PRISÃO PREVENTIVA A prisão preventiva pode ser definida como uma espécie de prisão cautelar decretada durante a fase de investigação policial ou no curso da ação penal, quando presentes os pressupostos e re-quisitos legais. ATENÇÃO: A Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso LXI, legitima a prisão preventiva, dis-pondo que “ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propria-mente militar, definidos em lei”. PRISÃO PREVENTIVA – REGRAS PARA DECRETAÇÃO Competência: a prisão preventiva somente poderá ser decretada pelo JUIZ, excluindo, por conse-guinte, o Ministério Público, o delegado de polícia ou qualquer outra autoridade não judiciária. Momento da decretação: pode ser decretada a prisão preventiva em qualquer fase da investiga-ção policial ou do processo penal. Provocação: a prisão preventiva apenas será decretada a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. ATENÇÃO: O juiz não poderá, de regra, decretar a prisão preventiva “de ofício”, ou seja, por sua própria iniciativa. PRISÃO PREVENTIVA - PRESSUPOSTOS SIMULTÂNEOS a) Prova da existência do crime - é a materialidade, isto é, a certeza de que ocorreu uma infra-ção penal, não se determinando o recolhimento cautelar de uma pessoa, presumidamente ino-cente, quando há séria dúvida quanto à própria existência de evento típico. b) Indício suficiente de autoria - trata-se da suspeita fundada de que o indiciado ou réu é o au-tor da infração penal. Não é exigida prova plena da culpa, pois isso é inviável num juízo mera-mente cautelar, muito antes do julgamento de mérito. c) Perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado – se refere ao risco que o agente em liberdade possa criar à garantia da ordem pública, da ordem econômica, da conveniência da ins-trução criminal e para a aplicação da lei penal. Os dois primeiros pressupostos são conhecidos por fumus commissi delicti (fumaça da prática de um fato) e o último por periculum libertatis (perigo na liberdade do agente). PRISÃO PREVENTIVA - FUNDAMENTOS ALTERNATIVOS a) Como garantia da ordem pública – tem a finalidade de impedir que o agente, solto, continue a delinquir, e também nos casos em que a prisão for necessária para acautelar o meio social, garan-tindo a credibilidade da justiça. b) Como garantia da ordem econômica – possibilita a prisão do agente caso haja risco de reitera-ção delituosa em relareitera-ção a infrações penais que perturbem o livre exercício de qualquer atividade econômica, com abuso do poder econômico, objetivando a dominação dos mercados, a elimina-ção da concorrência e o aumento arbitrário dos lucros (CF, art. 173, § 4º). c) Por conveniência da instrução criminal – visa impedir que o agente perturbe ou impeça a produ-ção de provas, impedindo que o agente comprometa de qualquer maneira a busca da verdade. d) Para assegurar a aplicação da lei penal - deve ser decretada quando o agente demonstrar que pretende fugir do distrito da culpa, inviabilizando a futura execução da pena. e)Descumprimento de medidas cautelares - A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas pelo juiz, por força de outras medi-das cautelares diversas da prisão (art. 312, § 1º). PRISÃO PREVENTIVA - FUNDAMENTAÇÃO Fundamentação qualificada A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de pe-rigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da me-dida adotada. CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE (REQUISITOS LEGAIS) I - Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; II - Se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado (reincidên-cia), salvo se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decor-rido período de tempo superior a 5 anos – depuração; III - Se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; IV - Preventiva utilitária para identificação: Também será admitida a prisão preventiva quando hou-ver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação (art. 313, § 1º). INADMISIBILIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA Não será admitida a decretação da prisão preventiva: a) Com a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de in-vestigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia. b) Se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato sob a prote-ção de algumas das excludentes de ilicitude (estado de necessidade, legítima defesa, estrito cum-primento de dever legal e exercício regular de direito). FUNDAMENTAÇÃO E JUSTIFICAÇÃO DA PRISÃO PRFEVENTIVA Fundamentação da prisão preventiva: A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre motivada e fundamentada, sob pena de nulidade. Essa obrigação do juiz, de emitir, sempre, decisões motivadas é imposta pela Constituição (art. 93, IX, CF), especialmente a que determina a prisão de alguém (art. 5.º, LXI, CF). Justificação da preventiva: Na motivação da decretação da prisão preventiva ou de qualquer outra cautelar, o juiz deverá indicar concretamente a existência de fatos novos ou contemporâneos (recentes) que justifiquem a aplicação da medida adotada. FUNDAMENTOS INVÁLIDOS PARA DECRETAÇÃO DA PREVENTIVA Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. REVOGAÇÃO E NOVA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no correr da inves-tigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. ATENÇÃO: Observar que, nessa hipótese de revogação e nova decretação, o juiz poderá agir de ofício ou por provocação das partes. AULA 12 – PRISÃO PREVENTIVA PRAZO DA PRISÃO PREVENTIVA Prazo indeterminado: a preventiva é decretada com prazo indeterminado, ou seja, subsistem en-quanto perdurarem os requisitos que ensejaram a sua adoção. Com efeito, cessadas as razões que a justificam, serão judicialmente revogadas, atendendo-se a cláusula rebus sic stantibus, é di-zer, persistem enquanto o estado das coisas justificar, pautando-se pela estrita necessidade. Revisão periódica da prisão preventiva: Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão (juiz ou tribunal) revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. Importante ressaltar que o juiz, nessa hipótese, agirá por dever de ofício, independente de ma-nifestação das partes. PRISÃO DOMICILIAR A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só po-dendo dela ausentar-se com autorização judicial. Surge a partir da substituição da prisão preven-tiva em determinados casos taxapreven-tivamente relacionados em lei. ATENÇÃO: A prisão domiciliar constitui faculdade do juiz – e não direito subjetivo do acusado, de-vendo o juiz, para a substituição, exigir prova idônea dos requisitos legais. PRISÃO DOMICILIAR Hipóteses de cabimento da substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar – poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: I - maior de 80 (oitenta) anos; II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com de-ficiência; IV – gestante; V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. Requisitos para substituição da prisão preventiva por domiciliar da mulher - A prisão preven-tiva imposta à mulher será substituída por prisão domiciliar, desde que: I – esteja gestante ou seja mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência; II - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; III - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente. ATENÇÃO: Em qualquer caso, a substituição da prisão preventiva pela domiciliar não afasta a aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 do CPP. MEDIDAS ALTERNATIVAS DIVERSAS DA PRISÃO (ART. 319, CPP) 1.Comparecimento periódico em juízo. 2. Proibição de frequentar determinados lugares. 3. Proibição de contatos com determinadas pessoas. 4. Proibição de ausentar-se da comarca. 5. Recolhimento domiciliar à noite e nas folgas. 6. Suspensão do exercício de função pública ou atividade econômica/financeira. 7. Internação provisória se inimputável ou semi-imputável. 8. Fiança. No documento SUMÁRIO AULA 01 - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES. 2 AULA 02 INQUÉRITO POLICIAL. 7 AULA 03 CARACTERÍSTICAS INQUÉRITO POLICIAL. 27 AULA 11 PRISÃO PREVENTIVA. (páginas 28-33)