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Ações de Formação Continuada de professores integrada ao PNAIC na SMED

4 TRABALHO DOCENTE COMPARTILHADO, FORMAÇÃO E AVALIAÇÃO

4.3 REALIDADE ATUAL DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO MUNICÍPIO DE

4.3.1 Ações de Formação Continuada de professores integrada ao PNAIC na SMED

A política de Formação Continuada PNAIC traça a organização e as ações de aprendizagem organizadas em espaços de reflexão compartilhada, alicerçados sobre os saberes e fazeres dos docentes em seu cotidiano escolar. Este protagonismo pedagógico proposto pelo programa possibilita ao professor espaços de reflexão sobre o processo de alfabetização, pois como mediador da ação pedagógica deve refletir sobre suas práticas alfabetizadoras. De acordo com Silva (2014, p. 3), pensar a alfabetização implica:

24 Palestra no I encontro de Coordenadores Locais do Programa Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade

[…] afirmar seu caráter processual, contínuo, permanente, pois ela não pode ser reduzida ao cumprimento de determinadas metas em relação ao domínio de códigos linguísticos e de seus usos. Mais do que isso, ela deve contribuir na formação de sujeitos que, pelo domínio desses códigos e dos elementos que os sustentam, possam construir sua autonomia numa sociedade que se organiza a partir e em torno da leitura e da escrita.

Nesse mesmo sentido, Salva, Stimamiglio e Antunes (2015, p. 2) destacam que o Programa PNAIC “[...] possibilita um aprofundamento teórico e reflexivo, que contempla o papel do professor nos três primeiros anos do ensino fundamental”. As autoras aprofundam discussões destacando que as formações propostas pelo Pacto oferecem ao professor possibilidades de compreender que, no final do primeiro ciclo, aos oito anos de idade, a criança tem o direito de estar familiarizada com o sistema de escrita, sendo capaz de interagir por meio de textos escritos em diferentes situações. O caderno de apresentação do PNAIC traz a compreensão de que “[...] a criança alfabetizada compreende o sistema alfabético de escrita, sendo capaz de ler e escrever, com autonomia, textos de circulação social que tratem de temáticas familiares ao aprendiz” (BRASIL, 2012b, p. 16).

Além de um material didático com contribuições teóricas sobre a apropriação do sistema alfabético por parte da criança, o PNAIC sugere construções coletivas com princípios partilhados, contextualizado e fundamentado no contexto escolar. Para que isso aconteça, é necessário focar em ações permanentes e não em projetos isolados. Assim, a proposta de Formação Continuada pesquisada no contexto do município de Caxias do Sul vem ao encontro dessa afirmativa, pois fica evidente na fala das Colaboradoras A e B que: “No

momento que o município adere ao Programa, ele elege o PNAIC como formação oficial dos anos iniciais”. Ambas destacam, ainda, que já vinham desenvolvendo projetos de

alfabetização no município e que, ao invés de fragmentá-los, agregaram-nos às propostas de Formação Continuada para todos os professores dos anos iniciais25 da rede. Para Imbernón

(2010, p. 86), todos os membros compartilham metas, uma vez que, para se obter uma educação de qualidade, todos devem participar e se responsabilizar conjuntamente, pois juntos “[...] produzem suas concepções e criam suas práticas de ensino e aprendizagem a partir de tarefas realizadas, de experiências e interações vividas”.

O contexto dessa pesquisa confirma que ocorreram mudanças de desempenho no percurso da implementação do PNAIC, pois este afetou os resultados dos processos educacionais, como demonstra o caso do município de Caxias do Sul. Nesse sentido, os

saberes e os fazeres incidem na organização do trabalho pedagógico, tornando-se uma alternativa favorável à promoção da aprendizagem. O Coordenador Local do PNAIC faz parte da equipe de assessoria do município de Caxias do Sul e assume a função de mediador das práticas educativas. Além disso, faz a interlocução entre o município e a IES formadora, articulando e aperfeiçoando as ações pedagógicas e auxiliando os professores no processo permanente de reflexão de suas práticas.

