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IV. L’Elisir d’Amore

IV.2 A Ópera Le Philtre e a sua influência em L’Elisir d’Amore

O libreto de L’Elisir d’Amore tem por base o texto de Eugene Scribe (1791-1861)425, que foi escrito para a opéra-comique Le Philtre (1831)426 do compositor francês Esprit Auber (1782-1871).427

Em Le Philtre, a história situa-se no século XVIII na província de Mauleon428 e conta que um jovem camponês, Guillaume, e o sargento Jolicoeur estão apaixonados pela donzela Theresine, ligada à casa senhorial da vila. Ambos disputam o seu amor e tentam convencê-la a casar. Theresine é uma donzela vaidosa e caprichosa que não está interessada em jovens

420 Cf. W. ASHBROOK, Donizetti and his operas…, p. 27. 421

Género de teatro francês que surgiu em Paris na segunda metade do século XVIII, interpretado por companhias privadas com atores fracos e que não dependiam de nenhuma instituição real. Os temas eram o drama e a comédia, as suas produções eram de caráter grosseiro e até obscenas, mas a popularidade era tanta que as instituições oficiais permitiam que este género existisse para entreter a class e social mais baixa, além de que lucravam com os impostos sobre as receitas dos teatros, podendo assim ajudar os hospitais mais pobres com donativos que provinham destas receitas. Cf. W. E. REX, Eighteenth century studies vol. 20, n.º 3, Baltimore, John Hopkins University Press, 2.ª ed., 2008, pp. 375-378.

422 www.oxfordmusiconline.com:80/subscriber/article/grove/music/23733, acedido a 4 de dezembro de 2014. 423 Cf. A. ROCCATAGLIATI, Felice Romani libretista…, p. 54.

424 Cf. J. ALLITT, Studi Donizettiani 2, Bergamo, Editrice G. Secomandi, 1972, p. 72. 425

Libretista e dramaturgo francês, foi um dos libretistas que escreveu para a sátira cómica, género vaudeville. http://www.britannica.com/EBchecked/topic/529956/Eugene-Scribe (acedido a 16 de outubro de 2014).

426

Ópera estreada a 20 de junho de 1830, tendo mais tarde feito parte do repertório da Opéra Comique. O libreto desta ópera é baseado na peça de Silvio Malaperta, Il filtro, publicado numa adaptação francesa na Revue de Paris, por Stendhal, em 1831. http://www.cambridgescholars.com/download/sample/58475 (acedido a 18 de outubro de 2014).

427 Compositor francês do século XIX, famoso pelas óperas cómicas e colaboração com Eugene Scribe, que deu origem a 38 óperas. De destacar La Muette de Portici (1828), e Gustave III (1833) que influenciou o libreto para a ópera de Verdi Un Ballo in Maschera (1859). http://www.britannica.com/EBchecked/topic/42405/Daniel-Francois-Esprit-Auber (acedido a 16 de outubro de 2014).

pacatos como Guillaume, que, desesperado com a sua recusa, vai comprar uma poção de amor a Fontanarose, um médico charlatão que acabou de aparecer na vila. Fontanarose faz poções mágicas falsas e vende a Guillaume uma garrafa que diz ser uma poção de amor, mas que, na verdade, é uma garrafa de vinho. Ao beber o vinho começa a sentir-se mais confiante e fica indiferente à presença de Theresine, o que a deixa muito enfurecida. Para chamar a atenção de Guillaume, decide então casar-se com o sargento Jolicoeur. Guillaume não reage ao anúncio do noivado pois está confiante de que Theresine, entretanto, irá apaixonar-se por ele. Com a aproximação das celebrações do casamento a vila enfeita-se para a grande festa, mas Theresine fica cada vez mais triste porque a sua decisão criou em Guillaume um efeito contrário ao que pretendia. Guillaume vê o tempo passar sem que Theresine volte para ele e decide comprar mais poção mágica. Como não tem dinheiro para pagar alista-se no corpo militar do sargento Jolicoeur. Entretanto ouvem-se na vila rumores de que o tio de Guillaume, que acabara de morrer, lhe deixara todo o seu dinheiro, pelo que as raparigas da vila começam a ver nele um excelente partido. Com tantas raparigas a interessarem-se por ele, fica cada vez mais convencido de que a poção mágica está de facto a fazer efeito. Quando Theresine sabe que Guillaume se juntou ao corpo militar para poder pagar a poção mágica, fica enternecida com o seu gesto e paga-lhe as despesas do alistamento militar para que não vá para a guerra. Fala com Jolicoeur para lhe explicar que decidiu casar com Guillaume. Nisto, o novo casal recebe a herança do tio de Guillaume e cheios de felicidade celebram a sua sorte, enquanto o charlatão Fontanarose se vai embora da vila orgulhoso com o efeito da sua poção.

