ação penal. Existindo elementos que indiquem a ocorrência de um fato

típico e antijurídico, é ele obrigado a promover a ação penal.

Princípio da Indisponibilidade - anuncia que depois de iniciada a ação, não pode o Estado desistir

do direito à prestação jurisdicional, determinando o art. 42 do CPP que o Ministério Público não

poderá desistir da ação penal, bem como o art. 576 proíbe desistir do recurso interposto.

Princípio da Intranscendência - O princípio da intranscendência, comum a qualquer ação penal,

consiste no fato de ser a ação penal limitada à pessoa ou às pessoas responsáveis pela infração,

não atingindo, desse modo, seus familiares, herdeiros ou estranhos.

ATENÇÃO: Via de regra, a ação penal é pública incondicionada, salvo quando a lei declara,

expres-samente, que só se procede mediante representação do ofendido ou requisição do Ministro da

Justiça (ação pública condicionada) ou mediante queixa (ação de iniciativa privada).

Ressalte-se, ainda, o teor do § 2º do art. 24 do CPP:

§ Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União,

Estado e Município, a ação penal será pública.

AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA – Titularidade

O Ministério Público é o dono da ação penal pública (dominus litis). É o órgão representado por

Promotores e Procuradores de Justiça que pede providência jurisdicional de aplicação da lei penal,

exercendo o que se denomina de pretensão punitiva.

Trata-se o Ministério Público de órgão uno e indivisível, e assim, seus membros podem ser

substi-tuídos no processo, por razões de serviço, sem que haja prejuízo para a marcha processual. O

Ministério Público promove a ação penal pública desde a peça inicial (denúncia) até os termos finais,

em primeira e demais instâncias, acompanhando, presenciando, fiscalizando a sequência dos atos,

zelando e velando pela observância da lei até a decisão final.

Princípio da oficialidade - a titularidade do Ministério Público é decorrente do Princípio da

Oficiali-dade, eis que a repressão ao criminoso é função essencial do Estado, devendo ele instituir órgãos

que assumam a persecução penal.

No nosso país, em termos constitucionais, a apuração das infrações penais é efetuada pela Polícia

Judiciária Federal ou Estadual (art. 144 CF/88) e a ação penal pública é promovida, privativamente,

pelo Ministério Público (art. 129, I CF/88), seja ele da União ou dos Estados (art. 128, I e II CF/88).

Como órgãos encarregados da repressão penal, a Policia e o Ministério Público têm autoridade, ou

seja, podem determinar ou requisitar documentos, diligências ou quaisquer atos necessários à

ins-trução do inquérito policial ou da ação penal, ressalvadas as restrições constitucionais.

De acordo com a Súmula 234 do STJ, a participação de membro do Ministério Público na fase

investigatória criminal não acarreta o seu impedimento para o oferecimento da denúncia.

 Em regra a ação penal pública é promovida pelo Ministério Público à vista do Inquérito Policial,

porém se este já tiver em mãos elementos suficientes para propositura, poderá fazê-lo sem

neces-sidade do inquérito

AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA

Tem as mesmas características das ações penais públicas incondicionadas, iniciando-se também

com o oferecimento da denúncia pelo Ministério Público, no entanto o direito do Estado acusador

só nasce depois de manifestado o interesse do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.

a) REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO

Pode a ação penal pública depender da representação do ofendido, que se constitui numa espécie

de pedido-autorização em que a vítima ou seu representante legal expressam o desejo de que a

ação seja instaurada, autorizando a persecução criminal. A representação é, assim, a manifestação

de vontade do ofendido ou de seu representante legal no sentido de autorizar o Ministério Público a

desencadear a persecução criminal.

Legitimidade para representação - O direito de representação só pode ser exercido pela vítima

ou seu representante legal. A representação também pode ser apresentada por procurador (da

ví-tima ou de seu representante legal) com poderes especiais, mediante declaração escrita ou oral

(art. 39, caput, do CPP).

 Dispõe ainda o CPP: "No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão

judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 24,

parágrafo único)." A enumeração dos artigos 24, parágrafo único, e 31, que se refere à queixa, é

taxativa, não podendo ser ampliada.

Forma da representação -A representação não exige forma especial, bastando que o ofendido ou seu

representante legal manifeste o desejo de instaurar contra o autor do delito o competente procedimento

criminal. Deve conter, porém as informações que possam servir a apuração do fato (art. 39, § 2°). Sendo

feita oralmente ou por escrito sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante

legal ou procurador, deve ser reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do

Ministério Público quando a este houver sido dirigida (art. 39, § 1°).

