HABEAS CORPUS Conceito O Habeas Corpus é remédio constitucional de natureza penal e procedimento especial, que visa cessar ou evitar, de forma rápida e imediata, violência ou ameaça na liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder. HABEAS CORPUS – Natureza Jurídica Em que pese o habeas corpus haver recebido tratamento de recurso pelo Código de Processo Pe-nal, trata-se, na verdade, de uma ação constitucional de natureza pePe-nal, o que se evidencia, inclu-sive, pela circunstância de que pode ser impetrado a qualquer tempo (não está sujeito a prazos). O objetivo é preservar ou restabelecer a liberdade de locomoção ilegalmente ameaçada ou vio-lada. "conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violên-cia ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder". De forma semelhante, o Código de Processo Penal disciplina no art. 647: “Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar”. HABEAS CORPUS – Cabimento Em relação aos requisitos do habeas corpus, a Constituição Federal exige que estejam presentes determinadas condições, quais sejam: I - a existência de ato lesivo ou de sua ameaça à liberdade de locomoção (constrangimento); II - que a ameaça ou a lesão decorra de violência ou coação e que estas (violência ou coação) te-nham origem na ilegalidade ou abuso de poder. HABEAS CORPUS – Cabimento Denota-se que é pressuposto para o cabimento do habeas corpus a ocorrência de ilegalidade ou abuso de poder que acarrete violação ao direito de locomoção de alguém. Ilegalidade (falta de amparo legal) é gênero do qual o abuso de poder é espécie. Esse último ocorrerá quando a autoridade, embora competente para a prática do ato, age com excesso no uso das faculdades administrativas ou ultrapassa os limites de atribuição previstos na lei. HABEAS CORPUS – Constrangimento ilegal O constrangimento é juridicamente conceituado como ato pelo qual uma pessoa obriga outra a fazer o que não pretende, o que não quer fazer, ou a obriga a não fazer aquilo que deseja. O texto constitucional, ao discorrer sobre o habeas corpus, fala em violência ou coação. O mesmo acontece no art. 647 do CPP. Entretanto, o art. 648 do CPP limita-se a enumerar quando a coação considerar-se-á ilegal, omitindo a expressão violência. O art. 648 do Código de Processo Penal traz em seus incisos um rol exemplificativo de hipóteses de coação ilegal. A saber: HABEAS CORPUS – Constrangimento ilegal I - Quando não houver justa causa. Há justa causa para uma coação quando estiver prevista em lei e quando observados seus requi-sitos. Por exemplo, inexiste justa causa para que o delegado de polícia determine, por ato seu, a prisão para averiguações do suspeito, pois tal modalidade de prisão não possui previsão legal. Também inexiste justa causa para que o juiz decrete a prisão preventiva de alguém quando au-sentes indícios suficientes de autoria, haja vista que, apesar de prevista essa prisão em lei, não estão atendidos seus requisitos. Agora, há justa causa para o deferimento judicial de prisão tem-porária de suspeito de latrocínio quando evidenciado que a prisão é imprescindível ao êxito das investigações policiais. HABEAS CORPUS – Constrangimento ilegal II - Quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei. A hipótese abrange duas possibilidades: primeira, o esgotamento do tempo previsto em lei para a prisão, o que ocorre, por exemplo, quando, terminado o prazo da prisão temporária e sua prorrogação, não for o indivíduo posto em liberdade; e, segunda, quando detectado excesso no prazo legalmente estabelecido para a prática de determi-nados atos (Ex.: conclusão do inquérito policial, oferecimento da denúncia etc.) ou quando supe-rada a soma dos prazos individuais que compõem cada fase do procedimento (na Justiça Esta-dual, por exemplo, o tempo para o encerramento da instrução criminal tem sido fixado pela juris-prudência em 86 dias). HABEAS CORPUS – Constrangimento ilegal III - Quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo. Contempla-se aqui a hipótese em que a coação, apesar de prevista em lei e mesmo se atendidos os seus requisitos legais, tenha sido determinada por autoridade incompetente para a prática do ato. Exemplo: A decretação de prisão preventiva de um promotor de justiça por juiz de 1.º grau, com violação das regras que disciplinam a competência em razão da função e o privilégio de foro que assiste ao agente do Ministério Público, de somente ser julgado perante o Tribunal de Justiça. HABEAS CORPUS – Constrangimento ilegal IV - Quando houver cessado o motivo que autorizou a coação. Nesta hipótese o constrangimento não decorre de ilegalidade ou abuso de poder, sendo legal na sua origem. Entretanto, posteriormente, deixam de subsistir as razões que o motivaram. Logo, se não determinada a sua cessação (do constrangimento), faculta-se a impetração de habeas corpus para que seja alcançado esse objetivo. Assim, são os casos de cessação do motivo: a manutenção da prisão com o pagamento da fiança; a continuidade da prisão, quando operada a prescrição ou decadência; nos casos de prisão pre-ventiva, fundamentada na conveniência da instrução criminal, quando terminada essa e ainda não prolatada a sentença; ainda no caso de prisão preventiva, quando a mesma houver sido revogada e o réu permanecer preso. HABEAS CORPUS – Constrangimento ilegal V - Quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza. Aqui, a impetração do habeas corpus não visa à sua liberação, mas, unicamente, o arbitramento da fiança, conforme se vê do art. 660, § 3.