A ópera Il Philtre tem menos ação e enredo do que as óperas tradicionais de género

opéra-comique429, nas quais existe um desenvolvimento mais rápido do enredo e da ação. No entanto, alguns críticos consideraram-na um pouco mais do que uma opéra-comique, apesar de obedecer aos padrões estruturais estabelecidos. Nesta ópera, os recitativos eram cantados em vez de falados, tornando o desenvolvimento da história mais lento. Também a ação está mais incorporada nos números musicais do que nos recitativos, contribuindo para que o desdobramento da história seja ainda mais lento do que na opéra-comique tradicional. Com melodias graciosas e ligeiras, foi um grande sucesso desde a sua estreia, tendo sido interpretada todos os anos até 1849 e fazendo parte do repertório da Opéra de Paris até 1862.430

429 O género opéra-comique teve origem em França no princípio do século XVIII e era constituído por peças teatrais de sátira e humor que continham melodias populares já conhecidas adaptadas a novas palavras consoante a história, canções essas que tinham a designação de

vaudeville. Uma das caraterísticas deste género musical era a existência de diálogos falados no meio da ópera.

http://www.cambridgescholars.com/download/sample/59867 (acedido a 3 de janeiro de 2015).

Na adaptação da história de Scribe, Romani mudou o nome dos personagens. Para isso teve a ajuda do cantor Henri-Bernard Dabadie (1797-1853), que foi também o intérprete do personagem sargento Jolicoeur na ópera Le Philtre e o barítono intérprete no papel de Belcore na estreia de L’Elisir d’Amore.431

É clara a inspiração de Romani na ópera Le Philtre, como ele próprio reconhece quando escreve no libreto original:

Il soggetto è imitato da Filtro di Scribe. Gli è uno scherzo; e come tale è presentato ai cortesi lettori.432

Embora os nomes de alguns personagens sejam diferentes, há uma relação clara entre ambas as óperas, que se nota na caraterização dos personagens, na ação e no enredo.433 Por exemplo, o sargento Jolicoeur em Le Philtre corresponde ao personagem de Belcore em

L´Elisir d´Amore, e Jeanette em Le Philtre corresponde a Gianetta em L’Elisir d’Amore. Os

nomes destes personagens são tradução direta de francês para italiano.

Nos nomes dos protagonistas o libretista pode ter sido influenciado por outras origens, como defendem vários especialistas. O musicólogo Paolo Fabbri 434 sugere que Theresine não foi traduzido diretamente como Teresina pelo facto de ter quatro sílabas, o que traria dificuldades para a versificação, razão pela qual o libretista escolheu o nome Adina. Em relação a Guillaume, que na ópera L´Elisir d´Amore corresponde a Nemorino, defende que Romani deverá ter chegado a este nome depois da leitura do romance Estelle435, do escritor francês Claris de Florian (1755-1794), que conta o amor bucólico entre um casal de pastores chamados Estelle e Nemorin. Este escritor foi também autor do romance Gonzalvez de

Cordue (1793), que serviu de fonte de inspiração a Donizetti nas composições das óperas Zoraida di Granata (1822) e Alahor in Granata (1826). John Allitt436, especialista em Donizetti, defende no entanto uma opinião diferente sobre a origem dos nomes destes personagens dizendo que, por trás do nome, está implícito um significado relacionado com o caráter ou a personalidade do personagem. Sugere por isso que Adina viria do grego hadinos, que quer dizer denso ou espesso e corresponde à designação de uma bela planta. Nemorino teria origem na palavra italiana nemeno, que significa quase nada, o que permite fazer a

431

Cf. W. ASHBROOK, Donizetti and his operas…, p. 73.