Destinatário da representação - A representação pode ser dirigida ao Juiz, ao órgão do Ministério

Público ou à autoridade policial (art. 39).

Recebendo a representação, o Ministério Público poderá, de pronto, promover a ação penal, quando

fornecidos os elementos que lhe são indispensáveis; não havendo tais elementos poderá requisitar

a instauração do inquérito policial ou simplesmente encaminhá-la a autoridade para tal efeito.

Feita ao Juiz, poderá este encaminhá-la diretamente ao Ministério Público se for possível a

propo-situra da ação penal ou requisitar o inquérito ou, ainda, encaminhar a representação à autoridade

policial.

AULA 16 – AÇÃO PENAL

Retratação da representação - A representação é irretratável (retirar o que disse, desdizer-se)

depois de oferecida a denúncia (art. 25 do CPP), não produzindo a retratação após essa data,

ne-nhum efeito, devendo a ação, que teve início com a denúncia, prosseguir até seu término.

De outro lado, ocorrendo a representação e, antes do oferecimento da denúncia, vindo a retratação,

haverá impedimento à propositura da ação penal.

O Código Penal estabelece os crimes que dependem de representação, via de regra, através da

expressão “somente se procede mediante representação”, como faz, por exemplo, nos crimes de

perigo de contágio venéreo (art. 130, § 2º, CP), ameaça (art. 147, parágrafo único), lesões corporais

leves e lesões culposas (art. 129 do CP c/c 88 da Lei n° 9.099/95).

ATENÇÃO: A representação do ofendido é necessária inclusive para instauração do inquérito

poli-cial, não podendo a autoridade agir de ofício.

b) REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA

A requisição do Ministro da Justiça também constitui condição da ação, sendo ato administrativo,

discricionário e irrevogável que deve conter a manifestação de vontade para instauração da ação

penal, com menção do fato criminoso, nome e qualidade da vítima, nome e qualificação do autor do

crime, etc., embora não exija forma especial.

É necessária a requisição, segundo o Código Penal, nos crimes contra a honra praticados contra o

Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro (art. 145, parágrafo único, 1

a

parte) e nos

delitos praticados por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7

o

, § 3

o

).

AÇÃO PENAL PÚBLICA – Denúncia

Oferecimento de Denúncia pelo Ministério Público

Diante dos elementos apresentados pelo Inquérito Policial ou pelas peças de informação que

rece-beu, o órgão do Ministério Público, verificando a prova da existência de fato que caracteriza crime

em tese e indícios da sua autoria, forma sua convicção para promover a ação penal pública com o

oferecimento em juízo da DENÚNCIA.

a) Conceito

É a peça inaugural das ações penais públicas, consistindo na exposição, por escrito, de fatos que

constituem em tese um ilícito penal, ou seja, de fato caracterizador de tipo penal, com a expressa

manifestação da intenção de que se aplique a lei penal a quem é presumivelmente seu autor e a

indicação das provas em que se baseia.

b) Requisitos

I) Exposição do fato criminoso: Narrativa dos fatos apontados como delituosos, devendo tais fatos

enquadrar-se em um tipo penal, não devendo ser aceita denúncia que não especifica, nem descreve,

ainda que sucintamente, o fato criminoso atribuído ao acusado.

II) Qualificação do acusado: A identificação do acusado se dá com a referência ao seu nome,

cognome, nome de família, pseudônimo, estado civil, filiação, cidadania, idade sexo, características

físicas, sinais de nascença, etc.

III) Classificação do crime: É necessária também a indicação do dispositivo legal que contém o

tipo penal relativo ao fato concreto.

IV) Rol de testemunhas: Caso houver, sendo rito ordinário até 8 (oito) e no rito sumário até 5

(cinco).

c) Prazo para oferecimento da Denúncia

Réu preso: 5 (cinco) dias

Réu em liberdade: 15 (quinze) dias

 Conta-se o prazo a partir do recebimento do Inquérito Policial das peças de informação pelo

Ministério Público.

ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL

Incluído no art. 28-A do Código de Processo Penal pela Lei nº 13.964/2019), trata-se de mecanismo

consensual, em que o autor do fato delituoso aceita proposta do Ministério Público, antes do

rece-bimento da denúncia, com a imposição de sanção não privativa de liberdade, em troca de eventual

benefício, como redução da pena e a não configuração de maus antecedentes.

