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PRISÃO TEMPORÁRIA

Incluída no ordenamento jurídico brasileiro, através da Lei nº. 7.960, de 21/12/89, a prisão

tempo-rária dirige-se exclusivamente à tutela das investigações policiais, não sendo cabível, portanto,

quando já instaurada a ação penal.

 É modalidade de prisão cautelar, de forma excepcional aplicável em caso de crimes graves,

com o intuito de tornar eficaz a investigação policial.

Art. 1° Caberá prisão temporária:

I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial

Refere-se, com muita propriedade, a eventuais entraves que impedem se possa esclarecer

devi-damente o fato criminoso e suas circunstâncias, bem como a sua autoria. A intenção do

Legisla-dor, foi tornar possível a prisão, por determinados dias, quando fosse imprescindível para as

in-vestigações policiais.

Na hipótese levantada pelo inciso I da Lei n.º 7.960/89, somente com a verdadeira demonstração

de que sem a prisão, seria impossível ou improvável que se desenvolva de forma eficiente as

in-vestigações, com o esclarecimento dos fatos, seria possível a decretação da prisão temporária.

Art. 1° Caberá prisão temporária:

II - quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao

esclarecimento de sua identidade

É inegável o prejuízo que seria para as investigações do inquérito, se o indiciado desaparecesse,

tornando difícil ou até mesmo impossível o a sua localização por não ter residência certa ou não

se conhecer a verdadeira identidade do indiciado, enfim, nenhuma forma de contato com o

sus-peito, o que é fundamental para o regular desenvolvimento da persecução penal.

III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação

penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:

Observa-se que, além do autor direto, também o partícipe poderá ter decretada a prisão

temporá-ria. Ademais, não se limita a decretação, às provas capituladas na própria lei de regência e no

Có-digo de Processo Penal, abrangendo qualquer legislação penal aplicável.

ATENÇÃO: Para a decretação da prisão temporária não é necessária a prova da materialidade ou

indícios de autoria, mas, apenas, fundadas razões. Pelo contrário, a prisão temporária é medida

de urgência que visa formar o conjunto probatório.

PRISÃO TEMPORÁRIA – Rol de crimes

a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);

(SIMPLES E QUALIFICADO)

b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°);

(SIMPLES E QUALIFICADO)

c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);

(ROUBO PRÓPRIO, IMPRÓPRIO, MAJORADO e QUALIFICADO)

d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);

(SIMPLES, MAJORADA e QUALIFICADA)

e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);

(SIMPLES E QUALIFICADO)

f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);

(SIMPLES E QUALIFICADO)

g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e

pará-grafo único);

h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo único);

i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);

(SOMENTE MAJORADA)

j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte

(art. 270, caput, combinado com art. 285);

(SOMENTE QUALIFICADO)

l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;

(ATUALMENTE ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA)

m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua

for-mas típicas;

o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986).

p) crimes previstos na Lei de Terrorismo. (Incluído pela Lei nº 13.260, de 2016)

ATENÇÃO: Esse rol de crimes é TAXATIVO, quer dizer, não admite ser estendido a outros crimes

que não estejam ali relacionados, incluindo, também, os crimes considerados hediondos e

equi-parados, na forma da Lei nº 8.072/90, que estendeu a prisão temporária a tais delitos.

Fora dessas hipóteses, não é lícita a decretação da prisão temporária.

Requisitos cumulativos - Para aplicação do instituto da prisão temporária, será necessária a

combinação dos requisitos legais, resultando em duas situações que a autorizam:

1ª) Inciso I associado ao inciso III (Imprescindível para as investigações + se enquadrar no rol de

crimes);

2ª) Inciso II associado ao inciso III (indiciado sem residência fixa ou sem identificação + se

enqua-drar no rol de crimes).

Sujeito passivo: O sujeito passivo da prisão temporária, nos estritos termos da lei, é o indiciado.

Todavia, não se vislumbra a necessidade de que tenha ele já sido, anteriormente, submetido

for-malmente ao indiciamento.

 O suspeito, mesmo que ainda não indiciado, poderá, também, ser submetido à prisão.