De acordo com a Colaboradora A, PNAIC foi percebido, no início das formações do PNAIC, que os Direitos de Aprendizagem apresentados pelo programa se relacionavam com os estabelecidos nos Referenciais da Educação da Rede Municipal de Ensino de Caxias do Sul – Planos de Estudos (2012a). Foram verificadas muitas aproximações entre os documentos, das quais se destacam o foco na alfabetização pela perspectiva do letramento e a formação de conceitos a partir de informações (conteúdos). A Colaboradora em questão ressaltou, ainda, a progressão continuada nos três primeiros anos de escolaridade; a intensificação do estudo de gêneros textuais, priorizando atividades de leitura, escrita, oralidade, resolução de problemas, de forma intencional no planejamento pedagógico; e a participação efetiva da comunidade escolar nas decisões e nas ações.

Foi possível observar que a Formação Continuada proposta pelo programa PNAIC possibilitou dialogar de maneira estreita com a proposta que a SMED vinha desenvolvendo, a qual se baseava nas necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais da população, tendo em vista a realidade escolar, mediante a análise do contexto escolar. Nesse aspecto, a Colaboradora B relata que “A nossa formação, desde o ano passado, tem um nome é as

Interfaces de Aprendizagem para Além dos 140 Anos, quer dizer não são 140 anos de imigração é pra além dos 140 anos”. Ela acrescenta que, no município, há uma

movimentação populacional muito grande, pois este recebe muitos afrodescendentes, indígenas, haitianos, senegaleses e ganeses, e que essa diversidade deve ser contemplada por uma educação integral e inclusiva.

O ensino na rede municipal de Caxias do Sul é oferecido em 86 escolas: “[...] atualmente, mais de 3.000 professores atendem cerca de 40.000 alunos, divididos entre a educação infantil (escolas conveniadas ao município), pré-escola, ensino fundamental, educação especial e educação de jovens e adultos (EJA)” (CAXIAS DO SUL, 2016). A Colaboradora B relata que, para atender às demandas escolares, o município conta com a assessoria de 68 pessoas responsáveis pela Formação Continuada trabalhando na secretaria. A Colaboradora B relata que esse grupo é formado por “[...] técnicos que são serviços sociais,

psicologia, biblioteca e depois os professores de anos inicias, professores de anos finais, das diferentes áreas do conhecimento, e temos professores que têm a formação em atendimento educacional especializado”. O grupo é multiprofissional e, quando atende a escola, atende-a

no todo, contemplando todas as suas áreas.

Para qualificar as questões relativas à aprendizagem, além da equipe multiprofissional, todas as escolas municipais têm o apoio de um coordenador pedagógico, responsável por oferecer o suporte didático e técnico aos professores. A Colaboradora B destaca que são sete pessoas que atuam no núcleo multiprofissional.

Assessor da educação infantil, assessor dos anos iniciais - na área da alfabetização, assessor de anos finais - de uma das áreas do conhecimento, assessor de gestão - que vai trabalhar junto com o diretor e com o coordenador pedagógico, eu tenho o técnico de assistência social, eu tenho o técnico de psicologia e tenho o assessor de AEE (COLABORADORA B).

Foi relatado, pela mesma colaboradora, que as demandas que surgem nas escolas são discutidas na secretaria, uma vez por semana, em uma reunião com toda a equipe responsável pela Formação Continuada dos professores. Após essa reunião, separam-se as demandas por núcleo e depois por áreas afins. É possível observar que o município de Caxias do Sul busca alternativas que deem condições a seus professores, já que, para evoluir, é necessário pensar a educação pública vinculada à realidade das escolas. Nesse sentido, Gatti (2013, p. 157) destaca que “[...] impulsionar condições aos docentes depende de políticas educacionais mais estruturantes e interdependentes, mas depende também de movimentos intrarredes escolares e intraescolas”.

Nessa perspectiva, a Colaboradora B afirma que o PNAIC possibilitoudiscutir entre os pares conceitos que transversalizam não só a alfabetização, mas que “[...] transversalizam a

educação básica, a partir de materiais simples, eu poder enxergar que conceitos, que habilidades estão por traz, e desenvolver com meus alunos, desenvolver na questão da globalidade, na questão de realmente eu ter uma educação inclusiva”. Citando Gatti (2013,

p. 156), essa representação “[...] depende, em grande parte, de uma nova mentalidade dos gestores educacionais, um novo tipo de formação inicial e continuada para a docência na educação básica, de um movimento de ressignificação do trabalho docente”.