º, do CPP ao dispor que, “se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbitrará o valor desta, que poderá ser prestada perante ele, remetendo, neste caso, à autoridade os respectivos autos, para serem anexados aos do inquérito policial ou aos do processo judicial”. HABEAS CORPUS – Constrangimento ilegal VI - Quando o processo for manifestamente nulo. É necessário que a nulidade se manifeste de modo evidente, não exigindo alta indagação, refe-rindo-se a ato ou termo legalmente essencial à validade do ato. Assim, quando ausente algum pressuposto de existência da relação processual, ou de processo válido, ou faltar condição de pro-cedibilidade, o processo será manifestamente nulo. É o caso, por exemplo, de pedido juridica-mente impossível. Em regra, as nulidades atinentes aos requisitos de validade do processo, os chamados pressupos-tos processuais de validade, bem como qualquer vício relativo às condições da ação, terão como consequência a nulidade absoluta do processo, a produzir efeitos também na prisão então reali-zada. HABEAS CORPUS – Constrangimento ilegal VII - Quando extinta a punibilidade. Trata-se da hipótese na qual a ilegalidade do constrangimento decorre da circunstância de já se encontrar extinta a punibilidade em face de causa legalmente prevista. Neste caso, o habeas cor-pus objetiva apenas o reconhecimento de que a punibilidade está extinta com o consequente ar-quivamento do inquérito policial ou processo. Assim, se preso o paciente, a sua liberação ocorrerá em decorrência dessa extinção. HABEAS CORPUS – Constrangimento ilegal No caso deste inciso VII deve-se ter em vista o art. 107, CP, o qual determina os casos em que a punibilidade é extinta, a saber: a) pela morte do agente; b) pela anistia, graça ou indulto; c) pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; d) pela prescrição, decadência ou perempção; e) pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; f) pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; g) pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. HABEAS CORPUS – Restrições constitucionais Preceitua o art. 142, § 2.º, da CF que “não caberá habeas corpus em relação a punições discipli-nares militares”. Esta impossibilidade de manejo do habeas corpus contra punições disciplinares, contudo, não é absoluta, limitando-se às hipóteses em que se pretenda discutir o mérito da medida restritiva da liberdade. Logo, nada impede a impetração quando presentes vícios formais que destaquem a medida como ilegal, como por exemplo, incompetência do detentor da patente que ordenou a pri-são disciplinar do militar, cerceamento de defesa e descumprimento de formalidades legais. HABEAS CORPUS – Restrições constitucionais Estado de Sítio O art. 139 da CF admite que, na vigência do estado de sítio, poderão ser tomadas contra as pes-soas, entre outras, as seguintes medidas: a) obrigação de permanência em localidade determi-nada; b) detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; e c) busca e apreensão em domicílio. Tendo em vista essa previsão constitucional, permitindo a restrição de garantias individuais apon-tadas, é, em tese, descabido o uso do habeas corpus na vigência desse estado excepcional. HABEAS CORPUS – Restrições constitucionais Outras limitações jurisprudenciais ao Habeas Corpus Súmula nº 693: “Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou rela-tivo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada”. Súmula nº 694: “Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de patente ou de função pública”. Súmula nº 695: “Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa da liberdade”. HABEAS CORPUS – Espécies a) Habeas corpus liberatório. Também denominado repressivo, o habeas corpus liberatório é destinado a afastar constrangi-mento ilegal à liberdade de locomoção já existente. O habeas corpus repressivo consubstancia-se numa ordem expedida pelo juiz ou tribunal compe-tente, determinando a imediata cessação do constrangimento. AULA 20 – HABEAS CORPUS HABEAS CORPUS – Espécies b) Habeas corpus preventivo. Nestas hipóteses, o juiz expede um salvo-conduto. É a expressa disposição do § 4º do art. 660 do CPP, transcrito: "§ 4º Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de violência ou coação ile-gal, dar-se-á ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz." HABEAS CORPUS – Espécies Habeas Corpus profilático: Apenas de relevância acadêmica, essa modalidade de Habeas Cor-pus é semelhante ao preventivo. Também chamado “trancativo”, seria aquele destinado a trancar o andamento do