1. REQUISITOS PARA A CELEBRAÇÃO DO ACORDO

Dispõe o caput do art. 28-A queo Ministério Público, ao receber o inquérito policial, antes de oferecer

a denúncia poderá propor ao investigado acordo de não persecução penal, desde que necessário e

suficiente para reprovação e prevenção do crime, se presentes, cumulativamente, os seguintes

re-quisitos:

a) Não ser o caso de arquivamento do inquérito policial: o acordo de não-persecução penal só

deve ser celebrado quando se mostrar viável a instauração do processo penal. Por consequência,

se o titular da ação penal entender que o arquivamento é de rigor, não poderá proceder à celebração

do acordo.

b) O investigado tenha confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal:

essa confissão constitui a contribuição que o investigado faz à investigação criminal e eventual

fu-turo processo penal (em caso de descumprimento das condições pactuadas).

c) Conduta criminosa praticada sem violência ou grave ameaça à pessoa: o acordo pode ser

celebrado em caso de crime ou de contravenção penal, desde que tal infração penal não seja

co-metida com violência ou grave ameaça à pessoa.

d) Infração penal com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos: para aferição da pena mínima

cominada ao delito, devem ser levadas em consideração as causas de aumento e diminuição de

pena aplicáveis ao caso concreto (art. 28-A, §1º, do CPP).

2. CONDIÇÕES IMPOSTAS AO INVESTIGADO

Para que o acordo seja celebrado, o investigado deverá assumir o dever de cumprir certas

condi-ções, recaindo a necessidade de cumprir as seguintes obrigacondi-ções, ajustadas cumulativa ou

alterna-tivamente, a depender do caso concreto:

a) Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo: uma das

condições para a celebração do acordo de não-persecução penal é a reparação do dano ou a

res-tituição da coisa à vítima. Evidentemente, quando o delito não causar danos à vítima (v.g., crimes

contra a paz pública), esta condição não será imposta. Também não se admite a imposição desta

condição quando restar evidenciada a impossibilidade de o investigado reparar o dano ou restituir a

coisa à vítima (v.g., vulnerabilidade financeira);

b) Renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como

ins-trumentos, produto ou proveito do crime: nenhum sentido faria a celebração do acordo de

não-persecução penal se o investigado pudesse manter consigo, por exemplo, os instrumentos do crime,

muito menos se pudesse preservar o produto direto ou indireto da infração penal.

Destarte, como verdadeira condição para a celebração do acordo, deverá o investigado

voluntaria-mente concordar com a renúncia a bens e direitos, indicados pelo Parquet, como instrumentos,

produto ou proveito do crime.

c) Prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena

mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo

da execução: o investigado deverá prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por

perí-odo correspondente à pena mínima cominada ao delito, diminuída de um a dois terços, em local a

ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Código Penal.

d) Pagamento de prestação pecuniária: a ser estipulada nos termos do art. 45 do Código Penal,

este pagamento deve ser feito a entidade pública ou de interesse social a ser indicada pelo juízo da

execução, devendo a prestação ser destinada preferencialmente àquelas entidades que tenham

como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito;

e) Cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público: o órgão

ministerial responsável pelo oferecimento da proposta de acordo de não-persecução penal poderá

estipular outras condições, desde que proporcionais e compatíveis com a infração penal

aparente-mente praticada.

Essas outras condições podem abranger o cumprimento de penas restritivas de direitos diversas

daquelas já previstas nos incisos do art. 28-A do CPP, como, por exemplo, a perda de bens e valores,

a interdição temporária de direitos e a limitação de fim de semana.

3. VEDAÇÕES À CELEBRAÇÃO DO ACORDO

Por força do art. 28-A, § 2º, do CPP, incluído pela Lei n. 13.964/19, não será admitida a proposta

nas seguintes hipóteses:

a) se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos

ter-mos da lei: a transação penal tem preferência sobre a celebração do acordo de não-persecução

penal. Logo, se o agente fizer jus ao benefício previsto no art. 76 da Lei n. 9.099/95, não será cabível

a celebração do acordo;

b) se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta

criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais

pre-o tenha cpre-ondenadpre-o ppre-or crime anteripre-or, respeitadpre-o pre-o lapspre-o temppre-oral de 5 (cincpre-o) anpre-os. O legisladpre-or

também veda a celebração do pacto quando houver elementos probatórios indicando a prática de

conduta criminal habitual, reiterada ou profissional.

c) ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração,

em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do

pro-cesso:

Visando evitar a banalização do acordo de não persecução penal, e consagrando a ideia de que

sua celebração deve visar precipuamente a acusados primários, que tenham praticado uma infração

penal pela primeira vez.

d) nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a

mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor: inicialmente, o legislador

estabelece a vedação à celebração do acordo nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou

familiar, sem ressalvar, porém, que a vítima em questão necessariamente teria que ser uma mulher.