A Colaboradora A ressalta que, para melhor atender aos professores na Formação Continuada, a SMED de Caxias do Sul e a Coordenação Local do PNAIC destacaram como prioritárias e indispensáveis as seguintes ações e estratégias:

• Oferta de encontros em diferentes dias da semana para facilitar a participação das alfabetizadoras;

• Criação do Núcleo do PNAIC na Secretaria, com assessoras para atender às demandas do programa;

• Reunião mensal com Orientadoras de Estudos para planejamentos e orientações;

• Acompanhamento das formações pela Coordenação Local, constante comunicação com as Orientadoras;

• Planejamento coletivo das Orientadoras de Estudos (planejamento que contemplou dinâmicas, leituras deleite, atividades possíveis de serem aplicadas com alunos do Ciclo de Alfabetização; confecção de jogos didáticos; trabalho com gêneros textuais);

• Aplicação de testes e monitoramento das aprendizagens;

• Valorização dos professores (SMED).

A mesma colaboradora acrescenta que essas ações da SMED, integradas às ações do PNAIC, contribuem para a melhoria do processo educacional no município, uma vez que

“[...] professores que há muito tempo não participavam de formações continuadas se integraram ao grupo de cursistas”. Ela destaca, ainda, que os encontros de formação

propostos pelos Orientadores de Estudo do PNAIC permitiram refletir sobre a prática pedagógica, rever conceitos, estabelecer novas relações e ressignificar o fazer pedagógico e complementa dizendo que as alfabetizadoras perceberam a importância do planejamento com

“[...] intencionalidade e com reflexão sobre as hipóteses dos alunos”. Gatti (2013) afirma

que ações conscientes, baseadas na reflexão sobre a realidade, impulsionam ações inovadoras, que se traduzem em práticas efetivas de mudança. Na rede municipal de Caxias do Sul, os programas, os projetos e as formações estão articulados, possibilitando o fortalecimento da gestão e a troca entre pares. Nessa perspectiva, Bolzan (2002, p. 63) menciona que “[...] a construção compartilhada de conhecimentos favorece a autonomia dos participantes, possibilitando a eles irem além do que seria possível, se estivessem trabalhando individualmente”.

A Colaboradora A relata que essas ações compartilhadas contribuem para a qualidade da educação, pois a formação no município está centrada nas necessidades definidas pelas escolas. Imbernón (2010) diz que a escola é foco do processo “ação-reflexão-ação” como unidade básica de mudança, desenvolvimento e melhoria. Para o desenvolvimento das ações propostas, a SMED de Caxias do Sul conta com o apoio dos professores do “núcleo (os assessores/equipe da secretaria), que dão suporte às escolas. A Colaboradora B diz que o município tem seis núcleos, organizados por proximidades territoriais, e destaca que há vários espaços para serem utilizados. Em alguns momentos, as formações são realizadas nas escolas

ou nas escolas-núcleos, que possuem auditórios e salas multimídias: “[...] tem laboratórios

que comportam umas 30 pessoas, laboratórios que podem servir de referências, então a gente procura também descentralizar a formação e ela não é só aqui na SMED”.

Nós temos um planejamento bem organizado, de Formação Continuada. A formação se dá de uma forma geral e com algumas formações específicas para áreas específicas. Este ano a gente elegeu a questão dos territórios e então trabalhamos qual o papel dos territórios dentro da sessão da educação integral. Trabalhamos com professores multiplicadores, temos seis núcleos, sendo que cada núcleo fez cinco encontros. Na realidade são trinta encontros durante o ano, realizados manhã e tarde, isso significam sessenta encontros, porque são trinta encontros de professores que eram multiplicadores que a escola escolheu, porque a gente tem uma rede de três mil e duzentos professores e é humanamente impossível fazer com todos (COLABORADORA B).

Os 3.200 professores, conforme relatado da Colaboradora B, são professores da Educação Básica, dos quais 323 são Professores Alfabetizadores vinculados diretamente ao PNAIC. O município oportuniza que os professores se organizem para participar das formações. Segundo Bolzan (2002, p. 14):

Quando pensamos em estímulos auxiliares, estamos pensando em uma forma de influir sobre o ser humano, estimulando suas condutas, mexendo com suas vivências e experiências, provocando novas ações e respostas durante o processo de reflexão, fator preponderantemente na mediatização das atividades.