Momento da decretação: O momento em que pode ser decretada vai da ocorrência do fato até o

recebimento da denúncia.

Isto porque, se instaurada a ação penal, o juiz deverá examinar a hipótese como de prisão

preven-tiva, segundo os pressupostos desta última, pois a prisão temporária é típica da fase de

investiga-ção, não se aplicando durante a instrução processual.

Provocação: A prisão será decretada pelo juiz, mediante representação da autoridade policial ou

a requerimento do Ministério Público. Este será ouvido na hipótese da representação da

autori-dade policial.

ATENÇÃO: O Juiz NÃO pode decretar a prisão temporária de ofício.

Prazo: A prisão será decretada pelo prazo máximo de 5 dias, prorrogável por igual período em

caso de extrema e comprovada necessidade.

Decorrido o prazo de 5 dias, salvo o caso de prorrogação deferida, o preso deverá ser posto

ime-diatamente em liberdade, sob pena de abuso de autoridade de quem o detenha, a não ser que já

tenha sido decretada sua prisão preventiva.

AULA 14 – PRISÃO TEMPORÁRIA

Prisão temporária x prazo do inquérito policial

Embora haja entendimento contrário, prevalece que o prazo da prisão temporária não está incluído

no prazo estabelecido no Código de Processo Penal para conclusão do inquérito policial, devendo,

pois, ser acrescentado. Dessa forma, o prazo para conclusão do inquérito policial somente

co-meça a contar do término da prisão temporária.

Prisão temporária x abuso de autoridade: A Lei nº 13.869/2019 (Abuso de Autoridade) incrimina

tanto a conduta de deixar de comunicar imediatamente a execução da prisão temporária, como

prolongar a sua execução além do prazo legal (art. 12, parágrafo único, I e IV).

Prisão temporária nos crimes hediondos:

A Lei nº 8.072/90 estendeu a prisão temporária aos crimes considerados hediondos e aos

equipa-rados (tortura, tráfico de drogas e terrorismo) e ampliou o prazo da prisão temporária para 30 dias,

prorrogáveis por mais 30, nas mesmas condições, ou seja, somente em caso de extrema e

com-provada necessidade.

Processamento da prisão temporária

O despacho que decretar a prisão temporária, que deverá ser prolatado dentro de 24 horas,

de-verá ser fundamentado, com o enquadramento da hipótese fática, em concreto, em face do

per-missivo legal, o que confirma a interpretação de que não basta a objetiva e genérica situação

pre-vista na lei.

Apresentação do preso: o juiz poderá, antes de decidir, se for o caso, determinar a apresentação

do preso, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial e determinar seja ele

sub-metido a exame de corpo de delito.

Mandado de prisão – Nota de culpa: A prisão somente poderá ser executada depois da

expedi-ção de mandado judicial, que será expedido em duas vias, devendo uma delas ser entregue ao

preso, servindo como nota de culpa.

 Aplicam-se as regras da nota de culpa se o indiciado não quiser ou não puder assinar. Na

efeti-vação da prisão, evidentemente, serão respeitadas as garantias do art. 5º. da Constituição.

MUITA ATENÇÃO: O mandado de prisão conterá necessariamente o período de duração da

pri-são temporária, bem como o dia em que o preso deverá ser libertado, incluindo-se o dia do

cum-primento do mandado de prisão no cômputo do prazo da custódia temporária.

Liberdade automática após o prazo: decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a

autori-dade responsável pela custódia deverá, independentemente de nova ordem da autoriautori-dade judicial

(alvará), pôr imediatamente o preso em liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da

prorroga-ção da prisão temporária ou da decretaprorroga-ção da prisão preventiva.

IMPORTANTE:Os presos temporários deverão permanecer, obrigatoriamente, separados dos

de-mais detentos.

Plantão judiciário: Segundo dispõe o art. 5° da Lei da Prisão Temporária, em todas as comarcas

e seções judiciárias haverá um plantão permanente de 24 horas do Poder Judiciário e do

Ministé-rio Público para apreciação dos pedidos de prisão temporária.

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