432 Cf. P. FABBRI, Quaderni della Fondazione Donizetti n.º 6, Bergamo, Fondazione Donizetti ed, 2007, p. 19.

433 O musicólogo Paolo Fabbri defende que os personagens de Romani, na ópera L´Elisir d´Amore, são claramente inspirados na ópera Le

Philtre. Idem, p. 20.

434

Idem, pp. 18-20.

435 Peça teatral estreada em Paris em 1788.

ligação com o jovem camponês de origens humildes. Belcore vem da palavra bel de belo, e

core de coração. Dulcamara é uma planta medicinal que serve para fazer curas através de chás

ou poções, o que permite associá-la à profissão do personagem que se autointitula médico e propõe a poção mágica do amor a Nemorino.

Ao analisar as óperas Le Philtre e L´Elisir d´Amore, concluímos que nesta última existem números musicais que não fazem parte da ópera Le Philtre, como por exemplo a súplica de Nemorino em Adina credimi no fim do I ato, as árias de Nemorino Una furtiva e de Adina Prendi per me sei libero, ambas no fim do II ato. Estes números dão um lado humano, sentimental, melancólico e emotivo aos personagens, em contraste com o elemento cómico que envolve toda a história da ópera. Se Adina é caprichosa e Nemorino um camponês inofensivo e infantil, ambos revelam nas suas árias um lado humano e emotivo que lhes dá maior riqueza de caráter, revelado através da expressão vocal.

IV.3 Argumento

ATTO PRIMO

Scena I: Neste primeiro ato a ação passa-se na propriedade de Adina no campo, com

um coro de abertura que enaltece o sol, o calor e as colheitas. Os trabalhadores do campo estão a descansar e entre eles encontra-se Nemorino, que admira Adina entretida a ler um livro. Extasiado pela sua beleza, Nemorino interpreta a ária Quanto è bella, quanto è cara, na qual fala da beleza de Adina e da fraca probabilidade de ser notado por ela. No fim da

cavatina e no allegretto, Nemorino pede em Chi la mente mi rischiara? que lhe deem o poder

de seduzir alguém. A cena segue com Adina cantando a cavatina Benedette queste carte, que começa com gargalhadas pois está a ler uma história de amor que na sua opinião é ridícula. Os camponeses aproximam-se para saber que história é aquela e Adina conta, na cavatina

Della crudele Isotta, que é a história de amor de Tristão e Isolda em que Tristão, apaixonado

por Isolda, recorre a um mágico para lhe pedir uma poção de amor para que a sua amada não o deixe. Intrigada com esta poção mágica, Adina também gostaria de a experimentar.

Scena II: Começa com um toque de tambor a anunciar a chegada do sargento Belcore

com os seus soldados. Este dirige-se a Adina com um bouquet de flores e canta a apaixonada ária Come Paride vezzoso, na qual se intitula um homem galante, fazendo o paralelismo entre o amor e um campo de guerra, como se fosse um conquistador. Com esta apresentação, Belcore declara-se a Adina em Come io t´amo e pede-a em casamento. Adina responde-lhe que não tem pressa nenhuma em decidir-se e pede algum tempo para pensar. Belcore diz-lhe

que o tempo passa depressa e que não perca muito mais tempo. Nemorino, ao ouvir esta declaração, pensa como gostava de ter a coragem de Belcore para se declarar a Adina. Belcore inicia o recitativo seguinte cantando Intanto, o mia ragazza, occuperò la piazza e usa o termo militar ocupar a praça, o centro da vila, para fazer um paralelismo com a conquista do coração de Adina.

Scena III: Esta cena abre com o recitativo Una parola o Adina, em que Nemorino quer

falar com Adina, que caprichosa como é não quer ouvir as suas lamúrias e o manda ir ver o tio que está, segundo dizem, muito doente. Nemorino corrige-a dizendo que a doença do tio não é nada comparada com a urgência que tem em falar-lhe e que, se o tio morrer e deixar a fortuna a outro herdeiro, não se importa. Adina adverte-o que, assim, mesmo que seja uma boa pessoa, vai acabar por morrer de fome, sem nada, e diz-lhe que não sente amor por ele. No

cantabile Chiedi all´aura, Adina expõe a sua ideia de amor como brisa do vento, inconstante,

sempre a voar e sem parar no mesmo sítio, pois é essa a lei da natureza. Nemorino responde- lhe que não pode renunciar ao amor que sente por ela, pois o seu amor é como um rio que vai sempre na mesma direção até desaguar no mar, fazendo também uma comparação com a natureza. Adina responde dizendo-lhe que essa ideia de amor constante é absurda e ridiculariza quem poderia morrer por amor.