A autora destaca que a possibilidade de reorganização e o refinamento das ideias, favorecem a construção compartilhada do conhecimento pedagógico. A SMED de Caxias do Sul realiza formações específicas na área de alfabetização. Além disso, tem formação para gestor e conversações pedagógicas. A Colaboradora B relata que os momentos de conversas são momentos de Formação Continuada, porque o próprio professor da rede, que tem um trabalho diferenciado, compartilha experiências com seus colegas, e enfatiza que, no município, há “[...] curso de planejamento estratégico para todos os diretores e vice-

diretores das escolas”.

O ano passado foram mais de três mil horas de curso que a gente teve, esse ano eu acredito que se não for vai ser muito próximo, porque a gente faz de todas as áreas: faz pra biblioteca, faz pra professor do AEE, faz pra professor do Mais Alfa, para os tecnomídias, agora a gente tem professor de tecnomídia e de laboratório de informática. Tentamos trabalhar, a partir de um fio condutor, no início do ano letivo, elege o tema, este ano foi sobre os territórios (SMED).

Nesse contexto, existe um efetivo trabalho de Formação Continuada em serviço, pois o município acredita que uma gestão participativa fortalece o corpo docente e possibilita que a formação de seus professores seja coerente com a realidade. Para Bolzan (2002, p. 26), “[...] um dos principais objetivos do ensino é o desenvolvimento do conhecimento compartilhado”. Foi destacado pela Colaboradora A que, em decorrência da discussão sobre o currículo, em 2011, a SMED lançou o Projeto Mais Alfabetização, contando com um professor alfabetizador em cada escola para atendimento específico aos alunos com defasagens na alfabetização. Esses professores são chamados pela rede de “professores multiplicadores”. Como vimos, essa proposta da SMED foi implementada no município de Caxias do Sul um ano antes do programa PNAIC.

O professor multiplicador é uma fonte agregadora junto ao coordenador pedagógico para fortalecer o pedagógico. A Colaboradora B diz que esse professor “[...] trabalha 50%

com o aluno e 50% com a docência compartilhada”. Em um turno, durante a semana, o aluno

com defasagem de aprendizagem tem aula com o professor do Mais Alfabetização, isto é, com o professor multiplicador, que desenvolve o plano de trabalho compartilhado com o professor regente da turma para atender às necessidades desses alunos. No primeiro semestre do ano de 2015, as escolas trabalharam com os alunos do 2º ao 5º ano que não estavam com o processo de alfabetização consolidado e, no segundo semestre, foram inseridos os alunos do 1º ano. A rede tem formação específica voltada para esses alunos.

Essas ações propostas pelo município de Caxias do Sul são planejadas, sistematizadas e organizadas pela assessoria pedagógica da SMED. Segundo a Colaboradora A, compete à equipe:

• Realizar visitas às escolas para observar a realidade, identificando necessidades, com o propósito de auxiliar na reflexão, qualificação e implementação da prática pedagógica;

• Auxiliar na elaboração, implementação e avaliação de projetos e propostas diferenciadas, atendendo as necessidades e a proposta pedagógica da escola, vinculando-a ao Plano Municipal de Educação;

• Organizar, selecionar e elaborar material teórico para assessorar as escolas;

• Acompanhar os trabalhos desenvolvidos com os alunos com dificuldades de aprendizagem; Entre outras ações relatadas.

De acordo com a Colaboradora A, essas ações foram aprovadas pelo Regimento Interno da Secretaria Municipal da Educação, via Decreto nº 16.813, de 26 de dezembro de 2013. As ações definem e estabelecem o que deve ser seguido para a organização e a efetivação da educação no município. Para a construção do Regimento e das Propostas

Pedagógicas, nos anos de 2009 e 2010, foram promovidos momentos de estudos, nos quais foram organizadas e executadas várias ações: análise das concepções curriculares, Formação Continuada para os coordenadores pedagógicos e diretores, seminário de educação, encontros mensais com os coordenadores pedagógicos (estudos dirigidos), oferta de oficinas pedagógicas e encontros de professores (Encontros Regionais), tendo como tema o “Currículo em debate”.

A mesma colaboradora relata que “[...] todas estas ações tiveram o objetivo de

discutir/socializar construções teórico-metodológicas em cada área do conhecimento, possibilitando a participação e o envolvimento de todos os professores da Rede Municipal de Ensino”. Ela acrescenta que os professores se reuniram em grupos, de acordo com a área de

formação, para discutir as habilidades e as competências necessárias ao processo de aprendizagem, a formação de conceitos, a adoção de atitudes e a constituição de valores, além de discutirem as aprendizagens previstas para cada ano/componente curricular e os critérios de avaliação, bem como o papel dos conteúdos nesse contexto.