Por consequência, caracterizada violência no âmbito da unidade doméstica, no âmbito da família ou em

qualquer relação íntima de afeto não será cabível a celebração do acordo de não persecução penal, pouco

importando se se trata de delito cometido contra homem ou mulher. Na sequência, o legislador também

veda a celebração do acordo quando o delito for praticado contra a mulher por razões da condição do

sexo feminino, hipótese em que pouco importa se o delito foi praticado (ou não) no contexto da violência

doméstica e familiar.

4. Controle jurisdicional

O acordo, firmado por escrito, pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu

defen-sor, deve ser levado à homologação judicial, devendo o juiz designar uma audiência para verificar a

sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado, na presença do seu defensor, e sua legalidade

(art. 28-A, §§ 3º e 4º).

AULA 17 – AÇÃO PENAL

Alternativas ao juiz ao receber os autos do acordo de não persecução penal: com os autos em

mãos, abrem-se ao juiz das garantias as seguintes opções:

a) Homologar o acordo de não persecução penal: hipótese em que o juiz devolverá os autos ao

Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo da execução penal (CPP, art. 28-A,

§6º). A vítima deve ser intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu

descumprimento;

 Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao

Mi-nistério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução penal.

b) Devolver os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta de acordo:

se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo, com

concordância do investigado e seu defensor (CPP, art. 28-A, §5º);

c) Recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quando não for

realizada a adequação (reformulação da proposta) anteriormente mencionada: aqui, convém

destacar que o magistrado não poderá intervir na redação final da proposta em si estabelecendo as

cláusulas do acordo, o que violaria a imparcialidade do julgador. Portanto, recusada a homologação,

o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da necessidade de complementação

das investigações ou o oferecimento da denúncia (CPP, art. 28-A, §8º).

5. Descumprimento injustificado das obrigações assumidas pelo investigado

Uma vez celebrado o acordo de não-persecução penal, o Ministério Público deixará de oferecer

denúncia contra o investigado. Para tanto, é intuitivo que o agente cumpra todas as obrigações por

ele assumidas por ocasião da avença. Não o fazendo, estará sujeito ao oferecimento de denúncia.

É o que dispõe o art. 28-A, §10, do CPP, incluído pela Lei n. 13.964/19: “Descumpridas quaisquer

das condições estipuladas no acordo de não persecução penal, o Ministério Público deverá

comu-nicar ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia”.

Efeito adicional do descumprimento do acordo: além do possível oferecimento de denúncia, o

Código de Processo Penal (art. 28-A, §11) também prevê que o descumprimento do acordo poderá

ser utilizado pelo órgão ministerial como justificativa para o eventual não-oferecimento de suspensão

condicional do processo.

A justificativa para esse dispositivo é evidente: se o investigado não demonstrou autodisciplina e

senso de responsabilidade para o cumprimento das condições avençadas por ocasião da

celebra-ção do acordo de não-persecucelebra-ção penal, é bem provável que terá idêntico comportamento se acaso

lhe for oferecida a proposta de suspensão condicional do processo, até mesmo pelo fato de as

condições pactuadas serem bastante semelhantes em ambos os institutos.

Há, ainda, previsão de que a vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução

penal e de seu eventual descumprimento (§ 9º).

Não se abre oportunidade, bem se vê, para o ingresso em juízo, com a ação penal subsidiária da

pública.

Recusa do Ministério Público em propor acordo: No caso de recusa, por parte do Ministério

Público, em propor o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa

dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código, que prevê a remessa da questão ao

Procurador-Geral, chefe do Ministério Público.

AULA 18 – AÇÃO PENAL

AÇÃO PENAL PRIVADA

a) Conceito: Embora o direito de punir pertença exclusivamente ao Estado, este transfere ao

parti-cular o direito de acusar em algumas hipóteses. O direito de punir continua sendo do Estado, mas

ao particular cabe o direito de agir.

Justifica-se essa concessão à vítima quando seu interesse se sobrepõe ao menos relevante

inte-resse público, em que a repressão do ilícito penal interessa muito mais de perto apenas ao ofendido.

A QUEIXA é o equivalente à denúncia, pela qual se instaura a Ação Penal, diferenciando-se

formal-mente apenas por quem subscreve, ou seja, a denúncia é oferecida pelo membro do Ministério

Público (Promotor de Justiça) e a queixa é apresentada pelo particular ofendido, através de

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