Scenas IV e V: A ação passa-se na praça central da vila com a chegada do Dr.

Dulcamara, ouve-se um trompete de chamada e as pessoas apressam-se para ver quem chega. O carro que o transporta chama a atenção de todos e está decorado com garrafas de poções e cartas. Na sua ária Udite, udite, o rustici, descreve-se como um ilustre médico bastante conhecido, capaz de curar todas as doenças e males dos jovens e mais velhos.

Scena VI e duetto: Nemorino, depois de ter ouvido a apresentação do famoso Dr.

Dulcamara e contente por este médico ter chegado à vila na altura certa, pergunta-lhe se não terá a poção de amor de Isolda. Dulcamara responde com toda a certeza que sim e tem exatamente o que ele pretende. Nemorino, profundamente agradecido, canta o dueto

Obbligato, ah sì obbligato, com Dulcamara, que lhe vende a famosa poção mágica de amor.

Pergunta-lhe também como deve tomar este elixir, e o falso médico diz-lhe que deve ter paciência e esperar um dia até sentir o efeito. O médico charlatão informa-o de que já estará fora da vila no dia seguinte e Nemorino compra-lhe a garrafa de vinho de Bordéus que bebe como se fosse elixir. O médico deixa-o depois sozinho com a garrafa e recolhe ao seu albergue.

Scena VIII e duetto: A cena inicia-se com o recitativo de Nemorino, radiante, agarrado

quando aparece Adina, que reage à sua alegria que costumava ignorar. No dueto Esulti pur la

barbara, Nemorino diz a Adina que no dia seguinte o seu coração estará curado.

Scena IX: No fim do dueto aparece o sargento Belcore, e Adina diz-lhe que está pronta

para aceitar a proposta de casar com ele, iniciando-se assim o terceto In guerra ed in amore. Nemorino, divertido, acha que a proposta de Belcore é absurda, pois acredita que no dia seguinte Adina estará apaixonada por si.

Scena X: Com a chegada de Gianetta e dos soldados inicia-se o quarteto Signor sargente, no qual Gianetta conta a Belcore que estão à procura dele. Este diz a Adina que o

seu pelotão recebeu ordens para partir no dia seguinte, e ela decide que devem casar-se até ao fim daquele mesmo dia. No larghetto Adina credimi, Nemorino pede muito aflito a Adina para esperar mais um dia e garante-lhe que não se vai arrepender. Belcore fica furioso com a ousadia de Nemorino e manda-o embora, mas Adina interfere dizendo que é apenas um pobre rapaz, meio tonto, que está convencido de que vai conquistar o seu amor. Como Adina quer ir ter com o notário, termina a conversa e apressa Belcore. Desesperado, Nemorino invoca a ajuda de Dulcamara. Todos na vila estão contentes com as celebrações, menos Nemorino.

ATTO SECONDO

Scena I: Começa com os festejos no interior da propriedade de Adina, onde estão

presentes Adina, Belcore, Dulcamara, Giannetta e outros habitantes da vila, que celebram o casamento ao som de música tocada pela banda militar das tropas de Belcore. Enquanto Dulcamara sugere a Adina que cante com ele um dueto para animar os convidados, chega o notário para oficializar o casamento. No entanto Adina fica intrigada por não ver Nemorino e não quer realizar a cerimónia sem que ele esteja presente, por se sentir ofendida com a sua indiferença.

Scena II: Neste recitativo entre Nemorino e Dulcamara, o pobre Nemorino aparece

muito triste e deprimido e pede a Dulcamara para lhe dar mais elixir para ser mais eficaz. Dulcamara pergunta-lhe se tem dinheiro para pagar mais uma garrafa, pois deve repetir a dosagem até conseguir o efeito desejado. Nemorino não tem dinheiro consigo e o falso médico diz-lhe que vá buscar mais e venha ter com ele dentro de quinze minutos ao seu albergue.