Esse processo resultou na elaboração do Caderno 1 – Referenciais da Educação da Rede Municipal de Ensino de Caxias do Sul que reúne as concepções epistemológicas e filosóficas dos professores e gestores da educação municipal. Caderno 2 – Referenciais da Educação da Rede Municipal de Ensino de Caxias do Sul – Planos de Estudo da Educação Infantil e do Ensino Fundamental; Caderno 3 – Referenciais da Educação da Rede Municipal de Ensino de Caxias do Sul - Planos de Trabalho, que detalha o anterior, orientando as aprendizagens previstas por trimestre e Caderno 4 - Referenciais da Educação da Rede Municipal de Ensino de Caxias do Sul – Planos de Estudo da Educação de Jovens e Adultos (COLABORADORA A).

A Colaboradora A afirma que a construção desses documentos teve por objetivo subsidiar e nortear a elaboração/revisitação dos Regimentos Escolares, das Propostas Pedagógicas, dos Planos de Estudo e, consequentemente, desencadear ações docentes que qualifiquem o Plano de Trabalho e o processo de aprendizagem. Percebo que as ações de formação de professores na rede municipal de Caxias do Sul são uma ação contínua que não fica apenas a cargo dos assessores pedagógicos da secretaria. Leão (2009) defende que a Formação Continuada deve contemplar uma reflexão crítica sobre as práticas e o repensar permanente da identidade pessoal. Veiga (2009, p. 27) colabora ao afirmar que a Formação Continuada de professores “[...] é uma ação contínua e progressiva que envolve várias instâncias e atribui uma valorização significativa para a prática pedagógica, para a experiência, como componente constitutivo da formação”.

Com relação às ações de Formação Continuada, a SMED de Caxias do Sul objetiva fortalecer laços de pertencimento e avançar na qualificação profissional do professor, discutir abordagens epistemológicas e pedagógicas acerca da construção do conhecimento de cada componente curricular e apresentar uma alternativa para o registro simplificado do plano de sala de aula que contemple princípios discutidos anteriormente, a fim de auxiliar o professor em seu planejamento. Observo, portanto, a existência de uma dinâmica cultural voltada à reflexão por parte do professor. Estudos realizados por Leão (2012, p. 70) afirmam que a finalidade da formação de professores é “[...] contribuir para que a carreira docente permaneça em constante movimento de ação e reflexão, incorporando uma visão mais abrangente da cultura, da informação e do conhecimento produzido no contexto da educação”.

Esse histórico demonstra a preocupação e os investimentos da SMED em relação à alfabetização e à elaboração de estratégias de Formação Continuada. Leão (2009) afirma que, para implementar políticas de formação, são necessários espaços de diálogo entre os professores e análise rigorosa das práticas, favorecendo, assim, a formação baseada na partilha e na reflexão. Ao valorizar as experiências e o contexto, os professores constroem saberes e dão sentido à própria formação. Silva (2014, p. 3) menciona que:

O permanente desafio dos gestores municipais, neste contexto, é garantir que os programas de Formação Continuada dos professores alfabetizadores estejam alicerçados na compreensão de que cada criança tem um tempo e um modo de aprender. Logo, o processo de ensino até pode ser padronizado, mas o de aprendizagem é impossível. [...] Além disso, a base para esta formação deve dialogar de maneira estreita com a avaliação diagnóstica produzida no interior de cada sala de aula e com os dados de avaliações externas.

Na rede municipal de Caxias do Sul, para avaliar o trabalho que vem sendo desenvolvido, além do monitoramento em larga escala, foram elaborados“[...] instrumentos

de avaliação (testes de leitura e escrita) que foram aplicados a todos os alunos do Ciclo de Alfabetização das escolas da Rede Municipal, no início e no fim do ano”

(COLABORADORA A). A Colaboradora B contribui dizendo que:

Na alfabetização, além de programa "Mais Alfa", nós temos um monitoramento próprio, para os alunos do 1º ao 5º ano. Para os alunos do 1º ao 3º ano, fizemos o monitoramento pra todos os alunos, e do 4º ao 5º ano, para aqueles alunos que não estão com a alfabetização consolidada por meio de uma avaliação que nós produzimos.

Foi relatado pela Colaboradora B que as avaliações são corrigidas, tabuladas e