inquérito policial ou da ação penal, quando manifesta a ilegalidade. Dada a sua excepcionalidade, a jurisprudência só tem admitido essa espécie em caso de atipicidade da con-duta. Nesses casos, será expedido o writ, renovando-se os atos processuais na segunda hipótese. Fala-se, ainda, no habeas corpus suspensivo, quando o constrangimento já existe, mas a prisão ainda não se concretizou com o cumprimento do mandado, o que implica numa contraordem prisi-onal. HABEAS CORPUS – Sujeitos Paciente. Assim é considerado quem sofre ou está ameaçado de sofrer o constrangimento à sua liberdade de locomoção. Apenas pessoas físicas podem ser pacientes no habeas corpus, não sendo admitida a impetração do remédio heroico em favor de pessoas jurídicas. Isso porque, por definição constitucional, o writ destina-se à proteção da liberdade de locomoção violada ou ameaçada, o que não acontece com relação à pessoa jurídica. HABEAS CORPUS – Sujeitos Coator. É quem exerce ou determina o constrangimento ilegal. O coator pode ser tanto uma autoridade quanto o particular. Isto ocorre porque a Constituição Federal, ao tratar do habeas corpus, estabe-leceu a possibilidade de seu cabimento “sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de so-frer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. Exemplo: indivíduo internado criminosamente em clínica psiquiátrica, ensejando a impetração de habeas corpus para que seja restabelecida a sua liberdade de ir e vir. No mais das vezes, o ha-beas corpus dirige-se a autoridade pública (delegado de polícia, promotor de justiça, juiz, tribunal). HABEAS CORPUS – Sujeitos Impetrante. Trata-se da pessoa que requer em juízo o habeas corpus, podendo ser qualquer pessoa do povo em favor de outrem e, inclusive, o próprio paciente em seu favor. Para a impetração do habeas corpus, não se exige a presença de advogado. E não se requer, também, capacidade civil, podendo, em tese, a petição ser subscrita por insano mental e até por indivíduo menor, ainda que não assistidos. HABEAS CORPUS – Sujeitos Pessoa jurídica: reconhece-se legitimidade para a pessoa jurídica impetrar habeas corpus em fa-vor de pessoa física, assinando a petição, nesse caso, o seu representante legal. Pessoa jurídica só não pode funcionar como paciente (como impetrante, sim). Ministério Público: tem legitimidade para impetrar o writ, conforme expressamente dispõe o art. 654 do CPP: “O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público”. HABEAS CORPUS – Sujeitos Delegado de Polícia: na qualidade de titular do cargo, não se reconhece à autoridade policial legiti-midade para impetração do writ em favor de terceiros – nada impedindo, evidentemente, que o faça na condição de cidadão comum. Juiz de Direito: No exercício de sua atividade jurisdicional, o juiz tem competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificar que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal (art. 654, § 2º, CPP). No entanto, a exemplo do Delegado de Polícia, somente poderá impetrar o writ em favor de terceiros atuando na qualidade de cidadão co-mum. HABEAS CORPUS – Petição O art. 654, § 1º, do CPP estabelece os requisitos da petição do habeas corpus, os quais consis-tem: a) O nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação. Trata-se da identificação do paciente. Na atualidade, entende-se que a referência a seu nome não é fundamental à impetração, podendo o paciente ser identificado por características físicas inequí-vocas e, até mesmo, pelo lugar onde se encontra ilegalmente preso (se for esse o constrangi-mento). HABEAS CORPUS – Petição b) O nome de quem exercer a violência, coação ou ameaça. Tratando-se de habeas corpus em que coator é uma autoridade, basta ao impetrante declinar a função ou cargo que exerce (v.g., habeas corpus contra ato do “MM. Juiz de Direito da 2.ª Vara Criminal da Comarca de Porto Alegre”), sendo prescindível a referência ao nome. Na hipótese de habeas corpus destinado à cessação do constrangimento determinado pelo parti-cular (Ex.: gerente de hotel que impede a saída do hóspede enquanto não houver o pagamento HABEAS CORPUS – Petição c) A declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões em que funda o seu temor. É necessário que a petição de habeas corpus demonstre a ilegalidade do constrangimento sofrido ou ameaçado, expondo as razões de fato e de direito pelas quais assim se entende. d) A assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a designação das respectivas residências. Não se admite que a petição de habeas corpus seja apócrifa, vale dizer, sem identificação e assi-natura do impetrante. Destarte, não sabendo ou não podendo assinar o impetrante, alguém deverá subscrever a seu rogo (seu pedido), sob pena de indeferimento ou não conhecimento. HABEAS CORPUS – Competência Em matéria de competência para o julgamento do habeas corpus, a disciplina geral encontra-se prevista no art. 650, § 1.