Scena III e duetto: Enquanto se lamenta da extravagância de Adina, que atrasou o

casamento sem razão, Belcore repara que Nemorino se encontra por ali, triste, e pergunta-lhe o porquê de tanta tristeza. Nemorino confessa que precisa de dinheiro e Belcore sugere-lhe

que se aliste para ser soldado, pois obteria imediatamente vinte escudos. No dueto Venti scudi, Belcore conta a Nemorino as vantagens de ser soldado e diz-lhe que não lhe vai faltar amor de nenhuma mulher, mas Nemorino só pensa no coração de Adina. Belcore mostra-lhe o contrato para se alistar, que ele assina recebendo assim o dinheiro prometido.

Scena IV: Nesta cena Giannetta comenta com as outras raparigas a grande notícia da

vila: o tio de Nemorino morreu e deixou-lhe a sua grande fortuna, saria possibile?

Scena V: Aparece Nemorino, que já acabou de beber o elixir, e as raparigas retiram-se

olhando para ele de forma curiosa. Nemorino atribui este súbito interesse ao elixir que já está a fazer efeito, cantando Dell´elisir mirabile, pois não sabe da notícia de que o seu tio morreu e o deixou como herdeiro.

Scena VI: Aparecem Adina e o Dr. Dulcamara, que ficam boquiabertos ao verem todas

as raparigas a cortejarem Nemorino. Adina fica surpreendida com este efeito, já que Nemorino se alistou por pouco dinheiro, e Dulcamara está completamente extasiado pelo efeito que o seu elixir tem nas mulheres. Nemorino sai de cena com Giannetta e as outras raparigas.

Scena VII: Adina comenta com Dulcamara como Nemorino estava contente quando se

foi embora. Dulcamara intitula-se orgulhosamente como o autor deste efeito, mas, sem saber do interesse de Nemorino por Adina, conta-lhe que possui o elixir de amor de Isolda e que o vendeu a Nemorino pois o pobre suspirava de amor e a sua tristeza era tanta que se chegara a alistar como soldado para ter dinheiro para comprar mais elixir. No andantino Quanto amore, Adina fica feliz com o amor que Nemorino sente por si. Dulcamara oferece-lhe também o elixir, mas ela recusa pois tem uma alternativa melhor: o poder de um olhar, um riso e uma carícia têm o mesmo efeito. E no allegro Una tenera occhiatina confessa o seu amor por Nemorino.

Scena VIII: Começa com a romanza de Nemorino, Una furtiva lagrima, a pensar na

lágrima que viu nos olhos de Adina quando as raparigas da vila se juntaram à sua volta, e chega à conclusão de que Adina o ama e que ele pode morrer de amor. Adina aparece em cena e canta a ária Prendi per me sei libero, dizendo-lhe que comprou os seus papéis de alistamento militar e devolve-lhos, libertando-o da vida militar para poder ficar com os seus amigos. No fim da ária, quando Adina se prepara para sair, Nemorino pergunta-lhe se não tem mais nada para lhe dizer, mas ela diz que não e por isso Nemorino devolve-lhe os papéis, pois se o médico charlatão o enganou então prefere morrer como soldado. Adina vê que não tem alternativa e confessa que está apaixonada por ele na cabaletta Il mio rigor dimentica. Nemorino fica admirado, passando a acreditar que Dulcamara não o enganou.

Scena ultima: Belcore fica surpreendido com o que se está a passar, pois vê o casal

muito alegre e Adina explica-lhe que quer casar com Nemorino. Belcore responde que não faz mal, pois o mundo está cheio de mulheres. Nisto, Dulcamara conta às gentes da vila que Nemorino é o herdeiro do seu tio e por isso um homem rico, facto que tanto Adina como Nemorino desconheciam, mas que atribuem ao magnífico elixir, que além de curar males de amor também transforma os pobres em ricos.

Aria Finale: Dulcamara deixa a vila em ambiente festivo a celebrar o seu elixir como

o curador de todos os males. Adina e Nemorino estão também felizes e agradecem o efeito do elixir. Só Belcore percebe que o Dulcamara é um charlatão.