º, do CPP, segundo a qual “a competência do juiz cessará sempre que a violência ou coação provier de autoridade judiciária de igual ou superior jurisdição”. Em síntese e a contrario sensu, correto afirmar que possui competência para julgamento do ha-beas corpus: a O juiz ou colegiado de tribunal em relação a violência ou coação proveniente de autoridade ou de órgão do Poder Judiciário de inferior hierarquia. b O juiz em relação a constrangimentos patrocinados por autoridades vinculadas a outros Poderes (observadas aqui, por certo, a prerrogativa de função inerente a determinadas categorias funcio-nais) e por particulares. HABEAS CORPUS – Competência Assim, compete ao magistrado de primeiro grau, por exemplo, julgar o habeas corpus impetrado contra ato do delegado de polícia da Comarca. Não poderá, contudo, julgar o writ ingressado con-tra ato do juiz de oucon-tra vara, tendo em vista a igualdade de graduação das jurisdições. Habeas Corpus contra ato do promotor de justiça: está consolidado o entendimento de que, figu-rando o promotor de justiça como autoridade coatora, o habeas corpus contra ele impetrado de-verá ser ajuizado perante o tribunal que tenha competência para julgá-lo. HABEAS CORPUS – Competência Competência dos Tribunais: está fixada na Constituição Federal, nos seguintes termos: a) Supremo Tribunal Federal: quando for paciente o presidente da república, o vice-presidente, os membros do Congresso Nacional, os ministros do STF, o procurador-geral da república, os mi-nistros de estado, os comandantes das forças armadas, os membros dos Tribunais Superiores, do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente. Além disto, cabe ao STF julgar o HC "quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instân-cia" (art. 102, I, i, CF). HABEAS CORPUS – Competência b) Superior Tribunal de Justiça: "quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencio-nadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral" (art. 105, I, c, CF). As "pessoas mencionadas na alínea a", a que se referem o dispositivo, são: "os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tri-bunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos TriTri-bunais de Contas dos Es-tados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleito-rais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Mi-nistério Público da União que oficiem perante Tribunais". HABEAS CORPUS – Competência Cabe, ainda, ao STJ, julgar em recurso ordinário "os habeas-corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória". HABEAS CORPUS – Competência c) Tribunais Regionais Federais: compete julgar "o habeas-corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal" (art. 108, I, d, CF), membros do MPU que atuem no primeiro grau e turmas recur-sais dos juizados especiais federais. d) Tribunais de Justiça: cabe apreciar HC quando o coator for juiz estadual de 1° grau, turma re-cursal dos juizados especiais estaduais e membros do MP do Estado, tendo sua competência fi-xada pontualmente na respectiva Constituição Estadual. HABEAS CORPUS – Responsabilidade do coator Ordenada a soltura do paciente em virtude de habeas corpus, e sendo constatada a má-fé ou evi-dente abuso de poder da autoridade que tiver determinado a coação, será remetida ao Ministério Público cópia das peças necessárias para ser promovida a responsabilidade do coator, podendo responder por abuso de autoridade (Lei nº 13.869/2019). Como a Constituição determina ser gratuita a ação de habeas corpus, não há custas a pagar, ine-xistindo razão para condenar a autoridade coatora ao pagamento de quantia inexistente. Apresentação do paciente: Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente, mandará que este lhe seja imediatamente apresentado em dia e hora que designar (art. 656, caput, CPP). Negativa de apresentação: O descumprimento da ordem de apresentação apenas se justifica nas hipóteses de enfermidade grave do paciente (caso em que o juiz poderá se dirigir ao local onde se encontra o paciente) ou de não estar ele sob a guarda de quem se atribui a detenção (art. 657, I e II, do CPP). Agora, se o desatendimento da determinação judicial decorrer de conduta do-losa do detentor, ficará este sujeito à imputação de crime de desobediência (art. 656, parágrafo único, do CPP), sem prejuízo da possibilidade de ordenar o magistrado, liminarmente, a imediata liberação do paciente. HABEAS CORPUS – Processamento Requisição de informações: Na realidade, a providência de apresentação do preso ao juiz é pouco utilizada, sendo substituída pela requisição de informações ao coator acerca do constrangi-mento apontado na inicial de habeas corpus (analogia ao art. 662 do CPP). Cessação do interesse de agir: É possível que, durante a tramitação do habeas corpus, o juiz constate que já cessou a violência ou coação ilegal (por exemplo, em face da liberação do paci-ente indevidampaci-ente detido). Nesta hipótese, julgará prejudicado o pedido e o resultado é a No documento SUMÁRIO AULA 01 - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES. 2 AULA 02 INQUÉRITO POLICIAL. 7 AULA 03 CARACTERÍSTICAS INQUÉRITO POLICIAL. 27 AULA 11 PRISÃO PREVENTIVA. (páginas 52-62)